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30.4.11

O RETORNO DE BEREMIZ: O HOMEM QUE CALCULAVA E CONTAVA HISTÓRIAS


Imagem da Capa do Livro



Na minha juventude tive um contato muito intenso com o autor Malba Tahan. O Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais tinha uma ou duas coleções completas de obras do autor, incluindo um livro pedagógico, e eu já o apreciava desde a infância, quando ganhei o então best seller “O Homem que Calculava”.
Os livros de Malba Taham eram repletos de histórias e expressões da cultura árabe, que encantavam pela sua simplicidade e pelo enredo sempre engenhoso. Eu me sentia transportado ao mundo de As Mil e Uma Noites, diante de uma cultura completamente diferente da nossa, exótica e atraente. Estávamos em uma época na qual não havia polarizações políticas nem preconceitos tão exacerbados pela imprensa contra os muçulmanos. Malba criava uma admiração pela sabedoria antiga deste povo e um desejo de conhecer mais, de voltar no tempo para viver no meio de um mundo de desertos, camelos, oásis, suras e matemática.
Há alguns anos (2001) a editora Lachâtre publicou um livro de um médium pouco conhecido, Wallace F. Neves, que teve seu primeiro contato com a inspiração do espírito na Casa Espírita Cristã de Vila Velha-ES. Conheço há décadas o editor e a editora e sei que ele é bastante comedido na publicação de obras mediúnicas, o que me causou um “interesse intrigado”.
Há alguns dias resolvemos trazer o livro ao nosso momento de leitura e comentários cristão-espíritas em nosso lar. Abrimos o livro meio ao acaso e começamos a leitura do texto “O Sheik Infeliz”. Minha filha de 9 anos foi lendo, tropeçando nas palavras e perguntando sobre as expressões árabes e ao final do capítulo percebemos que era o início de uma história maior. Tentamos imaginar como a história terminaria e fiquei encarregado de ler e sintetizar todos os demais capítulos de “O Homem do Turbante Azul”.
Iallah! Escreveria Malba Tahan... Encontrei personagens, situações e até mesmo uma história cuja estrutura e linguagem remonta à célebre “Os 35 camelos”.
Penso que este livro agradaria a Allan Kardec, que sempre procurou elementos comuns entre o pensamento cristão e o pensamento islâmico. O Espiritismo Cristão tempera as letras do falecido Prof. Júlio César de Melo e Souza, é uma espécie de sombra que acompanha seu imaginário de encarnado.
Fiquei imensamente surpreso quando, na semana seguinte, minha filha conseguira guardar detalhes do capítulo que leu, apesar das dificuldades da linguagem, quando minha esposa e eu ficávamos à busca dos episódios já semi esquecidos. Parece que a pedagogia da infância, tão marcante na herança intelectual de Malba, continuava “marcando pontos” do mundo dos espíritos.
Narrei a história e minhas duas filhas se interessaram, tentaram adivinhar o curso da narrativa e ao mesmo tempo que anteciparam, surpreenderam-se com o fecho, que foge da lógica Agostiniana e Luterana que marcou nossa cultura.
Fiquei muito gratificado e recomendo sem hesitação a leitura e a divulgação deste livro. Uma sugestão que deixo aos leitores e que não deve deixar de ser ouvida é que comecem a leitura pela segunda parte do livro, exatamente a saga de Assur-bem-Naif, “O Homem do Turbante Azul”, deixando “O Contador de Histórias” para o final.
Uassalã!

O Contador de Histórias
190 páginas
Lachâtre
2001

18 x 21 cm

18.4.11

7th ENLIHPE IN SAO PAULO - BRAZIL




Dear Colleague, We are glad to invite you to the 7th MEETING OF THE LEAGUE OF RESEARCHERS ON SPIRITISM, Sao Paulo, Brazil, August 20-21, 2011. The event will be hosted by the CCDPE – Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo, an emerging center for studies in Spiritism in Brazil. The goal of the seminar is to bring together Brazilian and international scholars working on current issues in Spiritism. Thereby we will learn about different worldwide spiritist research and create a setting where work in progress can be improved and discussed in-depth. Especially the attendance and moderating function of members of League of Researchers on Spiritism offers an excellent possibility to receive meaningful feedback for submitted work. Therefore, we encourage submission of analytical, empirical and experimental research. Proposal submission deadline: 30 May 2011

17.4.11

AS MÃES EM CANNES


Foto 1: Luiz Eduardo Girão, produtor do filme, ladeado por Eliana Haddad e Izabel Vitusso do Jornal Correio Fraterno

As Mães em Sampa

As Mães de Chico Xavier fizeram sua pré-estréia em São Paulo no dia 30 de março, no Shopping Center Eldorado. Estimou-se um público de 1500 pessoas.

A comunidade espírita prestigiou o evento e participou ativamente.

As Mães no Brasil

O filme teve uma boa estréia, perdendo apenas para o hollywoodiano Rio. As Mães não investiram milhões em mídia, como os longas estrangeiros, nem teve o apoio da poderosa Rede Globo, com suas propagandas e merchandizing. A produção optou pelo marketing de rede, que foi oferecer as pré-estréias com pipoca e refrigerante a um grande público formador de opinião. Uma lógica muito coerente com a de Chico Xavier, para a tristeza das agências de publicidade e a alegria do público, razão de ser do filme.

Os efeitos são surpreendentes. Até 11 de abril, quase 350 mil pessoas já haviam assistido o filme. Se ele continuar nas salas de cinema pode chegar a um milhão de espectadores ou mais. Ele perdeu apenas para o longa Rio, cujo poderio do marketing reservou salas e salas de exibição nas grandes redes de salas de cinema.



Foto 2: Pedro Nakano, expositor espírita, "tietando" a atriz Vanessa Gerbelli


As Mães e a Crítica

Os críticos estão fazendo uma série de comentários ao filme. Francisco Russo, do site Adoro Cinema, focalizou em alguns pontos a sua avaliação:

1. O filme aproveita a "onda espírita" na mídia brasileira.
2. O filme é simplório e óbvio, por isso, cansativo
3. A questão do aborto foi tratada sob a ótica espírita, não permitindo ao espectador pensar sobre o tema complexo


Como a crítica é um exercício de diálogo, penso que a primeira afirmação é descabida ou pelo menos parcial. Não sei se o Francisco esteve no lançamento do filme, mas a Estação da Luz é uma produtora que quer dar imagem e som ao pensamento espiritualista. O filme estava sendo produzido antes do lançamento de Nosso Lar, como documentamos neste blog. Na verdade, ele é uma consequência do sucesso de bilheteria de Bezerra de Menezes: Diário de um Espírito, e irá gerar outros filmes, como O Livro dos Espíritos. Este filme não quer "fazer alguns trocados", como ele diz, mas quer atingir um grande público, penso.

Quanto ao filme ser cansativo, talvez haja um fundo de verdade. O roteiro poderia ser melhorado, mas já teve um imenso avanço com relação a Bezerra de Menezes. Não posso deixar de falar que a Estação da Luz é uma produtora em nascimento, uma iniciante do cinema em terras cearenses. Contudo, com certeza, o filme está longe de ser cansativo como o polêmico "Je vouz salue Marie", de Goddard, celebrado pela crítica e intragável, não por motivos religiosos, mas por seu roteiro nada óbvio e imensamente entediante e inextricável. O festejado "Deus e o Diabo na Terra do Sol" do ícone Glauber Rocha, é igualmente chato embora politicamente engajado e corajoso. "Fanny e Alexander" de Ingmar Bergman, é a chatura encarnada em filme. E ai de quem, pobre moral, ousar falar o que escrevi. Será visto como ignorante, inculto, e banido do círculo seleto dos intelectuais. Se o considera chato é porque não o entendeu, dirão os pedantes intelectuais do cinema, nada diferentes dos meus colegas de Universidade. Como na universidade, há uma grande vaidade em se sentir uma elite intelectual, diferenciada. Não digo que este é o caso do nosso comentarista, que me parece sensato e dialógico, mas infelizmente é uma herança cultural brasileira, que já foi ironizada pela Carla Camuratti em seu Carlota Joaquina - Imperatriz do Brasil.

Quanto à abordagem do aborto, considero que o crítico infantiliza o público. O roteiro sairia de seu rumo se se fizesse um grande debate entre os personagens sobre o aborto. O filme mostra a visão espírita, e especialmente do Chico, sobre o aborto. Como é uma visão de grupo minoritário, considerada por muitos como metafísica e indigna de participar de um debate racional, com certeza gera polêmica e debate, e já gerou, no próprio texto do comentarista. O público brasileiro está mais escolarizado que há décadas, mais politizado pelo próprio exercício da escolha de representantes e dirigente e é bem capaz de pensar nos argumentos que tem sido veiculados pelos quatro ventos.

Concordo com Francisco Russo que há muito o que avançar tecnicamente, mas como sou torcedor do América de Minas Gerais, sei bem o que é competir com gigantes financeiros do esporte brasileiro. Acho que As Mães está fazendo uma ótima campanha....

As Mães em Cannes


13 de maio é a data de exibição do filme brasileiro no internacionalmente famoso e badalado "Festival de Cannes". As mães vão vestir longo e passear no sul da França.

Creio que o público de Cannes tem tudo para não considerar óbvio o filme. A mediunidade e o Espiritismo ainda são ilustres desconhecidos na terra de Allan Kardec, e chegam a ser vistos como algo exótico e curioso. Curioso estou eu, aguardando as reações da crítica e do público internacionais ante a nossa produção verde-amarela.

16.4.11

VANDIR, CHICO E A POBREZA.


Foto: Vandir Dias e Chico Xavier



Acho que já contei aos leitores que quando era universitário procurei o DA do Instituto de Ciências Exatas para pedir ajuda para fazer uma campanha de natal. A reação já era esperada: os representantes discentes disseram que não queriam "amansar o cordeiro".


Olhei com estranheza. Eles esperavam que as pessoas se indignassem com sua condição e fizessem uma revolução político-econômica no Brasil. Lembrei dos assistidos da casa de Célia, às voltas com a sobrevivência e a violência, o alcoolismo e o abandono, abandonando a escola por não ter dinheiro para comprar cadernos. Lembrei das crianças escaldadas pelos pais, da mãe que não queria tomar o remédio do médico que a atendeu em 2 minutos exatos, dos filhos de muitos pais desconhecidos, e de toda a luta que principalmente as mães empreendiam por seus filhos.


O discurso de "ensinar a pescar" já existia no movimento espírita e nossa casa tinha algumas frentes de promoção social ligadas a algumas frentes de assistência social.


Há alguns meses recebi o livro abaixo, presente do Sr. Carlos a pedido do Dr. Ademir Xavier. Coloquei-o na fila, curioso, mas com muitas atividades por fazer. Há uma ou duas semanas pude começar a lê-lo e não parei mais.





Capa do Livro: Vandir Dias: Voluntária do Amor



A autora, uma jornalista, escreve de forma clara e direta. Vandir é uma jovem da região de Monte Carmelo, franzina e doente, que tem contato com o Espiritismo e com Chico Xavier, ainda solteira.


A dor a atraiu ao meio espírita e ela apreendeu como ninguém a paradoxal lógica da caridade do médium mineiro.


Tendo mudado para Campinas, no interior paulista, com dificuldades financeiras e família em formação, ela inicia seu trabalho alimentando os pobres.


Uma frase de Chico parece tê-la marcado: "não basta doar, é preciso ir onde estão os pobres". Vandir resolve criar uma sopa na região do Grameiro, à época uma grande ocupação de migrantes de todo o Brasil, sem qualquer infra-estrutura ou ação do governo.


Vera Longuini foi muito feliz ao recuperar as notícias da época e descrever o Grameiro. Eu revi nesta leitura a população do Bairro Cabana nos anos 70/80 em nossa capital, especialmente os trechos de ocupação.


Neste ponto o livro é uma aula de política. Um europeu veria no Grameiro uma cena de guerra, mas nós já estamos acostumados com a pobreza, e só vemos um lugar inóspito e sem higiene. Por muito menos as pessoas se organizam em mutirões para socorrer quem perde a residência por causa de uma chuva ou intempérie, mas ninguém se incomoda com quem nunca teve onde morar.


Os pobres de Vandir necessitavam de tudo. Sem terra, sem casa, sem comida, sem estudo, sem nada. Sub-cidadãos; sub-humanos. Uma tarefa muito superior às costas de uma frágil esposa de classe média, cujo único recurso são os amigos, o verbo e a disposição para realizar.


Vandir chegou a montar uma estrutura no meio da favela do hoje próspero município, distribuindo sopa a duas mil pessoas, roupas e medicamentos. Seu trabalho era a demonstração cabal da incapacidade do estado e da indiferença da sociedade. Aos poucos, como uma Madre Tereza, ela agrupa ao seu redor toda uma comunidade de simpatizantes, pessoas que se importam, e que com suas possibilidades e compromissos, vão construindo o Movimento Assistencial Espírita Maria Rosa (nome de um espírito que se comunicava por Vandir), que tem na escolha do nome a mão de Chico.


A autora não esconde as dificuldades, a violência, as relações com o poder público, as transformações que Campinas vai sofrendo e aponta o deslocamento da miséria nos anos 70. Vandir é uma mulher perceptiva, vai entendendo as mudanças e alterando sua ação no passar do tempo. Desloca-se do Grameiro para o Jardim Campineiro. Os casos emocionam e fazem pensar.


É impossível não admirar esta pequena grande mulher, esta andorinha, como a alcunhou o amigo Eduardo Carvalho Monteiro. Ela não solucionou os problemas da comunidade de Campinas, mas mudou a trajetória de muitas famílias, mais que isso, ela fez com que muitas pessoas se importassem.


Não desejo escrever muito para que o leitor do EC se interesse pelo livro. Ele descreve uma das heranças que Chico Xavier legou ao Brasil, que o tornou merecedor da indicação ao Nobel da Paz.


Mais um dado, o MAE Maria Rosa mudou. Ele acompanhou o surgimento dos postos de saúde nas comunidades atendidas, das escolas públicas e de outras ações sociais que os governos brasileiros implementaram nas últimas décadas, redimensionando suas ações e suas finalidades.


Os interessados podem acessar o site do MAE Maria Rosa, hoje no http://www.maemariarosa.org.br/ e neste mesmo site encomendar o livro, que está sendo vendido por apenas quinze reais. Pedidos para maemariarosa@gmail.com, aos cuidados de Ademir Xavier.

6.4.11

INICIATIVAS DOS BRASILEIROS E DO MOVIMENTO ESPÍRITA JAPONÊS

Foto: Bicicletas

Recebi informações sobre o Movimento Brasil Solidário, enviadas pelo Adalberto, de Nagano Ken.


Oriundos de diversas províncias, caravanas vão se encontrar em Miyagi-Sendai no dia 10 de abril, domingo, às 11 horas. Suas ações serão as seguintes:


1. Entrega de 450 bicicletas (para adultos e crianças)

2. Entrega de 5000 litros de álcool para esterelização (doados por uma empresa japonesa)


Adalberto está convocando a comunidade para aproveitar a visita e fazer ações de auxílio às crianças dos abrigos, até o dia 09 de abril com os seguintes objetivos:


1. Arrecadar material escolar (lápis, caderno, lápis de cera, lápis de cor, canetas e borrachas)

2. Brinquedos novos e bolas (de futebol, se possível)

Coordenação em NAGANO-KEN/ADE-JAPAO-Associação de Divulgadores do Espiritismo do Japão: Adalberto Prado de Morais - 090 8328 4773 Apoio-postos de arrecadação:


Nagano Nippaku Gakuen (0265)98-8710 〒399-4601 Kamiina-gun Minowa-machi Nakaminowa 8699-8 Real - Shiojiri Nagano -ken tel. 0263 54 5059 Shiojiri-shi Daimon Izumi-cho 1200-10 T 399-0742