3.11.07

GEAE completa 15 anos de vida virtual

Espiritismo Comentado entrevistou Carlos Alberto Iglesia Bernardo sobre o Grupo de Estudos Avançados Espírita, que fez 15 anos no mês de outubro passado.

Figura 1: Logomarca do Boletim GEAE


EC: O que é GEAE e como surgiu?

CARLOS: O GEAE é um grupo de pessoas que se reúne pela Internet para estudar o Espiritismo. Estudamos os seus diversos aspectos e as relações que tem com outros campos do conhecimento humano. Procuramos tratar de forma equilibrada as questões religiosas, científicas e filosóficas da Doutrina.
Estamos abertos a participação de todas as pessoas que de boa vontade queiram contribuir aos estudos propostos. Não faz parte dos nossos objetivos fazer proselitismo ou promover qualquer tipo de polêmica religiosa ou filosófica
A propósito, quando nos referimos aos aspectos religiosos do Espiritismo, estamos falando de suas conseqüências e aplicações nos domínios da Religião. Por Religião entendemos, utilizando as palavras de Léon Denis, a "concepção geral que, do mais intimo da vida interior, eleva o pensamento às culminâncias da Criação, até Deus, e liga todos os seres numa intérmina cadeia".
A história do GEAE é interessante. Ela começa em 15 de outubro de 1992 com uma mensagem que o Raul Franzolin Neto distribui na BRASNET propondo a criação de um grupo de estudos sobre Espiritismo. Eram os primeiros tempos da Internet, em que ela estava restrita ao meio acadêmico e a BRASNET era um “newsgroup”, uma lista de discussão, onde se discutiam questões relacionadas ao Brasil e servia de meio de contato entre brasileiros que estudavam fora do país.


Figura 2: Encontro de Pirassununga de 1999


O Raul é de família espírita e estava na época estudando nos Estados Unidos. Como não existiam grupos espíritas nas proximidades de onde se localizava, pensou em usar o novo meio de comunicação para reunir pessoas que tinham o mesmo interesse de manter o contato com a Doutrina Espírita. Uma das primeiras pessoas a se juntar ao grupo foi o José Cid, que também estudava em outra cidade dos Estados Unidos. À medida que a Internet foi se espalhando, o grupo também foi crescendo.

EC: Como esta iniciativa cresceu?

CARLOS:As pessoas mandavam textos ou comentários para o e-mail do Raul e ele os consolidava em um Boletim semanal que distribuía para os assinantes. O Boletim por sua vez era a base para os estudos e alimentava os debates. A mensagem colocada pelo Raul na BRASNET foi o primeiro Boletim. Quando o Raul retornou ao Brasil, após o termino de seus estudos em julho de 1993, ele deixou o encargo da edição e distribuição dos Boletins para o José Cid.
Eu conheci o GEAE em 1994, através da cópia do Boletim GEAE n° 1 que havia sido postada novamente na BRASNET pelo José Cid. Na época eu trabalhava com o desenvolvimento de sistemas de comunicação de dados e tive os primeiros contatos com a Internet, que começava a se estender para usuários fora da área acadêmica. Lembro que as tecnologias de acesso eram bastante limitadas, bem distantes dos recursos atuais, mas já permitiam a troca de e-mails com relativa facilidade.
Fiz a inscrição no grupo e durante algum tempo apenas acompanhei as trocas de idéias. Fiquei impressionado com a forma como o José conduzia as discussões, ele levava o debate de tal forma que o GEAE parecia o equivalente virtual daquelas rodas de amigos que se formam nas universidades para aprofundar os estudos de algum tema mais difícil. E via-se claramente que participando dos debates estava um grupo de pessoas sérias e empenhadas no aprendizado. As idéias eram apresentadas e debatidas em réplicas e tréplicas que convergiam para um entendimento maior da questão inicial, sem personalismos ou vaidades.
Incentivado pelo ambiente simples e fraterno me aventurei a mandar alguns comentários sobre história do espiritualismo, um tema que sempre me interessou bastante, e aos poucos fui participando mais ativamente dos debates.
Em 1995 foi montada pelo Sérgio a primeira página WEB do GEAE e neste mesmo ano conseguimos autorização da FEESP para colocar o Livro dos Espíritos no site. A digitalização do livro levou quase um ano, passamos as páginas para o formato digital usando um scanner manual e era necessário revisar detalhadamente os textos para eliminar os erros do processo. A equipe que participou deste trabalho foi o núcleo do Conselho Editorial que se formou em 1996. A volta do José ao Brasil, ao término de seus estudos nos Estados Unidos, foi um grande desafio para a continuidade do GEAE e assim ele - em contato com o Raul - teve a idéia de criar este grupo de trabalho com o papel de editor e moderador. O Conselho Editorial possibilitou que o trabalho se tornasse menos pessoal e mais independente das eventuais trocas de editores, permitindo a continuidade do grupo até hoje.




Figura 3: Encontro de Pirassununga em 1998


EC: Hoje, quantas pessoas compõem a equipe do GEAE?

CARLOS: O Conselho Editorial é atualmente formado por 7 pessoas:
- Ademir Luiz Xavier Junior (Campinas, Brasil)
- Alexandre Fontes da Fonseca (Texas, EUA)
- Antonio Leite (Nova Iorque, EUA)

- Carlos A. Iglesia Bernardo (São Paulo, Brasil)
- José Cid (Vancouver, Canadá)
- Raul Franzolin (Brisbane, Austrália)
- Renato Costa (Rio de Janeiro, Brasil)

Minha esposa e o filho do Antonio participam das atividades do GEAE ajudando na elaboração dos Boletins e na revisão das matérias. Além deles há também a Regina Werneck (Belo Horizonte, Brasil) , jornalista que tem nos ajudado na revisão final dos textos do Boletim antes da transmissão.

EC: Como vocês trabalham à distância?

CARLOS: Nossa principal ferramenta de comunicação é o e-mail. A troca de e-mails entre nós é praticamente diária e há uma grande afinidade de pensamento e propósitos entre nós, o que facilita bastante o trabalho a distância. Eventualmente fazemos reuniões usando recursos de vídeo e som, porém as diferenças de fuso horário dificultam a logística dessas reuniões.


EC: Vocês já fizeram alguma reunião presencial do GEAE?

CARLOS: Sim, já nos reunimos algumas vezes. A primeira reunião que participei foi em 1996 com o José Cid.



Figura 4: Encontro de 2006 em Pirassununga


EC: O trabalho no GEAE é todo voluntário?

CARLOS: Totalmente voluntário. Inclusive somos um grupo informal, não existe uma instituição formada para dar sustentação ao trabalho do grupo.

EC: Como as pessoas podem participar do GEAE?

CARLOS: Participando dos estudos, enviando textos ou comentários para o endereço
editor@geae.inf.br ou participando mais diretamente da elaboração do Boletim e da manutenção da página. Precisamos de pessoas que escrevam bem em inglês e espanhol para nos ajudar a desenvolver os estudos nessas línguas.

EC: O GEAE mantém boletins em três idiomas? Que públicos foram atingidos pelo GEAE?

CARLOS: Atualmente mantemos apenas os Boletins em português e em inglês. Infelizmente não conseguimos manter a publicação da versão em espanhol por causa da dificuldade de preparar material suficiente nessa língua para manter uma edição periódica.
Grande parte dos assinantes é brasileira, distribuídos geograficamente por todo o país e pelo exterior. Muitos freqüentam grupos espíritas e o Boletim é um complemento aos estudos que já fazem neles. Mas há também os que residem em localidades onde não há grupos espíritas e que tem o GEAE como um meio de estudar o Espiritismo. Algumas vezes já tivemos contato com pessoas que queriam conhecer o Espiritismo e buscaram informações na Internet antes de procurar um centro espírita.


EC: Quantas pessoas recebem o boletim GEAE em português, hoje?

CARLOS: O Boletim GEAE 530 foi distribuído para 2583 e-mails e o Spiritist Messenger 87 para 353. O Spiritist Messenger é o boletim em inglês do GEAE e seu público são pessoas de língua inglesa interessadas em estudar o Espiritismo. A maioria reside nos EUA ou fora do Brasil.


EC: Quantas pessoas acessam o site, de que pontos do mundo?

CARLOS: Pela estatística do site tivemos em setembro 13974 visitas (125075 hits) de 53 países diferentes. A maior parte dos acessos é feita por endereços dos domínios .com e .br, mas há acessos de locais tão distantes de nós quanto Singapura e Nova Zelândia.


EC: O que aconteceu com uma lista de Centros Espíritas no exterior que vocês mantinham no site?

CARLOS: Na época em que criamos a lista havia uma grande procura por informações sobre Centros Espíritas no exterior e era muito difícil de conseguir essa informação atualizada. Usávamos nossa rede de contatos no exterior para conseguir os endereços. Com o desenvolvimento do Conselho Espírita Internacional, que também completou recentemente os 15 anos de atividade, a situação se modificou e eles passaram a ter informações atualizadas sobre os grupos no exterior. Tornou-se desnecessário mantermos uma lista no GEAE e passamos a direcionar os pedidos de informações para o CEI.


EC: Trabalhos publicados originalmente no GEAE já foram republicados em outros órgãos de divulgação espíritas, como o Reformador. É correto pensar o GEAE como um espaço de gestação, da mesma forma que um congresso funciona para um trabalho científico?

CARLOS: Gostamos de nos ver como um grupo de aprendizes que se reúne para estudar em conjunto. Trocamos idéias e desenvolvemos nossa visão da Doutrina Espírita. Desta forma creio que fazemos o papel de um espaço de gestação de idéias e me agrada pensar que o ambiente aberto do grupo incentivou muitos amigos a começarem a escrever e expor suas idéias.


EC: Ao completar 15 anos você escreveu que o GEAE é uma pitada de sal. Não é uma posição modesta, diante das informações desta entrevista?

CARLOS: Acredito que não. Somos aprendizes e pessoas com vontade de conhecer mais sobre o Espiritismo e sobre a vida, experimentamos alguns caminhos que deram certo e talvez tenham contribuído para o desenvolvimento dos estudos espíritas na Internet, mas estamos muito longe do trabalho de outros irmãos que impulsionam o movimento espírita.


EC: Quais são os projetos para o futuro?

CARLOS: Continuar a estudar e a aprender. Talvez conseguir superar nossas limitações de tempo e dar maior regularidade a edição dos Boletins. Gostaríamos muito de voltar a editar o “Mensajero Espirita” e eu sonho em ter uma edição em Esperanto do Boletim.
Não consegui ainda tempo para desenvolver meus conhecimentos de Esperanto, aprendi apenas a ler e escrever de forma bastante irregular, mas acredito firmemente que a língua fraterna é a grande esperança para uma globalização verdadeira da humanidade no futuro. Sem um veículo que permita a expressão do pensamento de forma ágil e isenta nunca aproximaremos efetivamente o coração dos povos. Farão negócios e trocarão conhecimentos, mas não serão irmãos de fato.

1.11.07

Visita ao Centro de Cultura

O Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro, situado na capital paulistana, abriu as portas gentilmente para uma visita em setembro.








O Centro foi criado a partir da iniciativa do Eduardo, hoje desencarnado, que dedicou sua vida à construção de um acervo de livros, documentos impressos e digitais referentes ao Espiritismo e outros assuntos.

Há mais de um ano a equipe assumiu o desafio e inicialmente transferiu, higienizou e está catalogando o acervo doado.




O acervo ocupa um andar inteiro do prédio e estará aberto a consultas após a catalogação e registro. Entre livros, documentos e outras fontes ele foi estimado em mais de 40.000 objetos.

Outra frente de trabalhos do CCDPE é a publicação das obras do Eduardo e de outras obras para a preservação da memória e história espíritas no Brasil. Com o selo do CCDPE já foram publicados "Marechal Ewerton Quadros: Primeiro Presidente da Federação Espírita Brasileira", "O Espiritismo na Bíblia", "Cem Anos de Evangelho com Eurípedes Barsanulfo" e "Auto de Fé de Barcelona". Este último encontra-se resenhado no site Espiritismo Comentado.



Outros livros do Eduardo também são encontrados como "História da Dramaturgia com Temática Espírita (1850-1950)", "Anália Franco - A Grande Dama da Educação Brasileira", "Maçonaria e Espiritismo: Encontros e Desencontros", além dos três volumes do "Anuário Histórico Espírita" editados a partir dos trabalhos dos membros da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas.

Com infra-estrutura montada para cursos e reuniões, o Centro de Cultura vem ocupando seu lugar bandeirante na construção de um espaço novo e oportuno no Movimento Espírita Brasileiro.






Agradecemos à gentileza da Júlia Nezu, da Izabel Vitusso e do Geraldo que nos receberam de coração aberto. Desejamos à equipe muito sucesso nos seus sensatos empreendimentos em prol da divulgação e pesquisa da cultura espírita.



23.10.07

Video Spirite Lança DVD Sobre Chico Xavier


A Versátil Home Vídeo lançou um documentário sobre Chico Xavier, gravado em 1983 e não divulgado nos meios de comunicação. Além do documentário, com o objetivo de preservar e divulgar a memória espírita, há diversos vídeos que foram inseridos como "extra" no conjunto de dois DVDs.
Como mineiro, emociona ver personagens de quem ouvimos falar ou com quem convivemos, na força da juventude ao redor do médium de Pedro Leopoldo: Rubens Romanelli, Martins Peralva, Dona Neném, Newton Boechat, Arnaldo Rocha, Badi Elias Cury, etc. As imagens do Colégio Precursor, que conheci na fase de decadência, são imponentes e explicam a importância que os espíritas de outras localidades deram à instituição.
Emocionei-me também com o discurso de Chico Xavier no Pacaembu, ao receber o título de Cidadão Honorário da Cidade de São Paulo. Apesar das compreensíveis falhas no vídeo, fruto de um armazenamento inadequado, as imagens e sons da voz rouca do médium brasileiro, vão marcando os presentes. Quanta erudição! Dados do nascimento da cidade vão surgindo em seu discurso, uma fala contra o absolutismo, que pode ser interpretada como uma alfinetada à ditadura militar, seguida da citação nominal das mulheres notáveis da cidade que não pára. Chico relembra sua amizade com Tarsila do Amaral, em um período no qual já pintava sobre cadeira de rodas. Espíritos e personalidades encarnadas se encadeiam na sua fala, que consolida a grande proposta do Espiritismo. Até mesmo o repórter que cobria o evento dá mostras de emoção no final do discurso, que revela a imensa capacidade intelectual do médium. Mão sobre o peito, olhar para o público que lotava o estádio, Chico fala sem nem uma página escrita nas mãos. O vídeo é uma fonte importante contra uma imagem social pejorativa que foi construída sobre a pessoa do médium mineiro.
O documentário em si é um pouco arrastado para os nossos dias, muitas entrevistas, algumas longas e sem muito conteúdo a acrescentar à biografia do médium, contudo, ressalto a intenção do diretor em resgatar o lado humano de Chico Xavier. Ele se detém nas pessoas que o circundavam, na cidade de Pedro Leopoldo, nas agruras da sua existência, dificuldades que hoje seriam consideradas criminosas e que o Chico enfrentou, num misto de tragédia e superação.
A visita de Pietro Ubaldi é curiosa e o olhar reticente do filósofo italiano, ao lado do entusiasmo explícito dos espíritas àquela época, estão abertos ao entendimento dos que se interessam pela obra de Ubaldi nos dias de hoje.
Recomendo que o leitor não espírita ou com pouco conhecimento sobre o movimento espírita mineiro, leia "As Vidas de Chico Xavier", de Marcel Souto Maior, "Chico Xavier: Uma Vida de Amor", de Ubiratan Machado e "Trinta Anos com Chico Xavier" de Clóvis Tavares, antes do vídeo.

20.10.07

Reunião Prévia da Comissão Organizadora da XVIII COMECON

Jovens das mocidades de Contagem e região se preparam para a realização da XVIII Confraternização das Mocidades Espíritas de Contagem, através de uma reunião prévia sobre o assunto ao redor do qual ocorrerão as atividades do evento. O tema escolhido foi "150 Anos de O Livro dos Espíritos".



11.10.07

Espírita Norte-Americana Apresenta Trabalho em Congresso Espiritualista

Yvonne Limoges, do "The Spiritist Society of Florida", comunicou através do boletim de sua instituição uma conferência intitulada "Espiritismo" realizada na Federação Espiritualista Internacional (ISF), nos Estados Unidos.

Como sabemos, o Espiritualismo Moderno ou Novo Espiritualismo é um movimento anglo-saxão, hoje espalhado por diversos países do mundo, que se consolidou a partir dos estudos com médiuns realizados inicialmente no século XIX. É um movimento anterior ao Espiritismo de Kardec, mas com muitos pontos de contato com a Doutrina Espírita.


O encontro foi realizado em Rochester - New York, cidade próxima aos primeiros eventos mediúnicos das então adolescentes irmãs Fox. A ISF é uma instituição octogenária, funciona desde 1923.




Figura 2: Mesa do Encontro da ISF

Yvonne relata ter contatado neo-espiritualistas, que apesar de não terem conhecido as obras de Kardec, são reencarnacionistas, ponto de discussão que remonta os tempos do codificador.



Durante a programação do evento, os participantes puderam ir a Lily Dale, que é um centro importante dos espiritualistas nos Estados Unidos. O Reformador já publicou uma matéria sobre este núcleo.


Yvonne pertence à diretoria da Academy of Spirituality and Paranormal Studies Inc. (www.lightlink.com/arpr)
Quem desejar conhecer um pouco mais sobre a história e as pesquisas dos neo-espiritualistas ingleses e norte americanos do século XIX, recomendo o livro "O Aspecto Científico do Sobrenatural", escrito pelo naturalista Alfred Russel Wallace e publicado em português pela editora Lachâtre.

A Serena Via-Crucis de Yvonne

Agradeço à revista Universo Espírita que publicou com modificações, em outubro (no. 46) o artigo "A Serena Via-Crucis de Yvonne." de nossa autoria, aperfeiçoado pela Ana Carolina, editora da revista. Trata-se da resenha já publicada no site Espiritismo Comentado, sobre o livro "Pelos Caminhos da Mediunidade Serena", organizado por Pedro Camilo. (clique no título)

O número traz artigos muito interessantes e polêmicos, como o trabalho de Paulo Urban, psiquiatra, mostrando a trajetória dos antidepressivos e dos conceitos psiquiátricos, da Psicanálise ao DSM-IV.

Há um conto imperdível de Monteiro Lobato, retirado do livro Negrinha, de sua autoria, no qual ele trata de um milionário "pão-duro", dirigido pela "força" e interessado em reencarnação.

A revista noticia o prêmio Jabuti, ganho por Laura Bergallo, espírita, com o livro Alice no Espelho, que trata da anorexia, e muitas outras notícias, informações e livros do interesse do movimento espírita.


10.10.07

Psiquiatras e Parapsicólogos Escrevem Sobre Espiritualidade

A conhecida Revista de Psiquiatria Clínica, da não menos conhecida Universidade de São Paulo publicou um número suplementar sobre Espiritualidade e Saúde Mental. A edição foi organizada pelo Dr. Alexander Moreira-Almeida, que conseguiu agrupar trabalhos de pesquisadores famosos nas áreas de psiquiatria e parapsicologia. Stanley Krippner, Carlos Alvarado, Harold Koenig, Bruce Greyson e Ian Stevenson são alguns dos convidados internacionais.

Há muito o que dizer sobre a revista, mas na impossibilidade de fazê-lo em um blog, deixo apenas a recomendação expressa aos interessados do artigo "Metade de uma Carreira com a Paranormalidade", no qual o Dr. Stevenson relata sua trajetória na pesquisa não apenas da reencarnação mas de diversos temas de conexão com a espiritualidade.

7.10.07

Leandro Cosme Couto

A partir de hoje, o Espiritismo Comentado passa a publicar trabalhos do companheiro Leandro Cosme Couto. Prosa poética, visão profunda, humor com emoção. Poucas palavras que nos fazem pensar.

CAMPANHA DO QUILO

Àqueles que querem emagrecer, o Ministério da Saúde poderia advertir: "Campanha do Quilo é um exercício recomendável para a saúde humana: você ganha alguns quilos enquanto perde outros e ainda faz bem a muitos corações!"
Leandro Cosme Couto

2.10.07

Visita ao Lar da Criança Emmanuel em São Bernardo

Manhã de sexta-feira. Graças à atenção simpática da Izabel, chegamos ao Lar da Criança Emmanuel em São Bernardo do Campo. É uma creche quase cinquentenária, que atende a quase 200 crianças da região. (Clique no título deste post e conheça mais sobre ela) Foi fundada no meio de uma mata fechada, fruto da doação de uma chácara.


Foto 1: Vista frontal do Centro Espírita Pátria do Evangelho, no complexo do Lar da Criança Emmanuel

Uma turminha brincava no parquinho da creche. Areia, aparelhos e monitoras atentas à energia que os pequenos gastavam, sem se importar com o clima ou o sol. Crianças bem vestidas, bem alimentadas, saudáveis, diferentes da imagem miserável que minha geração guarda na memória das crianças de creche popular de trinta/quarenta anos atrás.


Foto 2: Crianças brincando no parquinho


Passados alguns minutos e a câmara atraiu todas as crianças, que desejavam ser fotografadas e ver-se no visor. Egocentrismo da primeira infância, diria minha antiga mestra de Psicologia do Desenvolvimento, sinal de saúde mental e mais preocupação para as monitoras.


Foto 3: Crianças, Crianças e Crianças...


Além de brincar, comer. Uma cozinha quase industrial funciona sob as regras de higiene e cuidado, para repor as energias das pequenas e dos funcionários.

Foto 4: Funcionária antiga da creche, Tia Lolô (Leonor) trabalhando ativamente com as refeições

Em alguns minutos, as crianças estão em fila, servindo-se sob os olhares cuidadosos da funcionária. A seguir assentam-se nas muitas mesinhas, da sua altura, para almoçar.



Na hora do almoço a máquina fotográfica já não faz muito sucesso, mas ainda atrai as crianças da fila.


Foto 5: Crianças servindo seu prato.



Depois de comer, dormir. Um segundo andar repleto de crianças no horário da soneca, deitadas nos colchões à meia luz, nos fez andar nas pontas dos pés. Os sapatinhos guardados ao longo dos corredores, um do lado do outro, da mesma forma que as meias de Natal, esperando o presente de Papai Noel, encantam os visitantes. Nesta hora, nenhuma foto para não atrapalhar o sono...



Foto 6: Sapatinhos...

Apesar dos avanços, as paredes da creche guardam seus segredos. Histórias de falta, de tristeza, de medo, de violência, de abandono e desconfiança. Histórias mil, ocultas por detrás de algumas horas de infância por dia. Passados os anos e apesar das aparências, o Lar é um oásis para a infância que hoje habita a selva de asfalto e solidão da periferia dos grandes centros urbanos. Um local de refazimento em um curto, mas importante período da vida.



Foto 7: Afresco....


O Lar da Criança é realmente da criança. Móveis adequados, lavatórios à altura dos clientes, afrescos com temas infantis por todos os lados demarcam o território da infância. Visto a olhos rápidos, de viajante, o lar parece a materialização de uma oração psicografada por Chico Xavier há muitos anos, intitulada "Oração da Criança ao Homem". Deus e seus agentes no mundo os conservem.

25.9.07

A Dama da Caridade em Uberaba



Imagine-se em um médico, levado pela família, com diagnóstico de gangrena e loucura e indicação de amputação da perna. Agora imagine-se viajando muitos quilômetros para ser tratado por um médium. Isto mesmo, um médium! Imagine sua perna supostamente gangrenada cuidada com água fluidificada e sua loucura reduzida à mediunidade. Por fim, imagine uma cura em alguns dias e anos a fio de dedicação à sua comunidade, tendo fundado cinco instituições. Em síntese, esta é a vida de Maria Modesto Cravo, considerada a Dama da Caridade em Uberaba-MG, que ganhou um livro biográfico publicado pela editora INEDE. Leia mais sobre o livro no site http://www.jadersampaio.uaivip.com.br/ na coluna de resenhas.

22.9.07

Semana de Espiritismo e Psiquiatria no Hospital Espírita André Luiz

O Hospital Espírita André Luiz, de Belo Horizonte, comemora 40 anos com sua já tradicional Semana de Espiritismo e Psiquiatria.

Semana de Kardec 2007

A Associação Espírita Célia Xavier está promovendo a Semana de Kardec 2007, tendo por tema os "Ensinamentos das Obras da Codificação". Veja abaixo a programação e participe. Maiores informações na secretaria da AECX 31-3334-5787.

I Simpósio Paulista de Saúde Espiritualidade e Educação

A Disciplina de Emergências Clínicas do HC-USP em parceria com a Editora Comenius está promovendo em novembro de 2007 o I Simpósio Paulista Saúde, Espiritualidade e Educação: Uma Relação Simbiótica.

Maiores informações no site do evento (clique no título do blog).

13.9.07

Como foi escrito O Livro dos Espíritos?


O Reformador deste mês publicou o artigo "Como foi escrito O Livro dos Espíritos", fruto do trabalho de pesquisa para as comemorações dos 150 anos da obra primeira de Kardec. O número traz uma entrevista sobre o Espiritismo em Sergipe, a reedição de um interessante artigo de Hermínio Miranda (que usava o pseudônimo de João Marcus) sobre poluição e muitos outros trabalhos que merecem ser lidos. Caso seja difícil ao leitor adquirir a revista, a FEB já disponibilizou o número eletrônico no endereço http://www.febnet.org.br/file/37/refset07.pdf

12.9.07

Projeto Futuro: O Programa Espírita de Rádio de Divinópolis

Aos sábados, às 10 horas da manhã, a rádio AM 1450 KHz da cidade de Divinópolis mantém um programa espírita intitulado Projeto Futuro. Mesmo sem experiência, mas apoiado por uma equipe competente e entrosada, fui ser entrevistado sobre o tema "As Curas Espirituais".

Já havia recebido uma lista com 16 questões sobre o tema. Acompanhado pelo amigo divinopolitano, chegamos cedo na rádio, enquanto ainda se irradiava o programa de músicas, bem do jeito AM de ser, música sertaneja, encomendas para os amigos e amores, locutor com voz empostada e grave cumprimentando nominalmente seu público.



Iniciado o programa, vêm as perguntas, entremeadas da divulgação dos centros espíritas da cidade, o que dá um respiro ao entrevistado. Fora da cabine de som o telefone não pára de tocar e a equipe vai anotando as perguntas e os nomes dos ouvintes, agora participantes.

Após cerca de 30 minutos respondendo às perguntas pré-elaboradas, começam as perguntas do público. Coisa mais deliciosa, democrática mesmo. Querem saber sobre "encosto" e "conclusões a que chegou o autor do estudo de revisão sobre imposição de mãos". Agradecimentos às explicações sobre hipertensão. Pedidos de orientação... Mil perguntas se formam, oriundas de ouvintes das diversas classes sociais, que se enchem de coragem e aproveitam o quase anonimato que o telefone lhes confere para interagir. As dezenas de perguntas vão sendo respondidas ou comentadas, céleres, com algum tempo para respirar, enquanto os locutores divulgam os endereços das casas espíritas.

Terminado o programa, vem algum cansaço. É uma espécie de maratona. Uma hora respondendo perguntas, pensando rápido e conversando sobre o Espiritismo com a população divinopolitana.

Apesar das limitações do entrevistado, belíssima tarefa. O Espiritismo em ondas hertzianas, alcançando quem se dispõe a ouvir e perguntar. Deus conserve esta equipe engajada no trabalho do bem.

11.9.07

Ciclo de Estudos sobre Passe na AECX




O recém criado Núcleo de Estudos Doutrinários, coordenado por Marcos Aurélio Machado, promove a partir do dia 21 de setembro um Ciclo de Estudos sobre Passes. Atendendo à demandas de dirigentes da casa, o ciclo de estudos visa preparar novos trabalhadores para o serviço de passe e discutir o assunto com profundidade, atendendo ao interesse de trabalhadores que desejam novos conhecimentos sobre o assunto.
As reuniões de estudo serão feitas na sala 7 da sede da Associação Espírita Célia Xavier, das 19:00 às 20:15 horas, a partir de 21 de setembro.
As inscrições estão abertas na secretaria da AECX, podendo ser feitas pelo telefone 3467-7181.




6.9.07

Desencarna Martins Peralva


Foi sepultado às 14:00 horas do dia 05 de setembro de 2007, no cemitério Parque da Colina, o escritor espírita José Martins Peralva.

Muitas foram as vezes em que vi Peralva representando a União Espírita Mineira em eventos espíritas, mas algumas vezes, na intimidade, encontrava-o no consultório de meu pai, sempre gentil, sempre presenteando-o com trabalhos e livros, especialmente os então recém-publicados por Chico Xavier.

Ainda esta semana tive em mãos um trabalho autografado por ele, dado a papai após um evento no estado do Rio de Janeiro.

Os feitos, cargos e realizações, o leitor deste blog poderá acessar clicando o título, que o remeterá a uma biografia publicada pela União Espírita Mineira, com base em informações fornecidas por um de seus filhos, Basílio Peralva.

O que não se lê, foi a política de apoio à mediunidade e à pessoa de Chico Xavier, da qual União Espírita Mineira sempre foi defensora e que teve Martins Peralva como seu articulador.

Em nossa casa, a Associação Espírita Célia Xavier, Peralva escreveu o livro Estudando a Mediunidade, publicada pela Federação Espírita Brasileira, na qual comenta e explica em linguagem direta e simples o conteúdo do livro "Nos Domínios da Mediunidade", de André Luiz.

2.9.07

Assista o Trailer do Filme de Bezerra de Menezes


Glauber Filho dirigiu um longa metragem sobre Bezerra de Menezes. Clique no título ou no link http://br.youtube.com/watch?v=NIsmtkniZx4 e assista o trailer no YouTube.
Orientado por Luciano Klein Filho, o filme promete. Leia um pouco sobre o projeto e o elenco no link http://www.bezerrademenezesofilme.com.br/.

1.9.07

Revista Espírita


O Conselho Espírita Internacional tem publicado a Revista Espírita, criada originalmente por Kardec para divulgação do Espiritismo e que teve o nome obtido na justiça francesa após ter sido abandonado por Renaïtre 2000 por membros do movimento francês que desejavam uma maior interlocução com a Comunidade Acadêmica.

O Conselho Espírita Internacional resolveu publicá-la em espanhol, língua que tem um grande número de adeptos e simpatizantes do Espiritismo espalhados pelo mundo mas com pouca literatura disponível.

O número 13 apresenta, entre outras matérias, uma entrevista com Décio Iandoli Jr., professor titular da cátedra de Fisiologia da Universidade Santa Cecília. Uma das idéias que ele desenvolve em seu trabalho é a de que "por crer-se capaz de curar, ainda que inconscientemente, o médico acaba assumindo uma posição de superioridade com relação ao paciente, alimenta um sentimento de onipotência que se transmite de geração em geração nas escolas médicas. ... O médico que se despoja do peso da onipotência de portador do dom de curar, tira dos ombros um fardo que nunca foi capaz de carregar: a responsabilidade pelo outro. Ele se converte em irmão, companheiro, que auxilia, orienta e conforta."

Richard Simonetti discute a posição de Jesus frente à humanidade e se mostra contrário à idéia de evolução em "linha reta", que se entendida como uma evolução sem erros, situaria este espírito em uma posição semelhante às dos anjos católicos.

Ainda neste número, resgata-se uma evocação de Kardec a um chefe taitiano, já desencarnado, que foi condecorado pelo governo francês. Apesar de médium intuitivo, ele redigiu corretamente dados que desconhecia, como o agraciamento deste chefe com a comenda da Legião de Honra.

Enrique Baldovino escreveu um trabalho sobre a tradução de "Telêmaco", escrito por Fénelon, pelo professor Rivail para o francês, seu significado e implicações futuras para a codificação.

Com desenhos cuidadosos e coloridos, a revista apresenta trechos do livro "Pai Nosso", de Meimei, psicografado por Chico Xavier e publicado no Paraguai com o título "Padre Nuestro".

Uma narrativa de pressentimentos de morte, explicada pelos espíritos a Amália Domingo Soler, um trabalho de Grisot sobre a inteligência animal e uma breve dissertação sobre como o Espiritismo pode melhorar a vida das pessoas, escrita por Divaldo Franco, concluem este número.

A assinatura anual da Revista pode ser feita por módicos 20 reais nas terras brasileiras. Maiores informações podem ser obtidas no link inserido no título desta postagem.



26.8.07

O ESPIRITISMO NOS ESTADOS UNIDOS III

EC: Quais são as diferenças entre o movimento espírita brasileiro e o Norte Americano?

Antônio: Não vejo muita diferença entre o movimento espírita brasileiro e o Norte Americano, até mesmo porque o movimento espírita aqui é formado em sua vasta maioria por grupos que foram fundados e são dirigidos por brasileiros. Enfrentamos aqui os mesmos problemas que enfrentam os grupos espíritas no Brasil. Uma coisa que é um tanto quanto complicada aqui é a participação em caráter mais constante e permanente das pessoas que vão aos centros espíritas. Isto acontece em decorrência do rítimo de vida aqui ser muito agitado. As pessoas trabalham em horários não tão compatíveis com os horários em que funcionam os centros espíritas. Isto dificulta em muito a rotina de trabalho dos centros e o nível de frequência torna-se muito inconstante.

EC: Que problemas vocês têm enfrentado na cidade de Nova York para praticar o Espiritismo?
Antônio: Nova Iorque é uma cidade cosmopolita e para cá vem gente de todos os cantos do mundo. A questão de liberdade de crença aqui é uma coisa levada muito a sério pelo americano. Assim, isto contribui em muito para facilitar o exercício e a prática de qualquer filosfia, religião, seita ou culto, desde que se cumpra com as formalidades exigidas pelas leis locais. Neste particular não se enfrenta mesmo qualquer tipo de ingerência, imposição ou dificuldade. Eu diria que uma dificuldade significante que se encontra aqui é a da questão material, ou seja, tem-se um custo alto para se manter uma sede em funcionamento. Cito como referência o Spiritist Group of New York que já está em atividade desde 2001 e todas as suas atividades são realizadas em salas alugadas por hora. Isto limita e dificulta um pouco o trabalho do grupo, pois a rotatividade dessas salas é grande, em que um grupo se reúne após outro, e as salas tem que serem desocupadas imediatamente.

Figura 1: Centro Libertad del Espiritismo em NY, década de 30 (?).



EC: De uma forma geral, dê aos nossos leitores algumas informações sobre o movimento espírita nos Estados Unidos.
Antônio: De uma maneira geral, o espiritismo ainda é muito pouco conhecido pelo grande público americano. Alguns poucos grupos iniciaram um trabalho pioneiro de disseminação do Espiritismo aqui em Nova Iorque e em outras localidades, antes da aparição de centros espíritas fundados por brasileiros. Esses grupos, em sua maioria formados por espíritas de origem hispano-americana [portoriquenhos, cubanos, etc.] foram em realidade os grandes pioneiros nesta nobre tarefa. Faço referência aqui, mais uma vez, à Spiritist Society of Florida, dirigida pela amiga e confrade Yvonne Limoges. Em verdade, as origens desta casa espírita está ligada ao El Centro Libertad del Espiritismo o qual foi fundado em 1933, pelo casal Luis Perez e senhora Pilar Perez, imigrantes espíritas portoriquenhos que vieram para a cidade de Nova Iorque em 1930.

Foto 2: Membros da Sociedad Libertad del Espiritismo

Edgar Crespo, pai de Yvonne Limoges e que fundou com ela a SSF, participou das atividades daquela casa espírita desde a infância, vindo posteriormente a se transformar num dos médiuns atuantes do centro. Da mesma forma a Yvonne Limoges, nasceu e cresceu em ambiente espirita. Esta casa espírita que tinha por volta de 45 membros participantes ativos, era tão bem estruturada que chegou a adquirir uma sede, um prédio de três andares, e anualmente, durante o verão, promoviam um desfile no centro de Manhattan pela Avenida Madison [Fotos e relato histório em inglês através deste link - A Spiritist Center in New York City]. Alguns dos descendentes desses pioneiros desbravadores, participam hoje de centros espíritas dirigidos pelos irmãos hispano-americanos localizados em New Jersey, Florida e outras localidades. Assim se iniciou a disseminação do Espiritismo por essas plagas.
Foto 3: Desfile na Madison Avenue.




Posteriormente, começaram a aparecer os centros espíritas fundados por brasileiros, os quais hoje proliferam por quase todos os estados da federação americana. Conforme podemos verificar na interessantíssima biografia de Marcel Souto Maior - As Vidas de Chico Xavier, o início de tudo foi impulsionado pela visita que Chico Xavier fez aos Estados Unidos em 1965, oportunidade em que, entre outras coisas, foi feita a tradução da sua obra Ideal Espírita, cujo título em inglês ficou como The World of the Spirits, atualmente inteiramente disponível na página do SGNY. A iniciativa seguinte tomada pelo Chico Xavier e sua comitiva de acompanhantes, Waldo Vieira, Maria Aparecida Pimentel e Ireneu Alves, foi a fundação do Christian Spirit Center, cuja presidência ficou a cargo de Salim Salomão Haddad. Inicialmente a sede deste centro foi a residência do casal Salim Salomão Haddad e sua esposa, a senhora Phyllis, os anfitriões do Chico e comitiva na cidade de Washington. O casal tinha conhecido Chixo Xavier em Pedro Leopoldo, em 1956. É interessante notar que Sallim Salomão Haddad era poliglota e fez a tradução de algumas obras espíritas para o inglês. Dentre elas destacamos a mencionada acima, bem como a primeira tradução da primeira obra da série André Luiz - Nosso Lar [The Astral City], da qual existem hoje, se não me falha a memória, quatro traduções. Não tenho visto ultimamente este centro espírita nas listas existentes na internet, bem como não tenho conhecimento se ele ainda está em funcionamento e se a senhora Phyllis estaria ainda entre nós. Não tive o prazer de conhecê-la pessoalmente, mas guardo com carinho uma carta que ela me escreveu em 14 de março de 2000, carinhosamente dando-nos permissão para colocarmos a referida tradução acima na homepage do GEAE, que até hoje lá permanece. Nessa ocasião o Christian Spirit Center era sediado na cidade de Elon College, no Estado da Carolina do Norte. Segundo tenho ouvido em ocasiões diversas, não muito tempo após a visita inicial do Chico Xavier e comitiva, começaram as visitas desse que é mesmo o maior de todos os desbravadores espíritas - Divaldo Pereira Franco, que tem mantido ao longo dos anos um calendário incrível de viagens pelo mundo afora, disseminando a boa nova do espiritismo como o mais arrojado dos bandeirantes. Tenho também ouvido várias vezes que o confrade e professor John Zerio, um dos fundadores e diretor da AKES - Allan Kardec Educational Society, foi o suporte maior do Divaldo nessas suas visitas iniciais a várias localidades de diferentes estados aqui nos Estados Unidos, o que possibilitou a organização de vários grupos espíritas. A partir de então outros grupos espíritas fundados por brasileiros começaram a aparecer e novos grupos continuam a serem fundados. Com o crescimento do movimento espírita a nível internacional, sob a liderança do CEI - Conselho Espírita Internacional, criou-se também aqui nos Estados Unidos o USSC - United States Spiritist Council.


Foto 4: Membros da Spiritist Society of Florida


EC: O que aconteceu com os adeptos do "modern spiritualism"? Como é a convivência entre as sociedades espíritas, de base kardequiana e os espiritualistas?
Antônio: Não posso falar muito sobre o movimento organizado do Espiritualismo Moderno aqui, uma vez que não participando dele ativamente fica difícil entender a dinâmica do mesmo. O que posso dizer e conjecturar a respeito do assunto, tem mais uma visão sob o ponto de vista histórico que advém das leituras que habitualmente faço sobre o tema, o qual me fascina sobremaneira. A percepção que tenho é que a exagerada ênfase dada aos fenômenos físicos, especialmente a partir dos produzidos pelas irmãs Fox, em Hydesville, de uma certa forma, já de início transformou-se num obstáculo à convergência de esforços mais direcionados para a instituição de algo mais sólido que viesse efetivamente crescer harmoniosamente, fundado numa base capaz de resistir aos embates que viriam pela frente. Quando vejo a grandiosidade da literatura espiritualista, e aqui me refiro a obras de qualidade inquestionáveis, bem como o volumoso acervo de obras no campo da pesquisa psíquica, produzidas por cientistas de nomeada e pesquisadores das maiores universidades do mundo, não consigo entender como o movimento do Moderno Espiritualismo sequer foi capaz de construir uma doutrina de base sólida em torno desse interminável acúmulo de fenômenos oriundos da "invasão organizada" da espiritualidade, nas palavras mais sábias do grande escritor Arthur Conan Doyle. Ao contrário, estarrece-nos a constatação de que alguns de seus membros mais notáveis, gastaram parte substancial do seu precioso tempo, na tentativa de combater a doutrina nascente do Espiritismo, naquilo que ela tem de mais fundamental, ou seja, a reencarnação. Se o leitor se interessar por maiores informações neste particular, recomendo a leitura do Capítulo 16 [”Luzes e Sombras do Espiritualismo”] do excelente livro de Hermínio C. Miranda, cujo título é Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos. Cabe ainda ressaltar aqui, que até mesmo o maior e mais notável de todos os pioneiros dessa nova era, o profeta da Nova Revelação, Andrew Jackson Davis, que entre outras coisas previu o advento dos fenômenos que desencadeariam o surgimento do movimento do Moderno Espiritualismo, era nessa época visto com reservas pelos próprios espiritualistas, por causa das críticas que o nobre pioneiro fazia em relação a postura de excessiva ênfase e aferrado apego ao aspecto fenomênico das revelações, em prejuízo do lado filosófico e moral das mesmas. A única explicação que encontro no tocante a incapacidade por parte dos espiritualistas na construção de uma doutrina sólida a partir de toda aquela fenomenologia em curso, é que uma já estava sendo esboçada - a Doutrina Espírita, e a espiritualidade superior sabia e sabe que não precisamos de mais de uma. Em outras palavras, em time que está ganhando, não se mexe. Infelizmente, essa tendência de supervalorizar o fenômeno ainda reflete sobremaneira no meio do movimento do Espiritualismo Moderno por aqui, o que é fácil de se constatar pela forma com que a prática da mediunidade ainda é exercida. É uma profissão remunerada como qualquer outra. Não nos cabe aqui fazer julgamentos e muito menos descaracterizar os resultados benéficos que o exercício da mediunidade sadia pode trazer, mesmo nessas circunstâncias, mas convenhamos que a questão material é mesmo um entrave no exercício desta nobre faculdade que nos é dada gratuitamente e como tal deve ser devolvida aos nossos irmãos mais necessitados. Enfim, como diz o ditado popular, “o tempo é um grande remédio”. A reencarnação que não é invenção do espiritismo nem de religião alguma, muito ao contrário é uma lei natural como muitas outras, que alguns ainda resistem em aceitar a sua inexorabilidade, lenta e gradualmente cada vez mais conquista as mentes e os corações das pessoas pelo mundo afora, e o progresso espiritual que também é inexorável segue o seu curso. Assim, esperamos que os irmãos ligados ao movimento do Moderno Espiritualismo também percebam a necessidade de mudanças e se adequem a realidade dos tempos atuais corrigindo os equívocos perpetrados no caminho, para que o distanciamento entre o movimento e os que o mesmo pretende atingir, não se distancie cada vez mais. Em realidade, a convivência entre os movimentos espírita e espiritualista é quase inexistente, e eu entendo ser isto um fator de muita importância na grande convergência que todos esperamos acontença num futuro não tão distante, o que imaginamos ser este o grande desejo dos pioneiros de ambos os movimentos que nos assistem do plano espiritual, o que podemos perceber nas palavras proféticas do codificador, no fragmento da mensagem acima registrado. Foi com muita alegria e esperança que vimos a realização do evento ocorrido em julho de 2005 em Lily Dale, mencionado anteriormente, o qual reuniu pela primeira vez os dois movimentos. Aliás, foi para mim motivo de muita frustração não ter podido participar do mesmo, pelo fato de ter viajado para o Brasil um dia antes do acontecimento. Esperamos que muitos outros eventos aconteçam e o Espiritismo e o Moderno Espiritualismo venham mesmo se fundir nessa grande Filosofia natural que será adotada por todos nós num futuro não tão distante.
EC: Após o episódio das irmãs Fox, você é capaz de nos dar alguns dados históricos da trajetória do Espiritismo em Nova York?
Antônio: A não ser as igrejas espiritualistas das diferentes denominações que se vê por aí, pouco ou quase nada se ouve a respeito do movimento do Moderno Espiritualismo por aqui. Ao conversar com as pessoas em geral, nota-se que o movimento do Espiritualismo Moderno é muito pouco conhecido por aqui. Isto foi algo que nos surpreendeu. Afinal de contas, foi no Estado de Nova Iorque que surgiu a mola propulsora e o ponto de partida, através do episódio das Irmãs Fox, para a instituição e organização do movimento do Espiritualismo Moderno. Além disso e com maior justeza ainda, temos o fato de que há poucas milhas de Nova Iorque, mais precisamente na cidade de Poughkeepsie, viveu por muitos anos aquele que é considerado um verdadeiro apóstolo no âmbito dessa nova era de revelações espirituais em benefício do progresso da humanidade, tanto pelas obras que deixou como pelo exemplo de vida que foi. Isto sem falar obviamente dos grandes pioneiros que aqui viveram e deixaram trabalhos monumentais nesta seara, como é o caso do ilustre Juiz John W. Edmonds com sua famosa obra Spiritualism e o grande cientista Robert Hare com o seu Experimental Investigation of the Spirit Manifestations. Por essas e outras razões, é natural que a gente espere que o movimento fosse muito mais visível através de eventos maiores e da mídia em geral, como acontece com o Espiritismo no Brasil, o qual há poucas décadas atrás ainda era caso de polícia. Felizmente, temos a internet que propicia a todos nós uma gama enorme de material de estudo facilmente acessível nesta área. A grande maioria das obras que formam o acervo da literatura espiritualista clássica e de boa qualidade, está hoje disponível na internet. Obras novas e de boa qualidade também surgem de vez em quando, o que mantém acesa a chama do desejo do conhecimento por parte daqueles que se interessam pelo estudo dessas questões. No caso específico do episódio das irmãs Fox, mencionamos aqui uma obra bem recente de autoria de Barbara Weisberg, Talking to the Dead [Conversando com os Mortos]. Sob o ponto de vista histórico eu recomendo que o leitor interessado visite na internet as páginas de ambas as organizações que representam o Movimento do Moderno Espiritualismo, aqui nos Estados Unidos e no Reino Unido. Ai encontrarão todas as informações sobre este extraordinário movimento, desde o seu nascimento e posterior desenvolvimento, bem como relatos do sacrifício de muitos pioneiros que tanto nos legaram. São elas: National Spiritualist Association of Churches of the United States and The Spiritualists' National Union.

EC: Quantos centros espíritas você estima existirem na Big Apple?
Antônio: Bem, aqui na cidade de Nova Iorque (a Big Apple) especificamente temos apenas 3 centros espíritas no momento. São eles o Allan Kardec Doctrinal Society; o Allan Kardec Spiritist Center; e o Spiritist Group of New York. Havia um quarto, o Centro de Estudos Espíritas Boa Nova, o qual funcionou por muitos anos e com um trabalho maravilhoso, sob a liderança da Katy Meire, mas saindo um pouco para uma área de maior abrangência, conhecida aqui como tri-state region [que engloba partes dos estados de Nova Iorque, New Jersey e Connecticut], aí o número cresce para mais ou menos uns quinze. Não é um número tão pequeno, pois quando cheguei aqui, há treze anos atrás, havia mais ou menos uns cinco apenas.

EC: De que forma os espíritas brasileiros podem auxiliar os trabalhos dos espíritas novaiorquinos?
Antônio: Imagino que uma das formas seja através deste contato via internet, o que possibilita um permanente entrelaçamento e troca de informações. Eu costumo chamar o "milagre da internet", pois as possibilidades neste novo mundo globalizado são mesmo inesgotáveis. A propósito, saliente-se que graças a ela, a internet, o espiritismo está se propagando pelo mundo com muito mais rapidez do que podíamos ao menos imaginar há pouco tempo atrás. Os grupos espíritas espalhados pelo mundo afora devem mesmo utilizar esta ferramenta maravilhosa e, na medida do possível, procurar se comunicar e trocar informações e experiências com grupos de outras localiddes. Isto é muito salutar e ajuda muitíssimo o grupo em seu propósito de disseminar o espiritsmo em bases harmônicas e sólidas. E, como sabemos, os amigos no Brasil tem muito a nos dar, pois o movimento espírita aí se encontra muito mais bem estruturado e já com muito mais experiência adquirida.

11.8.07

O Véu e a República Francesa


A França votou uma lei que proíbe o uso de sinais religiosos ostensivos nas escolas e nos espaços públicos. O véu islâmico (na verdade, toda uma coleção de peças, que vão de um lenço claro à Burka, cobrindo os cabelos e às vezes o rosto) foi o principal afetado pela lei. No biênio que se seguiu à lei 44 jovens foram expulsas da escola por não aceitarem assistir às aulas sem véu.
(Foto 1: Véu islâmico colorido, preferência das afegãs. Fonte: Site da BBC Brasil)

A discussão do véu é imensa, muito maior que o pequeno espaço disponível neste blog. Alguns pontos parecem claros: uma coisa é a proibição de sinais religiosos em prédios públicos, outra coisa é a proibição das pessoas portarem ou exibirem em seus corpos sinais religiosos.

O princípio de laicidade do estado existe para que cidadãos, não importa a religião ou o credo político, possam ser tratados igualmente pelo estado, perante a lei. Quando se exige do cidadão que oculte suas convicções religiosas ou políticas, quando se entende que um véu, ou uma cruz, que sinalizariam aos demais sua identidade religiosa, não pode ser tolerado em um espaço público, é porque o Estado não conseguiu disseminar uma cultura ou mentalidade da tolerância e da diversidade. Qualquer sinal cheira a proselitismo aos olhos das autoridades...

(Foto 2: Foto do Filme Paris Je T'Aime, do site Cinco Dias)

No pouco que li, nas diferentes culturas islâmicas, os véus podem ter sentidos e significados muito diferentes, extremos até. Um véu pode ser um toque de sensualidade, pode significar proteção, pode ser um costume religioso familiar, pode ser inclusive opressão, se quem o utiliza é obrigado a fazê-lo. O Estado Francês se considera salvador das oprimidas e da laicidade, esquecendo-se das demais mulheres e jovens que usam o véu como opção religiosa, que não se sentem oprimidas pelo islamismo e sim pelo Estado Francês. Ao contrário do que se poderia esperar do Estado, ele não assegura a liberdade de crença e de expressão, mas uniformiza os indivíduos e tenta resolver diferenças políticas e sociais na esfera religiosa. Pior: o Estado estabelece qual é o significado real (perdoem-me a duplicidade de sentidos desta palavra) de um símbolo religioso, despindo-o da polissemia. Ele diz, através de lei, como deve ser interpretado um símbolo...

Pelo visto, o muçulmano tem que abrir mão dos costumes muçulmanos para ser cidadão francês, ainda que o direito lhe assegure a suposta cidadania. Pelo visto, o francês de primeira categoria usa boina ou não usa nada. Quem cobre a cabeça com outra coisa, se for francês, é de segunda ou terceira...

O que isto tem a ver com o Espiritismo? Se é verdade que uma lei contra sinais exteriores não nos atingiria, a intolerância religiosa fere a todos, especialmente se patrocinada pelo Estado. Este estado de espírito não é visível, como uma lei ou um véu, age de forma subterrânea e fere a cidadania pelas costas. Os espíritas europeus enfrentaram (e ainda hoje se enfrenta) muitas formas ocultas de desrespeito e até de perseguição.

Estamos no século XXI e ainda não está clara a diferença entre o público e o privado, o Estado e a Religião. Jerusalém continua sendo um espaço de conflito entre diferentes crenças, mais políticas que religiosas.

4.8.07

O Estado Deve Regular as Religiões?

O jornal Estado de Minas, o jornal O Globo, o Angola Press, o jornal O Povo, baseados na Agência Nova China (infelizmente não encontrei a nota no site brasileiro desta agência), noticiam que as reencarnações dos Budas Tibetanos, para serem válidas, devem ser aprovadas pelo "Gabinete de Assuntos Religiosos do Governo Chinês".

Eles noticiam também que o último lama identificado pelo Dalai Lama, em 1995, o Panchen Lama, foi recusado pelas autoridades de Pequim, retirado da sua casa por autoridades e nunca mais foi visto.



Foto 1: Tibetanos exilados em Nova Délhi fazem vigília pela libertação do Panchen Lama (Fonte: O Povo)


Como pode um estado que se considera materialista histórico criar uma agência e atribuir-lhe a capacidade de identificar reencarnações de Lamas já desencarnados? Não é preciso ser muito perspicaz para entender que se trata de um uso político da religião, e que a ação desta agência tem fins manipuladores. Seria uma criança identificada como um Lama Reencarnado uma ameaça à potência Chinesa? Seria o budismo tibetano um poder capaz de desestabilizar um governo que tem sob suas ordens um poderio bélico de primeira ordem?

A perseguição às religiões ainda não terminou no século XXI.

3.8.07

O Espiritismo nos Estados Unidos

EC: Vocês promovem eventos de divulgação do Espiritismo? Fale um pouco sobre eles.

Antônio: Os eventos maiores com o propósito de divulgar o espiritismo de forma mais ampla, para um maior número de pessoas, normalmente ocorrem com a união de esforços de mais de um grupo espírita. Muitas vezes, por ocasião da visita dos nossos mediums e palestrantes mais conhecidos, como por exemplo o Divaldo Pereira Franco, o Raul Teixeira e outros, os quais nos visitam anualmente, os grupos se unem em torno do evento e proporcionam meios para que as palestras sejam feitas com tradução simultânea para o inglês.

(Foto 1: Raul Teixeira em Baltimore. Da esquerda para a direita, Vanessa Anseloni, Elmo Deslandes, Raul, Alexandre Fonseca e Antônio Leite)



EC: Fale um pouco mais sobre a divulgação espírita nos Estados Unidos.

Antônio: Saindo um pouquinho da região da grande Nova Iorque, podemos mencionar também a Spiritist Society of Baltimore, que vem fazendo um trabalho extraordinário na disseminação do Espiritismo já há alguns anos. Este grupo cujas atividades são todas em inglês e voltadas para o público americano, pela estrutura que tem e graças ao dinamismo e a dedicação da Vanessa Anseloni e seu esposo Daniel, seus principais dirigentes, tem a participação de um público americano em maior percentual. Eles mantém um calendário permanente de eventos de divulgação do espiritismo aqui na América, o que pode ser checado no website do grupo. Em julho de 2005, este grupo espírita promoveu um encontro sobremaneira importante para a aproximação dos movimentos Espírita e do Moderno Espiritualismo aqui na América. O evento aconteceu em Lily Dale, sede do movimento do Moderno Espiritualismo aqui nos Estados Unidos, e contou com a presença de um grande público, em sua maioria de americanos. Podemos mencionar ainda a Spiritist Society of Florida, que sob a liderença da dedicada e dinâmica confrade Yvonne Limoges e o seu pai, Edgar Crespo, promovem o Espiritismo por aqui há meia década. Recentemente publicaram a tradução para o inglês da clássica obra de Amália Domingo Soler, - Memórias do Padre Germano (Memoirs of Father Germain), a qual se encontra à venda na internet. A tradução foi feita por Edgar Crespo e a revisão por Yvonne Limoges. Uma característica interessante nas atividades deste grupo espírita, é que a sua reunião mediúnica é aberta à participação pública. Em visita recente que fiz a este grupo, em companhia da minha esposa, pudemos testemunhar a seriedade e sentir o clima de vibraçoes harmoniosas que reinan no ambiente dessas reuniões, as quais propiciam uma grande oportunidade de aprendizado para os presentes, no que diz respeito especificamente à sagrada prática da mediunidade.


EC: Fale um pouco mais da tradução dos livros para a língua inglesa.
Antônio: Esta é uma tarefa de grande importância para que o Espiritismo venha se tornar mais conhecido num futuro próximo. E na atualidade, sem nenhuma sombra de dúvidas, o inglês é a língua de caráter universal capaz de fazer uma idéia ser disseminada mais rapidamente pelo mundo afora. Para enfatizar a importância dessa iniciativa, mencionamos aqui o parágrafo final da mensagem do próprio Kardec (espírito), intitulada O Espiritismo e o Espiritualismo, a qual foi psicografada em 14 de setembro de 1869, na casa da senhora Anna Blackwell, tradutora de algumas das obras básicas para o inglês, em presença do senhor Peebles, um dos pioneiros do movimento do Moderno Espiritualismo aqui nos Estados Unidos da América. Disse o codificador: "Traduzí as minhas obras! Só se conhecem na América os argumentos contra a reencaranção. Quando as demonstrações em favor dêsse princípio ali se tornarem populares, o Espiritismo e o Espiritualismo não tardarão a se confundir e se tornarão, por sua fusão, na Filosofia natural adotado por todos." *


(Foto 2: Janet Duncan, tradutora de "O Evangelho Segundo o Espiritismo em Miami, ano 2000, à direita de Antônio)

Pelas dificuldades que envolve a tarefa, até que não temos o direito de nos lamentar, pois muita coisa já aconteceu até aqui neste particular, e a tendência é o crescimento. No tocante as obras básicas, tivemos o trabalho pioneiro nas traduções de Anna Blackwell [O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e o Céu e o Inferno]; Emma A. Wood [O Livro dos Médiuns]; W. J. Colville [A Genese]; e Janet A. Duncan [O Evangelho Segundo o Espiritismo]. Assim, temos todas as obras básicas já traduzidas para o inglês e inteiramente disponíveis na internet. Além das obras básicas, temos também várias obras de autores espíritas clássicos que foram vertidas para o inglês e encontram-se inteiramente disponíveis na internet. A propósito, citaremos algumas aqui. De LÉON DENIS temos, Life and Destiny [O Problema do Ser do Destino e da Dor], traduzida pela famosa autora e poetisa espiritualista Ella Wheeler Wilcox; Here and Hereafter [Depois da Morte], tradução de George G. Fleurot; The Mystery of Joan of Arc [Joana D'Arc], traduzida pelo famosíssimo escritor Arthur Conan Doyle, que foi também um dos maiores propagadores do movimento do Moderno Espiritualismo e escrveu vários livros nesta área, e dentre eles citamos aqui a importante obra The History of Spiritualism, traduzida para o portugês por Júlio Abreu Filho, com prefácio de J. Herculano Pires, com o título de História do Espiritismo; Christianity and Spiritualism [Cristianismo e Espiritismo], tradução de Helen Draper Speakman. Muitas das obras de CAMILLE FLAMMARION, GABRIEL DELANNE e outros autores clássicos espíritas foram também traduzidas para o inglês, como é o caso da importante obra em três volumes, Death and Its Mysteries [A Morte e seus Mistérios] e Evidence for a Future Life [A Alma é Imortal], respectivamente, as quais encontram-se em edições novas e revisadas, inteiramente disponíveis no website do SGNY. As obras de Léon Denis acima mencionadas, também estão inteiramente disponíveis na página do SGNY bem como na do GEAE, além de muitas outras obras. Ao lado das obras clássicas de autores espíritas, como as mencionadas acima, temos também uma vasta literatura espiritualista e aquela mais voltada para o campo da Psychical Research [Pesquisa Psíquica], as quais foram originariamente, em sua grande maioria, publicadas no idioma inglês. O conteúdo dessas obras, em geral, está em perfeita sintonia com os ensinos espíritas, discrepando muito pouco ou quase nada com a essência dos princípios da codificação. A prova disto é que muitas delas foram traduzidas para o português e são tidas como obras genuinamente espíritas. Mencionaremos algumas a seguir. Researches in the Phenomena of Spiritualism [Fatos Espíritas] de autoria de Sir William Crookes, publicaão FEB, tradução de Oscar D'Argonnel; Spirit Teachings [Ensinos Espiritualistas] autoria de William Stainton Moses, publicação FEB, tradução de Oscar D'Argonnel; The Scientific Basis of Spiritualism [Bases Científicas do Espiritismo] autoria de Epes Sargent, publicação FEB, tradução de Francisco Raimundo Ewerton Quadros; The Debatable Land Between this World and the Next [Região em Litígio Entre este Mundo e o Outro] de autoria de Robert Dale Owen, publicação FEB, tradução de Francisco Raimundo Ewerton Quadros; The Life Beyond the Veil [A Vida Além do Véu] de autoria do Rev. G. Vale Owen, publicação FEB, tradução de Carlos Imbassahy; Raymond or Life and Death [Raymond, Uma Prova da Sobrevivência da Alma] de autoria do grande escritor, cientista e espiritualista britânico Sir Oliver Lodge, Edição Edigraf, tradução do imortal Monteiro Lobato; Why Do I Believe in Personal Immortality [Por Que Creio na Imortalidade da Alma] do mesmo autor acima, Sir Oliver Lodge, Edições FEESP, tradução de Francisco Klors Werneck.

A lista é grande e não quero abusar do precioso espaço gentilmente nos cedido, mas gostaria de finalizá-la, mencionando uma das obras espiritualistas mais iinteressantes que li ao longo dos anos. Trata-se do precioso opúsculo The Scientific Aspect of the Supernatural [O Aspecto Científico do Sobrenatural] de autoria do extraordinário Alfred Russel Wallace, célebre escritor espiritualista, um entre os grandes cientistas que habitaram este orbe e co-autor da Teoria da Evolução das Espécies, com Charles Darwin. A tradução para o português que está um primor, foi publicada recentemente pela Publicações Lachâtre. Outro aspecto também digno de nota nesta área de divulgação do Espiritismo para o público de língua inglesa, é que além das traduções de livros propriamente espíritas, há também outros originariamente escritos em inglês, por diversos autores, os quais de alguma forma introduzem o espiritismo para este público. Gostaria de mencionar alguns aqui como exemplificação do afirmado. The Indefinite Boundary e The Flying Cow - Research into Paranormal Phenomena in the World's most Psychic Country, ambos de autoria do escritor e jornalista Guy Lyon Playfair. Ambos os livros foram muito bem escritos e introduz o espiritismo de forma muito bem apropriada e séria. O segundo deles, em seu Capítulo 7 [The Little Red Fish], fala sobre Francisco Candido Xavier, discorrendo amplamente sobre a série de obras da coleção André Luiz e traz um apêndice sobre a Teoria Corpuscular do Espírito, de Hernani Guimarães Andrade; Spiritis and Scientists - Ideology, Spiritism and Brazilian Culture, resultado das pesquisas para a tese de doutorado do professor David J. Hess, junto ao Departamento de Antropologia da Cornell University, publicado em 1991.


Dando continuidade ao trabalho dos pioneiros tradutores, mais recentemente temos o excelente trabalho da Allan Kardec Educational Society com as traduções novas de duas das obras básicas [O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo] e mais ainda as obras introdutórias de Kardec [O Espiritismo em sua Expressão mais Simples e O Que é o Espiritismo], ambas compiladas num único volume cujo título em inglês é Introduction to the Spiritist Philosophy. Além dessas obras, a AKES também já traduziu três das obras da coleção André Luiz [Nosso Lar; E a Vida Continua; e Os Mensageiros], e tem um projeto permanente de ação em que novas obras serão traduzidas. O Spiritist Group of New York, sob a coordenação de Jussara Korngold, também tem feito um trabalho profícuo nesta área de traduções de livros espíritas. Além das novas traduções de duas das obras básicas [A Gênese e O Céu e o Inferno], traduziu ainda obras espíritas importantes como Nos Domínios da Mediunidade [In the Domain of Mediumship], Desobsessão [Disobsession], Pão Nosso [Our Daily Bread], todas psicografadas por Francisco Cândido Xavier; Obsessão, O Passe, A Doutrinação [Obsession, Passes, Counseling] de autoria do saudoso J. Herculano Pires, entre outras. Ainda mais recentemente, ganhamos também um outro grande aliado nesta nobre tarefa de traduções de livros espíritas, a Federação Espírita Brasileira. As recentes traduções das duas obras básicas, O Livro dos Espíritos, e O Evangelho Segundo o Espiritismo, e ainda o primeiro livro da série da coleção André Luiz - Nosso Lar, nos deixa a certeza de que isto é apenas um começo, e que a FEB, com a sua experiência aliada a sua forte estrutura, será um componente importantíssimo nesta área, e o espiritismo irá gradativamente ganhando espaço nos corações e nas mentes das pessoas, em todos os quadrantes do nosso Planeta Terra. Assim, para resumir esta resposta, muito embora saibamos que ainda há muito para se fazer nesta área, eu diria que o que já foi feito até aqui está de bom tamanho. Sabemos que a marcha do espiritismo na conquista das mentes e dos corações do nossos irmãos que ainda não tiveram o privilégio de o conhecer, tem mesmo que ser lenta e gradual, pois ninguém está numa corrida a cata de prosélitos e o livre-arbítrio tem que ser respeitado.


EC: Vocês têm escrito livros espíritas em inglês? Que títulos foram lançados até o momento?
Antônio: Eu particularmente não me vejo em condições de escrever um livro espírita nem mesmo em português, muito menos em inglês. Não, isto não está nos meus planos para esta encarnação. Tenho escrito alguns pequenos artigos e textos que são veiculados em algumas páginas na internet, em especial no GEAE, os quais faço com a ajuda do meu filho que é fluente no idioma inglês. De que tenho notícias, a Jussara Korngold escreveu um, Practical Guide for Magnetic and Spiriutal Healing, o qual se acha disponível inteiramente no website do SGNY. Se não me falha a memória ela estaria escrevendo um segundo, do qual não tenho maiores informações. Está aí uma boa dica para mais uma entrevista, ela terá muito o que falar sobre suas experiências com a disseminação do espiritismo em língua inglesa, tanto aqui nos Estados Unidos, bem como na Inglaterra, onde também viveu por vários anos.

3.7.07

ESPIRITISMO COMENTADO ENTREVISTA ANTÔNIO LEITE: O ESPIRITISMO EM NOVA YORK

O Blog Espiritismo Comentado fez uma série de entrevistas com Antônio Leite sobre o Espiritismo nos Estados Unidos. Elas serão publicadas durante o mês de julho.
(Foto 1: Palestra de Antônio no Spiritist Group of New York)



EC: Antônio, Você poderia se apresentar aos nossos leitores?
Antônio: Bem, meu nome completo é Antonio Cunha Lacerda Leite, mas aqui em Nova Iorque, bem como no meio espírita, e mais especificamente na internet, eu sou conhecido como Antonio Leite, apenas. Sou natural do Estado do Ceará, onde nasci, mas antes de completar dois anos de idade, a minha família mudou-se para o antigo Estado de Mato Grosso. Passei a maior parte da minha vida em duas cidades do atual Estado de Mato Grosso do Sul, Pedro Gomes e Campo Grande, a Capital do Estado. Vivi também entre os anos de 1970 a 1977 na cidade do Rio de Janeiro, onde ingressei na Faculdade Cândido Mendes, para cursar Administração de Empresas. Venho de família católica praticante, especialmente a minha mãe, que tinha como seu grande sonho, ter um filho padre. A propósito, eu sou um dos quatro filhos que estudaram no Seminário Diocesano de Campo Grande, o qual era de regime fechado à época, onde permaneci durante três anos e meio.
Por volta do ano de 1977, oportunidade em que retornei do Rio de Janeiro para a cidade de Campo Grande-MS, travei contacto com a Doutrina Espírita. Este incidente foi de grande importância na minha vida, pois eu vivia naquela constante insatisfação por não ter condições de obter respostas satisfatórias às minhas inquirições filosófico-existenciais. O meu contato inicial com a Doutrina Espírita, o que faço questão de enfatizar, deu-se mais diretamente por intermédio do estudo das obras básicas da codificação e autores espíritas clássicos, do que pela participação no movimento espírita. Como sempre fui um leitor voraz. Ao me deparar com os conhecimentos espíritas e a medida que lia e os estudava, aquilo fluía de maneira muito natural e agradável para mim, tendo a impressão de que já houvera tido contato com tudo aquilo anteriormente. Obviamente que depois de algum tempo de estudo, comecei a me integrar no movimento espírita. Anos depois me casei e introduzi o espiritismo para minha esposa, que também vinha de família católica. O nosso único filho foi também, muito cedo, levado a participar das aulas de evangelização.
Com o meu retorno da cidade do Rio de Janeiro para Campo Grande-MS, tomei a decisão de parar com o curso de Administração de Empresas e ingressei nas Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso, onde me graduei em Direito e passei a exercer a advocacia naquela cidade. Passados alguns anos na prática da advocacia e não me encontrando muito satisfeito com a profissão, decidimos dar uma guinada de trezentos e sessenta graus e vir morar em Nova Iorque, onde nos encontramos desde o mês de Julho de 1994.

Foto 2: O médium baiano José Medrado, João e Jussara Korngold (à direita), Antônio Leite e a secretária de Medrado em um evento promovido pelo SGNY e um grupo espírita de New Jersey, com a participação de mais de cem pessoas.

EC: Que sociedades espíritas você freqüentou em Nova York?
Antônio: Eu imaginava não existir centros espíritas por aqui. Qual não foi a minha surpresa ao chegar aqui e descobrir um pertinho da nossa casa, o Allan Kardec Doctrinal Society. Passamos a freqüentar as reuniões de estudos deste centro, aos domingos. Depois de alguns meses, a pessoa responsável pela condução desta reunião de estudos, a Norma Guimarães, resolveu fundar um novo centro com um grupo de amigos. Passamos a freqüentar esta nova casa, o Allan Kardec Spiritist Center, e em seguida nos envolvemos com as atividades de estudos espíritas dirigido aos jovens. Durante cinco anos, a minha esposa e eu, conduzimos os estudos com jovens na faixa etária entre 12 a 16 anos, o que foi uma maravilhosa experiência de aprendizado para todos nós. Um dos alunos da turma era o nosso filho, o qual tinha quase nove anos, quando viemos para os Estados Unidos. Dentre os estudos que desenvolvemos com esses jovens neste período, podemos mencionar o do The Spirits' Book [com a Introdução, inclusive], bem como o interessante livrinho do Sir Arthur Conan Doyle, The New Revelation, que todos gostaram muito. A menção dos títulos em inglês é proposital, para enfatizar que todos os estudos eram desenvolvidos na língua inglesa, o que parece ser o óbvio, mas nem todo mundo encarava a questão assim. Imagino que hoje isto seja um problema superado.
Em abril de 2001 nos unimos a um grupo de pessoas lideradas pelo casal Jussara & João Korngold, para iniciar um grupo espírita voltado para o público americano, ou seja, com atividades exclusivamente em inglês. Assim surgiu o Spiritist Group of New York, que tem feito desde a sua fundação um trabalho extraordinário, inclusive na área de traduções. Participamos ativamente das atividades e da direção deste grupo por um período de aproximadamente três anos, na condição de vice-presidente do mesmo. Ultimamente, não temos participado ativa e sistematicamente dos trabalhos semanais do grupo, o que fazemos esporadicamente, na medida das nossas possibilidades, neste e em outros grupos com os quais mantemos contatos. Recentemente, fizemos uma pequena palestra no SGNY, cujo tema foi: Spiritism, Spiritualism and The New Revelation.
No momento, o grupo espírita do qual eu participo ativa e sistematicamente de suas atividades, é o GEAE-Grupo de Estudos Avançados Espíritas. O GEAE é um grupo de estudos espíritas virtual, já com quase dezesseis anos de atividades ininterruptas, do qual sou um dos membros do Conselho Editorial e responsável pela elaboração, em conjunto com outros membros, do boletim em inglês, o The Spiritist Messenger.

EC: Que público geralmente frequenta o Spiritist Group of New York? Norte americanos ou latino americanos?
Antônio: No caso do Spiritist Group of New York e outros em que as atividades são todas em língua inglesa, eu diria que há uma participação de mais ou menos uns quarenta por cento de americanos. Nos centros espíritas em que as atividades são desenvolvidas em língua portuguesa, a quase absoluta maioria dos participantes são de brasileiros. Os norte-americanos que eventualmente comparecem aos encontros desses grupos, o fazem porque tem vínculos familiares ou afetivos com brasileiros e os acompanham, mas efetivamente não participam, pois não entendem a língua. O americano, com raras exceções, fala apenas o inglês. Já os latino-americanos participam em número um pouco maior, muito embora eles prefiram, por razões óbvias, participar de centros onde as atividades são desenvolvidas em espanhol.

EC: Que atividades são realizadas no Spiritist Group of New York?
Antônio: As atividades que se realizam semanalmente no grupo, o que pode inclusive ser checado no website do mesmo, são as seguintes: reunião mediúnica às segundas-feiras; reunião pública de estudos nas quintas-feiras, no momento, estudo de O Livro dos Espíritos (The Spirits' Book); reunião pública de estudos nos primeiros e terceiros domingos de cada mês, sendo que no momento estão sendo estudados, respectivamente, Os Mensageiros (The Messengers) de André Luiz, e o Evangelho Segundo o Espiritismo (The Gospel According to Spiritism).
Clique no título e acesse o site do SGNY. Continua.

XXIV Semana Espírita de Divinópolis




Segue a programação da XXIV Semana Espírita de Divinópolis. Divulguem.