22.1.12

A LIHPE E A PLATAFORMA LATTES



Se você digitar www.cnpq.br e clicar na Plataforma Lattes, terá acesso livre aos currículos de todos os pesquisadores e acadêmicos do Brasil e de alguns países da América Latina.

Esta é uma iniciativa bem sucedida, que possibiita o acompanhamento da produção científica no Brasil e das trajetórias dos professores e pesquisadores.

Quando reorganizamos o Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, uma das ações empreendidas foi a publicação impressa dos melhores trabalhos, a exigência da redação prévia destes trabalhos no ato da submissão e a formatação dos trabalhos segundo as normas da associação brasileira de normas técnicas, além da submissão e aprovação dos trabalhos por pares (membros de uma comissão, com formação compatível, que seria o mestrado ou doutorado em qualquer área do conhecimento).

Não foi uma ação fácil porque deu muito trabalho para a organização, perdemos trabalhos promissores, mas que fugiam ao tema ou à forma exigida e estou certo que muitos estudiosos do espiritismo, espíritas ou não, nem chegaram a submeter trabalhos pela dificuldade de disponibilizar tempo para a redação segundo as normas.

No começo, o Encontro Nacional da LIHPE ficou em uma espécie de limbo: nem é um evento tradicional espírita (de divulgação do espiritismo), nem é plenamente um evento acadêmico, dadas as suas características e as limitações da pesquisa sobre o espiritismo no Brasil.

Hoje temos três livros publicados a partir dos trabalhos apresentados e selecionados na LIHPE:


Estive verificando a menção aos trabalhos dos livros nos currículos Lattes dos autores e encontrei 19 referências, que entram como Produção Bibliográfica - Capítulos de Livros.

Vê-se que aos poucos o preconceito vai diminuindo, e o espiritismo passa a ser tematizado pela ciência brasileira, torna-se objeto de estudo e não causa temor que se comunique aos pares ter realizado um estudo ou publicado um trabalho sobre o tema.

Ainda há muito o que fazer, posto que Tiago Paz mapeou 172 teses e dissertações sobre o tema, e ainda não teve fôlego para mapear os artigos, ou seja, há muito mais trabalhos produzidos que os que conseguimos discutir.

18.1.12

O NOVO JUDAS ISCARIOTES




Lembram-se do Judas Iscariotes? Não estou me referindo ao discípulo de Jesus, mas do prédio pertencente a um Centro Espírita em Franca, interior paulista (quase Minas...)

Em 2010 escrevemos no Espiritismo Comentado uma matéria sobre a instituição (http://espiritismocomentado.blogspot.com/2010/11/espiritismo-em-franca-sp-2.html) e a origem do nome.

Recebi do Luís Alexandre Machado a foto do prédio totalmente restaurado. Ficou espetacular.



Parabéns ao movimento espírita francano pelo seu trabalho incessante!

15.1.12

O ESPIRITISMO EM CORDISBURGO


Entrada da Gruta de Maquiné

Cordisburgo é a terra de Guimarães Rosa, terra do interior mineiro em que um dia apeavam peões cheios de estórias e canções, falantes uns, silenciosos outros, mas todos com uma marca que quase não existe mais.

Nesta terra encantada, cheia de Deus e Diabo, cheia de lendas e heróis, cheia de fazendas e vendas, morou, por nove anos, o menino que foi ser doutor na cidade grande e cônsul nas Europas. Abençoado ou amaldiçoado por esta sina, Doutor Guimarães Rosa não perdeu Cordisburgo, após tantos anos longe dela, porque a cidadezinha ficou lá, no coração (cordis, em latim), e junto dela todo o povo encantado, com as histórias encantadas, que parecem ser coisa de outro mundo.

Cheguei na cidade do coração atraído por duas coisas nebulosas ou inexistentes na minha memória: o Museu Guimarães Rosa e a Gruta de Maquiné, cheia de Peter Lund, sábio dinamarquês cujo destino levou para o sertão mineiro.

Maquiné não é a maior das grutas, mas devia ser visitada por todos os psicanalistas de Minas. Os estalagtigtes e estalagmites formam imagens só interpretáveis pela fantasia, pela imaginação e, talvez, tutoradas pelo inconsciente. Beleza e mistério, natureza e espírito humano se encontram no seio da terra, no centro das rochas.

Por que estou escrevendo isso neste blog? Não é um blog de espiritismo?

Após os quilômetros de andança no coração da terra, ouvindo história natural e estórias de guia, saí, ofegante, rumo ao carro que ficou estacionado em frente às lojas de lembranças e coisas da terra, comuns nos pontos turísticos em todo o mundo.

Minha filha chamou-me para ver algo. Uma banca de livros espíritas e algo mais.
Livros espíritas? Nonada?


Dulce e o blogueiro de Espiritismo Comentado, apresentando o livro de Alfred Russel Wallace

Sim, e junto deles, promovendo-os, a simpática Dulce, da FRABEM, Fraternidade Bezerra de Menezes, que funciona há vinte anos no Bairro da Paz, na Rua Albertino Maciel, de número desconhecido. Mesmo porque, número é coisa de cidade grande, de lugar em que ninguém conhece ninguém, mesmo tendo um tantão de gente para poder se relacionar. Tenho certeza que os habitantes de Cordisburgo conhecem bem o Centro Espírita, que já deve ter atingido sua maioridade, ou quase, uma vez que funciona há mais de duas décadas.

Gentil, Dulce deixou-nos à vontade para ver os livros, até que minha esposa denunciou, do lado de fora da pequena livraria: "O Aspecto Científico do Sobrenatural"!

Dulce pegou o exemplar, cuidadosamente guardado dentro de um plástico, para conservação contra a umidade local. Ele estava lá, novinho, não sei dizer se da primeira ou segunda edições, mas possivelmente um dos últimos exemplares da primeira.

Ela ficou sem entender. - "Vocês estão estudando este livro?"

Meio sem graça, mas imensamente feliz, expliquei-lhe: - "Não. Eu o traduzi."

Wallace deve estar feliz, muito feliz. Se seu livro ainda não foi encontrado às margens do Rio Negro, pelo menos encontra-se à venda um século e meio depois de inicialmente publicado, em língua portuguesa, no sertão, pertinho de onde seu colega dinamarquês e seus sucessores acadêmicos encontrariam animais pré-históricos ainda não documentados e fundariam uma espeleologia e uma arqueologia brasiliensis.

Os espíritos também estão lá, em meio à literatura de Guimarães Rosa e na voz contida de médiuns do século XXI, que não se preocupam com a opinião pública, nem têm medo de cara feia. Fazem seu trabalho e exercem sua cidadania democrática, reunindo-se para estudar Allan Kardec e seus discípulos.


Portal Guimarães Rosa e um ser estranho e extemporâneo

Dizem que  Guimarães Rosa é simpatizante do espiritismo. Então, sou simpatizante do simpatizante...

31.12.11

IZABEL VITUSSO FALA SOBRE A LINGUAGEM NA IMPRENSA


A continuação da entrevista com Izabel Vitusso trata da linguagem jornalística e o estilo dos escritores.


EC - Os livros de Kardec foram traduzidos para um português do final do século XIX e início do século XX. Você acha que a leitura das obras de Allan Kardec influi no estilo dos escritores espíritas contemporâneos?
Izabel - Sem dúvida. Em questão de conteúdo, é sempre bom ver a influência de Kardec na literatura espírita. Acontece que muitos de nós reproduzimos em nossa fala e em nossa escrita expressões arcaicas, pouco usuais na atualidade. Isso não combina com Kardec, o educador. Ele era um estrategista em matéria de comunicação: Dizia: “É preciso satisfazer a curiosidade; unir o sério ao agradável: o sério para atrair os homens de Ciência, o agradável para deleitar o vulgo(...). É preciso evitar a monotonia por meio da variedade, congregar a instrução sólida”. – Obras Póstumas.

Não me parece que a erudição seria o estilo da preferência de Kardec se ele estivesse hoje entre nós. 

EC - Qual é a sua opinião sobre o uso de arcaísmos pelos expositores e escritores espíritas?

Izabel - Cada um tem o seu estilo, fruto das experiências que trazem e influências, principalmente os mais antigos, com a carga de formalidade da educação de décadas atrás.

São incontáveis os fatores que influenciam no sucesso ou não de uma comunicação, dentre os quais a empatia, o encadeamento das ideias, a clareza do que se quer transmitir. Levando-se em consideração as tendências da atualidade, que incluem a objetividade e a concisão, sou adepta ao estilo do quanto mais claro, melhor!

EC - O texto na segunda pessoa (tu e vós) pode ser considerado erudito no meio jornalístico?
Izabel - O uso da flexão na segunda pessoa não cabe hoje no meio jornalístico e nas mais diversas manifestações coloquiais, embora algumas expressões sejam de hábito em alguns estados brasileiros. Nossas manifestações culturais são intensamente influenciadas pelo nosso convívio em sociedade, as tendências da escrita jornalística também respondem a ele.  Casa-se melhor com a escassez do tempo  o estilo da comunicação mais direta, sucinta, sem repetições, sem delongas. É bom lembrar que aqui estamos falando especificamente de textos jornalísticos contemporâneos. Décadas atrás o estilo era bem diferente.
EC - A linguagem literária é diferente da linguagem jornalística?
Izabel - Ah! sim, sem dúvidas. Tanto que dentro de uma edição do jornal, os estilos se mesclam: num extremo, a reportagem, que exige linguagem simples, exata e concisa, com as informações essenciais que atendam a curiosidade do leitor; e do outro, por exemplo, a crônica, que permite a opinião de quem escreve e a possibilidade de um texto mais literário.O importante para quem escreve é ter em vista o que pretende com o seu texto e qual é o público a que se destina. Para espíritas, não-espíritas, jovens, ‘veteranos’, etc.

29.12.11

FEPI LANÇA NOVO NÚMERO DA REVISTA NOVA AURORA



Fruto da parceria entre o Instituto de Cultura Espírita do Piauí e a Federação Espírita do Piauí, o segundo número da Revista Nova Aurora pode ser adquirido por e-mail: fepi@fepiaui.org.br

26.12.11

A KIPPAH EM UMA SOCIEDADE MULTIRRELIGIOSA


JOVENS JUDEUS NO PÃO DE AÇÚCAR CONFRATERNIZAM COM SEU BLOGUEIRO CRISTÃO-ESPÍRITA (Foto da Júlia)


Oito de dezembro. Feriado em BH, dia de resolver problemas no Rio de Janeiro, que parece ter sido invadido por mineiros. As marcas de Minas Gerais estão por todo lado, como a disputa leal e gutural entre atleticanos e cruzeirenses na porta da agência dos correios atrás da embaixada norte-americana.

Depois do constrangimento na embaixada a que se submetem os que desejam conhecer as terras do Tio Sam, tão necessitada de turistas quanto temerosa de imigrantes ilegais e atentados a bomba, fomos aproveitar a vista maravilhosa do Pão de Açúcar.

Subir de bondinho até ficar ao nível das nuvens, ver de um ponto o calçadão de Copacabana e de outro as embarcações mais diversas na baía de Guanabara. Ver as construções centenárias da antiga capital do país, e num golpe de vista esbarrar com as paredes de concreto e tijolos dos edifícios residenciais separados da água salgada por vias qualhadas de automóveis de todos os tipos.

Não dá para não notar nos barracões morro acima, no lixo que enfeia a bela água verde azul, no subemprego que transforma jovens promissores em "chamadores de táxi", "tomadores de conta de celular", "flanelinhas" e outras ocupações criativas que não geram riqueza, mas mitigam a miséria e perpetuam a ignorância sob o olhar complacente (ou indiferente?) das autoridades.

O Pão de Açúcar é um lugar alugado (e caro!) aos turistas. Com um pouco mais de cinquenta reais/cabeça se pode alçar os céus e conviver por um momento na torre moderna da Babilônia, onde convivem as línguas inglesa, espanhola, alemã, francesa, idiomas neo-eslavos e outros cuja sonoridade singular nos faz pensar de onde vieram e para onde irão.

Uma excursão de jovens de origem judaica, inconfundíveis por seus Kippah multicoloridos sobre as cabeças masculinas, mesmo as imberbes, encheu de alacridade e alegria adolescente o ponto de parada das compras e lanches.

Eu me deixava ficar gostosamente em uma mesinha, enquanto a família olhava os muitos objetos de compra e venda aos turistas, e acompanhava com os olhos e ouvidos o ir e vir dos muitos visitantes que transitavam pelos espaços cuidadosamente construídos e reconstruídos para se passar uma manhã ou tarde em meio às alturas e nuvens.

A filha menor fotografava, matreira, coisas, lugares e pessoas, com seu olhar ora curioso, ora furtivo.

Em um segundo me vi cercado de jovens, que estavam abordando os descuidados como eu, aparentemente disponíveis, e perguntando:

- Você sabe o que é um Kippah?

Meu conhecimento era o trivial, mas dava para o gasto.

- Sei, sim.

- Então, o que é?

No inusitado, lancei mão do meu apurado mineirês:

- Este "negócio" que os homens usam sobre a cabeça.

Negócio, assim como trem, significa coisa e pode muito bem significar peça de vestuário, mas surtiu bem o efeito de se fazer entender.

- Ele sabe o que é um Kippah! Disseram quase em coro, e me vi cercado de jovens de origem hebraica que brotaram de diversos lugares e me pediram uma foto. O momento parecia merecer um registro. Minha filha não se fez de rogada e alinhou sua câmera às demais. Ela não se preocupou muito com o foco, só com o clique mágico, e aí nasceu a foto desta matéria.

Como não podia perder a oportunidade, perguntei a uma quase adolescente, que aparentava seus quatorze ou quinze anos:

- E você, sabe o que significa um Kippah?

Ela me respondeu, sem respirar.

- É o negócio que se coloca sobre a cabeça! Reafirmando o conceito que eu acabara de criar, num ímpeto.

- Nâo! Disse. Quero saber o significado...

Ela não se constrangeu e voltou a responder com prontidão, com um certo ar de obviedade, muito respeitoso.

- Ora, significa que Deus está acima do alto da cabeça dos homens!

Agradeci, não sem surpresa. Certamente ela não falava da geografia de Deus, mas deixava seus lábios repetirem uma sabedoria milenar, que era comum a cristãos, judeus e muçulmanos, além de todas as variações que o espírito humano criou destas três sólidas raízes da religião.

Eles se foram, igualmente álacres e felizes com o passeio. Depois um jovem, talvez com algo de mineiro no sangue, retornou e mostrou-me um Kippah verde, dobrado duas vezes, e checou comigo:

- Você sabe o que é isso?

- Um Kippah, respondi.

Ele pareceu satisfeito com a resposta, mas meio contrafeito. Deve ter perdido uma disputa, mas aceitava a derrota como bom desportista.

Eles se foram, mas Deus ficou comigo, em minha mente, na sabedoria da resposta adolescente, herdada dos antepassados, nas minhas meditações.

15.12.11

EC ENTREVISTA A EDITORA DO CORREIO FRATERNO

Izabel Vitusso, Editora do Jornal Correio Fraterno
  
O Espiritismo Comentado conversou com esta jovem e dinâmica editora, Izabel Vitusso. Foram muitas perguntas ligadas ao jornalismo e à mídia especializada espírita, que iremos publicar aos poucos. Nesta primeira parte, tratamos principalmente do jornal "Correio Fraterno".
EC - Izabel, o que é o Correio Fraterno?

O Correio Fraterno é hoje o resultado de mais de 40 anos de trabalho de divulgação do espiritismo. Foram alguns dos fundadores do Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Campo, SP– dentre elas meu pai, Raymundo Espelho, que instituíram o jornal. Na época, a comunicação social espírita não ia além de poucos jornais e revistas.
Hoje, além de valorizarmos o importante acervo histórico que o Correio possui, trabalhamos para que a mensagem de consolo e da proposta libertadora da doutrina sensibilize um número cada vez maior de pessoas.
Daí a nossa preocupação em atualizar o estilo jornalístico da comunicação que realizamos e ir também utilizando as ferramentas que a era digital vem disponibilizando.

EC - Quais são as principais dificuldades que um editor de jornal espírita enfrenta hoje?

Ah! deixa eu falar das alegrias,vai... Porque o trabalho é indescritível. Perceber a cada edição, de jornal e de livros, a atuação do editores espirituais é uma lição que só nos acrescenta a cada dia. Sem contar que o trabalho favorece o nosso contato com pessoas em todos os cantos do Brasil e do mundo, que passam a fazer parte do nosso rol de amigos, verdadeiros representantes do Correio no movimento espírita. Nós somos realmente muito unidos na equipe, uma verdadeira roda de amigos que tem como ideal a deliciosa incumbência de encontrar as estratégias na comunicação para sensibilizar aqueles que nos leem. Existe um jargão no jornalismo que diz que o maior desafio de quem escreve é que seu texto seja lido, de preferência até o fim. Levamos isso muito a sério e acrescentamos: que o leitor sinta-se também tocado por aquilo que lê.
Quanto aos desafios, penso que adequar a comunicação social espírita seja um deles. O espiritismo venceu as paredes da casa espírita. Está estampado na grande rede, pela internet. E se não apropriamos o nosso discurso para esse público, corremos o risco de praticar uma espécie de proselitismo, diante daqueles que não estão abertos e com interesse como nós.
Nosso entusiasmo muitas vezes soa como desejo de conversão do outro, como: “se é tão bom para mim, ele tem que entender que será bom para ele”. E esquecemos que cada um tem suas escolhas, suas necessidades, seus momentos.
Penso que o importante é falarmos sobre a doutrina, evidenciando o conjunto das ideias encadeadas, os fundamentos que dão corpo a ela, os aspectos consoladores, e tudo o que de maravilhoso ela possui, mas observar se não estamos desvalorizando as opções de escolhas de cada um. Todos são livres para escolherem o que quer que seja. Penso que ficou pra traz o discurso de coerção.
EC - Você considera o Correio um jornal local, mais posicionado no estado de São Paulo ou nacional?

Nós trabalhamos sempre com a ideia da abrangência de assuntos e localidades e distribuição. Mas não há dúvidas de que nossa relação se fortalece muito mais com o que e quem está à nossa volta. Pela própria proximidade. Daí a importância da participação de amigos do movimento espírita que tem nos auxiliado, enviando fotos e informações sobre os mais diversos eventos que ocorrem com fartura pelo Brasil e também no exterior. Muitos companheiros já se familiarizam com a nossa linha editorial e têm nos brindado com excelentes trabalhos, que são publicados no jornal impresso e em nosso site, como por exemplo o jornalista André Trigueiro, em sua coluna Mundo Sustentável.

10.12.11

GUARACI ENTREVISTOU-ME PARA A REVISTA O CONSOLADOR.





Foto na entrevista com a TV Minas Educativa em 2010

Atualidade, trabalho, espiritismo e movimento foram temas propostos por Guaraci Lima Silveira, de Juiz de Fora, para a revista digital "O Consolador". Prestigie e comente!

9.12.11

QUANTAS GELATINAS ATÉ AGORA?



190 pacotinhos de gelatina!

A Campanha da Gelatina está chegando ao final e conseguimos um quinto da cota completa da Associação Espírita Célia Xavier.

Agradecemos muito aos amigos de Montes Claros - MG, aos familiares de Ipatinga-MG e do extremo sul da Bahia, assim como aos colegas de hemodiálise do Instituto Mineiro de Nefrologia, em Belo Horizonte.

Para quem gosta de prestação de contas, ficou assim:

8 caixas com 15 pacotinhos de Gelatina Royal
19 pacotinhos de Gelatina Royal
45 pacotinhos de Gelatina Carrefour
5 pacotinhos de Gelatina Otker
1 pacotinho de Gelatina AMO

Total: 190 pacotinhos de Gelatina

Aguardem notícias da confecção das cestas e da distribuição.

Obrigado a todos os que participaram.

4.12.11

ANIMISMO, VAIDADE E LIVROS ANÍMICO-MEDIÚNICOS.


Neste filme, o personagem encontra médiuns que dão comunicações com alto teor anímico, antes de obter uma comunicação convincente.  
Animismo: Do latim anima (alma).
A palavra animismo, com o sentido com que é usada hoje, é estranha a Kardec. O fenômeno que ela representa não. No capítulo 19 de "O Livro dos Médiuns" discute-se o papel do Espírito do médium nas comunicações.
Kardec fala da possibilidade de uma pessoa encarnada comunicar-se pela via mediúnica. Ele entende que se o encarnado estiver em estado alterado de consciência (Allan Kardec usa o termo crise sonambúlica ou extática). Lembre-se o leitor que ele já havia tido contato com sonâmbulos antes de conhecer o fenômeno mediúnico. Contudo, isso não é animismo, mas "comunicações mediúnicas entre vivos" (termo de Ernesto Bozzano).
Continuando o capítulo, ele fala que o Espírito do médium pode recordar-se de conhecimentos adquiridos em existências anteriores, que ele não possui na presente vida.
Uma das mais importantes colocações de Kardec, nem sempre lembrada pelas pessoas hoje, é que na comunicação mediúnica, o Espírito do médium serve como intérprete do comunicante, ou seja, exerce uma influência sobre o conteúdo da mensagem, podendo alterar as respostas, segundo "suas próprias ideias e seus pendores". Isto é a mesma coisa que dizer que em toda comunicação mediúnica há uma parcela anímica, devido ao mecanismo próprio das comunicações mediúnicas. (Parágrafo 7º)
Se o animismo ou, em menor escala, a influência do médium sobre a comunicação, é como a de um intérprete, não há como esperar-se que as comunicações mediúnicas sejam infalíveis. Mesmo um bom médium interfere nas comunicações, o que exige dos que se dedicam a esta prática um cuidado especial para que não sejam iludidos pelo seu próprio inconsciente.
Com o passar dos anos, o movimento espírita brasileiro criticou a prática do trabalho isolado do médium, recomendando que ele se dedique às suas faculdades em grupo, que teria a liberdade de observar, recomendar e criticar antes que sua produção se torne pública. Infelizmente, nem todos seguem esta metodologia, e muitos os membros de grupos encantam-se com o lápis que corre solto pelas páginas, idealizam o intermediário e consideram-no uma pessoa superior, o que não é sensato.
Este lugar social os deixa muito expostos à vaidade. Mesmo sabendo-se limitados, eles passam a acreditar "nesta personagem" criada pelos admiradores, e recebem com surda resistência qualquer crítica que lhes seja dirigida, acreditando-se superior aos pares.
Uma vez pública a sua produção, fica mais e mais difícil rever conceitos, somente as grandes pessoas conseguem aceitar de coração seus equívocos. Dessa forma, não é necessário um espírito fascinador para que um médium escreva belos textos entremeados de tolices, basta a velha vaidade para confundi-lo e cristalizar opiniões insensatas.

29.11.11

AS CESTAS DE NATAL E A CAMPANHA DA GELATINA


Gelatinas em 2008


Há décadas o grupo que frequento realiza uma festa de natal para famílias em situação de vulnerabilidade social. Já escrevi sobre uma delas no Espiritismo Comentado, e elas geralmente fecham um trabalho pontual, mas sistemático de recebimento das famílias, discussão de temas de interesse, oferta de passe aos interessados, acesso a curso de gestantes (preparação para a maternidade), cursos de qualificação profissional e diversas outras atividades de apoio e promoção social realizadas pelos grupos de Associação.

No Natal geralmente lembramos de Jesus, através de uma peça teatral amadora, aproximamos os membros da casa com a campanha e a confecção de cestas, cantamos e acolhemos as pessoas e um acompanhante.

Marlene Assis costumava dizer a todos que o que lhes oferecíamos era a festa, a cesta era apenas um "cafezinho", coisa que todo bom anfitrião em Minas oferece a seus visitantes.

Sempre houve um debate em torno no "assistencialismo", mas esta festa de natal sobreviveu às mudanças favoráveis à promoção social, possivelmente por seu caráter espiritual e pela integração que sempre proporcionou a diversos segmentos de nossa casa. (Associação Espírita Célia Xavier - Belo Horizonte, Betim e Ribeirão das Neves - MG)


Voluntários preparando cestas

Como é a cesta de natal este ano?

Açúcar - 5 Kg
Arroz - 5 kg
Feijão - 2 Kg
Macarrão - 2 Kg
Farinha de Mandioca - 1 kg
Fubá - 2 kg
Óleo - 2 lt
Sal - 1 Kg
Tempero - 1 pt
Milho Verde - 1 lt
Sabão - 2 un
Chá - 1 cx
Caldo de carne - 2 tb
Sardinha - 2 lt
Gelatina - 2 cx
Extrato de tomate - 1 lt
Salsicha - 1,5 kg
Refresco artificial - 2 pt
Doce - 1 barra
Refrigerante pet 2 lt - 1 un

São ao todo quase 500 cestas que serão montadas nos dias 15 e 16 de dezembro no Lar Espírita Esperança (Salgado Filho - BH) e distribuídas na festa de natal que segue o seguinte calendário:

17/12 - 08:00 Lar Espírita Esperança (Belo Horizonte)
17/12 - 09:00 Casa de Etelvina (Betim)
17/12 - 09:00 Nova Luz (Rosaneves - Ribeirão das Neves)
18/12 - 09:00 Lar Espírita Esperança (Belo Horizonte)


Cestas prontas para a entrega em 2008



Cestas confeccionadas

Em breve divulgo os resultados da campanha de gelatinas para a cesta.

24.11.11

MAIS RECORDAÇÕES SOBRE RAUL TEIXEIRA


Foto postada no twitter @mansaodocaminho em 22/11


Recebi da Débora esta foto que mostra a recuperação de Raul Teixeira nos Estados Unidos e fiquei pensando sobre a oportunidade de divulgar sua obra. Geralmente a desencarnação é usada para a recordação dos que se foram e do que fizeram, e às vezes os torna notáveis. Oxalá pudessem os homens fazer sua homenagem aos que merecem enquanto estão conosco.

1985. Uma das lideranças ativas da Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte era a amiga Telma Núbia, que, entre mil atividades, organizou um simpósio sobre mediunidade em nossa capital com Divaldo Franco e Raul Teixeira.

O evento ocorreu, salvo engano, no auditório do Colégio Tiradentes, em Santa Tereza, local capaz de abrigar mais de quinhentas pessoas àquela época.

Ambiente cheio, a AME havia elaborado dezenas de perguntas para os dois expositores espíritas tratarem ao longo do dia. Eles se intercalavam nas respostas, cada um respondia a uma pergunta.

Acostumados a vê-los em conferências públicas e a ver Raul em estudos com grupos menores, geralmente habituados a dissertações de 90 minutos ou mais, qual não foi a nossa surpresa quando os vimos respondendo sucintamente, em menos de cinco minutos, cada pergunta.

Os assuntos desenvolviam-se e iam desde o conceito de mediunidade, à prática e às questões associadas e à obsessão. Apesar da brevidade, as perguntas completavam-se, como em uma peça, e assistíamos todos atentos ao simpósio.

Ambiente harmonioso e tranquilo, encerrado o evento, voltamos para casa.

Passados alguns meses, encontrei a Telma sorridente. Eles haviam gravado as respostas e a AME-BH publicaria o seminário em forma de livreto.

Mais alguns anos, a editora Fráter solicitou o material, ampliou-o e lançou o livro Diretrizes de Segurança, que tem sido utilizado como um guia de estudos para a prática mediúnica.


Capa atual do Diretrizes de Segurança


Recomendamos este livro a todos os que procuram uma leitura sensata sobre o tema.


23.11.11

ANIVERSÁRIO DE AMÉLIE-GABRIELLE BOUDET: VOCÊ CONHECE?




A TV Mundo Maior publicou este pequeno vídeo sobre a Sra. Rivail, que nasceu no dia 23 de novembro de 1795 (2 do Frimário do ano 4, segundo o calendário da revolução francesa, cf. Zêus Wantuil e Francisco Thiesen). 

Agradeço à Magali Bishop a dica.

19.11.11

NOTÍCIAS E RECORDAÇÕES DE RAUL TEIXEIRA


Raul Teixeira

Conheci Raul Teixeira ainda na adolescência, em palestras e encontros que ele realizava junto à Mocidade da Associação Espírita Célia Xavier, em Belo Horizonte. Ele sempre dispensou atenção especial aos jovens, e com o apoio dos adultos, viajávamos pelo interior mineiro, acompanhando e aprendendo muito com seu conhecimento e experiências espíritas. Não faltou oportunidade de conhecer os espíritas e o movimento espírita de Niterói, e acompanhar o nascimento da Sociedade Espírita Fraternidade e a construção da sede de São Gonçalo.

Janeiro era o mês em que podíamos contar com sua presença, embora não raro ele viesse a Belo Horizonte ao longo do ano.

Foram muitos eventos, como os marcantes estudos das Cartas de Paulo, no auditório do Hospital Espírita André Luiz, em finais de semana que iniciar-se-iam com uma palestra pública na sexta-feira, atividades ao longo do sábado e do domingo.

Raul sempre repetia o conselho do apóstolo dos gentios a Timóteo: "Foge das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, a caridade, a paz com aqueles que, de coração puro, invocam o nome do Senhor." (2 TIM 2:22)

O tempo passou, e embora nossos encontros tivessem datas cada vez mais dilatadas, o apreço, carinho e consideração sempre permearam nossas relações.

Esta semana todos recebemos a notícia de um acidente vascular cerebral que o  expositor espírita de Niterói - RJ sofreu em viagem para os Estados Unidos. 

A Sociedade Espírita Fraternidade tem publicado relatórios frequentes sobre seu estado de saúde. Remetemos, portanto, o leitor que deseja acompanhar o que esperamos ser a recuperação da saúde física do Raul para esse blog e desejamos força a ele e aos seus irmãos de trabalho e convivência mais próximos.

13.11.11

CAMPANHA DE NATAL: GELATINA


Olha só o que dá para fazer com gelatina!
(Colaboração: Júlia Sampaio)

Todos os anos, a Associação Espírita Célia Xavier realiza uma Campanha de Natal para a distribuição de cestas de alimentos para assistidos de comunidades em situação de risco nas regiões da zona oeste de BH, Citrolândia e Ribeirão das Neves.

Estas comunidades participam de diversas atividades de promoção social em seu próprio benefício, como cursos de gestantes, encontros com as famílias, oficinas profissionalizantes, entre outras. O Natal é uma época que escolhemos para comemorar juntos o ano que passamos e a cesta é um presente simbólico.

Em 2011, o Espiritismo Comentado entrou na Campanha e está tentando arrecadar pacotinhos de gelatina. Anualmente minha filha menor trabalha na confecção de cestas e seu trabalho é colocar dois pacotinhos de gelatina em cada uma. Como distribuiremos cerca de 500 cestas, a meta da AECX é receber donativos de cerca de 1000 pacotinhos. 

Vamos colaborar? Não vale doar gelatina de má qualidade...

As doações podem ser entregues na Associação Espírita Célia Xavier, situada à Rua Coronel Pedro Jorge, 314 - Prado. Belo Horizonte-MG. A secretaria recebe as doações, e você comunica que está participando da campanha pelo Espiritismo Comentado. 

A data limite para o recebimento das doações é o dia 14 de dezembro. Depois disso, haverá a confecção de cestas e a distribuição.

Vou divulgar ao longo da campanha outros postos de coleta, que talvez sejam mais fáceis ou próximos para vocês.

Vamos cobrir a meta?

12.11.11

EDUCAÇÃO INTER-RELIGIOSA



Capas dos livros Todos os Jeitos de Crer - Editora Ática

A matéria sobre o caráter cristão do espiritismo fez nascer uma conversa com uma leitora do blog (Profa. Janaína) que trabalha com educação pública e tem visto como a escola, ao optar por não tratar das religiões com suas características distintivas, acaba reproduzindo o ambiente social, que é de desconfiança, preconceito e desinformação.

Não tratar das religiões parece ser o mesmo que tratar de forma exclusiva (dar uma educação católica ou evangélica, em lugar de uma educação inter-religiosa).

Como forma de lidar com o problema sem sectarismos, a profa. Dora Incontri e o prof. Alessandro Bighetto publicaram uma coleção de livros-texto para a educação inter-religiosa.

Encontrei na internet alguns relatos de experiências que eles desenvolveram em escolas, que primaram pelo respeito às diversas "formas de crer". Os links estão no comentário da matéria "O espiritismo é uma doutrina cristã?". E você, leitor, o que pensa? http://espiritismocomentado.blogspot.com/2011/11/o-espiritismo-e-uma-doutrina-crista.html

HOSPITAL ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ PUBLICA JORNAL





7.11.11

SUPERFALACIOSA: A OPINIÃO DE RITA FOELKER

Rita Foelker: escritora


Rita Foelker mantém um blog chamado Ciência do Invisível. Trabalho de fôlego, arte e elegância, três qualidades difíceis de se encontrar bem articuladas na "blogosfera".

Ela fez um artigo muito claro, no qual comenta o artigo da Super, que se pode ler clicando neste link.  http://cienciadoinvisivel.blogspot.com/2011/10/falacia-e-mais-interessante-que-o-texto.html

Sua análise consegue mostrar mais uma faceta do trabalho do autor e do editor que outros autores, menos versados em filosofia, ainda não haviam abordado. Ela fala das falácias e da falácia do espantalho. Eu não vou ficar comentando, para que vocês não percam a oportunidade de ler o texto diretamente na fonte.

Um adendo apenas: como a Super escolhe os opositores das ideias que critica? No Google? E não confere sua formação e a produção no Lattes (a principal fonte de informações sobre os pesquisadores do Brasil e de alguns países do exterior, que leva a respeitada chancela do Conselho Nacional de Pesquisa - CNPq)?

6.11.11

LIHPE NO CANADÁ



Marco Milani em Toronto - Canadá

A Liga de Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE, é uma rede de pesquisadores e estudiosos do Espiritismo, que tem se reunido virtualmente em caráter permanente (lihpe87@yahoogrupos.com.br) para intercâmbio de material de pesquisa, traduções, pedidos de ajuda e opinião sobre trabalhos em curso. Anualmente temos nos reunido no Encontro Nacional da LIHPE - ENLIHPE, que tem acontecido em São Paulo, na sede do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro.

Desde que foi reativada, a LIHPE já organizou três livros: Pesquisas sobre o espiritismo no Brasil, A temática espírita na pesquisa contemporânea e O espiritismo visto pelas áreas de conhecimento atuais (Edições CCDPE-ECM, LIHPE e Editora EME).


Banner do encontro

Mais recentemente, o Dr. Marco Milani apresentou a LIHPE para os espíritas e interessados canadenses, e nos enviou a seguinte sinopse e fotos, que passamos a transcrever:


Vista do público


"Com o tema central “Mediunidade”, nos dias 29 e 30 de outubro ocorreu o III Toronto Spiritist Weekend, no Canadá, evento cuidadosamente planejado pelo movimento espírita local. O público estimado em ambos os dias foi de 100 pessoas."

"A convite da comissão organizadora, Marco Milani apresentou um panorama da produção acadêmica recente sobre Espiritismo no Brasil e apresentou as atividades da Liga de Pesquisadores do Espiritismo (LIHPE), destacando que esse grupo virtual vem aproximando pesquisadores acadêmicos e não-acadêmicos do Brasil e do exterior. A proposta de formação de rede entre estudiosos e a ênfase na divulgação de trabalhos científicos sobre o Espiritismo despertou muito interesse no público presente, principalmente porque o ambiente cultural de países como Canadá e Estados Unidos favorece  a abordagem científica da Doutrina Espírita."


Alguns participantes com o convidado

5.11.11

O ESPIRITISMO É UMA DOUTRINA CRISTÃ?

João, o apóstolo


Giovanni Reale e Dario Antiseri (2011) escreveram e publicaram uma coleção intitulada História da Filosofia. No Brasil, a Paulus fez a empreitada de traduzir para a língua portuguesa e trazer a público.

No segundo volume, os autores apresentam a filosofia patrística e escolástica. Com mais de 300 páginas, eles podem se dar ao luxo de apresentá-las com mais cuidado. Um tema desenvolvido por eles vem de encontro às nossas pesquisas sobre a identidade do cristianismo.

O Cristianismo é trinitário?

Minha filha entrou em debate com seu professor de religião, que afirmou que embora os espíritas acreditem ser o Espiritismo uma doutrina cristã, o resto da cristandade não compartilhava desta posição. Ele se justificou: na sua concepção de cristianismo a doutrina trinitária (Deus-Jesus-Espírito Santo são uma só pessoa) é o marco central. Quem não aceita este dogma, não é cristão.

A Construção do Trinitarismo

O Trinitarismo não é um ponto pacífico entre os cristãos dos primeiros séculos. Reale e Antiseri entendem que alguns problemas enfrentados foram centrais: a conciliação do Antigo Testamento com o Novo Testamento, os problemas textuais (a multiplicação de textos) e os problemas teológicos (que têm por centro a questão da trindade).

Comecei uma leitura dos textos dos chamados Padres Apostólicos (os que foram discípulos dos apóstolos e deram sequência ao movimento cristão). Em Clemente Romano, por exemplo, não há clareza alguma do trinitarismo. O tema não parece ser relevante em suas preocupações, que envolviam as discórdias internas do movimento e o ethos cristão.

Esta questão vai tornar-se relevante aos poucos, no confronto entre o pensamento cristão, que se desenvolve a partir dos "padres apologistas", debatedores com os filósofos e que aos poucos absorvem alguns dos instrumentos do pensamento filosófico. 

Os filósofos italianos afirmam: "A formulação definitiva do dogma da Trindade só ocorreu em 325, no Concílio de Nicéia, depois de longas discussões e polêmicas, quando foram identificados e denunciados os perigos opostos do adocionismo (...) e do modalismo (...), bem como uma série de posições relacionadas a estas de diversos modos." (pág. 29-30)

A pergunta que não quer calar

Publicamos há alguns meses uma matéria sobre o Concílio de Nicéia, suas interferências políticas e os interesses que o cercaram, bem como sua composição e como foram votadas suas conclusões. 

Independente deste relato, se o trinitarismo como conhecemos só foi formulado no século IV, e se as posições do movimento cristão iam da indiferença à oposição a esta tese, dar-se-á que os cristãos dos primeiros séculos fossem heréticos, todos heréticos? Penso que não, assim como nós espíritas, nos dias de hoje.

O trinitarismo não é o pilar central do cristianismo, é só uma ideia dos cristãos dos séculos III e IV que se tornou majoritária no futuro. Uma esquina de pedra.

4.11.11

SUPERINTERESSANTE: A OPINIÃO DE RICARDO ALVES DA SILVA


Alfred Russel Wallace

Mais uma Superinteressante nas bancas falando de Espiritismo, desta vez abordando o que ela denominou Ciência Espírita.

Em tempos de redes sociais, entrevistas gravadas ou realizadas por meio de registro escrito das respostas dadas aos questionamentos feitos, podemos nos felicitar com o acesso direto das informações geradas pelos entrevistados. É claro que na reportagem deve constar o tratamento de outras fontes de informação, atividade que acredito ser inerente ao trabalho dos profissionais envolvidos.

No caso da Superinteressante deste mês, o Dr. Alexander Moreira-Almeida, através dos documentos em anexo e que também podem ser localizados nas Notícias, em 13/10/2011, do site http://www.ufjf.br/nupes/, nos ajuda a entender um pouco mais da seriedade de seu trabalho como cientista, e não cientista espírita como a reportagem sugere e induz a uma interpretação duvidosa do seu trabalho.

As informações publicadas pelo Dr. Alexander Moreira-Almeida e a edição de outubro/2011 me fizeram revisitar dois trechos, distantes um do outro, que acabei de ler no início do livro “Diálogo com os Céticos”, de Alfred Russell Wallace, tradução de Jáder dos Reis Sampaio, editora Lachâtre, transcritos abaixo:

“É, por consequência, no interesse da verdade que toda doutrina ou crença, por mais bem estabelecidas ou consagradas que pareçam ser, devem em certos momentos ser desafiadas a armar-se com os fatos e raciocínios que possuem, para encontrar-se com seus oponentes no campo aberto da controvérsia, e batalhar pelo seu direito de existir.”

“Contudo, uma teoria ou crença pode ser sustentada por argumentos muito ruins e, ainda assim, ser verdadeira, ao mesmo tempo que pode ser sustentada por argumentos muito bons e ser falsa; mas nunca houve teoria verdadeira que não tivesse nenhum argumento bom a sustentá-la.”
 
 
A forte exposição da Doutrina Espírita, ou indícios dela, junto ao público, por meios nem sempre atentos à qualidade da informação veiculada, e as consequentes críticas veladas que surgem em reportagens duvidosas nos indicam a atualidade das palavras deste honesto cientista do século XIX, escritas em outro contexto que o livro citado evidencia com clareza, mas cujos vícios pelo visto permanecem até hoje.
Ricardo Alves da Silva
Natal - RN