11.8.17

REDE GLOBO FAZ MATÉRIA SOBRE USO DE PASSES EM HOSPITAL




A Dra. Élida Mara Carneiro vai apresentar suas pesquisas com passes no ambiente hospitalar no 13o. Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo - ENLIHPE. Ela é autora de artigo publicado em periódico técnico internacional sobre o assunto. 

CARNEIRO, Élida Mara, BARBOSA, Luana Pereira, MARSON, Jorge Marcelo, TERRA, Juverson Alves, MARTINS, Cláudio Jacinto Pereira, MODESTO, Danielle, RESENDE, Luis Antônio Pertili Rodrigues de, BORGES, Maria de Fátima. Effectiveness of spiritist "passe" (spiritual healing) for anxiety levels, depression, pain, muscle tension, well-being and physiological parameters in cardiovascular inpatients: a randomized controlled trial. Complementary therapies in medicine, v. 30, p. 73-78, 2017.


Veja abaixo a matéria sobre os passes:



Comentários

As opiniões pessoais dos entrevistados não refletem o que se conhece sobre passes, seja via pesquisas, seja via mediúnica. Desconheço, por exemplo, evidência de envolvimento de eletricidade no passe. O entrevistado parece confundir o magnetismo animal de Mesmer com as medidas de eletromagnetismo dos neurônios ou do funcionamento do coração. A ideia de purificação da outra entrevistada é uma ideia pessoal, que reflete seu sentimento ante os passes. 

A opinião da delegada do CRM mostra desconhecimento das pesquisas relacionadas ao tema (não com o termo "passe espírita", que existem, mas como healing, laying on of hands e outras técnicas de biocampo, como temos publicado), mas ao mesmo tempo ela sabe que os procedimentos de pesquisa (usados pela Dra. Élida?) foram respeitados, como a aprovação em Comissão de Ética de Pesquisa em Seres Humanos, busca de evidências, etc.

O repórter chama de "ritual" a preparação dos passistas, mas como vimos nas publicações que fizemos, há necessidade de preparação mental e emocional deles, uma vez que os passes não são uma mera imposição de mãos. A palavra ritual remete a cultos religiosos e à crenças com base na tradição, sem fundamentação em observação, experimentação e teorização.

Por fim, há uma questão imensamente polêmica que é a da relação entre religião e espiritualidade. Esta merece uma reflexão mais detida no futuro.

9.8.17

A POESIA TRANSCENDENTE DE PARNASO DE ALÉM TÚMULO



Texto exclusivo de Alexandre Caroli Rocha para o Espiritismo Comentado

Parnaso de além-túmulo, primeiro livro de Chico Xavier, é uma antologia poética psicografada que, em 1932, era composta por 60 poemas atribuídos a 14 autores. Ao longo de suas edições, o livro foi crescendo, até que, em 1955, estabilizou-se com 259 poemas atribuídos a 56 poetas brasileiros e portugueses.
Entre esses, encontram-se nomes consagrados, como Fagundes Varela, António Nobre, Júlio Diniz, Castro Alves, Olavo Bilac etc.; nomes pouco conhecidos, como Cornélio Bastos, Albérico Lobo, Lucindo Filho etc.; e mesmo poetas anônimos, como A. G., Alma Eros, Marta e Um desconhecido.

Em minha dissertação de mestrado (Letras, Unicamp, 2001), estudei mais detidamente os poemas atribuídos aos portugueses João de Deus, Antero de Quental e Guerra Junqueiro e aos brasileiros Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos. Na pesquisa, utilizei importantes estudos a respeito desses poetas, a fim de verificar se particularidades descritas pelos críticos também fazem parte dos versos psicografados.

Notei que, em grande medida, características formais e temáticas dos autores estudados também estão presentes nos versos mediúnicos. A constatação nos permite inferir: quem concebeu os poemas, além de possuir diversas habilidades poéticas, conhecia muito bem singularidades sutis daqueles autores, as quais foram apreendidas e explicitadas nos estudos críticos em que me apoiei.

Durante os 23 anos que se passaram entre a primeira e a edição definitiva de Parnaso, a cada nova edição o volume ia crescendo; novos poemas e novos autores eram acrescentados, e alguns poemas foram suprimidos. Havia também revisões, igualmente atribuídas aos autores espirituais; era uma obra em construção.

Esse processo sugeria que alguém estava encaminhando a antologia para alguma direção, visto também que, no mesmo período, outros livros de poemas psicografados por Chico Xavier foram publicados. Haveria, assim, um planejamento particular ao Parnaso, que demorava tanto para chegar a sua forma definitiva? Ou se tratava de um acúmulo aleatório de poemas?

Ao analisar o histórico das edições, cheguei à conclusão de que sua versão final teve como propósito abranger, sob a forma poética, todos os principais temas de O livro dos espíritos, de Allan Kardec. Na dissertação, mostro o alinhamento temático que a antologia de Chico Xavier estabelece com o livro de Kardec.
A dissertação está disponível aqui:

http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/269864

7.8.17

TRATAMENTO "ESPIRITUAL" EM MULHERES COM ARTRITE REUMATOIDE NA DINAMARCA




Sete pesquisadores de instituições dinamarquesas realizaram um estudo com tratamento ou cura espiritual (spiritual healing[1]) para estudar os efeitos no tratamento de artrite reumatoide. Foram estudadas 85 mulheres divididas em três grupos: cura ativa (CA), falsa cura (FC) e nenhum tratamento (NT). Após o tratamento foram feitas consultas de acompanhamento (follow-up) com 82 das mulheres que participaram do estudo.

A seleção das pacientes foi aleatória (selecionados de 96 clientes que queriam ser tratadas), o tratamento foi com cegamento e controlado por falsos curadores. As pacientes eram vendadas e eram colocados protetores de ouvidos. Assim eram submetidas a 8 sessões em 21 semanas e depois mais 8 sessões de acompanhamento. O falso tratamento era feito apenas com base na presença de um estudante de medicina, sem experiência ou conhecimento de “cura espiritual”. O tratamento foi feito por um curador profissional de vinte anos de experiência, com uma técnica denominada “cura energética”, na qual não há qualquer toque no corpo do paciente. O tratamento convencional em curso foi mantido durante a terapia “energética”.

A remissão de sintomas da doença foi avaliada através de uma escala denominada DAS28-CRP, (Escala de atividade da doença) baseada na proteína C reativa e medidas com ultrassom Doppler colorido. O DAS mede a resposta do paciente ao tratamento em uma escala de 0 a 9,4.

Os resultados do DAS e do Doppler podem ser vistos na figura abaixo:


Como se pode ver, há resultados favoráveis aos pacientes que foram tratados pelo curador, mas a diferença só é significativa quando comparados os grupos de tratamento e de falso tratamento. (p = 0.047). Quando se compara os pacientes do grupo de tratamento com os que não receberam nenhum tratamento espiritual (NH), há uma diferença favorável ao tratamento, mas os valores não permitem generalização estatística (p = 0,14).

Apesar da diferença estatística do DAS e do Doppler, os pesquisadores estabeleceram um terceiro critério, que é o da diferença clínica, que foi arbitrada em uma melhora na saúde geral do paciente maior ou igual a 50%. Esta melhora foi pequena, tendo atingido apenas 6% dos pacientes dos grupos de tratamento espiritual e falso tratamento espiritual (na mesma proporção).
Os pesquisadores percebem que os resultados encontrados não podem ser explicados por placebos e admitem que os pacientes do grupo sem terapia espiritual “mostraram uma grande tendência a procurar terapia adicional, o que talvez explique a melhora inesperada do grupo”. (p. 7) Outra hipótese seria a esperança de melhora dos sujeitos do grupo sem tratamento, mesmo tendo parecido satisfeitos com sua terapia usual, o que foi verificado pelos pesquisadores.

As conclusões (ou "inconclusões") dos autores seguem duas possíveis interpretações:

  1. .      Conservadora: o estudo “tropeçou” em um grupo de pacientes recebendo tratamento espiritual, que, por acaso teve um decréscimo em sua artrite, se comparado com o grupo de falso tratamento.
  2.        O tratamento espiritual (“energy healing”) é de fato capaz de influenciar processos biológicos relevantes para a artrite reumatoide através de mecanismos ainda não compreendidos pela ciência convencional. (mas esta interpretação não explica a melhora do grupo sem tratamento).

Os autores admitem que eram céticos com relação à eficácia do tratamento espiritual e que os pacientes tinham “baixa expectativa”, mas sugerem que sejam feitos novos ensaios bem controlados para que se forneça evidência contra ou a favor do tratamento espiritual.


Bliddal, H., Christensen, R., Hejfaard, L., Bartels, E.M., Ellegaard, K., Zachariae, R., Danneskiold-Samsoe, B. Spiritual healing in the treatment of rheumatoid arthritis: an exploratory single centre, parallel-group, double-blind, three-arm, randomized, sham-controlled trial, Evidence-based complementary and alternative medicine, http://dx.org/10.1155/2014/269431

"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 






[1] Mantive o termo tratamento espiritual no texto, em função do termo ter sido operacionalmente definido pelos autores, mas ele não está sendo empregado com o mesmo sentido que usamos no movimento espírita. Para Kardec, no capítulo XIV, parágrafo 33, de A Gênese, seria um tratamento a base do “fluido do magnetizador ou do magnetismo humano”. 

5.8.17

PROGRAMAÇÃO DO 13o. ENLIHPE: INSCRIÇÕES ABERTAS

13o. ENCONTRO NACIONAL DA LIGA DE PESQUISADORES DO ESPIRITISMO




13º ENLIHPE      

Tema central: Prece e Curas Espirituais

PROGRAMAÇÃO – 26/08/17

Sábado

8h30    Recepção, credenciamento e entrega de material

8h55    Prece de Abertura

9h00    Palavras iniciais: LIHPE / CCDPE-ECM / USE

9h10    Palestra 1 – Como trabalham os pesquisadores (Jáder Sampaio)

9h40    Perguntas e comentários

10h00  Intervalo

10h30  Trabalho 1: Terapia Fluídica: Apresentação de um Instrumento de Avaliação. (Raphael Vivacqua Carneiro e Clóvis Aurélio Vervloet)

11h00  Perguntas e comentários

11h20  Palestra 2 - Tema: Efeitos do passe espírita em pacientes internados em hospitais (Élida Mara Carneiro)

11h50  Perguntas e comentários

12h10  Orientações gerais e intervalo para o almoço

13h30  Atividade artística

14h00  Roda de Conversa – Tema: Teorias Científicas e Espiritismo (coordenação: Alexandre Fontes da Fonseca)

14h30  Perguntas e comentários

14h50  Trabalho 2– Tema: Uma exploração inicial em análise semântica latente de cartas psicografadas (Ademir Xavier Jr.)

15h20  Perguntas e comentários

15h50  Intervalo

16h00  Mesa Análise de pesquisas sobre trabalhos científicos relacionados a prece e curas espirituais (Jáder Sampaio e Gilmar Trivelato)

16h30  Perguntas e comentários

16h50  Encerramento das atividades do dia



Domingo


8h00    Assembleia da LIHPE

9h00    Prece de Abertura e comentários gerais

9h10    Atividade artística

9h30    Pesquisa em andamento – Tema: Pomadas, cirurgias e curas espirituais: práticas estranhas versus prática espírita. (Adolfo de Mendonça Jr.)

10h00  Perguntas e comentários

10h20 Intervalo

10h40 Trabalho 3 – Tema: Identificação de água fluidificada/energizada por médium vidente: Um experimento piloto. (Janaina Dantas e Sandro Fontana)

11h10 Perguntas e comentários

11h30 Trabalho 4 – Tema: Magnetismo ou Espiritismo? (Alexandre Fontes da Fonseca)

12h00 Perguntas e comentários

12h20 Homenagem a Lamartine Palhano Jr. (Raphael Vivacqua Carneiro)

12h30 Comentários finais e prece de encerramento




Apoio institucional


Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro

União das Sociedades Espíritas de São Paulo USE-SP



"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 


4.8.17

PASSE PODE REDUZIR ANSIEDADE E DEPRESSÃO?




O tema do 13o. Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo – ENLIHPE é “Prece e Curas Espirituais”. Um dos objetivos desse evento é apresentar trabalhos científicos ou acadêmicos relacionados a temas espíritas, o que o distingue de eventos voltados a divulgar essencialmente o conteúdo de livros espíritas, e que já existem aos milhares em nosso país. Esses trabalhos não são necessariamente escritos por espíritas, por esse motivo, a LIHPE está aberta a quem se interesse pela temática espírita.

Com matérias como esta, pretendo, antes do evento, publicar alguns artigos de divulgação de pesquisas sobre o tema e facilitar seu acesso aos futuros participantes e interessados.

Uma das linhas de pesquisa que já tem alguma produção é a de “passes espíritas” e saúde mental, que tem sido estudada dentro da área de “Terapias Complementares”. O primeiro artigo que escolhi intitula-se “Effect of the Spiritist “passe” energy therapy in reducing anxiety in volunteers: a randomized controlled trial”. (Traduzindo, seria algo como, “Efeito da terapia energética do passe espírita na redução de ansiedade em voluntários: um ensaio controlado aleatório). Foi escrito por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista, UNESP, e pode ser acessado a partir do endereço do DOI http://dx.doi.org/10.1016/j.ctim.2016.05.002

Os autores são Ricardo S. Cavalcante, Vanessa B. Banin, Niura A.M.R. Paula, Solange R. Daher, Marta C. Habermman, Francisco Habermann, Ariane M. Bravin, Carlos E. C. Silva e Luiz Gustavo M. Andrade, todos de departamentos da Faculdade de Medicina da Unesp.

Trata-se de uma pesquisa, aprovada e registrada pelo comitê de ética da instituição, que estudou 60 voluntários, avaliados como apresentando ansiedade e/ou depressão acima da média brasileira. Eles foram agrupados em dois grupos, um que seria submetido ao passe (grupo experimental) e outro que participaria de sessão no mesmo local, mas com passistas que não se concentrariam na  melhora do paciente (irradiação), nem fariam oração (grupo controle).

Os passistas fazem parte de Centro Espírita afiliado à Federação Espírita do Estado de São Paulo – FEESP. A técnica de passe é simples, e basicamente consiste na imposição de mãos a 10-15 centímetros de distância do corpo, sem toques e a movimentação longitudinal das mãos, da cabeça às pernas, com um movimento semi-circular. Os passes duram cerca de 5  minutos, mas os participantes vêm de uma sessão de relaxamento de cerca de 30 minutos, com música clássica suave. Os passistas concentram seus pensamentos no tratamento do paciente, enquanto que os falsos passistas, do grupo de controle, não o fazem.

Pacientes do grupo experimental e do grupo-controle fizeram oito sessões em oito semanas. Após as sessões tiveram sua ansiedade, depressão reavaliados. Foi comparada a qualidade de vida dos participantes entre os grupos. A pesquisa foi realizada entre junho de 2014 e outubro de 2015.

Resultados

Os dois grupos são compostos de pessoas com idade média próxima (GE = 44 e GC = 47), predominantemente femininos (GE = 70% e GC = 83%) e de religião predominantemente católica (GE = 62% e GC = 61%) e em segundo lugar espírita (GE = 31% e GC = 30%).

Na comparação entre grupos, a ansiedade média foi avaliada como menor nos dois grupos, mas o grupo com passistas teve redução mais significativa. A probabilidade de erro da diferença obtida entre os grupos é menor que 1,7%, ou seja, mesmo com a amostra pequena, é relevante.  Em outras palavras a ansiedade reduziu nos dois grupos, mas reduziu mais no grupo dos passistas “verdadeiros”.

O decréscimo da depressão média aconteceu nos dois grupos (a probabilidade do erro da diferença é de 0,001%), e, apesar das médias do grupo tratado por  passistas ser menor que a do grupo tratado por  falsos passistas, não houve diferença significativa entre eles.

Não compreendi bem os resultados apresentados de qualidade de vida. Nos gráficos há melhoras nos quatro domínios estudados (físico, psicológico, social e ambiente), mas os intervalos de confiança se interpõem, o que normalmente significa que as melhoras não são diferentes entre os grupos. Concluindo, a qualidade de vida teria melhorado para os dois grupos (tratados com relaxamento e passe e tratados com relaxamento e falso passe). No texto, contudo, os autores afirmam existir diferenças em alguns domínios. Uma tabela com valores de probabilidade teria deixado mais claras estas afirmações.

Nas discussões de resultados os autores explicam que houve uma a melhora de ansiedade da ordem de 83%, e que os participantes não tomaram nenhum tipo de medicamento para este transtorno mental. Os sintomas de depressão também reduziram. A conclusão geral dos autores é que “os sintomas de ansiedade e depressão foram reduzidos e a qualidade de vida melhorou  no grupo experimental.”

Os autores entendem que uma das limitações do estudo é que exige passistas com treinamento especializado, e que os resultados obtidos foram com apenas dois passistas, com cinco anos de experiência e que outros resultados poderiam ter advindo se houvessem estudado passistas menos experientes. Eles reconhecem que o estudo foi feito com pequenas amostras e o consideram como um estudo piloto.


"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

2.8.17

TRATAMENTO ESPIRITUAL (HEALING) BENEFICIA PACIENTES COM SINTOMAS CRÔNICOS?




Um estudo que já pode ser considerado antigo, mas que tem resultados importantes foi publicado por Michael Dixon no Journal of the Royal Society of Medicine em 1988. O autor preocupou-se com o sentimento de desalento (hopelessness) que atinge pacientes com doenças crônicas, a partir dos quais havia relatos que ao passar por um curador espiritual (healer), o desalento havia diminuído. Contudo, ficava uma questão: as melhoras aconteceriam por causa do efeito placebo? As causas seriam puramente psicológicas?

Os efeitos já descritos por outros três trabalhos foram citados por Dixon e se resumem em:
  1. Peregrinos retornando de Lourdes relatavam redução de ansiedade e depressão por mais de dez meses.
  2. O estresse psicológico parece reduzir a cicatrização de feridas, e as intervenções religiosas que reduzem ansiedade e depressão diminuíam a mortalidade.

Outra questão que o interessava eram as células NK (natural killer), “célula linfoide com atividade contra vírus, bactéria e tumores primários e secundários” (p. 183). Havia um estudo da psiconeuroimunologia que apontava que as células NK podiam estar associadas à depressão e ao estresse.

Dixon pesquisou em um distrito rural da cidade de Devon, Inglaterra), 57 pacientes que tinham doenças há pelo menos seis meses e que não tivessem respondido a tratamentos prévios, convencionais ou não. Eles deviam ter mais de 18 anos e estar dispostos a procurar um curador (healer).

Os pacientes receberam a visita dos curadores por doze semanas (5 pacientes por vez) e escolheram-se pacientes sem tratamento, de perfil semelhante, para comparação. Eram sessões de 45 minutos, semanais. As doenças dos pacientes eram artrite, dores no pescoço/costas, depressão, psoríase, enxaqueca/dores de cabeça, dores nos membros, doença de Crohn/colite ulcerativa, eczema, estresse, dor abdominal, pacientes recuperando-se de acidente vascular cerebral e outros. Na divisão dos grupos experimental (tratado com curador) e controle (sem tratamento), foram distribuídos pacientes com doenças semelhantes de forma equivalente. Se no grupo experimental houvesse dois pacientes com enxaqueca, no outro também haveria. Em um segundo momento do estudo metade dos pacientes receberam visitas por mais doze semanas.

Foram feitas avaliações no início do estudo, após três meses e após seis meses (dos que participaram até este período). Os pacientes avaliaram seus sintomas em uma escala de zero (sem sintomas) a dez (sintomas insuportáveis). Ansiedade e depressão foram medidas pelos pacientes em uma escala chamada HAD (Hospital Ansiety and Depression). A capacidade de funcionamento geral foi avaliada pelo perfil de habilidade funcional de Nottingham. O percentual de células NK foi avaliada por exames laboratoriais, junto com a medida de células brancas e linfócitos.

Resultados

Depressão e ansiedade    
Nos três primeiros meses o grupo de pacientes em tratamento espiritual teve uma melhora significativa com relação ao grupo controle (sem tratamento) (ansiedade p < 0,01 e depressão p < 0,05))

Função geral

O grupo que sofreu tratamento teve uma melhora significativa com relação ao grupo controle (p < 0,01). Aos seis meses, o grupo que manteve o tratamento não teve diferença significativa com relação ao grupo controle.

Mudanças Imunológicas

O percentual de células NK (do tipo CD 56 e CD 16) não alterou significativamente em nenhum dos dois grupos

Consultas e medicação

Os pacientes do grupo experimental tiveram uma maior redução de medicamentos que os do grupo controle (p < 0,05), embora só tenha atingido 9 dos 27 pacientes, enquanto apenas 2 dos 24 pacientes do grupo sem tratamento também tenham tido redução de medicamentos.

Discussão

Os autores consideram sua pesquisa como sendo a primeira a estudar o efeito de um curador em um estudo controlado. “52% dos pacientes se sentiram substantivamente melhor após o tratamento espiritual, não tendo apresentado resposta a tratamentos prévios, além disso nenhum se sentiu pior.”

Não houve mudanças na resposta imunológica, e as primeiras impressões de que o tratamento espiritual reduziria a quantidade de consultas por ano não se confirmou. Dixon sugere que haja novos estudos sobre a redução da taxa de medicamentos.

Ele reconhece que como é um trabalho com um número pequeno de pessoas, o estudo é apenas exploratório (gerador de hipóteses) e não explicativo (de teste de hipóteses). Além disso, ele tem a limitação de não alocar os pacientes aleatoriamente (a amostra era heterogênea, então se usou um quase-pareamento de pacientes).

Ele recomenda que nos novos estudos se avalie a efetividade do custo do tratamento espiritual (incluindo custos da terapia, mudanças na medicação corrente, taxas de consulta e dias afastado do trabalho) como uma forma de verificar se vale a pena o Serviço Nacional de Saúde inglês custear o tratamento por healing.

As recomendações do autor foram parcialmente ouvidas, como se pode ler em outros estudos recentes, e ele foi citado por muitos autores posteriores. A questão das células NK também foi abordada futuramente.

E os passes espíritas?

Como nós, espíritas, fazemos aplicação gratuita de passes, as questões financeiras se reduzem ao deslocamento dos pacientes para os centros espíritas, ou das equipes de passistas para a residência dos pacientes crônicos, quando eles estiverem impossibilitados de fazê-lo.

Há uma diferença marcante do tempo das sessões estudadas para o tempo que geralmente é destinado aos passes nos centros espíritas (cerca de uma hora de participação em estudos e cinco minutos de aplicação de passes), mas esta questão foi tratada em um estudo mais recente no Brasil, que encontrou efetividade no tratamento em um grupo que fazia os pacientes passarem por trinta minutos de relaxamento com música seguido de passes de curto tempo de duração.

Dixon, Michael. Does “healing” benefit patients with chronic symptoms? A quasi-randomized trial in general practice, Journal of the royal society of medicine, v. 91, abr. 1998, pág. 183-188. Impact Factor - 2,185 (2016)

Acesso (aparentemente gratuito) através de:





"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

31.7.17

EXPLORE PUBLICA NÚMERO ESPECIAL SOBRE HEALING



A revista Explore acaba de publicar um número dedicado a discutir o que é "healing" (cura), com um artigo escrito por Jack Levin e comentários feitos por pesquisadores da área de saúde sobre este trabalho.

O texto de Levin em inglês e os dos comentaristas podem ser lidos em http://www.explorejournal.com/current porque a revista é aberta ao público. 



"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

28.7.17

TRATAMENTOS SEMELHANTES AO PASSE E À PRECE: PALAVRAS QUE PERMITEM ACESSAR PESQUISAS CIENTÍFICAS


Johrei: prática de imposição de mãos da Igreja Messiânica

Um artigo considerado clássico fez uma revisão de estudos positivos com relação ao que é denominado healing (cuja tradução para o português seria cura). Foi escrito por dois Phds, Hodges e Scofield (1996), que agruparam uma série de técnicas de cura que vão das orações à imposição de mãos, além de técnicas que envolvem toques na pele, o que não fazemos no movimento espírita.

Os autores classificaram quatro tipos de técnicas (o texto entre aspas é tradução do que escreveram):

Faith healing (cura pela fé): “ela ocorre no contexto religioso, usualmente durante um serviço da igreja ou em forma de grupos de oração pela cura”.

Spiritual healing (cura espiritual): “Na Grã-Bretanha o nome mais comum, usado para cura usando a imposição de mãos, a técnica mais amplamente usada. Este método não requer que o paciente tenha fé. A cura é administrada pela colocação das mãos sobre ou próximas ao corpo do paciente. A variação desta técnica é a cura distante (distant healing) na qual o curador dirige as intenções de cura a um paciente situado em outro lugar qualquer. Há evidências a favor e contra um efeito positivo da cura à distância. A pesquisa sugere que a cura à distância não é baseada em energias eletromagnéticas.”

Terapeutic Touch (toque terapêutico): “Ele é muito semelhante com a cura espiritual, exceto pelo curador encostar na superfície da pele. É a única das poucas técnicas terapêuticas que fez progressos entre as profissões de saúde, particularmente nos Estados Unidos. Foi testada em um número limitado de ensaios (trials) de pesquisa, com alguns resultados positivos significativos.”

Reiki healing (Reiki) “Reiki é um sistema de cura que foi desenvolvido no Japão. Ele usa ambos, a imposição de mãos e as técnicas de cura à distância. Poucos estudos foram feitos com Reiki. Um estudo mostrou mudanças em alguns parâmetros do sangue.”

À época os autores britânicos não conheciam os passes utilizados pelos centros espíritas, mas mais recentemente se tem encontrado a expressão spiritist “passe”, geralmente publicada por pesquisadores brasileiros que estudam esta prática nos centros espíritas.

Outras palavras que podem ser usadas para pesquisa em periódicos médicos e de saúde, da imposição de mãos ou práticas semelhantes, ou de orações e irradiações, são:

Distance healing (cura à distância)

Noetic healing (cura noética ou pelo pensamento)

Intercessory prayer (prece intercessora)

Laying on of hands (imposição de mãos)

Johrei (Johrei – é uma prática da Igreja Messiânica que usa a imposição de mãos e a oração)

Práticas de cura ou tratamento à distância são diferentes, envolvem tradições culturais e, por isso mesmo, têm suas características próprias. O aplicador do Johrei, segundo entrevista que fiz há muitos anos na Igreja Messiânica de Belo Horizonte, ganha uma espécie de medalhinha que usa durante a prática. No meio espírita, incentiva-se a simplicidade, e evita-se tudo o que possa lembrar ritos, roupas especiais e gestos desnecessários. Contudo a imposição de mãos e o pensamento voltado á recuperação dos paciente (com ou sem preces) são elementos presentes nestas práticas, o que torna os resultados de pesquisa de interesse dos estudiosos dos passes e dos tratamentos espirituais.

Hodges, R. D., Scofield, A. M. Is spiritual healing a valid and effective therapy?, Journal of the Royal Society of Medicine, v. 88, abr. 1995, p. 203-207


"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

26.7.17

QUE REVISTAS TÉCNICAS PUBLICAM ARTIGOS CIENTÍFICOS SOBRE PASSES?



Quando falamos em revistas, o que geralmente vêm à mente das pessoas é o que a língua inglesa sabiamente denomina como magazine. São veículos de notícias, como a Veja, a Isto é, a Época e a Caros Amigos. Magazines podem ser também voltadas a assuntos específicos, como a Quatro Rodas (automóveis), Placar (futebol), Cláudia (revista feminina), Casa e Jardim (decoração), Vogue (moda), só para ilustrar.

Para pesquisadores, contudo, revistas técnicas (no inglês journal, review) são lugares em que se leem trabalhos especializados de uma área de conhecimento, revistos por outros pesquisadores da área (peer review), que seguem uma série de normas e critérios para publicação. Estas não são encontradas em bancas de revistas, porque não são voltadas ao grande público. Seus leitores têm que dominar os conceitos, métodos e técnicas da área de publicação. O diferencial destas revistas é que os autores não publicam apenas o que concluíram de suas pesquisas, mas como pesquisaram, exatamente que testes fizeram, o que leram para chegar à sua questão de pesquisa, e quais as conclusões, discussões e limites daquilo que chegaram.

Como já vimos, há revistas da área médica que publicam sobre passes, e há revistas de outros campos do conhecimento, como história e antropologia, mas nosso interesse no 13º. ENLIHPE ficou mais voltado à prece e curas espirituais em conexão com as áreas de saúde.

Nos levantamentos que fiz, há três periódicos que tem um bom número de publicações, e que repasso ao leitor:
  1.  Journal of alternative and complementary medicine ISSN: 1075.5535
  2.  Journal of evidence based complementary and alternative medicine ISSN: 2156-5872
  3. Explore: the journal of science and healing ISSN: 1550-8307

Além deles, vi muitas citações sobre os temas que estão em revistas da área de parapsicologia. Uma das mais tradicionais:

1.Journal of Society for Psychical Research ISSN: 0037-9751



Não consegui, contudo, acessar esta última. Ela foi incluída em uma base de revistas de parapsicologia, chamada Lexscien – Library of Exploratory Sciences: http://www.lexscien.org/lexscien/index.jsp

"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

Vagas limitadas.


24.7.17

PROCURANDO POR PESQUISAS SOBRE PASSE EM REVISTAS ESPECIALIZADAS NA ÁREA DE SAÚDE




Com o avanço das ciências, novas possibilidades de estudos sobre o passe ou técnicas similares às que vemos nas sociedades espíritas se abriram. Ao contrário do que pensam alguns confrades, os estudos sobre os passes não findaram ao apagar das luzes do século XIX.

Na Grã-Bretanha, há associações de “spiritual healers”, com milhares de inscritos. São pessoas que se propõem a tratar de pessoas doentes com imposição de mãos, normalmente sem toques no corpo. A busca destes profissionais pela população tem influenciado muitos pesquisadores da área de saúde a realizarem estudos, pelo menos sobre os resultados observados, em comparação com doentes que não passam pelo tratamento (por que não desejam).

Os estudos não são poucos. No Brasil, um grupo de universidades tem acesso a uma base chamada “Periódicos Capes”, que é formada por diversas bases de dados internacionais. São milhares de revistas técnicas de todas as áreas de conhecimento.

Ao digitar a expressão “spiritual healing” no campo de pesquisas por assunto, encontrei 116.455 artigos. Então usei os filtros e reduzi para artigos, revistos por pares, da área de medicina e encontrei 3615 artigos.  Diante da dificuldade, escolhi apenas os artigos que tinham a expressão “spiritual healing” no título, publicados entre 2010 e 2017. Para minha surpresa são 78 artigos para se ler.

Vendo os resumos dos textos, descobri que pesquisadores brasileiros estão criando um novo termo de pesquisa para seus trabalhos. Trata-se de spiritist “passe”, expressão cunhada por que estudaram os passes no ambiente espírita. Obtive 37 retornos (alguns duplicados).

Este pequeno esforço me fez pensar em duas coisas. A ideia que a ciência ou as ciências não se interessam e têm preconceito para os estudos sobre os passes, precisa ser revista. Há muitos trabalhos modernos, que atendem às exigências contemporâneas de publicação, infinitamente maiores que comparadas com o século XIX. Houve o desenvolvimento da metodologia de pesquisa, da estatística e o aumento (e a formação) dos pesquisadores e das áreas de conhecimento limítrofes (psicologia, física, biologia, medicina, etc...). Logo, são estudos com muito mais qualidade que os que lemos nos livros dos magnetizadores do século XIX, por exemplo.

A segundo ponto, é que com a exigência de internacionalização das publicações, trabalhos originalmente seriam publicados em português, estão sendo publicados em inglês, para atingir a um público maior. Se os espíritas desejarem estar “em dia” com o que se produz de conhecimento, às vezes em sua própria cidade, precisarão estar atentos e ter acesso, de alguma forma, a livros e artigos publicados na língua de William Shakespeare.

"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

Vagas limitadas.

20.7.17

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE MEDICINA ALTERNATIVA E MEDICINA COMPLEMENTAR?




Ao rever pesquisas em periódicos científicos sobre a temática dos passes para cursos de passes e para o 13º. ENLIHPE, tenho encontrado muitos artigos em revistas de medicina alternativa e complementar (revistas especializadas, com artigos selecionados e verificados por pares).

Em princípio, achei que eram conceitos conhecidos por médicos e desconhecido apenas por mim. Ao inserir aos estudos deste tema nas casas espíritas, comecei a perceber que muitos profissionais da área de saúde têm uma noção do que é medicina alternativa, mas não conhecem o termo medicina complementar.

Aqui vai uma ajuda:

Medicina complementar: um grupo de disciplinas diagnósticas e terapêuticas que são usadas em conjunto com a medicina convencional. Um exemplo de uma terapia complementar é o uso de acupuntura além dos cuidados tradicionais para ajudar a diminuir o desconforto de um paciente após uma cirurgia. ”

Medicina alternativa é usada em substituição da medicina convencional. Um exemplo de uma terapia alternativa é o uso de uma dieta especial para tratar um câncer, em vez de submeter-se a cirurgia, a radiação ou a quimioterapia que tenham sido recomendadas por um médico. ” 

(Disponível em www.medicinenet.com. Acesso em 16 de julho de 2017)

Considerando que a definição acima está correta, não se trata, portanto, de fazer uma lista de práticas que são classificadas como alternativas e outras como complementares. Uma mesma prática pode ser alternativa ou complementar, dependendo da forma como é visto seu uso pelo paciente ou recomendada pelo terapeuta.


Recomendamos que os passes, também chamados por alguns espíritas de fluidoterapia, sejam vistos como uma forma de terapia complementar, que sejam aplicados nos que necessitam deles sem qualquer exigência de abandono de tratamentos convencionais recomendados por médicos devidamente qualificados. 

Também recomendamos que nenhum passista influencie seus pacientes a parar com medicação prescrita por médicos, orientando, no máximo, que procure orientação médica para avaliar se o tratamento deve ou não ser interrompido ou continuado. 


"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

Vagas limitadas.

18.7.17

Espiritismo ou espiritismo? (desta vez não vou poder escrever o título todo em maiúsculas, como gosto...)




Acessei o “Manual de Comunicação” da Secretaria de Comunicação do Senado Federal com uma dúvida: os nomes de áreas do conhecimento devem ser escritos em maiúscula ou minúscula?

Há algumas décadas, era consenso que se escrevesse física, psicologia, geologia e outras áreas de conhecimento com inicial maiúscula. Estava disposto no Acordo Ortográfico de 1943. (http://www.portaldalinguaportuguesa.org/acordo.php?action=acordo&id=16-49&version=1943Por esta razão, encontramos espiritismo escrito em maiúscula nos livros de Allan Kardec, publicados há anos atrás.

Mais recentemente, meu editor reviu-me um texto e me explicou pacientemente que a língua evoluiu, e que, com a evolução do uso, as áreas de conhecimento são escritas em minúsculas nos principais jornais, revistas e órgãos de comunicação. Como se trata de um costume, e não de um mérito ou demérito, adotei imediatamente.

Como é uma mudança, passei a sofrer o efeito contrário: todos querem me corrigir. Escrevi estatística, e um professor da área pediu que escrevesse com maiúscula. Pedi que um autor mudasse de Física para física, e ele me pediu uma norma por escrito. Espiritismo, então, causa furor.

- “Espiritismo com minúscula? Nunca vi isso!” Ouvi de um amigo.

- “Não posso aceitar que o espiritismo seja escrito com minúscula! Ouvi de um editor de revista.

Eu já me acostumei, e vou levando em frente. No “Espiritismo comentado” o espiritismo será escrito em inicial minúscula ainda que continue batendo maiúsculo no coração.

Mas, terminando a história (e não estória, apesar de já estar dicionarizado também, mas como diacronismo e regionalismo) , no Senado Federal está escrito:

"Atualização (24 de março de 2014): nomes de cursos, disciplinas e áreas do conhecimento, em sentido amplo, passam a ser grafados em iniciais minúsculas"

No manual de redação da Folha de São Paulo:

"disciplinas — Escreva seus nomes sempre com minúscula: direito, medicina, educação física, ciências sociais, filosofia, português, matemática."

No manual de redação da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, de 2008

"ESCREVA COM MINÚSCULA • Nomes de áreas ou disciplinas da ciência: física, medicina, química, sociologia, astronomia, ecologia, ciências humanas, história, paleontologia."


Contudo, observando a lei pedida pelo colega, os comentaristas que li sobre o Novo Acordo Ortográfico são unânimes em dizer que se tornou opcional usar maiúscula ou minúscula no início dos nomes que designam áreas de conhecimento ou domínios de saber, cursos e disciplinas.