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30.9.10

ESPIRITISMO COMENTADO EM SETENTA PAÍSES

Figura 1: Mapa do Espiritismo Comentado no Flag Counter

Chegamos a receber acessos de setenta países com um visitante da distante Palestina, o que nos dá muita satisfação. A língua, as dificuldades políticas, a cultura e a distância não são mais obstáculos para se impedir o estudo do Espiritismo.
O Espiritismo Comentado está ganhando o mundo através desta nova tecnologia, que é o blog. Identificamos, dentre os setenta, quais são os países que têm visitantes sistemáticos, em número maior de dez, que são dos seguintes:

No Continente Americano

Brasil (32903 visitantes)

Estados Unidos (536)

Canadá (41)

Argentina (29)

Bolívia (13)

Uruguai (10)

No Continente Asiático
Japão (100)
Rússia (11)
Na Oceania
Austrália (15)
Na África
Angola (17)
Moçambique (12)
Na Europa
Portugal (1157)
França (52)
Alemanha (44)
Reino Unido (40)
Espanha (35)
Itália (34)
Holanda (31)
Suíça (29)
Áustria (29)
Bélgica (10)
Bem-vindos leitores de todos os povos e países, comentem o Espiritismo e tragam-nos notícias do trabalho espírita em seu país.

28.9.10

ESPIRITISMO EM ANGOLA

Através do Boletim CEI conseguimos chegar ao site da SEAKA, em Angola - África.

O grupo apresenta atividades assistenciais como cestas básicas e assistência nutricional (sopa, pão, frutas, arroz, sucos, iogurte, doces, etc.). Em 2006 foram distribuídas mais de 3.000 sopas por dia!

Eles auxiliam hospitais, clínicas e instituições de terceira idade.

Está em curso um projeto para instalação de uma sede em uma área de 42 hectares de dimensão no município de Viana (?) com o nome de Casa de Caminho André Luiz. Veja o projeto abaixo:


O projeto inclui os seguintes espaços:

VILA RESIDENCIAL
CRECHE
JARDIM INFANTIL
CLUBE DA SAUDADE
ÁREA DE FORMAÇÃO ACADÉMICA
ÁREA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
ÁREA DE SAÚDE
ÁREA DE FRUTICULTURA
ÁREA DO AUTO FINANCIAMENTO
ÁREA DESPORTIVA
ÁREA ADMINISTRATIVA
ÁREA DE ESTUDOS MORAL / ESPIRITUAL

Observa-se a influência da Mansão do Caminho e de Divaldo Franco neste projeto de promoção social com intenções de autosustentabilidade, assim como nas mensagens publicadas no site.

Desejamos sucesso aos irmãos angolanos em sua iniciativa.

Ficha Técnica e Contato:
Sociedade Espírita Allan Kardec de Angola
Presidente Amelia Trajano
Rua Amilcar Cabral, 29 - 4°. B
LUANDA - ANGOLA
Tel/Fax: 00 2 442 334 030 (residencial)
seakaangola@hotmail.com
ameliaccazalma@yahoo.com.br

25.9.10

UM ATENDIMENTO PSICOGRÁFICO EM BORDEAUX - 1861

Ponte de Pierre em Bordeaux - França


Uma das práticas mediúnicas própria de Allan Kardec era a evocação, que hoje utilizamos pouco. Sua intenção de explorar o mundo dos espíritos através das informações espirituais fê-lo utilizar esta técnica, que possibilitou discutir o mesmo assunto com espíritos diferentes através de médiuns diferentes.

No livro “O céu e o inferno ou a justiça divina segundo o Espiritismo” Kardec transcreve (?) um diálogo que se inicia com Sixdeniers, um conhecido do médium que havia se afogado e descrevia suas impressões da vida após a morte, através da psicografia.

Em meio ao “diálogo” o médium tem dificuldades para escrever e passa a redigir a comunicação de um espírito sofredor, que se denomina Valéria, que estava sendo auxiliado por Sixdeniers. Ela evita comentar sobre seu sofrimento, mas é beneficiada com uma prece que o atendente faz em seu favor.

Kardec insere uma nota na qual comenta a condição de espíritos como Valéria e afirma:

“É um erro e um mal repelirmos tais Espíritos que devemos encarar quais mendigos a pedirem esmola. Digamos antes: É um espírito infeliz que os bons me enviam para educar. Conseguindo-o, restar-nos-á toda a alegria decorrente de uma boa ação, e nenhuma melhor que a de regenerar uma alma, aliviando-lhe os sofrimentos. Penosa é muitas vezes essa tarefa e melhor fora, por certo, receber continuamente belas comunicações, conversar com Espíritos escolhidos; mas não é buscando a nossa própria satisfação, nem repudiando as ocasiões que se nos oferecem para praticar o bem que havemos de atrair a proteção dos bons espíritos.” (p. 201)

23.9.10

ESPIRITISMO COMENTADO COMEMORA 120 MIL VISITANTES.


O EC chegou a 120 mil visitantes. Para um site especializado em Espiritismo, é como se tivéssemos uma reunião diária de 150 pessoas (nossa média atual), interessadas em estudar o Espiritismo, debatê-lo e conhecer o Movimento Espírita.
Neste meio tempo, criamos o Eventos Espíritas (http://eventoespirita.blogspot.com) para divulgar palestras, lançamentos de livros, atividades beneficentes e muitos outros acontecimentos do movimento espírita. Ele tem uma janela no EC e já tem seu público próprio. Com o apoio do Leandro, o Eventos tornou-se sistemático e tem conseguido divulgar um grande número de acontecimentos que chegam até nós em formato de uma imagem jpg ou similar.
Em nome da pequena equipe do EC, agradeço a participação e convido-os a comentarem mais ainda nossas publicações, uma vez que o leitor é nosso principal analista.

22.9.10

TRABALHADORES, FREQUENTADORES OU ASSISTIDOS?

Igualdade ou hierarquia?

Há algumas décadas o Espiritismo atrai a atenção de antropólogos no Brasil.

Maria Laura V. Cavalcanti (O mundo invisível: cosmologia, sistema ritual e noção de pessoa no Espiritismo) observou uma desigualdade entre cooperadores e frequentadores. Não sou capaz de identificar de memória a fonte, mas há uma desigualdade também entre assistidos e estas duas outras categorias.

Penso que estas desigualdades são um desafio para as sociedades espíritas do século XXI. Não sei se é possível fazer desaparecer estas diferenças com um ato administrativo, mas é necessário diminuir as barreiras que nós mesmos construímos sem perceber e que dificultam o trânsito entre estes diferentes lugares da comunidade espírita.

Uma doutrina de intelectuais?

Uma análise apressada pode concluir que o Espiritismo é uma doutrina repleta de adeptos na classe média brasileira porque demanda estudo e leitura. Não é bem o que nossa história nos mostra. Muitos dos intelectuais de nosso país não freqüentaram bancos de universidades, e alguns espíritas de destaque regional ou nacional eram (ou são) pessoas com pouca escolaridade, que desenvolveram o hábito de ler e de estudar no contexto da casa espírita ou em sua história de vida.
Assistidos e Trabalhadores em uma distribuição de sopa e pão da AMA em Ponta Grossa - PR

Quando há sensibilidade da comunidade espírita, os assistidos podem ser incentivados a dar sua opinião, lhes são passadas responsabilidades, e com algum tempo eles são motivados a estudar, expor, trabalhar e cooperar com o grupo, tornando-se membros ativos e com uma experiência de vida ímpar. Não é uma proposta fácil, porque nos grandes centros urbanos tenho visto pessoas que são fruto da violência e do abandono de pais vivos, que não viveram no contexto de uma família e a quem falta todo um repertório social que desenvolvemos em casa e na escola. A convivência e o pacto de regras de relacionamento se torna um desafio.




Grupos de Trabalho: Jovens


Frequentadores eternos?

O problema dos frequentadores pode ser uma falta de oportunidade. Nas cidades de médio e grande porte, e nas sociedades espíritas maiores, é possível chegar e sair praticamente incógnito em uma reunião pública. Se a pessoa é tímida e não é acolhida pela comunidade espírita, pode ficar assistindo reuniões durante anos, às vezes desejosa de participar mais, às vezes sem se ater que a associação espírita é um espaço cooperativo.



Reunião Pública


As grandes sociedades criaram grupos de estudo, cursos, ciclos, estudo sistemático e outras denominações para um conhecimento mais circunstanciado do Espiritismo, mas para superar a condição de frequentador é necessário conviver, participar de um grupo ou equipe de trabalho, conversar sobre assuntos que vão além da doutrina e do trabalho espírita e que possibilitam a formação de uma relação com alguma intimidade e confiança. Os laços de comunidade devem ser cultivados pelos dirigentes e trabalhadores das sociedades espíritas. Sua ausência pode significar um abismo entre estes três espaços sociais que os antropólogos observaram em nosso meio.

18.9.10

HUMBERTO, CHICO E ALEXANDRE

Humberto de Campos

Com este título intrigante, tomei a liberdade de apresentar no Célia Xavier um dos trabalhos mais interessantes que li recentemente.

Todos adivinharam quem é a dupla Humberto e Chico: o escritor Humberto de Campos e Francisco Cândido Xavier, mineiro do século e médium.

Alexandre é um acadêmico, doutor pela UNICAMP, que pesquisou, entre outras coisas, as citações de Humberto-Espírito, escritas pelo lápis célere do médium de Pedro Leopoldo-Uberaba.

Minha impressão é de assombro (e redescobri que Sócrates tinha razão: não sei muito mesmo). Ele dá oito exemplos de citações que deveriam estar na cabeça de Humberto e não deveriam estar na cabeça de Chico, se os empiristas tivessem razão e fôssemos todos "tábulas rasas".

Só para instigar o leitor do blog: Há uma citação atribuída a Ernest Renan: "o cérebro queimado pelo raciocínio tem sede de simplicidade, como o deserto tem sede de água pura ".

Alexandre procurou na obra de Renan e encontrou a citação no livro Souvenirs d'enfance et de jeunesse. A citação está em francês: “Le cerveau brûlé par le raisonnement a soif de simplicité, comme le désert a soif d’eau pure”. Difícil o Chico ter acesso a isto, não é mesmo?
Quando ele fez uma pesquisa na Biblioteca Pública Benedito Leite, de São Luiz - Maranhão -, onde se encontra a biblioteca pessoal de Humberto de Campos, encontrou um exemplar deste livro de Renan que pertencia ao escritor.

Mais um exemplo ao nosso interessado leitor. O livro psicografado se chama Boa Nova, e o autor espiritual cita Horácio (65a.C., 8 a.C.):

“Ó sol fecundo
Que com teu carro brilhante
Abres e fechas o dia!...
Que surges sempre novo e sempre igual!
Que nunca possas ver
Algo maior do que Roma.”
Após apresentar os versos a um latinista, Alexandre encontrou o livro "Carmen Saeculare", versos 9-12, no qual se lê: “Alme Sol, curru nitido diem qui promis et celas aliusque et idem nasceris, possis nihil urbe Roma uisere maius”
Eu não falo latim (nem o Chico), mas acredito no Alexandre que afirma ser uma tradução - "talvez inédita".

Quer ler mais? São mais de oito exemplos em "A Temática Espírita na Pesquisa Contemporânea", que pode ser encontrado pela internet, no Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - CCDPE (http://www.ccdpe.org.br/) ou adquirido, em Belo Horizonte, na Livraria da Associação Espírita Célia Xavier (31-3334-5787) - Rua Coronel Pedro Jorge, 314 - Prado.

16.9.10

BLOG SOBRE EVANGELIZAÇÃO INFANTIL

Figura 1: Logo do Blog da Janaína

Janaína Farias, mãe de três filhos, como se apresenta e, pelo visto, fessora de muitos na sociedade espírita que frequenta, está escrevendo um blog sobre Evangelização Infantil.

Como todo blog que se preza, o dela tem uma programação visual atraente, ou seja é colorido e infantil, espelhando ao leitor uma sala de evangelização.

O Espiritismo foi concebido como uma doutrina que dialoga com filosofias abstratas. Como explicar ideias espíritas para a mente infantil? A Janaína consegue imergir no concreto, imaginar experiências, fazer imagens e, enfim, fazer com que o primeiro contato com o pensamento espírita seja lúdico, desafiador, interessante para crianças da primeira infância.

Recomendo a todos os que trabalham ou são pais de crianças... e agradeço à Débora, que deu a dica.

http://cooperecomjesus.blogspot.com/

12.9.10

ESPIRITISMO NO FANTÁSTICO E NA MÍDIA INTERNACIONAL

Clique na imagem para ampliar

Vivemos um período de exposição na mídia de fenômenos espirituais, mediunidade e do Espiritismo. Após alguns filmes de roteiro espiritualista produzidos pelas grandes produtoras cinematográficas norte-americanas (como Ghost, O Sexto Sentido e Os Outros) que se tornaram blockbusters, vieram os seriados da TV americana (Medium e Ghost Whisperer) e finalmente ganharam o Brasil.
A Globo, talvez influência de Augusto César Vanucci, sempre abriu janelas em sua programação para temas espíritas. Programas especiais sobre Chico Xavier, uma mini-série sobre o médium, Globo Repórter sobre mediunidade, uma refilmagem da novela A Viagem...
Agora estamos vivendo um período que teve suas porteiras abertas pelo documentário "Bezerra de Menezes". Aos moldes do jargão "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça", o filme de recursos escassos atraiu um público inesperado, malgradas as críticas que apontaram suas limitações (seja de críticos de cinema, seja do próprio movimento espírita). Seguiram "Chico Xavier" de Daniel Filho e "Nosso Lar" de Wagner de Assis, que hoje lideram a preferência dos internautas para representar o Brasil na festa do Oscar 2011 (www.cultura.gov.br/site/2010/09/08/enquete-oscar/ ).
Talvez seja um modismo, como apontam alguns comentaristas, mas a Globo entrou fundo posicionando uma novela e uma minissérie (A Cura) na mesma linha temática.
Os que gostamos de estudar a História, vimos o Espiritismo sair de "inimigo público número 1" da Faculdade de Medicina do início do século XX (leiam a tese de Angélica A. Silva de Almeida) e do legislativo brasileiro (leiam o excelente livro "O Cuidado dos Mortos" do prof. Emerson Giumbelli) para o queridinho dos meios de comunicação brasileiros.

9.9.10

QUEM TEM NOTÍCIAS DO ESPIRITISMO AFRICANO?


Há alguns meses publicamos uma matéria sobre o periódico África Espírita (http://espiritismocomentado.blogspot.com/2009/11/africa-espirita.html).
Desde que começamos a registrar os países que acessam o Espiritismo Comentado, já verificamos o acesso das seguintes nações africanas: Angola, Moçambique e Cabo Verde (países de língua portuguesa), África do Sul, Quênia, Nigéria, Senegal, Namíbia e Burkina Faso.
Já tentamos contato com o órgão federativo de Angola, mas sem sucesso.
Alguém desses países pode nos informar se existem sociedades espíritas nos países africanos e quais os tipos de reuniões e atividades realizadas neste continente? Há produção de livros e revistas? Há médiuns em atividade?
Agradecemos a colaboração.

7.9.10

NOSSO LAR ESTRÉIA NO CINEMA

Figura 1: Imagem de divulgação

Atendendo ao pedido do diretor, Wagner de Assis, fomos (a família) assistir a Nosso Lar ainda no dia do lançamento. Não tivemos nenhum problema com a compra de bilhetes, mas como bons mineiros, compramos às 13 horas para assistir às 19 horas.
O número de salas exibindo em Belo Horizonte é bem grande. O Diamond Mall reservou duas (eles não querem perder público, é lógico...)
A Folha de São Paulo (cidade em que o número de salas exibindo assusta!)informa que a bilheteria foi de 6,1 milhões nas 443 salas em todo o Brasil, no primeiro final de semana (sexta a domingo).
Os comentários são os mais diversos, mas cabe informar aos que acham que o filme foi feito com recursos públicos que os 20 milhões gastos não contaram com recursos do contribuinte.
Minha impressão foi de emoção. Com a música de Philip Glass, com diversas cenas escolhidas, e com o foco do filme na pessoa de André Luiz, muito bem interpretado por Renato Prieto. Por sinal, o filme deveria chamar-se André Luiz e não Nosso Lar, pela centralidade do foco neste personagem.
Como psicólogo, já que não entendo de cinema, gostei do lado humano de André Luiz, às vezes muito idealizado pelos espíritas. Se for possível vencer as diferenças doutrinárias, eu recomendo o filme aos cristãos de uma forma geral, independente da filiação, porque entendo que independente das imagens e da proposta de compreensão da vida após a morte, o filme fala de um homem diante dos valores cristãos, tão em baixa em nossa sociedade consumista, mas tão marcantes à alma e à socidade brasileira.
Não vou comentar muito, nem criticar, para que o leitor forme sua própria opinião. Quem sabe daqui a algumas semanas?

6.9.10

ABERTURA DO 6o. ENLIHPE


Figura 1: Logomarca da LIHPE
Jáder Sampaio

Estamos na 6ª. edição do Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo e ao olhar para trás, vejo uma trajetória ascendente.

Os Primeiros Encontros


O primeiro encontro é praticamente pré-histórico, uma vez que desconheço registros do mesmo. Tenho apenas a informação que ocorreu em Goiânia, com a cessão de sala no I Congresso Espírita Brasileiro, em 1999.

O segundo foi todo gravado em VHS e aconteceu em uma sala cedida pelo XII Congresso da USE, em Campinas – SP em 2003.

O terceiro aconteceu na capital mineira, em 2004 e contou ainda com a presença de Eduardo Carvalho Monteiro e Milton Bonfante Piedade. Nele a comunidade mineira se aproximou da paulistana e, apesar de todo o trabalho de organização, guardo lembranças preciosas deste evento. Os trabalhos foram submetidos previamente, gravados e apresentados em CD para os participantes. Os debates foram francos, abertos e propositivos. Nele conseguiu-se agregar representantes de pelo menos três estados (Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro).

Figura 2: Logomarca do III ENLIHPE


Ele propôs uma pauta de ações e princípios para o movimento espírita e para a própria LIHPE, que basicamente sugeriam a realização de ações de encaminhamento de projetos culturais espíritas, a formação de grupos de trabalho nas federativas para o uso de incentivos legais à produção cultural, a construção de Centros de Cultura e Documentação articulados regionalmente para a viabilização da pesquisa histórica do Espiritismo, o empreendimento de esforços para a preservação da memória espírita para as novas gerações, a construção de acervos nas bibliotecas espíritas, incluindo livros não publicados, e a organização das livrarias tendo como princípio a divulgação (e não o comércio) e por fim o fomento, intercâmbio e a divulgação da pesquisa científica espírita, assim como a articulação dos pesquisadores em atividade nas Universidades.



Figura 3: Eduardo Carvalho Monteiro no 3o. ENLIHPE

Após o terceiro ENLIHPE seguiu-se um período de desarticulação por diversos motivos: a desencarnação de Eduardo Carvalho Monteiro e a suspensão do encontro de Santos em 2006. Até este período, as contribuições da LIHPE, inclusos alguns dos trabalhos dos encontros eram publicadas sob o formato de Anuário Histórico Espírita. Foram três livros, organizados pelo Eduardo, o último concluído por Leandro Borba, nosso atual moderador da LIHPE-VIRTUAL. Estes anuários trazem trabalhos acadêmicos intercalados por trabalhos de divulgação, entrevistas jornalísticas e traduções de textos raros. Eles cumpriram um papel importante para um grupo articulado pela internet: a materialização dos trabalhos de seus colaboradores. Neste capítulo foi importante a participação da Madras Espírita, como editora, que cedeu lugar para a Editora EME na última publicação.



Os Encontros em São Paulo

O 4º. ENLIHPE nasceu com a materialidade do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo – Eduardo Carvalho Monteiro, em São Paulo e em meio a uma crise na LIHPE-VIRTUAL sem precedentes. Penso que o diálogo sempre foi nosso mais forte recurso, e foi o diálogo com o CCDPE que gerou o convite, em uma visita às pressas pela cidade de São Paulo, para empreender juntos o 4º. Encontro da Liga.

Figura 4: Mesa de Abertura do 5o. ENLIHPE


Com a equipe renovada, e alguns dinossauros da LIHPE, como quem agora escreve a vocês, o quarto encontro contou com a presença maciça da imprensa espírita paulista, e a fragilidade de presença dos membros da LIHPE, o que não comprometeu a qualidade do evento que atraiu novos valores para a LIHPE e para o CCDPE. Minha percepção pessoal foi que a equipe do CCDPE se fortaleceu e se integrou mais, neste evento. A maioria dos trabalhos tinha conteúdo ligado à História do Espiritismo, mas foi marcante o trabalho do Marco Milani, que tratou da produção acadêmica brasileira ligada ao Espiritismo, para o futuro da parceria.


Figura 5: Capa do Pesquisas


Os paulistanos e paulistas são célebres pela capacidade de fazer e desfazer parcerias. Diferentes dos meus conterrâneos, vistos como desconfiados, que demoram a aceitar propostas novas e empreendedoras, avessos ao risco. Saímos do 4º. ENLIHPE com a ideia de se imprimir um livro com os trabalhos apresentados e a frase sonora de Da. Júlia: “não podemos perder esta oportunidade”. Depois, já no conforto do lar, recebi a proposta da Nadia, que espelhava o desejo de pelo menos quatro bandeirantes de Franca, interessados em princípio em fazer um livro com sínteses das teses e dissertações de temas espíritas, e, como empreendedores que são, ante a dificuldade de operacionalizar o projeto, resolveram fazer algo mais atrevido: publicar uma coleção, que foi ganhando corpo e nome – Espiritismo na Universidade. Aceitei o convite gentil de publicar o Voluntários, e após um ano de solicitações e recomendações, conseguimos o recurso financeiro quase integral da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais para a publicação do livro. Foi um caminho difícil este de ser o primeiro. Houve horas que eu acreditei que não sairia, mas era sempre acolhido com a vontade pétrea e confiante da Nadia, que superou ou ajudou a superar todos os obstáculos.

Figura 6: Cléria, Jeferson e Nadia em Franca, lançando o Voluntários


Continuo com a opinião que o “Voluntários” e o “Pesquisas sobre o Espiritismo no Brasil: Textos Selecionados”, tiveram melhor acolhimento no ambiente universitário que no movimento espírita. Tenho a satisfação de comunicar que o primeiro tornou-se a base da disciplina “Motivação, Cultura e Terceiro Setor”, em curso e com ampla adesão dos alunos da Psicologia da UFMG, e que o Voluntários será resenhado por uma das revistas mais prestigiadas da área de Psicologia Organizacional e do Trabalho no Brasil, a RPOT.

O 5º. ENLIHPE foi também um ato de ousadia. Ele foi organizado em tempo recorde, a partir da sugestão do Marco e do apoio incondicional do CCDPE à ideia de não permitir a interrupção da continuidade do projeto. Para viabilizá-lo, convidamos muitos pesquisadores ligados ao Espiritismo ligados ou não à Universidade, e para nossa surpresa, a aceitação foi grande, maior que o tempo disponível para a apresentação dos temas.

Sem a presença energética e marcante da Da. Neide, e a abertura do espaço para pôsteres, novos colaboradores do projeto foram atraídos. A presença espiritual do Eduardo Monteiro sempre se fez presente no projeto. A recente chegada do Jeferson Betarello ao projeto do CCDPE é uma evidência disto. Ele foi convidado pelo Eduardo-Espírito, através de um médium em São Miguel Paulista, o Sr. Isuíno, coisa que estamos acostumados a vivenciar no movimento espírita.

Deolindo Amorim, Herculano Pires, Carlos Imbassahy e outros pioneiros da Liga Espírita do Brasil, instituição de importância inconteste na história do movimento espírita brasileiro, são sempre lembrados em nossos eventos, às vezes percebidos.

O 5º. ENLIHPE gerou o livro “A Temática Espírita na Pesquisa Contemporânea: Textos Selecionados” que hora lançamos. Ele se deve ao ânimo da equipe do CCDPE e teve por empreendedor principal o Jeferson, com a intervenção sempre providencial da Júlia. Ele já traz contribuições de áreas muito diversas do conhecimento, tendo o Espiritismo ora como objeto, ora como teoria capaz de explicar fenômenos, como é o caso do capítulo do Alexander e Klaus.


Figura 7: Capa do Temática Espírita, lançado no 6o. ENLIHPE


Ele foi marcado pelo debate acadêmico, que é a essência da LIHPE e do ENLIHPE, mantido o respeito necessário às opiniões alheias, sem o qual não há encontro.

Os Desafios Futuros

O 6º. ENLIHPE está iniciando e temos diversos desafios. Penso que o principal problema que precisamos enfrentar é a sistematização da pesquisa e da presença dos núcleos de pesquisa no evento. É necessário que os pesquisadores, universitários ou não, das diversas áreas, façam pesquisas continuamente e que escrevam os resultados dos seus trabalhos, não para participar de um evento, mas como uma atividade contínua. O evento é uma oportunidade de apresentação e diálogo, mas não deve ser visto como vitrine e sim como reunião de trabalho. Este tem sido o esforço das fundações de fomento à pesquisa no Brasil, e esta mentalidade encontra-se em franca mudança.

O segundo desafio é o incentivo à recuperação da memória espírita e a produção mais substancial na área de História referente ao movimento espírita. É uma segunda mentalidade a ser modificada, a de que não se pode registrar a memória para não incentivar os individualismos tão nocivos em movimentos coletivos, e não apenas no espírita.

Estamos todos surpresos com o impacto nas mídias que a produção espírita e a mediunidade ganharam no nosso país. Penso que a iniciativa nuclear do filme Bezerra de Menezes, com todas as suas limitações, foi fundamental para a eclosão de uma proposta do terceiro ENLIHPE, a de se perceber o Espiritismo como cultura e não apenas como religião. Chico Xavier, Nosso Lar, O Contestado, O Último Romance de Balzac já estão prontos, mas ainda temos As Mães de Chico Xavier e E a Vida Continua sendo produzidos, este último um trabalho de um colaborador da primeira hora e amigo pessoal do Eduardo, chamado Oceano Vieira de Melo.

A terceira proposta é a aproximação dos núcleos espíritas universitários, grupos de pesquisa instituídos nos departamentos e outras iniciativas presentes no movimento espírita à LIHPE. O intercâmbio é fundamental à consolidação de linhas de pesquisa sobre o Espiritismo no Brasil. Não há como trabalhar isolados e fantasiar que se é pioneiro em um tema que já tem esta enormidade de produções, como veremos na mesa que conta com as contribuições de Tiago Paz e Marco Milani.

A quarta e última proposta que antevejo neste evento é viabilizarmos de alguma forma os projetos do Centro de Cultura. O acervo está posto, tem crescido com a recente doação em testamento dos documentos de Gil Restani, membro ativo da ADE enquanto encarnado e jornalista espírita, na época em que se discutia se ser jornalista era uma questão de diploma ou de competência.

Gostaria de agradecer esta presença na mesa de abertura e pedir desculpas pela enormidade de pessoas que trabalharam e deram sua contribuição nesta história e que por uma questão de tempo e espaço não foram citadas.

Pessoalmente, estou confiante no futuro e na necessidade da continuidade deste espaço até que se operem as mudanças de mentalidade e se dissemine em nosso país a produção do conhecimento e do pensamento espírita e espiritualista.

4.9.10

UM ESTUDO DE FÔLEGO SOBRE A IDENTIDADE DO ESPIRITISMO

Figura 1: Logo do Blog Étude Spirite

Tive a grata surpresa de receber um simpático convite para ler um estudo extenso sobre a identidade do Espiritismo que se encontra no blog Étude Spirite (http://www.etudespirite.blogspot.com/).
Como acontece com os estudiosos que conhecem o limite da capacidade de pensar, foi um convite humilde e aberto ao diálogo, nada arrogante, o que por si só já atrai a simpatia do convidado.
O autor que se identifica apenas como William, mostra intimidade com o pensamento de Allan Kardec, argumentando e citando, buscando sempre justificar suas posições e fundamentar claramente, deixando em aberto ao leitor a releitura de seus fundamentos.
Outro ponto importante do trabalho de William, é o trânsito que ele mostra ter com a Filosofia e com a teoria do conhecimento. Autores importantes da história da Ciência são citados com propriedade e deixam claro ao leitor a diferença entre palavra e conceito. Trocando em miúdos, se a palavra Espiritismo é anterior a Kardec, o conceito foi cunhado por ele para expressar um corpo de doutrina com princípios delimitados e claros, e, diga-se de passagem, se ele fez a primeira articulação conceitual, não pretendia dar a última palavra, mas deixou em aberto para que a História e os futuros espíritas cumprissem seu papel.
Tudo isso é pacientemente exposto por William, que faz um trabalho interessante, porque não se limita a escolher uma ou outra frase de Kardec para sustentar seus argumentos, mas faz uma análise ao longo da obra do autor, mostrando as pequenas alterações e as contribuições que circunstanciam e esclarecem seu ponto de vista.
Digo isso para recomendar a todos os leitores do EC que analisem e contribuam com este importante trabalho. Ele merece ser lido e refletido.
(http://etudespirite.blogspot.com/2010/07/identidade-do-espiritismo-parte-1.html)