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31.7.11

O 7o. ENLIHPE ESTÁ CHEGANDO



O Sétimo Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo ocorrerá nos dias 20 e 21 de Agosto, em São Paulo - capital.

O tema deste ano é "Espiritismo e Ciência: Objetos, Fronteiras e Métodos de Investigação".

Local do evento: Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro. Alameda dos Guaiases, 16 - Planalto Paulista, São Paulo.

As inscrições estão abertas e são limitadas. Podem ser feitas pelo e-mail

7enlihpe-inscricao@ccdpe.org.br




Taxa de inscrição: 50,00

Depósito Banco Itaú, agência 0745, c/c 60.000 - 7 em nome do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo C Monteiro. Enviar comprovante pelo e-mail acima.

Informações pelos fones 11 - 5072.2211(secretaria ccdpe) e 11 - 5561.5443 e 11 - 9983.8425 com Márcia Carvalho Monteiro

Trabalhos Escolhidos.

Serão apresentados de trabalhos que foram previamente inscritos e selecionados por uma comissão avaliadora. Os temas e autores serão divulgados em breve.

Divulgação de Livros:


Durante o evento serão lançados e divulgados os seguintes livros:





O Espiritismo visto pelas áreas de conhecimento atuais é uma seleção de trabalhos apresentados no 6o. Encontro Nacional da LIHPE. Trata de temas na fronteira entre o espiritismo e a física, a política, a sociologia, a psicologia, o jornalismo, a educação de jovens e adultos e também um novo levantamento de teses e dissertações de temática espírita defendidos no Brasil.




O movimento espírita pelotense, escrito pelo historiador Marcelo Freitas Gil, da LIHPE, usa dos recursos da História Cultural para compreender a origem e constituição do movimento espírita de uma das cidades que tem pouco menos de 6% de espíritas que se declararam como tal ao censo.


É possível usar o instrumental das ciências naturais para se pesquisar fenômenos espirituais? Esta pergunta é a base do trabalho de Alfred Russel Wallace, naturalista conhecido pela sua teoria da evolução das espécies, em parceria com Charles Darwin. Wallace detêm-se no pensamento de David Hume, cujos argumentos contra a possibilidade da pesquisa dos milagres influenciou gerações de filósofos posteriores. Wallace também discute a posição filosófico-histórica que situa a crença em espíritos em sociedades primitivas, criando, assim, um óbice à sua adoção por homens considerados civilizados ou modernos.
 
É a primeira tradução para o português que temos notícia, o que incentivou a editora a lançá-lo mais de um século depois de escrito, dada a sua atualidade e importância.
 
 
Os primórdios do espiritismo em Goiás, foi escrito pelos irmãos Airton e Eurípedes Veloso, mineiros radicados no estado goiano e trabalhadores da Federação Espírita do Estado de Goiás. O livro é o primeiro que integra a série "Memória Espírita do Estado de Goiás" e segundo o segundo autor é "uma peça do  memorial representado pela LIHPE". Os autores participaram do ENLIHPE e utilizaram sua formação em história e seu conhecimento do movimento goiano para produzirem este belo trabalho.
 
Outras Informações:
 
Mais informações podem ser obtidas no site www.ccdpe.org.br, inclusive preços de hotéis indicados para os participantes que vêm de fora de SP.

 


12.7.11

REENCARNAÇÃO E CRISTIANISMO

Figura 1: Constantino queimando livros de Arius. Ilustração de um compêndio de lei canônica . Fonte: Wikipedia (inglês) verbete "First Council of Necaea"


Vez por outra recebo a visita de leitores evangélicos e católicos no blog. Eles deixam alguns comentários que nem sempre publico, por fugirem totalmente ao tema tratado ou por entender que se prestam a um diálogo de surdos.

Recentemente recebi um comentário no qual o autor afirma que o espiritismo "nega pelo menos 40 verdades da fé cristã" e que "a crença na reencarnação é incompatível com o cristianismo ou doutrina cristã". Ele questiona por que o movimento sonega ou esconde este fato dos seus adeptos.

Também recentemente um professor de religião de uma de minhas filhas ensinou que o espiritismo não faz parte do cristianismo, porque, entre outras coisas, não acredita na doutrina da trindade, embora os espíritas se considerem cristãos.

1. A Questão da Trindade

A questão da trindade não era pacífica no início do cristianismo, tanto é que foi convocado um concílio no ano 325 para tratar do tema, o Concílio de Nicéia. Se a trindade foi objeto de discussão, em um encontro de representantes do cristianismo, é sinal que se tratava de um tema polêmico. Desconheço um concílio ou sínodo católico para discutir se a existência de Deus é um princípio cristão, posto que é ponto pacífico e universal.

Ário ou Arius (ou ainda Arrius, como prefere Rodrigues) foi um dos membros da escola de Alexandria que negava que Deus e Jesus participassem de uma mesma substância. Sobre o Concílio de Nicéia, pode-se ler o livro "A Esquina de Pedra", escrito por Wallace Leal V. Rodrigues, editora O Clarim, que entremeia uma narrativa romanceada a informações sobre o concílio e a época. Ao final deste livro ele insere uma nota na qual faz referência ao livro "History of the First Council of Nice", de Hilton Hotema, e cita o seguinte:

"Além de Constantino e Eusébio de Cesaréia, apenas 300 bispos votaram no esquema de Constantino e que estes eram ... 'homens iletrados e simples, incapazes de compreender o que se passava'... Esses prelados ignorantes, aflitos de refressarem às suas cidades e temerosos de serm tomados por hereges, concordaram com o imperador, ansiosos de ver terminado o Concílio." Segundo o autor, 1800 bispos participaram do Concílio.

Outra afirmação do Prof. Hotema é com a vitória de Constantino, Arius foi considerado herege e excomungado. Seus escritos se tornaram escassos porque foram destruídos, como era habitual à época. Isto se pode ver na figura 1.

O que se pode concluir é que a trindade não era doutrina oficial da igreja antes do ano 325. Se ela for considerada condição sine qua non para ser considerado cristão, muitos dos cristãos, mártires e talvez pais da igreja dos primeiros séculos serão considerados hereges.

O livro "Cristianismo, a mensagem esquecida", de Hermínio Miranda o tema é abordado e ele faz referência a um teólogo contemporâneo, Hans Küng, que propõe seja Jesus considerado homem e que haja entendimento entre as religiões, e que a adesão ao credo niceano não seja o critério para a identificação do cristão. Nesse livro, o tema também é tratado, ao contrário do que afirma nosso crítico. E a reencarnação, pode ser considerado um ponto polêmico da comunidade cristã dos primeiros séculos?
2. A Questão da Reencarnação

A reencarnação, tão contrária a alguns dogmas católicos, é ainda mais bem tratada na literatura espírita que a questão da trindade. Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, dedica um capítulo inteiro a explicar passagens que sugerem: que a reencarnação era conhecida pelos judeus e que pode-se interpretar diversas passagens envolvendo os ensinos de Jesus como sendo favoráveis à tese reencarnatória.

Dois dos discípulos de Kardec escreveram livros sobre a reencarnação (Denis e Delanne), mas Denis acrescenta muita informação ao debate, ao mostrar em seu Cristianismo e Espiritismo, como a reencarnação era crença conhecida em meio aos judeus (através de citações de textos originais), com muitos exemplos, e defender a tese da doutrina secreta, ou do sentido oculto dos evangelhos. Ele cita passagens dos pais da igreja favoráveis à reencarnação, e a famosa dúvida de Santo Agostinho. Nele vemos a questão da reencarnação presente na comunidade e nos teólogos de Alexandria, antes do século IV.

Fosse a reencarnação um fenômeno pontual, não teríamos o episódio medieval dos cátaros, que foram vítimas de genocídio em função dos interesses da igreja, como nos mostra Hermínio Miranda em seu livro "Os Cátaros e a Heresia Católica"?

Outra fonte que trata desta questão é o livro "A reencarnação segundo a Bíblia e a Ciência", escrito por José Reis Chaves. Este mesmo autor trata rapidamente do concílio de Nicéia no seu "A Face Oculta das Religiões".

3. Concluindo

Se admitirmos uma visão histórica, o espiritismo é uma releitura do cristianismo, em sintonia com muitos estudiosos do pensamento e vida de Jesus, de dentro e fora da igreja católica. Desta forma, não se trata de sincretismo, posto que desde o seu primeiro livro ele se propõe a fazer uma leitura racional dos evangelhos e elege o cristianismo como uma referência ética.

Se reduzirmos o cristianismo à igreja e seus dogmas, entendemos que teremos o catolicismo, que é algo muito menor que o pensamento e a comunidade cristãos. Com certeza, há tensões diversas entre o pensamento espírita e o católico, ou seja, espiritismo não é catolicismo; contudo, o cristianismo não se subsume ao catolicismo e às doutrinas evangélicas queiram seus membros admiti-lo ou não.

Por fim, não se oculta nada da comunidade espírita. Via de regra, o espiritismo é um conhecimento público, e cada vez mais acessível, mas cabe ao que se diz espírita e ao que se diz crítico do espiritismo estudá-lo.

10.7.11

A QUESTÃO DE DEUS: KARDEC, TOMÁS DE AQUINO E JOHN DUNS SCOTUS

Figura 1: John Duns Scotus

Uma das questões que sempre me intrigou em "O Livro dos Espíritos" é a de número três: pode-se dizer que Deus é o infinito?

Homem do século XX, infinito é um termo que sempre vi associado à matemática e às ciências naturais, nas infindáveis tentativas dos físicos mensurarem o tamanho do universo.

Com esta concepção estreita que tenho, a pergunta não fazia sentido, parecia-me própria do panteísmo, que Kardec distingue tão claramente da concepção espírita de Deus.

Ao ler História da Filosofia, especialmente os autores da patrística e da escolástica, esbarrei em um pensador cristão interessante: John Duns Scotus ou Scot (1266-1308).

Nos dilemas entre a fé e a razão, o conceito de ente infinito ocupa um papel importante no pensamento de Scotus. Reale e Antiseri (2011) apresentam a questão a partir dos sentidos e do intelecto. Se é mais ou menos fácil identificar a finalidade dos sentidos do homem, qual é a finalidade do intelecto? Scot afirma que o intelecto, essencialmente humano (ente unívoco), tem por finalidade o conhecimento.

Afirma Valverde (1987) que Scotus se opõe ao raciocínio de São Tomás de Aquino, que tenta demonstrar a existência de Deus a partir dos dados dos sentidos e que, por isso, tem uma concepção limitada dele.

"Desse modo, Deus ficaria reduzido à mera causa primeira do mundo físico". (pág. 179)

Scotus, portanto, segue outra trajetória dedutiva, a de considerar o ser a partir de suas propriedades intrínsecas, sem recorrer aos sentidos. Ele estabelece pares de "modos de ser" que Valverde cita: finito e infinito, possível e necessário, entre outros. Não é difícil para Scotus mostrar que o homem é um ente finito (unívoco, pelo que pude entender), que, portanto, dispensa a demonstração da existência. A questão se torna demonstrar a existência do ente infinito.

Scotus parte da premissa de que as coisas possivelmente existem (embora não seja necessário que existam). É contudo necessário que existam, partindo do fato que existem. Então, ensina Reale que Scotus pergunta qual é a causa ou fundamento da existência, e mostra que não pode ser o nada, porque o nada não é causa. Também não são as coisas, porque elas não podem dar a existência a si mesmas (Lembremos que nessa época ninguém cogitava da teoria da evolução de Darwin e Wallace). Então é necessário por a razão desta possibilidade em um ser diferente, que transcende a esfera do produtível e das coisas possíveis.

Reale e Antiseri continuam sua explicação mostrando que se as coisas são possíveis, o ente primeiro também é possível. E se ele é possível, ele existe em ato, já que nenhum outro o produziria. Por consequência, uma vez que nenhum outro o produziria, ele é real

Scotus supera Tomás de Aquino ao afirmar que este ente, que é causa primeira, tem por característica interna ser infinito "porque é supremo e ilimitado". A consequência deste raciocínio é que "o ser infinito é o Ser, ..., porque é o fundamento de todos os entes e, antes ainda, de sua possibilidade." (Reale e Antiseri)

Mesmo utilizando o conceito de ente infinito para demonstrar a existência de Deus, Scotus admite que o conceito é "em si mesmo pobre e insuficiente, porque não consegue nos introduzir na riqueza misteriosa de Deus".

As questões iniciais de "O Livro dos Espíritos" apontam, portanto, para as discussões da filosofia escolástica e situam-se no conflito entre fé, razão e empirismo, o que sugere a participação de espíritos que dão prova de um conhecimento cada vez mais limitado a um grupo menor de pessoas, com o avanço da centralidade das ciências empíricas em nossa cultura.

6.7.11

GOVERNO FEDERAL FORMALIZARÁ O SUAS

Figura 1: Logo do SUAS


SUAS é o sistema único de assistência social, inspirado no modelo no Sistema Único de Saúde. Segundo o Jornal do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRPMG), ele será coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, mas as ações serão implementadas nos três níveis de Estado (federal, estadual e municipal), assim como acontece no Sistema Único de Saúde.

O avanço desta lei é tornar a assistência às famílias e indivíduos vulneráveis um direito e de reorganizar as esferas de estado para esta finalidade. Resta saber se o Estado conseguirá disponibilizar recursos suficientes para cumprir com suas novas responsabilidades e se terá uma estrutura capaz de atingir a este enorme contingente de pessoas.

A presidenta da república sancionará a lei hoje às 11 horas e o jornalista do CRPMG afirma que 99,5% dos municípios brasileiros já aderiram ao novo sistema.

Essa é uma transformação importante em nossa sociedade, que demanda da comunidade espírita uma reflexão sobre as atividades assistenciais e promocionais que hoje realiza e quais são os efeitos que a legislação terá sobre o que se encontra em curso.

Dois pontos chamaram-me a atenção na Política Nacional de Assistência Social (PNAS - 2004) que parece ser uma das bases da nova legislação: os desdobramentos do princípio do controle social, as relações com o Estado nas questões de financiamento e os impactos na nova lei no reconhecimento das atividades realizadas pelas sociedades espíritas. Pergunto-me também se as sociedades espíritas são percebidas como assistencialistas (creio que clientelismo não se aplica a instituições que não participam do jogo partidário de poder na sociedade).

O tema é polêmico, não tenho  opiniões formadas, mas demanda maior entendimento e clareza por parte de nós, espíritas.

Mais informações nos anexos do texto do governo federal:            http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/suas