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31.12.11

IZABEL VITUSSO FALA SOBRE A LINGUAGEM NA IMPRENSA


A continuação da entrevista com Izabel Vitusso trata da linguagem jornalística e o estilo dos escritores.


EC - Os livros de Kardec foram traduzidos para um português do final do século XIX e início do século XX. Você acha que a leitura das obras de Allan Kardec influi no estilo dos escritores espíritas contemporâneos?
Izabel - Sem dúvida. Em questão de conteúdo, é sempre bom ver a influência de Kardec na literatura espírita. Acontece que muitos de nós reproduzimos em nossa fala e em nossa escrita expressões arcaicas, pouco usuais na atualidade. Isso não combina com Kardec, o educador. Ele era um estrategista em matéria de comunicação: Dizia: “É preciso satisfazer a curiosidade; unir o sério ao agradável: o sério para atrair os homens de Ciência, o agradável para deleitar o vulgo(...). É preciso evitar a monotonia por meio da variedade, congregar a instrução sólida”. – Obras Póstumas.

Não me parece que a erudição seria o estilo da preferência de Kardec se ele estivesse hoje entre nós. 

EC - Qual é a sua opinião sobre o uso de arcaísmos pelos expositores e escritores espíritas?

Izabel - Cada um tem o seu estilo, fruto das experiências que trazem e influências, principalmente os mais antigos, com a carga de formalidade da educação de décadas atrás.

São incontáveis os fatores que influenciam no sucesso ou não de uma comunicação, dentre os quais a empatia, o encadeamento das ideias, a clareza do que se quer transmitir. Levando-se em consideração as tendências da atualidade, que incluem a objetividade e a concisão, sou adepta ao estilo do quanto mais claro, melhor!

EC - O texto na segunda pessoa (tu e vós) pode ser considerado erudito no meio jornalístico?
Izabel - O uso da flexão na segunda pessoa não cabe hoje no meio jornalístico e nas mais diversas manifestações coloquiais, embora algumas expressões sejam de hábito em alguns estados brasileiros. Nossas manifestações culturais são intensamente influenciadas pelo nosso convívio em sociedade, as tendências da escrita jornalística também respondem a ele.  Casa-se melhor com a escassez do tempo  o estilo da comunicação mais direta, sucinta, sem repetições, sem delongas. É bom lembrar que aqui estamos falando especificamente de textos jornalísticos contemporâneos. Décadas atrás o estilo era bem diferente.
EC - A linguagem literária é diferente da linguagem jornalística?
Izabel - Ah! sim, sem dúvidas. Tanto que dentro de uma edição do jornal, os estilos se mesclam: num extremo, a reportagem, que exige linguagem simples, exata e concisa, com as informações essenciais que atendam a curiosidade do leitor; e do outro, por exemplo, a crônica, que permite a opinião de quem escreve e a possibilidade de um texto mais literário.O importante para quem escreve é ter em vista o que pretende com o seu texto e qual é o público a que se destina. Para espíritas, não-espíritas, jovens, ‘veteranos’, etc.

29.12.11

FEPI LANÇA NOVO NÚMERO DA REVISTA NOVA AURORA



Fruto da parceria entre o Instituto de Cultura Espírita do Piauí e a Federação Espírita do Piauí, o segundo número da Revista Nova Aurora pode ser adquirido por e-mail: fepi@fepiaui.org.br

26.12.11

A KIPPAH EM UMA SOCIEDADE MULTIRRELIGIOSA


JOVENS JUDEUS NO PÃO DE AÇÚCAR CONFRATERNIZAM COM SEU BLOGUEIRO CRISTÃO-ESPÍRITA (Foto da Júlia)


Oito de dezembro. Feriado em BH, dia de resolver problemas no Rio de Janeiro, que parece ter sido invadido por mineiros. As marcas de Minas Gerais estão por todo lado, como a disputa leal e gutural entre atleticanos e cruzeirenses na porta da agência dos correios atrás da embaixada norte-americana.

Depois do constrangimento na embaixada a que se submetem os que desejam conhecer as terras do Tio Sam, tão necessitada de turistas quanto temerosa de imigrantes ilegais e atentados a bomba, fomos aproveitar a vista maravilhosa do Pão de Açúcar.

Subir de bondinho até ficar ao nível das nuvens, ver de um ponto o calçadão de Copacabana e de outro as embarcações mais diversas na baía de Guanabara. Ver as construções centenárias da antiga capital do país, e num golpe de vista esbarrar com as paredes de concreto e tijolos dos edifícios residenciais separados da água salgada por vias qualhadas de automóveis de todos os tipos.

Não dá para não notar nos barracões morro acima, no lixo que enfeia a bela água verde azul, no subemprego que transforma jovens promissores em "chamadores de táxi", "tomadores de conta de celular", "flanelinhas" e outras ocupações criativas que não geram riqueza, mas mitigam a miséria e perpetuam a ignorância sob o olhar complacente (ou indiferente?) das autoridades.

O Pão de Açúcar é um lugar alugado (e caro!) aos turistas. Com um pouco mais de cinquenta reais/cabeça se pode alçar os céus e conviver por um momento na torre moderna da Babilônia, onde convivem as línguas inglesa, espanhola, alemã, francesa, idiomas neo-eslavos e outros cuja sonoridade singular nos faz pensar de onde vieram e para onde irão.

Uma excursão de jovens de origem judaica, inconfundíveis por seus Kippah multicoloridos sobre as cabeças masculinas, mesmo as imberbes, encheu de alacridade e alegria adolescente o ponto de parada das compras e lanches.

Eu me deixava ficar gostosamente em uma mesinha, enquanto a família olhava os muitos objetos de compra e venda aos turistas, e acompanhava com os olhos e ouvidos o ir e vir dos muitos visitantes que transitavam pelos espaços cuidadosamente construídos e reconstruídos para se passar uma manhã ou tarde em meio às alturas e nuvens.

A filha menor fotografava, matreira, coisas, lugares e pessoas, com seu olhar ora curioso, ora furtivo.

Em um segundo me vi cercado de jovens, que estavam abordando os descuidados como eu, aparentemente disponíveis, e perguntando:

- Você sabe o que é um Kippah?

Meu conhecimento era o trivial, mas dava para o gasto.

- Sei, sim.

- Então, o que é?

No inusitado, lancei mão do meu apurado mineirês:

- Este "negócio" que os homens usam sobre a cabeça.

Negócio, assim como trem, significa coisa e pode muito bem significar peça de vestuário, mas surtiu bem o efeito de se fazer entender.

- Ele sabe o que é um Kippah! Disseram quase em coro, e me vi cercado de jovens de origem hebraica que brotaram de diversos lugares e me pediram uma foto. O momento parecia merecer um registro. Minha filha não se fez de rogada e alinhou sua câmera às demais. Ela não se preocupou muito com o foco, só com o clique mágico, e aí nasceu a foto desta matéria.

Como não podia perder a oportunidade, perguntei a uma quase adolescente, que aparentava seus quatorze ou quinze anos:

- E você, sabe o que significa um Kippah?

Ela me respondeu, sem respirar.

- É o negócio que se coloca sobre a cabeça! Reafirmando o conceito que eu acabara de criar, num ímpeto.

- Nâo! Disse. Quero saber o significado...

Ela não se constrangeu e voltou a responder com prontidão, com um certo ar de obviedade, muito respeitoso.

- Ora, significa que Deus está acima do alto da cabeça dos homens!

Agradeci, não sem surpresa. Certamente ela não falava da geografia de Deus, mas deixava seus lábios repetirem uma sabedoria milenar, que era comum a cristãos, judeus e muçulmanos, além de todas as variações que o espírito humano criou destas três sólidas raízes da religião.

Eles se foram, igualmente álacres e felizes com o passeio. Depois um jovem, talvez com algo de mineiro no sangue, retornou e mostrou-me um Kippah verde, dobrado duas vezes, e checou comigo:

- Você sabe o que é isso?

- Um Kippah, respondi.

Ele pareceu satisfeito com a resposta, mas meio contrafeito. Deve ter perdido uma disputa, mas aceitava a derrota como bom desportista.

Eles se foram, mas Deus ficou comigo, em minha mente, na sabedoria da resposta adolescente, herdada dos antepassados, nas minhas meditações.

15.12.11

EC ENTREVISTA A EDITORA DO CORREIO FRATERNO

Izabel Vitusso, Editora do Jornal Correio Fraterno
  
O Espiritismo Comentado conversou com esta jovem e dinâmica editora, Izabel Vitusso. Foram muitas perguntas ligadas ao jornalismo e à mídia especializada espírita, que iremos publicar aos poucos. Nesta primeira parte, tratamos principalmente do jornal "Correio Fraterno".
EC - Izabel, o que é o Correio Fraterno?

O Correio Fraterno é hoje o resultado de mais de 40 anos de trabalho de divulgação do espiritismo. Foram alguns dos fundadores do Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Campo, SP– dentre elas meu pai, Raymundo Espelho, que instituíram o jornal. Na época, a comunicação social espírita não ia além de poucos jornais e revistas.
Hoje, além de valorizarmos o importante acervo histórico que o Correio possui, trabalhamos para que a mensagem de consolo e da proposta libertadora da doutrina sensibilize um número cada vez maior de pessoas.
Daí a nossa preocupação em atualizar o estilo jornalístico da comunicação que realizamos e ir também utilizando as ferramentas que a era digital vem disponibilizando.

EC - Quais são as principais dificuldades que um editor de jornal espírita enfrenta hoje?

Ah! deixa eu falar das alegrias,vai... Porque o trabalho é indescritível. Perceber a cada edição, de jornal e de livros, a atuação do editores espirituais é uma lição que só nos acrescenta a cada dia. Sem contar que o trabalho favorece o nosso contato com pessoas em todos os cantos do Brasil e do mundo, que passam a fazer parte do nosso rol de amigos, verdadeiros representantes do Correio no movimento espírita. Nós somos realmente muito unidos na equipe, uma verdadeira roda de amigos que tem como ideal a deliciosa incumbência de encontrar as estratégias na comunicação para sensibilizar aqueles que nos leem. Existe um jargão no jornalismo que diz que o maior desafio de quem escreve é que seu texto seja lido, de preferência até o fim. Levamos isso muito a sério e acrescentamos: que o leitor sinta-se também tocado por aquilo que lê.
Quanto aos desafios, penso que adequar a comunicação social espírita seja um deles. O espiritismo venceu as paredes da casa espírita. Está estampado na grande rede, pela internet. E se não apropriamos o nosso discurso para esse público, corremos o risco de praticar uma espécie de proselitismo, diante daqueles que não estão abertos e com interesse como nós.
Nosso entusiasmo muitas vezes soa como desejo de conversão do outro, como: “se é tão bom para mim, ele tem que entender que será bom para ele”. E esquecemos que cada um tem suas escolhas, suas necessidades, seus momentos.
Penso que o importante é falarmos sobre a doutrina, evidenciando o conjunto das ideias encadeadas, os fundamentos que dão corpo a ela, os aspectos consoladores, e tudo o que de maravilhoso ela possui, mas observar se não estamos desvalorizando as opções de escolhas de cada um. Todos são livres para escolherem o que quer que seja. Penso que ficou pra traz o discurso de coerção.
EC - Você considera o Correio um jornal local, mais posicionado no estado de São Paulo ou nacional?

Nós trabalhamos sempre com a ideia da abrangência de assuntos e localidades e distribuição. Mas não há dúvidas de que nossa relação se fortalece muito mais com o que e quem está à nossa volta. Pela própria proximidade. Daí a importância da participação de amigos do movimento espírita que tem nos auxiliado, enviando fotos e informações sobre os mais diversos eventos que ocorrem com fartura pelo Brasil e também no exterior. Muitos companheiros já se familiarizam com a nossa linha editorial e têm nos brindado com excelentes trabalhos, que são publicados no jornal impresso e em nosso site, como por exemplo o jornalista André Trigueiro, em sua coluna Mundo Sustentável.

10.12.11

GUARACI ENTREVISTOU-ME PARA A REVISTA O CONSOLADOR.





Foto na entrevista com a TV Minas Educativa em 2010

Atualidade, trabalho, espiritismo e movimento foram temas propostos por Guaraci Lima Silveira, de Juiz de Fora, para a revista digital "O Consolador". Prestigie e comente!

9.12.11

QUANTAS GELATINAS ATÉ AGORA?



190 pacotinhos de gelatina!

A Campanha da Gelatina está chegando ao final e conseguimos um quinto da cota completa da Associação Espírita Célia Xavier.

Agradecemos muito aos amigos de Montes Claros - MG, aos familiares de Ipatinga-MG e do extremo sul da Bahia, assim como aos colegas de hemodiálise do Instituto Mineiro de Nefrologia, em Belo Horizonte.

Para quem gosta de prestação de contas, ficou assim:

8 caixas com 15 pacotinhos de Gelatina Royal
19 pacotinhos de Gelatina Royal
45 pacotinhos de Gelatina Carrefour
5 pacotinhos de Gelatina Otker
1 pacotinho de Gelatina AMO

Total: 190 pacotinhos de Gelatina

Aguardem notícias da confecção das cestas e da distribuição.

Obrigado a todos os que participaram.

4.12.11

ANIMISMO, VAIDADE E LIVROS ANÍMICO-MEDIÚNICOS.


Neste filme, o personagem encontra médiuns que dão comunicações com alto teor anímico, antes de obter uma comunicação convincente.  
Animismo: Do latim anima (alma).
A palavra animismo, com o sentido com que é usada hoje, é estranha a Kardec. O fenômeno que ela representa não. No capítulo 19 de "O Livro dos Médiuns" discute-se o papel do Espírito do médium nas comunicações.
Kardec fala da possibilidade de uma pessoa encarnada comunicar-se pela via mediúnica. Ele entende que se o encarnado estiver em estado alterado de consciência (Allan Kardec usa o termo crise sonambúlica ou extática). Lembre-se o leitor que ele já havia tido contato com sonâmbulos antes de conhecer o fenômeno mediúnico. Contudo, isso não é animismo, mas "comunicações mediúnicas entre vivos" (termo de Ernesto Bozzano).
Continuando o capítulo, ele fala que o Espírito do médium pode recordar-se de conhecimentos adquiridos em existências anteriores, que ele não possui na presente vida.
Uma das mais importantes colocações de Kardec, nem sempre lembrada pelas pessoas hoje, é que na comunicação mediúnica, o Espírito do médium serve como intérprete do comunicante, ou seja, exerce uma influência sobre o conteúdo da mensagem, podendo alterar as respostas, segundo "suas próprias ideias e seus pendores". Isto é a mesma coisa que dizer que em toda comunicação mediúnica há uma parcela anímica, devido ao mecanismo próprio das comunicações mediúnicas. (Parágrafo 7º)
Se o animismo ou, em menor escala, a influência do médium sobre a comunicação, é como a de um intérprete, não há como esperar-se que as comunicações mediúnicas sejam infalíveis. Mesmo um bom médium interfere nas comunicações, o que exige dos que se dedicam a esta prática um cuidado especial para que não sejam iludidos pelo seu próprio inconsciente.
Com o passar dos anos, o movimento espírita brasileiro criticou a prática do trabalho isolado do médium, recomendando que ele se dedique às suas faculdades em grupo, que teria a liberdade de observar, recomendar e criticar antes que sua produção se torne pública. Infelizmente, nem todos seguem esta metodologia, e muitos os membros de grupos encantam-se com o lápis que corre solto pelas páginas, idealizam o intermediário e consideram-no uma pessoa superior, o que não é sensato.
Este lugar social os deixa muito expostos à vaidade. Mesmo sabendo-se limitados, eles passam a acreditar "nesta personagem" criada pelos admiradores, e recebem com surda resistência qualquer crítica que lhes seja dirigida, acreditando-se superior aos pares.
Uma vez pública a sua produção, fica mais e mais difícil rever conceitos, somente as grandes pessoas conseguem aceitar de coração seus equívocos. Dessa forma, não é necessário um espírito fascinador para que um médium escreva belos textos entremeados de tolices, basta a velha vaidade para confundi-lo e cristalizar opiniões insensatas.