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21.10.15

EDSON AUDI DESENCARNA EM AGOSTO



Outubro de 1999. No apagar das luzes do século passado, o amigo Alexandre Rocha pediu que auxiliasse o lançamento de um novo livro da Lachâtre em Belo Horizonte. Era um livro sobre Allan Kardec, e eu pensei: mais um? Será que é mais do mesmo? Pedi, na minha mineirice, um exemplar para avaliar o trabalho, mas recebi por resposta que ele só chegaria no dia do lançamento.

A Lachâtre fez contato com uma livraria de shopping para o lançamento e eu consegui hospedagem na casa de uma grande amiga. Organizamo-nos para o "dia D", e fui à casa anfitriã para ver se estava tudo bem. Minha amiga perguntou-me: 

- Você já viu o livro dele?

Eu disse que não, curioso, e Edson mesmo mostrou-me o exemplar. 

Confesso que meu mundo caiu. Um livro de texto simples, direto, que ambicionava mostrar o racionalismo de Kardec aos franceses, que ainda têm uma visão do espiritismo construída no palco dos tribunais do século XIX. As imagens eram belíssimas. Fotos em preto-e-branco, entremeadas à narrativa, como se saltassem dela. O papel escolhido cuidadosamente, creio que trazido do exterior, transformando o livro em um daqueles livros de arte, que costumamos comprar aqui em casa só pelo prazer de folhear.

Audi estava tranquilo, mas bem humorado. Contou-me do encontro com Zêus Wantuil, falou-me do espiritismo na França e de sua experiência, explicou-me a sorte que teve ao fotografar o apartamento da Passagem Sainte-Anne, que havia acabado de ser pintado, e hoje está situado em uma parte velha de Paris, habitada por estrangeiros. 

Edson estava com uma camiseta de mangas curtas, e comentou sobre isto, sobre como os espíritas podiam se vestir de forma mais moderna... 

O lançamento foi trágico. Uma dúzia de pessoas, atraídas por nós e frequentadores do nosso centro espírita apareceram lá. Menos de dez livros vendidos. Levei meu exemplar ao Edson e uma caneta, que ele recusou gentilmente mostrando-me o que usaria para autografar. Era uma caneta com uma tinta cinza, brilhante, que escrevia sobre o preto escuro da primeira página após a capa da bela brochura.

Conversei com o gerente, que me mostrou as propagandas feitas no Estado de Minas. Certamente, não foi uma estratégia muito efetiva. Conversei então com um dirigente do Célia Xavier e com a anfitriã de Edson Audi. Todo estávamos chateados com o desempenho. Então, no meio do espaço reservado para o lançamento, decidimos fazer algo.

Telefonamos para a dirigente da reunião de quinta-feira, que, para nossa alegria, era a Juselma. Ela nos acolheu com gentileza e entusiasmo, cancelou o palestrante do dia seguinte e abriu as portas da reunião para fazermos uma noite de autógrafos no Célia Xavier. Não havia tempo de divulgar, conversamos com o gerente da editora, passamos o endereço e ele levou cerca de quarenta livros para o novo lançamento, do outro lado da cidade.

Pedimos ao Edson que ficasse mais um dia em Belo Horizonte. Ele já tinha comprado passagens para Juiz de Fora e tinha um novo anfitrião esperando por lá. 

- Troque, Edson. Avise ao anfitrião. Você não tem compromisso em JF amanhã, não haverá prejuízo.

Ele aceitou.

Na noite seguinte, Juselma nos acolheu com boa-vontade, e brincou:

- Da próxima vez me avisem com alguns dias de antecedência para eu conseguir um coral!

A reunião se desenvolveu. Edson falou do processo de preparar o livro e mostrou o material ao público. Duas ou três pessoas de nosso grupo comentaram a realização. Os quarenta livros foram totalmente vendidos.

Passados 16 anos, encontrei mais uma vez o gerente da livraria. Era mais um lançamento nela. Ele se recordou do acontecido, mas não me reconheceu. 

Agora o Edson retornou à pátria espiritual, após enfrentar um câncer, aos 57 anos.  Deixou-nos três belos trabalhos de arte e cultura para o movimento espírita. Ainda este mês sairá seu filme sobre Herculano Pires, que nos foi notificado semana passada pela Tatiana Pires, da editora Paideia. 

Ele, portanto, continua conosco. E fazendo arte!

16.10.15

ANIMAÇÃO DE "O TRAPEIRO DA RUA NOYERS"



Chrystiann Lavarini nos indicou uma animação feita por Luis Hu Rivas a partir de uma história contada por Allan Kardec em "O Livro dos Médiuns". Ela faz parte de um projeto que é a revista mensal Espiritismo Kids, que pode ser assinada por 66 reais ao ano. Ela é voltada para o público jovem, com metade das publicações dirigida ao público de 6 a 10 anos e a outra metade para crianças de 10 a 14 anos.

Mais informações sobre assinatura podem ser obtidas no blog: http://www.espiritismokids.com/

Veja mais informações sobre a revista no vídeo abaixo.







14.10.15

HERCULANO PIRES E A PARAPSICOLOGIA




Já faz um ano que a Fundação Maria Virgínia e Herculano Pires me convidou para falar do livro de Herculano: Parapsicologia, hoje e amanhã. Fui deixando a publicação para depois, em função de alguns errinhos que cometi na fala, geralmente trocas de nomes. Passado tanto tempo, acho melhor deixar o trabalho ao leitor, que pode ir comentando os equívocos. Peço desculpas antecipadas, porque estava bem febril neste dia.

Agradeço de coração à família de Herculano que me recebeu como se fosse "de casa", aos amigos do CCDPE-ECM que nos auxiliaram durante a estada em São Paulo e a todos os interessados que foram ao evento e fizeram uma bela discussão.

Expresso minha admiração por Herculano Pires, que mesmo sem ser formado na área de parapsicologia ou psicologia, deu mostras de um conhecimento íntimo e de acompanhar o que se publicava na época, apesar de todas as dificuldades de trânsito de informação que existia, então.

6.10.15

PRIMEIRA FEIRA DO LIVRO ESPÍRITA DA UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA



A União Espírita Mineira está divulgando sua trigésima terceira feira do livro espírita, o que me fez recordar da primeira. As primeiras Feiras do Livro Espírita foram organizadas em um conjunto de duas ou três lojas em uma galeria na Praça Sete. 

Papai (José Mário) ainda estava encarnado àquela época e veio-me à mente que era Oswaldo Abreu quem a organizava. Oswaldo era comerciante e depois formou-se em psicologia, era irmão mais novo de Honório e Lúcio Abreu. Eu já não media muito o que dizia àquela época, então, ainda adolescente, questionei Oswaldo por que a feira não era feita em público, por que ainda estava escondida.

Ele me respondeu que ainda não estávamos prontos para isso.

Uma ação interessante que fizeram, foi levar as lideranças da União Espírita Mineira à feira, para que as pessoas pudessem não apenas comprar livros, mas conversar com os "plantonistas". Isso era visto como uma "tarefa", e recordo-me de ir no horário em que papai lá estava.

Depois desta, auxiliei uma feira do livro espírita ao ar livre, feita na praça principal da cidade de Montes Claros. Foi no início dos anos 90, e o contato com as pessoas era muito interessante. Houve um evangélico que ficou pouco indignado de ver espíritas na praça pública e resolveu conversar sobre evangelho. Ele não era fanático, apenas um religioso que não conhecia o espiritismo, e depois de conversar um pouco e ver que tínhamos conhecimento bíblico, ele ouviu os apelos da esposa que dizia: - Fulano, deixa para lá.

Houve também o espírita indignado com os preços dos livros, argumentando que encontrava preços melhores na livraria da União. Algumas pessoas se achegavam curiosas. Outras apenas viam com o "canto de olho" curioso, a expressão interrogativa e ao mesmo tempo um pouco temerosa do novo movimento que transformava a praça por onde se passa todo dia. 

Era também uma oportunidade de encontrar confrades dos diversos centros espíritas. Eles nos saudavam carinhosamente, com um olhar de satisfação, pediam indicações, faziam questão de dizer: - Sou do Canacy (o nome de um Centro Espírita tradicional em Montes Claros), sou do Sobreira, e se descortinavam os centros espíritas da "princesa do norte", ou então perguntavam: - De onde vocês são?

- Por que vocês não vendem o livro que foi psicografado por médiuns daqui da cidade? Perguntou-me um interessado. Eu me recordei de uma coletânea de mensagens, talvez publicada há mais de uma década, que ainda tinha dezenas de exemplares no Allan Kardec, mas estavam em mau estado. Eu o conhecia, por que desde aquela época já tinha interesse na memória do movimento espírita, mas nunca tinha visto ninguém citar este livro ou alguma de suas mensagens na reunião de estudos. Fico pensando até hoje se o cliente não seria um dos médiuns ou parente de um dos médiuns, e lamentei não ter um dos livros para presenteá-lo.

Não importa qual feira, sempre tive um imenso prazer em estar com os companheiros do centro espírita, em tarefa. Não importava o sol de quarenta graus, nem os apertos com o troco era sempre uma alegria estar junto em trabalho para a divulgação do espiritismo na sociedade. Nunca fui hostilizado por ninguém, e mesmo o diálogo franco com o casal evangélico foi pautado pelo respeito.

As feiras ficaram no passado, as do nosso Célia Xavier são organizadas pelos funcionários e pelo responsável pela livraria, acho que a correria da capital não está permitindo transformarmos esta tarefa em uma atividade prazerosa e de encontro. As pessoas vêm atraídas pelos descontos, mas e o algo mais? 

Passados trinta anos, cada casa tem a sua feira do livro espírita, que não é bem uma feira, mas um "esforço de vendas". Como é a sua vivência, leitor? Ir à feira do livro espírita é para você uma experiência de encontro e troca, ou apenas um lugar para economizar uns reais?

3.10.15

EM BUSCA DA LITERATURA ESPÍRITA INFANTO-JUVENIL


Nos corredores do 1o. Encontro da Cultura e Pesquisa Espírita - XII Colóquio França-Brasil, estávamos conversando sobre a literatura espírita para adolescentes. É uma demanda muito específica, seja pelo tipo de interesse literário, seja pela linguagem, que está cada dia mais distante da que foi utilizada no início do século XX.

Recentemente, decidimos estudar "O Evangelho Segundo o Espiritismo" em nossa reunião familiar. Tenho duas filhas "teenagers", uma no começo e a outra no fim da adolescência. 

Nossa reunião sempre se direcionou pela compreensão do sentido do que líamos. Minhas filhas têm muita liberdade para perguntar as palavras que não entendem e sempre discutimos o conteúdo do que lemos.

Ao ler "O Evangelho Segundo o Espiritismo" no original, houve uma dificuldade de ler o texto (usamos a tradução de Guillon Ribeiro), e um aumento da dificuldade de entendê-lo, pelas muitas paradas, palavras "engasgadas" e desconhecidas. Optamos então por prepararmos a leitura, os pais, e apenas explicar o conteúdo, o que não foi de agrado geral.

Semana passada minha esposa encontrou no meio de seus livros de evangelização, "O evangelho segundo o espiritismo para jovens", escrito por Laura Bergallo, que é uma escritora premiada por seus livros infanto-juvenis e editora.

Minha filha de treze anos dispôs-se a ler a parte "Diferentes categorias de mundos habitados", após a reclamação de que este assunto já havia sido muito estudado no Centro Espírita. Ela leu fluentemente e entendeu a parte. Sobreveio uma discussão conceitual sobre a diferença entre mundos felizes e mundos divinos. Houve alguma decepção com a classificação do nosso planeta na escala de Kardec. Enfim, o texto foi lido, seu sentido compreendido e discutido, que é o que mais esperamos em uma reunião familiar. 

Ainda não li o livro como um todo, mas vou correr o risco de recomendá-lo, assim como "O livrinho dos espíritos" que a autora publicou pelo Centro Espírita Léon Denis, segundo encontrei  na internet.