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23.12.15

POESIA DE MEIMEI SOBRE O NATAL




Fiquei aqui pensando o que publicar por época do Natal. Passei em revista as publicações dos outros anos e tive boas recordações. Reli uma mensagem ditada pelo Companheiro de Trabalhos em 2007:


Quase a publiquei novamente, até que recordei de uma mensagem de Meimei, que li na juventude e desejo compartilhar com o leitor.


Canção para Jesus

Desejava, Jesus,
Ter um grande armazém
De bondade constante
Maior do que os maiores que conheço
Para entregar sem preço
As criaturas de qualquer idade
As encomendas de felicidade
Sem perguntar a quem.

Eu desejava ter um braço mágico
Que afagasse os doentes
Sem qualquer distinção
E um lar onde coubesse
Todas as criancinhas
Para que não sentissem solidão.
Desejava, Senhor,
Todo um parque de amor
Com flores que cantassem,
Embalando os pequeninos
Que se encontram no leito
Sem poderem sair,
E uma loja de esperança
Para todas as mães.

Eu queria ter comigo
Uma estrela em cuja luz
Nunca pudesse ver
Os defeitos do próximo
E dispor de uma fonte cristalina
De água suave e doce
Que pudesse apagar
Toda palavra que não fosse
Vida e felicidade.

Eu queria plantar
Um jardim de união
Junto de cada moradia
Para que as criaturas se inspirassem
No perfume da paz e da alegria.
Eu queria, Jesus,
Ter os teus olhos
Retratados nos meus
A fim de achar nos outros,
Nos outros que me cercam,
Filhos de Deus
E meus irmãos que devo compreender e respeitar.

Desejava, Senhor, que a bênção do Natal
Estivesse entre nós, dia por dia,
E queria ter sido
Uma gota de orvalho
Na noite em que nasceste
A refletir,
Na pequenez de minha condição,
A luz que vinha da canção
Entoada nos Céus:
- “Glória a Deus nas Alturas,
Paz na Terra,
Boa Vontade em tudo,
Agora e para sempre!...”

Meimei / Chico Xavier


Feliz Natal a todos e obrigado pela companhia ao longo de 2015!

22.12.15

CANTATA DE NATAL NA UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA




Sábado à tardinha. Rodamos três vezes o quarteirão (quadra, para os de fora de Minas Gerais) da rua Guarani, em busca de um estacionamento ou vaga de estacionamento. Os estacionamentos estavam fechando e não nos aceitavam, quando finalmente conseguimos uma vaga “milagrosa”. Já estávamos quase desistindo.

Entrar na União Espírita Mineira depois de tantos anos não foi um ato sem emoção. Estávamos indo para a Cantata de Natal, evento que acontece anualmente. A livraria estava fechada (que tristeza) e havia uma portaria improvisada. Com as portas semicerradas, alguém poderia ter achado que a federativa estava fechada.

Subi as mesmas escadas até o salão. Ato contínuo e semanal quando meu pai estava ainda encarnado e era responsável pelo ciclo de estudos sobre mediunidade na salinha do final do segundo andar. O auditório continuava o mesmo. Trezentas cadeiras de madeira no primeiro andar e um balcão imenso no segundo andar. Alguns ventiladores fixos nas paredes laterais lutavam contra o calor, mas era uma luta quixotesca. O público já havia ocupado os lugares ao alcance do vento, quando conseguimos alguns lugares na última fileira. A casa estava cheia.

Afonso e Wadson nos abraçaram. Estavam de pé, cuidadosos, como anfitriões do evento. Procurei entre a multidão e não encontrei ninguém da diretoria antiga. Talvez alguns dos trabalhadores desta casa que conheci estivessem por lá, já sem o corpo físico.

Marcelo Gardini terminava as últimas palavras da apresentação, possivelmente em nome da diretoria. Os atos musicais começaram. Não conhecíamos o primeiro grupo, nem suas músicas. As vozes eram bonitas e o uso de tons dissonantes lembrou um pouco a melodia da bossa nova. A música sobre o evangelho no lar soou didática.

Tim e Vanessa apresentaram-se, profissionais. A poesia das canções de Gladston Lage invadiu a alma dos que ouviam. Personagens do evangelho ganharam vida. João, Pedro... Depois o público os acompanhou em seu último número, uníssono. Eram quatrocentas vozes um pouco tímidas e uma canção.

Mais um grupo, desfalcado de um de seus membros, que foi substituído, entrou em cena com baixo e violão. Duas vozes masculinas e uma feminina. Como curiosidade, encerrou sua apresentação com uma canção em estilo “country” norte-americano.

O grupo Laboro iniciou sua peça, “O Encontro”. Quando ou vi o nome de D’Arsonval, lembrei-me do personagem de Humberto de Campos/Irmão X, pela pena de Chico Xavier. A trupe encadeou o texto simples com ensinos espíritas e situações circenses, que deixaram a apresentação mais leve. Mendigos entremearam personagens medievais, às vezes temperados à brasileira. D’Arsonval finalmente encontrou-se com Jesus, a quem apenas havia deixado esmolas generosas ao longo da história.



Tivemos que sair mais cedo, em função de compromissos já assumidos.


A Cantata foi um sucesso de público, mas o prédio histórico da União Espírita Mineira encheu minha alma de tristeza. Quase cinquenta anos se passaram desde que fui pela primeira vez, menino ainda, e ele continua, essencialmente, com sua mesma estrutura. A Sede Federativa ainda não tem um auditório com capacidade ampla ou uma estrutura de centro de eventos, capaz de tornar real toda a potencialidade da cantata, por exemplo. Recordei-me de Virgílio Almeida. Como sua capacidade de empreender, agregar e construir está fazendo falta! Pedi aos diretores da “velha guarda”, hoje no plano espiritual, um grande presente: um movimento espírita que se importe com sua federativa e que pudesse se unir para dar-se o presente de uma casa capaz de realizar os projetos cujo fôlego exigisse mais que um centro espírita, e cuja abrangência pudesse ser todo o estado que um dia foi sede dos desejos de justiça e modernidade dos inconfidentes.

18.12.15

ASSOCIAÇÃO ESPÍRITA CÉLIA XAVIER FARÁ SETENTA ANOS EM 2015

A casa que frequento há mais de três décadas está comemorando 70 anos de funcionamento neste mês. Para marcar esta data, estamos escrevendo uma série de artigos que está sendo publicada no nosso boletim digital, intitulado “Conheça Aqui”.

Da dor da perda de uma jovem filha, passando pela doação de terrenos e campanhas de obtenção de recursos, hoje a Associação Espírita Célia Xavier conta com quatro unidades localizadas em lugares diferentes da grande Belo Horizonte: Prado, Salgado Filho, Citrolândia (Betim) e Rosaneves (Ribeirão das Neves).

Conheça um pouco da história de cada uma destas realizações, que hoje possivelmente seriam consideradas não apenas como instituições religiosas, mas também como empreendimentos sociais.




 Criação da sede da Associação, no Prado – Belo Horizonte





Criação do Lar Espírita Esperança, no Salgado Filho – Belo Horizonte


Criação da Casa de Etelvina, em Citrolândia – Betim





Criação de Nova Luz, em Rosaneves – Ribeirão das Neves


10.12.15

CAMPANHA DE LIVROS ESPÍRITAS PARA O JAPÃO



No ano de 2015, a comunidade espírita japonesa iniciou uma campanha de doação de livros espíritas, para diversos objetivos.


Eles têm um trabalho nas prisões japonesas, onde identificam os presidiários que se interessam pelo espiritismo. Eles visitam estes presidiários, doam "O evangelho segundo o espiritismo" e os auxiliam no entendimento da leitura. Nesta campanha foram doadas 100 unidades de "O evangelho segundo o espiritismo", que duram apenas poucos meses. Interessa a eles livros em português, espanhol e inglês.



A Associação de Divulgadores Espíritas está fundando bibliotecas no Japão. Recentemente receberam os livros abaixo, que foram motivo de alegria para os membros da ADE. Eles pretendem formar duas bibliotecas, uma em Aichi-Ken e outra em Gunma-Ken.




Venho convidar os leitores do Espiritismo Comentado a auxiliar os espírita japoneses. Eles têm trabalhado de forma articulada, e as doações desta campanha atingem muitas casas e cidades do Japão. Peço que doem livros novos, para que possam chegar em bom estado no outro lado do mundo.


Os brasileiros que moram no Japão, via de regra, são trabalhadores que às vezes dispendem doze horas diárias em sua jornada de trabalho. Eles enfrentam o alto custo imobiliário para poderem se reunir, e têm usado de sua criatividade e vontade forte para divulgar o espiritismo no Japão. 




Agradeço ao Adalberto o carinho para conosco, e desejo a todos os "tomodatis" japoneses sucesso em seus trabalhos. 

2.12.15

O MÉDIUM DE JERÔNIMO DE PRAGA ESTUDOU O CRISTIANISMO




Léon Denis publicou em 1900 um livro intitulado “Cristianismo e espiritismo”, que li nos anos 1980, mas confesso que à época saltei a introdução e o prefácio. Depois o consultei muitas vezes e preparei estudos com ele, mas não voltei a estes dois escritos.

Com o passar dos anos, fiquei fã dos prefácios do autor francês, porque ele costuma explicar e contextualizar seus livros.

Na introdução do livro, Denis se preocupou muito em explicar que seu trabalho não é um ataque ao catolicismo, religião que ele abandonou ainda jovem pela “filosofia espírita”. Ele se detém na exterioridade do catolicismo (que confessa ainda causar algum encanto nele) para elogiar a interioridade do protestantismo, que parece ter conhecido a partir de algumas das fontes que ele consultou para escrever sobre o cristianismo.

Minha primeira surpresa foi identificar algumas ideias de origem deísta ou da religião natural que encontrei em sua argumentação inicial. Elas influenciaram a constituição do espiritismo, embora este não possa ser reduzido a elas.

“Consagramo-nos à tarefa de destacar da sombra das idades, da confusão dos textos e dos fatos, o pensamento básico, pensamento de vida, que é a fonte pura, o foco intenso e radioso do Cristianismo, ao mesmo tempo que a explicação dos estranhos fenômenos que caracterizam as suas origens, fenômenos renováveis sempre, que efetivamente se renovam todos os dias sob os nossos olhos e podem ser explicados mediante leis naturais.” (p. 8 e 9)

No prefácio, escrito dez anos depois, Denis não poupou críticas ao catolicismo. Este havia sido separado definitivamente do estado francês, pelo que pude entender, a partir de uma lei conhecida como concordata, que proibiu o ensino religioso para a infância e a juventude, tornando-o leigo.

O autor analisou o declínio da influência do catolicismo na sociedade francesa, tendo ficado restrito a “um punhado de adeptos”. Ele afirma que a igreja vivia uma crise com o direito novo francês.

Denis entende que há uma doutrina cristã, pura (p. 10), que não se confunde com o catolicismo, construído após Constantino (p. 18), que acabou por influenciá-lo na direção da hierarquização, da politização em favor dos “grandes e poderosos”, da teologização que a afastou do “sermão da montanha”. (p. 19)

“Jesus não havia fundado a religião do Calvário para dominar os povos e os reis, mas para libertar as almas do jugo da matéria e pregar, pela palavra e pelo exemplo, o único dogma de redenção: o amor.” (p. 21)

Não posso deixar de comentar que o filósofo espírita deteve-se no espírito de sua época, preocupado com o hedonismo e o materialismo, posicionando-se, como Kardec, na oposição das “filosofias negativas” (p.13) Ele mergulhou na essência do Cristianismo para fazer oposição a ideologias que defendiam uma vida sem sentido, o fim da existência com a morte do corpo, “sofrimentos inúteis”, “trabalho sem proveito” e “provas sem compensação”. Estaria Denis fazendo uma menção a Nietzsche, ou a Darwin, quando escreveu o parágrafo abaixo?
“Em lugar desse campo cerrado da vida em que os fracos sucumbem fatalmente, em lugar dessa gigantesca e cega máquina do mundo que tritura as existências e de que nos falam as filosofias negativas, o Novo Espiritualismo fará surgir, aos olhos dos que pesquisam e dos que sofrem, a portentosa visão de um mundo de equidade, de amor e de justiça, onde tudo é regulado com ordem, sabedoria, harmonicamente.” (p. 13)

Assim Denis iniciou uma obra que aborda o cristianismo em uma perspectiva histórica e filosófica, e que encerra-se com a contribuição das descobertas experimentais da vida após a morte, da reencarnação e da mediunidade que o espiritismo trouxe com suas pesquisas. Ele articula cristianismo e espiritismo nas luzes do novo século, dando sua própria contribuição em forma de pesquisa e reflexão ao trabalho iniciado por Allan Kardec em 1864, com a publicação de “O evangelho segundo o espiritismo”.