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30.9.19

CONVERSANDO COM OS ESPÍRITAS: SÃO BERNARDO E CONTAGEM


Placa de 1960


Nas duas semanas que se passaram fizemos o 10º e o 11º seminários sobre o livro "Conversando com os espíritos", em São Bernardo do Campo - São Paulo, organizado pelo Lar da Criança Emmanuel e em Contagem - MG, organizado pela Aliança Municipal Espírita de Contagem.

Além do seminário, autografamos livros. No caso de São Bernardo, o valor que eles conseguiram obter com a venda foi para a creche mantida pela instituição há décadas. Em Contagem, os organizadores calcularam o lucro obtido, adquiriram mais livros com ele e os sortearam entre as instituições presentes. Os livros foram para as bibliotecas, servir a mais leitores.

O empenho dos organizadores na divulgação dos eventos atraiu espíritas não só da casa onde o evento acontecia, mas também de outras casas e de cidades vizinhas.


O Lar da Criança Emmanuel hoje, em São Bernardo do Campo - SP

Perguntando quem "conhecia O livro dos espíritos" e quem participava de reuniões mediúnicas, mais de noventa por cento dos presentes respondia afirmativamente. O conhecimento e a experiência de todos permitia uma participação mais qualificada, perguntas muito procedentes, troca de experiências muito rica.

O que mais me toca é a relação entre os espíritas. Muitos amigos de longa data que se encontram e se abraçam, fazem brincadeiras entre si, têm satisfação em falar dos seus trabalhos que fazem voluntariamente... Lembram-me os colonizadores norte-americanos, que se uniam para enfrentar problemas comuns, só que o problema deles é a dor alheia.

Nesse clima de fraternidade, os seminários começam sempre com um grau de expectativa, já que os participantes não conhecem o expositor, e aos poucos as resistências vão sendo quebradas, e os presentes vão reconhecendo nas narrativas e análises a sua própria experiência com mediunidade.


Vista parcial do público em São Bernardo do Campo

Creio que muitos veem novos caminhos no diálogo com os espíritos, na medida em que vão assistindo ao seminário. Contam histórias, pensam em voz alta, às vezes discordam com urbanidade, questionam bastante.

Acho que essa comunidade de propósitos faz uma mágica com o tempo, que passa rapidamente. Pouquíssimos participantes se sentem cansados após quatro horas de estudos (e um lanchinho, porque ninguém é de ferro). Ao final, fica uma impressão que ainda há muito o que ser visto e estudado, e muitas pessoas levam para casa não só o livro Conversando com os espíritos, mas também os livros O observador e outras histórias e Casos e descasos na casa espírita, fruto da nossa experiência mediúnica.

O expositor sempre recebe mais que doa. Sente o bem-estar de quando é lembrado nas preces, o carinho das pessoas que nunca o viram antes, mas o abraçam como se fossem amigos há muitos anos, agradece a confiança dos que compartilham suas experiências, em público ou nos momentos em que é possível conversar. Nem sempre dá para lanchar, por mais que os organizadores se preocupem e tragam o que comer e beber, mas sempre há o alimento espiritual.


Grupo Espírita Francisco de Assis nos acolheu em Contagem pela AME-Contagem

Nesses eventos lembro-me do conselho de Washington Fernandes, para que a doença não interrompesse o trabalho. E a doença, nessas horas, fica esquecida. Só aparece no meio das histórias contadas, como se fosse apenas um percalço, um incidente no caminho. Deixa de ser o centro das atenções e dos cuidados, e, talvez por isso, temporariamente esquecida, como se não existisse.

Agradeço a todos os que nos foram ver e ficaram até o final! Temos algo em comum, algo que nos liga uns aos outros, e, nesses tempos bicudos de notícias de corrupção e ódio, o que nos liga é a caridade cristã e a convergência de propósitos. Muito grato!

Prometi aos participantes do seminário de Contagem que responderia no EC as perguntas escritas que me foram dirigidas, mas que não tivemos tempo de responder. Vou colocá-las em conjunto com as perguntas do seminário no Thiago Maior, e começar a responder aos poucos. Obrigado a todos os que trabalharam e participaram para que os encontros se materializassem!

17.9.19

VAMOS ESCREVER TRABALHOS PARA O 16º ENLIHPE?



Já se iniciaram os trabalhos para o 16º Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo. Comemoramos 100 anos de publicação do livro "A Loucura sob novo prisma", de Bezerra de Menezes e 120 anos da desencarnação dele em 2020. Em memória às contribuições dele ao movimento e ao seu livro preferido, segundo Luciano Klein Filho, o tema de nosso encontro será "Psicopatologia e Espiritismo". Aguardamos trabalhos que tratem de história e pesquisa sobre o tema, como nos anos anteriores. 



16º ENCONTRO NACIONAL DA LIGA DE PESQUISADORES DO ESPIRITISMO
Tema central: Psicopatologia e Espiritismo
29 e 30 de agosto de 2020
Vitória - ES

CHAMADA DE TRABALHOS

Apresentação
O Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo (ENLIHPE) é um espaço privilegiado no contexto brasileiro para apresentação e discussão de propostas e trabalhos de investigação científica sobre a temática espírita. O sucesso alcançado nos anos anteriores tem atraído pesquisadores de todo o Brasil, interessados na divulgação e discussão de seus estudos.
Um dos diferenciais do ENLIHPE é o seu formato, o qual incentiva a formação de redes de pesquisa e promove a aproximação de estudiosos de diferentes áreas do conhecimento.

Instruções aos autores

A data final para submissão de trabalhos é 31 de março 2020.
A confirmação do recebimento e o parecer da Comissão Científica sobre o artigo serão enviados eletronicamente ao e-mail do remetente. A avaliação será feita utilizando-se o sistema Double Blind Review, no qual o trabalho é avaliado anonimamente por dois membros da Comissão Científica do encontro.
Os trabalhos podem ser submetidos em qualquer área do conhecimento, desde que relacionado à temática espírita, em forma de artigo científico, conforme procedimentos definidos a seguir:

Artigo científico
O artigo deverá ser gravado em dois arquivos:
ARQUIVO 1 – contendo o(s) nome(s) do(s) autor(es), o título e o resumo do artigo;
ARQUIVO 2 – contendo o título, o resumo e o texto integral do artigo, sem qualquer identificação de autoria.

Submissões de trabalhos
Envie os arquivos para 16enlihpe@lihpe.net

Formato do Trabalho:
Tipo de arquivo: Microsoft Word (97 ou superior)
Número máximo de páginas: 15 (quinze)
Configuração das páginas
Margens: superior 3 cm; inferior 2 cm; esquerda 3 cm; direita 2 cm.
Tamanho do papel: A4 (largura 21 cm; altura 29,7 cm)
Fonte: Times New Roman, tamanho 12
Formato do parágrafo: Recuo especial: primeira linha 1,25 cm
Espaçamento entre linhas: simples.
Figuras, tabelas e gráficos: Fonte Times New Roman, tamanho 8 a 12
Resumo: Mínimo de 1150 caracteres (aproximadamente 10 linhas), máximo de 1750 caracteres (aproximadamente 15 linhas)
Revisão ortográfica a cargo dos autores

Informações adicionais: Envie mensagem para 16enlihpe@lihpe.net

Organização do evento: Federação Espírita do Estado do Espírito Santo – FEEES
Endereço: Rua Álvaro Sarlo, 35 – Ilha de Santa Maria – Vitória/ES



Não deixe para a última hora! Este ano desejamos evitar prorrogações de prazos que tanto prejudicam a divulgação do evento e a elaboração do livro com trabalhos escolhidos.

Agradeço à Mocidade da Associação Espírita Célia Xavier na pessoa de um dos seus coordenadores o Marcus Vinícius Papa Lobo, o auxílio compromissado com a divulgação do evento.

14.9.19

A TEORIA DA PRESCIÊNCIA EXPOSTA POR ALLAN KARDEC

O muro das lamentações, parte que sobrou "de um muro de arrimo que sustentava" o segundo Templo de Jerusalém


Jáder Sampaio


Estávamos discutindo o tema da transição , ao mesmo tempo falado e polêmico, em um grande centro espírita de Belo Horizonte, e retomamos os conceitos centrais do gênero apocalíptico, para argumentar em favor da existência de uma mentalidade apocalíptica existente em nossa cultura brasileira e cristã ocidental.

Os textos em que Kardec trata dos discursos apocalípticos de Jesus, geralmente conhecidos como o Sermão Profético, estão nos dois últimos capítulos do livro A Gênese. Para entendê-los, é necessário ler o capítulo 16, que trata da teoria da presciência.

Nesse capítulo em específico, Kardec não entende as predições como uma visão antecipada e detalhada dos fatos futuros, uma espécie de antevisão do que acontecerá. O vidente ou profeta não vê através do tempo segundo essa teoria. Allan Kardec faz uma imagem, de um homem que se encontra sobre uma montanha e é capaz de ver o caminho pelo qual um viajante irá trilhar. Ele é capaz de ver o que vem à frente, mas não é capaz de precisar exatamente quando o viajante chegará lá, porque o ritmo da caminhada depende do último. Dessa forma o fundador do espiritismo articula as ideias de livre arbítrio individual e presciência.

“... os detalhes e o modo de execução se encontram subordinados às circunstâncias e ao livre arbítrio dos homens, podem ser eventuais os caminhos e os meios” (cap. 16, item 14).

E para que não fique obscuro, Kardec exemplifica:

“É assim ... que os Espíritos podem, pelo conjunto das circunstâncias, prever que uma guerra se acha mais ou menos próxima, que é inevitável, sem, contudo, poderem predizer o dia em que começará, nem os incidentes pormenorizados que possam ser modificados pela vontade dos homens.”  (cap. 16, item 14)

E ao desenvolver essa questão, Kardec ainda reafirma:

“Por isso os Espíritos verdadeiramente sensatos nunca predizem coisa alguma para épocas determinadas, limitando-se a prevenir-nos do seguimento das coisas que nos seja útil conhecer.” (cap. 16, item 16)

Ao empregar o raciocínio da teoria da presciência para explicar a previsão de Jesus sobre a destruição do segundo templo de Jerusalém, se vê que possivelmente ele conhecia como agiam os romanos e como reagiam os judeus. Ele conhecia as histórias de resistência como a dos Macabeus contra a helenização do povo judeu por Epifanes Antíoco no século 2 a. C., mais que ninguém ele conhecia a esperança do surgimento de um messias guerreiro que salvaria o povo judeu da dominação romana, e também sabia que os romanos não perdoavam insurreições, destruindo, matando e repovoando os territórios com sua própria gente, geralmente militares que participaram das campanhas.

- Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada . (Mateus 24:2)


Como seria o segundo templo de Jerusalém

Disse Jesus sobre o Templo, talvez se referindo à civilização judaica nas terras da palestina.

Um participante da palestra reagiu.

- Isso não! Ele disse. Jesus sabia tudo!

Saber tudo, ou onisciência, seria uma qualidade de Deus, consequência de sua eternidade, segundo Fénelon, que julgamos, a partir do pensamento espírita, tratar-se de um ser distinto de Jesus e de todos os demais Espíritos. O opositor tem razão em nos questionar nossa capacidade de saber o que se passa ou não na mente de Jesus de Nazaré, mas se a teoria da presciência exposta em A Gênese, estiver correta, seria algo semelhante ao exposto que teria acontecido.

A divinização de Jesus é algo que dificilmente aconteceu na Judeia, tão ciosa de seu Deus Único. Possivelmente ocorreu na exposição do cristianismo à cultura romana, na qual a multiplicidade de deuses foi uma das formas encontradas para a consolidação do seu pacto civilizatório, e mesmo Jesus esteve próximo de ser aceito como Deus pelo senado romano.

- Eu fico com a minha ideia e você fica com a sua! Ele afirmou após uma tentativa de argumentação da minha parte. Só um reparo, não se trata da minha ideia, mas da teoria da presciência desenvolvida por Allan Kardec. No mais, ele ficará mesmo com sua ideia, graças à democracia e o laicismo do Estado brasileiro, que protege as crenças institucionalizadas e, ainda mais as crenças pessoais. Todavia, um exame rápido nos permite concluir que sua crença pessoal não é coerente com o pensamento espírita.

Estudar o espiritismo é aceitar a possibilidade de romper com o nosso passado atávico cultural e rever ideias à luz da razão e da evidência empírica. 

Referências:

FÉNELON. Tratado da existência e dos atributos de Deus: provas da existência de Deus. S.d., Salus, 2015. [Tradução de Roberto Leal Ferreira e comercialização sob a forma de e-book pela Amazon.com.br]

KARDEC, Allan. A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo. Brasília, FEB, 2018. [Tradução da primeira edição francesa por Evandro Noleto Bezerra]

4.9.19

SENADO FEDERAL HOMENAGEIA BEZERRA DE MENEZES




O Senado Federal, a partir de iniciativa do senador Eduardo Girão e de parlamentares de orientação política diversa realizou uma sessão extraordinária para homenagear Adolfo (e não Antônio) Bezerra de Menezes, médico cearense, muito importante na história do espiritismo no Brasil.

Dois expositores espíritas trataram de Bezerra: Luciano Klein Filho, historiador e José Carlos de Lucca, juiz de direito.

Alexandre Caldini optou por falar do espiritismo para o público presente e a sociedade brasileira, escolhendo idéias básicas do pensamento espírita e expondo de maneira clara e fácil. Sua noção de religião é polêmica, mas se a religião for entendida como ele delimita o termo, o espiritismo não teria nada a ver com ela. 

Dois parlamentares, também falam rapidamente de Bezerra de Menezes, um deles se identificando com o espiritismo.

Recomendo aos leitores do Espiritismo Comentado que ouçam e reflitam sobre a homenagem prestada e a importância dos atos do homem que foi homenageado, bem como da imagem social que lhe é associada.