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6.7.16

CARLOS ALVARADO ESCREVE SOBRE POSSIBILIDADES DE ESTUDOS DE TRANSE MEDIÚNICO


Foto: Richard Hodgson



O pesquisador Carlos Alvarado, Phd em Psicologia, com mestrados em história e parapsicologia, publicou em 2010 um artigo sobre pesquisas com “mediunidade mental”, conceito que parece equivaler-se ao de mediunidade de efeitos inteligentes, que empregamos hoje sob a influência de Kardec e André Luiz.

Essencialmente ele discute uma série de variáveis associadas ao fenômeno mediúnico que foram analisadas pontualmente na literatura da pesquisa mediúnica, mas que podem ser mais profundamente discutidas e melhor compreendidas.

Eu me deterei nesta matéria apenas na questão do transe.

Alvarado entende que esta palavra é problemática, porque “além de ser usada para se referir a uma variedade de estados de consciência aparentes”, tem-se que levar em consideração que “pode se manifestar em graus”. Pekala e Kulmar, citados por ele, afirmam que, em hipnose, o conceito é mal definido e não foi devidamente operacionalizado. Já li alguma coisa sobre o assunto, e há uma tentativa de delimitação dos graus de transe, como, por exemplo, em um transe profundo, a não reatividade do sujeito em um determinado grau à dor, que é produzida por picadas de alfinete na pele, por exemplo, mas desconheço estudos recentes que analisem estes critérios.

Hyslop, pesquisador da American Society for Psychical Research, afirmou que no transe, o médium “mais ou menos exclui sua própria mente ou pensamentos, seja do entrelaçamento ou seja do controle da mensagem”.

Ele se detém em um episódio descrito com a Sra. Piper, médium norte-americana, que apresentava convulsões no início de seus transes e houve descrição deste comportamento no final deles. Carlos Alvarado sugere que se estude a prevalência desta reação entre os médiuns, uma vez que não é comum.

Hodgson descreveu estágios de transe em Piper. No estágio inicial, ela estaria consciente do consulente e dos espíritos. Depois ela teria consciência de estar “em relação direta com um outro mundo”. Em uma terceira fase, ela perderia capacidade de controlar seu corpo e esta função ficaria a encargo da “consciência supraliminar” (acima da consciência dos estímulos, termo criado por Myers). Em linguagem espírita, ele estaria se referindo ao que André Luiz chama de fenômenos de incorporação, e Kardec de possessão, em A Gênese? Depois o pesquisador descreve que estes estágios vão acontecendo ao contrário, no término do transe.

Alvarado conclui esta parte de seu texto, sugerindo o emprego de técnicas psicofisiológicas modernas no estudo dos estados de transe dos médiuns.


Alvarado, Carlos. Investigating mental mediums: research suggestions from the historical literature. Journal of scientific exploration, vol. 24, n. 2, p. 197-224, 2010.

4.6.16

FLAMMARION, O POETA REENCARNADO

Camille Flammarion e Dom Alonso de Ercilla y Zuñiga


Karl Muller reproduziu uma história intrigante. O astrônomo Camille Flammarion publicou na Revue Spirite, em janeiro de 1925 que havia conhecido um espírito que se comunicava através de um médium em transe no século XVI, quando ele houvera sido Dom Alonso de Ercilla y Zuniga (1533-1594).

Flammarion leu a biografia do poeta e viu que ele havia sido condenado por decapitação, quando estava no Chile, e que sua sentença havia sido revogada. Ele lembrou-se, depois disto, que tivera pesadelos nos quais desejavam decapitá-lo, e acordava perturbado, mas nunca sonhara que havia sido realmente decapitado.

Neste episódio não se pode falar em provas de reencarnação, mas muito provavelmente a revelação espiritual causou forte impressão em Camille, em função de seus sonhos. Embora alguns tipos de sonhos sejam comuns, como sonhar que se está voando, na literatura que estudei sobre este fenômeno psicológico, nunca vi relacionado como sendo comum um sonho de decapitação, ou o medo de ser decapitado. 

Zuñiga era poeta, chegando a ser destacado por Cervantes. Até onde sei, Flammarion não publicou poesias, mas era um cientista curioso, porque escrevia romances e narrativas, ao contrário de seus colegas, cuja grande maioria aprende a escrever segundo as regras das ciências, que exige objetividade e reprime a imaginação, obriga abandonar as figuras de linguagem pela comunicação direta e sem polissemia, além de condenar outros recursos usados pelos literatos.

Flammarion e Zuñiga lutaram em guerras. O espanhol viajou ao Peru e ao Chile, onde lutou por sua pátria contra os Mapuches, e Flammarion participou da Guerra Franco-Prussiana como capitão. Seu papel e de seus companheiros era observar com lunetas, do alto de um castelo, as posições dos alemães e sua artilharia, identificando posições do inimigo.

Conhecemos pouco de Dom Alonso para fazer qualquer comparação entre sua personalidade e a de Camille, que é mais conhecida em função de suas publicações autobiográficas.

Ainda não tive acesso à Revista Espírita citada, porque a Encyclopedie Spirite, que tem publicado em francês os números posteriores a Kardec, encontra-se ainda em dezembro de 1924, um mês antes do artigo de Flammarion citado por Karl Muller.

Fonte: Muller, Karl. A reencarnação baseada em fatos. 4 ed. São Paulo, Edicel, 1986.p. 242

16.4.16

ARNALDO ROCHA APRESENTA SUAS MEMÓRIAS DA VIVÊNCIA COM CHICO XAVIER




Encontrei este vídeo que apresenta uma entrevista feita por Wagner Paixão e Haroldo Dutra com o conhecido espírita da capital mineira, Arnaldo Rocha. O entrevistado conversa de forma franca e pessoal, fala de suas impressões e baixa os olhos como quem recupera histórias do fundo da mente. Arnaldo às vezes ri, às vezes se emociona. Ele, em sua franqueza, é imensamente humano, não ocultando suas vergonhas, seus atos impulsivos, seus pequenos arrependimentos.

Além de Chico Xavier, que foi muito presente em sua vida, ele apresenta memórias das sessões com Yvonne Pereira,  as sessões de materialização que ele presenciou, Rubens Romanelli, Clóvis Tavares, Peixotinho, entre outros.

A simplicidade de Arnaldo não consegue ocultar seu conhecimento do espiritismo e da obra psicografada de Chico, que aparece nos comentários e nas explicações. Esta entrevista pública nos mostra a relevância da história oral, capaz de perceber dimensões que não se encontram nos documentos, ainda que evidencie a forma peculiar das pessoas recordarem e narrarem o que vivenciaram.

2.4.16

O QUE É MEDIANÍMICO?




Estamos estudando o livro “O transe e mediunidade” de Lamartine Palhano Jr em um subgrupo da Liga de Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE.

Uma palavra que chamou a atenção desde a introdução é medianímico (adjetivo), cujo substantivo é medianimidade (tradução de Evandro Noleto Bezerra), empregado como quase sinônimo de mediunidade. Esta palavra se encontra no dicionário Laudelino Freire, definida da seguinte forma:

“Medianimidade. s.f. Lat medius + animus + dade. Estado ou propriedade de medianímico”

E por medianímico ele define da seguinte forma: adj. Medius + animus + ico. Espir. 1. Que tem a qualidade ou a faculdade de médium. 2. Relativo a médium."

Kardec define medianimidade como “faculdade dos médiuns. Sinônimo de mediunidade. Estas duas palavras são, com frequência, empregadas indiferentemente. Caso se queira fazer uma distinção, poder-se-á dizer que mediunidade tem um sentido mais geral e medianimidade um sentido mais restrito. Ele possui o dom da medianimidade. – A medianimidade mecânica” (transcrito de O Livro dos Médiuns, ebook,  tradução de Evandro Noleto Bezerra).

Pelo que se pode entender, já se usava no francês a palavra medianimidade, senão Kardec teria informado que ele havia criado a palavra, assim como o fez em outras situações. Nesta definição, ele parece querer usar com um sentido mais preciso, pouco distinto de mediunidade, mas este texto é muito resumido para se ter clareza sobre o sentido das duas palavras usado por Kardec.

Resolvi, então, pesquisar nos originais franceses onde Kardec usa “medianimidade”. Logo encontrei um problema, já conhecido pelo editor de Palhano.

Na primeira edição há um erro na palavra “medianimique” e ela sai como “mediaminique”, erro que Kardec corrigirá nas outras edições. (No site do IPEAK há a segunda, a sexta e a décima primeira no original francês).

Na segunda edição,  a palavra medianimidade aparece no capítulo XXII, “Da Medianimidade dos Animais” (por que Noleto não traduziu o título assim?) e fica apenas neste capítulo (curiosidade: Kardec não publicou este capítulo na primeira edição de O Livro dos Médiuns).

Procurei, então a palavra medianímico (fr. medianimique) que aparece na introdução e ao longo do livro (a faculdade medianímica), no capítulo II, IV (poder medianímico), no capítulo V (influência medianímica, aparelho eletromedianímico e fatos medianímicos, no capítulo XVIII (via medianímica),  no capítulo XX (aparelhos medianímicos) da segunda edição do original francês. Observei que Kardec não usa o adjetivo mediumnique, e observei que os tradutores da FEB (Guillon Ribeiro e Evandro Noleto) traduziram a palavra medianimique por mediúnico. Evandro Noleto, contudo manteve a palavra medianímico ao traduzir o vocabulário com o texto da primeira edição (e apenas aí, curioso, não?), mas ao longo do texto foi traduzindo por mediúnico toda palavra medianimique que encontrou.

A que conclusões cheguei até o  momento? Kardec empregou as duas palavras mediunidade (fr. médiumnité) e medianimidade (fr. médianimité) praticamente como sinônimas. Não consegui identificar a leve diferença de sentido que ele explicita no vocabulário, em seu texto. Outro ponto importante, que para as duas palavras ele usou na segunda edição do francês o adjetivo “medianimique”, que foi traduzido por mediúnico pelos tradutores da FEB, ou seja, não deveria haver em português a palavra medianímico, que foi empregada diversas vezes por André Luiz no livro Nos Domínios da Mediunidade, senão como sinônimo de mediúnico.

De volta ao Palhano, no capítulo III ele define a palavra medianímico da seguinte forma: “Do latim medius – i = medianeiro, intermediário; do francês âme = alma)” e reproduz a definição do vocabulário. Vê-se que ele discorda de Laudelino Freire, que entende que a palavra não é híbrida, mas totalmente originária do latim, contudo, isto é uma questão menor. A questão maior é o sentido que ele imputa a Kardec e que não dá para encontrar na obra dele. Em síntese, ele diz que Kardec agregou em uma mesma expressão “os fenômenos anímicos  associados aos mediúnicos”. A palavra animismo não foi empregada por Kardec como é utilizada hoje pelos espíritas brasileiros. Afirmar que ele já empregava que a influência do médium pode ser chamada de animismo, por adjetivar médianimité e médiumnité, com a palavra medianimique, é um equívoco, como tento mostrar acima, e como entende também Laudelino Freire em seu dicionário tão abrangente.


Não se deve contudo, levar a crítica além das palavras e seus sentidos. Sabemos que os fenômenos mediúnicos, mesmo os mecânicos, sempre têm uma dose de animismo (ou seja, de intervenção do próprio médium), que é a ideia principal que Palhano defende em seu capítulo III. 

16.9.15

AMIGOS DESENCARNADOS


Marcellin Jobard (1792-1861)

No último sábado eu estava lendo uma conferência de Kardec publicada na Revista Espírita de 1864. Era o dia dos mortos, na França, e a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas iniciou uma comemoração que se repetiria nos anos seguintes: eles se reuniriam para dar “um testemunho particular de simpatia” para companheiros espíritas que já haviam desencarnado.

Kardec nomeia os ex-membros: Jobard, Sanson, Costeau, Hobach e Poudra. Ele também nomeia alguns dos espíritos que os assistiam nos trabalhos: João Evangelista, Erasto, Lamennais, Georges, François-Nicolas-Madeleine, Agostinho (considerado santo), Sonnet, Baluze, Vianney (Cura D’Ars), Jean Raynaud, Delphine de Girardin, Mesmer e os que tomam a designação de Espírito. O presidente da SPEE destaca Luiz (considerado santo), por “tomar a sociedade sobre seu patrocínio” e lhe faz uma menção especial no discurso.

Depois da palestra, sobreveio a parte mediúnica. Não há como não se emocionar com as mensagens de alguns dos homenageados, como Sanson, que comenta que Kardec era conhecido como pessoa que não elogiava ninguém, e diz-se sentir-se orgulhoso por ter sido lembrado. Hobach dirige-se ao amigo Canu, afirmando ser ele mesmo, frase que sugere alguma conversa que tiveram enquanto Hobach estava encarnado. Costeau dirige-se à esposa, ainda encarnada, e após agradecer as preces diz-lhe “Vamos, cara amiga, consola-te! ... Consola-te porque és mais feliz que muitas outras: tens irmãos que te amam, que são felizes por ver-te entre eles”.

Deixei a leitura do texto pela metade, porque era dia de nossa reunião mediúnica e o horário urgia. Esqueci-me do texto, preocupado com as ocupações da noite, e a reunião transcorreu normalmente.


Ada Eda em 2004

Quase ao final da reunião, um dos médiuns emocionou-se bastante. Ele dialogava mentalmente com nossa Ada Eda, dirigente do grupo que desencarnou há algum tempo, mas vez por outra é percebida por alguém em nossa casa. Ela desejava conversar com todos, com seu jeito italiano, emocional, que a tornou tão querida pelos membros do grupo. O médium sabia que não seria possível uma comunicação no “apagar das luzes” e pediu que ela passasse uma mensagem curta para cada um, uma palavra, que ele pudesse memorizar para externar após o término da reunião.

Eda foi qualificando cada um dos membros: estudioso, cuidador, trabalhador, singelo, alegre... Estavam presentes mais de dez, e ela teve um adjetivo para cada um, muito pertinente com as respectivas personalidades e vidas. O médium descreveu as reações dela ante cada um dos membros. Todos nos emocionamos, então, lembrei-me da leitura da tarde e contei a todos.


Momentos como este são raros no dia a dia de um grupo mediúnico. Sei que os que nunca participaram de uma reunião talvez se sintam desapontados por não eu não estar relatando fenômenos indubitáveis, ou acontecimentos que abalem as crenças da alma mais cética. Aqueles, contudo, que frequentam uma reunião mediúnica, talvez entendam o significado do evento que uniu a distante reunião francesa de 1864 ao pequeno grupo brasileiro em 2015.

2.2.15

SENSAÇÕES DOS MÉDIUNS




Em nossa reunião mediúnica, há um mês ou dois, estávamos em uma sala muito quente e abafada. O ventilador não conseguia, senão circular ar quente entre os membros, quando terminamos a parte de estudos e iniciamos as comunicações com os espíritos. Em pouco tempo, três comunicações simultâneas deram início.

Uma das comunicações despertou o tema deste texto. A médium começou a sentir frio, e o espírito relatou um acidente em um local muito frio, que provocou sua desencarnação. Como a médium pode sentir frio em um local tão quente? Se o espírito comunicante não está mais encarnado e também não se encontra no local em que desencarnou, por que relata sentir frio?

Nas pessoas encarnadas as sensações são frutos dos órgãos dos sentidos. Os olhos são uma espécie de transdutores de luz, que transformam as ondas luminosas de certa faixa de frequências em impulsos nervosos. Os ouvidos fazem o mesmo com ondas sonoras. Paladar e olfato transformam os sabores e odores; o tato transforma sensações de frio/calor, pressões sobre o corpo e movimentos. O sistema nervoso leva os impulsos ao cérebro. A teoria espírita entende que, no caso dos encarnados, estes impulsos são processados pelo Espírito, através do perispírito.

Os espíritos desencarnados não têm tato, porque se encontram desligados do seu organismo. Como podem sentir frio? Após conversar com diversos espíritos, Kardec concluiu que os relatos de sensações por espíritos são recordações, memórias (questões 256 e 257 de O Livro dos Espíritos), empregadas para descrever o estado em que se encontra. O fundador do espiritismo usa a expressão latina sensorium commune para deixar claro que não há no perispírito o equivalente aos sensores da derme ou da audição e que o Espírito sente como um todo. Em outras palavras, a consciência é uma faculdade espiritual, e não perispiritual. O Espírito desencarnado, contudo, ainda tem o registro das sensações que anteriormente eram recebidas do organismo, podendo trazê-las à consciência como evocamos uma recordação de infância.

Por que então, Espírito comunicante, e, por consequência, a médium, relatavam sentir frio? Por que o Espírito acreditava estar ainda em meio à neve. Ele não era capaz de perceber que se comunicava através de uma médium que estava em uma sala quente, porque se sentia ainda confuso após a desencarnação. O frio que a médium sentia é, portanto, uma percepção profunda da consciência um pouco perturbada do espírito comunicante.


Em situações como esta, dar a notícia da desencarnação é menos importante que dialogar com o comunicante. Ao nos relatar suas vivências, sentimentos e sensações, ele vai aos poucos organizando sua experiência e assenhorando-se dela. Ele pode passar de um estado de confusão, a um estado em que é capaz de se comunicar com outros espíritos em melhor estado, capazes de auxiliá-lo.

21.10.14

SENSAÇÕES DOS MÉDIUNS DURANTE A COMUNICAÇÃO



Em nossa última reunião mediúnica, estávamos em uma sala muito quente e abafada. O ventilador não conseguia, senão circular ar quente entre os membros, quando terminamos a parte de estudos e iniciamos as comunicações com os espíritos. Em pouco tempo, três comunicações simultâneas deram início.

Uma das comunicações despertou o tema deste texto. A médium começou a sentir frio, e o espírito relatou um acidente em um local muito frio, que provocou sua desencarnação. Como a médium pode sentir frio em um local tão quente? Se o espírito comunicante não está mais encarnado e também não se encontra no local em que desencarnou, por que relata sentir frio?

Nas pessoas encarnadas as sensações são frutos dos órgãos dos sentidos. Os olhos são uma espécie de transdutores de luz, que transformam as ondas luminosas de certa faixa de frequências em impulsos nervosos. Os ouvidos fazem o mesmo com ondas sonoras. Paladar e olfato transformam os sabores e odores; o tato transforma sensações de frio/calor, pressões sobre o corpo e movimentos. O sistema nervoso leva os impulsos ao cérebro. A teoria espírita entende que, no caso dos encarnados, estes impulsos são processados pelo Espírito, através do períspirito.

Os espíritos desencarnados não têm tato, porque se encontram desligados do seu organismo. Como podem sentir frio? Após conversar com diversos espíritos, Kardec concluiu que os relatos de sensações por espíritos são recordações, memórias (questões 256 e 257 de O Livro dos Espíritos), empregadas para descrever o estado em que se encontra. O fundador do espiritismo usa a expressão latina sensorium commune para deixar claro que não há no períspirito o equivalente aos sensores da derme ou da audição e que o Espírito sente como um todo. Em outras palavras, a consciência é uma faculdade espiritual, e não perispiritual. O Espírito desencarnado, contudo, ainda tem o registro das sensações que anteriormente eram recebidas do organismo, podendo trazê-las à consciência como evocamos uma recordação de infância.

Por que então, Espírito comunicante, e, por consequência, a médium, relatavam sentir frio? Por que o Espírito acreditava estar ainda em meio à neve. Ele não era capaz de perceber que se comunicava através de uma médium que estava em uma sala quente, porque se sentia ainda confuso após a desencarnação. O frio que a médium sentia é, portanto, uma percepção profunda da consciência um pouco perturbada do espírito comunicante.


Em situações como esta, dar a notícia da desencarnação é menos importante que dialogar com o comunicante. Ao nos relatar suas vivências, sentimentos e sensações, ele vai aos poucos organizando sua experiência e assenhorando-se dela. Ele pode passar de um estado de confusão, a um estado em que é capaz de se comunicar com outros espíritos em melhor estado, capazes de auxiliá-lo. 

17.10.14

POR QUE OS ESPÍRITOS APRESENTAM-SE TRAJADOS PARA OS MÉDIUNS?





Estamos estudando o livro Devassando o Invisível, de Yvonne Pereira, em nossa reunião mediúnica e fizemos uma espécie de estudo preparatório, sobre a vida da autora-médium. Pesquisa aqui e ali,  tivemos a satisfação de encontrar uma autobiografia nas páginas do Reformador de janeiro e fevereiro de 1982.

Yvonne fez apenas o ensino primário, que era equivalente à primeira metade do ensino fundamental dos dias de hoje. Ela, contudo, nunca deixou de ler e escrever, o que fez com que muitos de seus leitores perguntassem-lhe se era professora. Sempre me surpreendi favoravelmente com os detalhes dos romances que ela psicografou, acho que já tive a oportunidade de comentar anteriormente.

O capítulo 2 do “Devassando” é sobre as roupas dos espíritos. Talvez Yvonne tenha sido questionada sobre suas descrições detalhadas da aparência dos espíritos que percebia e aproveitasse a oportunidade para discutir a questão.

A médium de Tolstoi começa argumentando em Allan Kardec, e faz uma análise detida de dois capítulos importantes das obras dele: o capítulo 14 de A Gênese (que trata dos fluidos) e “O laboratório do mundo invisível”, de O Livro dos Médiuns. Vê-se que ela se baseia na teoria espírita para discutir a questão proposta. Depois Yvonne mostra seu conhecimento dos clássicos, citando Denis e Bozzano, com a finalidade não apenas de mostrar a posição dos autores, mas de resgatar em outras fontes descrições detalhadas das roupas dos espíritos percebidas por médiuns outros, que não ela, e distantes do seu meio de relações.

Observei que Yvonne não ficou fazendo comparações de trechos isolados dos autores, mas construiu um texto argumentativo que expõe claramente a literatura que dispunha em sua época.

Ao fim da leitura do capítulo do livro, pudemos concluir que não há nada de estranho nos espíritos apresentarem-se vestidos. As roupas são elementos identitários, possibilitam que médiuns e outros espíritos sejam capazes de reconhecê-los, além de expressarem sua psique, que funciona como instrumento de ação nos fluidos espirituais e no períspirito. Como a autora tem um pé na literatura, ela ilustra sua tese com a forte frase de Joana D’Arc, respondendo ao inquisidor que lhe pergunta se São Miguel lhe aparecia desnudo: “Pensas que Deus não tenha com que vesti-lo?”



O trabalho de Yvonne merece ser lido e relido por nossa geração. Fui aos poucos identificando um capítulo que tinha revisão teórica, problema de pesquisa, relatos de percepções mediúnicas oriundas de médiuns diversos, argumentação e conclusão. Como se vê, não é a escolaridade, isoladamente, que ensina as pessoas a pensar.


Ainda em tempo, a Federação Espírita Brasileira publicou um livro com o título “À Luz do Consolador”, no qual agrupou muitas das publicações de Yvonne na revista Reformador ao longo dos anos. Ele não pode passar despercebido a quem se interessa pelo estudo do espiritismo.

28.4.14

O SLIDE QUE FALTOU...




No seminário "Mecanismos da Mediunidade", realizado no último sábado, mencionei uma imagem que explica a diferença entre vidência e clarividência na obra de Allan Kardec.

André Luiz usa apenas a palavra clarividência, ou sua equivalente, clariaudiência, para referir-se à faculdade dos médiuns videntes ou audientes.

Allan Kardec, contudo, estudou os fenômenos sonambúlicos, comuns nos meios do magnetismo animal, existentes na França de sua época. Uma das faculdades que o sonâmbulo, levado a este estado de hipnose ou magnetismo, podia apresentar, era o fenômeno da clarividência. Neste caso, um fenômeno que hoje chamamos de anímico, ou da própria alma do sujeito magnetizado. Concluindo, havia a palavra clarividência, usada para, por exemplo, percepção de fatos à distância. Kardec cita no vocabulário espírita do primeiro Livro dos Médiuns que a clarividência sonambúlica era sinônimo da palavra lucidez.

O sonâmbulo, contudo, era um estado de transe profundo (Kardec usa a palavra crise, porque parece que transe não era uma palavra utilizada pelos magnetizadores àquela época). Vimos no seminário que Charcot, professor de Freud, por exemplo, descrevia três estados de transe profundo em seus pacientes na Salpetrière: letargia, catalepsia e sonambulismo. 

Os magnetizadores, contudo, também conheciam pessoas que tinham percepções visuais sem os olhos, sem, no entanto entrarem em transe profundo. Isso era chamado de dupla vista.

Quando Kardec estudou os fenômenos mediúnicos, ele encontrou médiuns capazes de perceber espíritos e o mundo dos espíritos nestas duas condições: em transe profundo (que ele chama de crise passageira) ou em estado de vigília. A faculdade dos médiuns que percebem os espíritos sem as alterações próprias do sonâmbulo, Kardec denomina de "vidência mediúnica". Os que entram em um estado alterado de consciência, semelhante em alguns pontos ao sono, mas diferente em outros (anestesia de membros do corpo, capacidade de reagir a sugestões sem acordar, etc.) têm sua faculdade denominada pelo codificador como "clarividência mediúnica". 

Publiquei este trabalho completo no livro "O transe mediúnico e outros estudos", em 1999, que teve apenas 50 exemplares. Ele trata do conceito de vidência e clarividência em diversos autores espíritas ou não. A parte que trata do conceito em Kardec está publicada no Boletim GEAE, com as transcrições dos trechos dos livros de Kardec que demonstram a explicação acima.




25.1.14

SOFRIMENTO, MORTE, SOBREVIVÊNCIA E CORAGEM

Kübler-Ross e uma paciente


Acabo de ler, no meu Kindle, “A Roda da Vida”, de Elisabeth Kübler-Ross, uma autora suíça que ficou conhecida internacionalmente por seu livro “Sobre a morte e o morrer”. Fiquei profundamente tocado com a leitura.

O livro é uma autobiografia corajosa, na qual Elisabeth nos conta sua jornada em busca de si-mesma, do nascimento até o que poderia chamar decrepitude do corpo.  Considero a autora corajosa, porque ela não se preocupa muito com o que vão pensar dela. Ela relata suas vivências e experiências, suas escolhas, suas lutas, seus erros e equívocos e as crenças às quais se entrega, mesmo algumas que me soaram como ingênuas.

Esta franqueza clara de Elisabeth chocou o mundo em que viveu. Ela sempre viveu anos à frente de sua época, e apesar de sua péssima experiência com alguns cristãos, ela sempre viveu estritamente dentro da proposta do cristo.
Ela nos fala da frieza do coração dos homens, que ela enfrentou a vida toda, e começa com um pai controlador e rigorosíssimo, que ela aprendeu a compreender e amar, sem nunca deixar subjugar seus ideias superiores. Da Suíça, oásis de tranquilidade na Europa convulsionada pela segunda grande guerra, Elisabeth, ainda jovenzinha, vai se voluntariar para ajudar os poloneses e outros países destruídos pela insanidade dos governos europeus, sem ter nem um travesseiro onde recostar a cabeça.

Maydanek é um campo de extermínio, onde a Dra. Ross vai aprender sobre a sombra dos seres humanos com a judia Golda, que sobreviveu por um triz do holocausto. Golda ensina a ela que todos temos um lado negro, e que poderíamos estar no lugar dos que trabalharam sob ordens para a máquina da morte dos nazistas. A compreensão de Golda é uma grande lição para a humanidade, um foco de luz em um momento de profundas trevas.

Nas paredes das câmaras de gás, Elisabeth viu borboletas, imagem que  irá acompanhar o leitor ao longo de sua trajetória. Por que pessoas diante da morte resolvem desenhar borboletas nas paredes de seu local de execução?





Em alguns momentos, depois de enfrentar a intolerância de sua época, encontramos a Dra. Ross, que está à beira dos leitos dos moribundos, auxiliando-os a superar medos, ódios, problemas que os fazem sofrer. Dos leitos aos seminários, sempre mal vistos pelo tabu da morte, que apavora o imaginário dos médicos e hospitais, sempre preocupados em fazer viver o corpo, e muitas vezes negligentes com a alma-mente de seus pacientes, e com a deles própria.

Mais um pouco e vemos a Dra. Ross às voltas com pacientes que relatam experiências de quase morte, as que notabilizaram o Dr. Raymond Moody Jr. Mais um pouco e surgem as experiências mediúnicas e o projeto para lidar com a AIDS, no seu pior momento, em que ela foi percebida pelo povo americano como o “câncer gay”, e todos passaram a temer os aidéticos, da mesma forma que eram temidos os leprosos no tempo de Jesus (ou talvez pior).

O livro já está no mercado há muito tempo, e fiquei me perguntando por que ninguém fez uma resenha dele no Reformador, por exemplo. Pelo menos, não encontrei com os instrumentos de busca nada sobre a Dra. Ross.  Acho que os espíritas vão detestar (e com razão) a dependência dela com o cigarro, a mediunidade paga, as fraudes mediúnicas da qual é vítima, a crença em fadas, e muitas outras pequenas coisas que aparecem no livro. Contudo, acho que nenhum de nós deixará de admirar a posição dela contra a eutanásia, e a forma corajosa como ela ajuda as pessoas a entenderem o sofrimento como uma lição a ser aprendida, sua humildade, ao descobrir professores em todas as classes sociais, aprender com eles e ensinar suas lições, seu destemor ante o risco real da violência da Europa pós-guerra, das doenças e mesmo do sofrimento da morte. Admirei a forma com que ela lidou com a violência a que foi submetida sistematicamente, por pessoas que se auto-intitulavam cristãs, mas que se deixaram levar pelo medo e pelo preconceito. Ela é uma daquelas pessoas raras, que nos faz ter orgulho de sermos humanos. Adorei também a leitura que ela faz da supervalorização dada a conhecimentos científicos. Sem desmerecer a ciência (bem, sou ou fui cientista e gosto muito dela), ela nos mostra que há momentos em que as teorias e técnicas por si só não não têm respostas para os nossos problemas, como os cientistas podem ficar míopes, por apenas serem capazes de visualizar suas teorias e conhecimentos, frágeis ante novos desafios que surgem. Gostei também de sua indignação contra os burocratas, mesmo que seja exagerada em determinados momentos, o que é típico das pessoas obstinadas e cheias de energia como ela. Adorei também sua denúncia da cisão de comportamento de alguns religiosos, que, como dizia Jesus em seu tempo, dizem “Senhor, Senhor nas esquinas, mas devoram a casa das viúvas”.


Eu não quero contar mais sobre o enredo, porque ela escreveu um livro cheio de surpresas, similar a um romance de suspense, e quanto mais eu falar, mais atrapalho a experiência do leitor. Peço aos espíritas que se contenham para ler o livro, porque mesmo tendo coisas que vão de encontro aos nossos valores, e que não apoiamos, ele fala de uma grande e teimosa alma, digna da nossa admiração em um mundo contemporâneo cheio de relativismos vãos, consumismo e narcisismo.

17.1.14

COMO FUNCIONA O CÉREBRO DE MÉDIUNS PSICÓGRAFOS? UMA PESQUISA COM NEUROIMAGEM.


Júlio Perez

Há alguns anos, quando discutíamos a pesquisa da mediunidade, provoquei os palestrantes a fazer estudos de associação entre o funcionamento cerebral e o fenômeno mediúnico, mas os participantes não viam nas técnicas disponíveis, como a eletroencefalografia, possibilidades de análise confiável e segura para a proposta. O que havia disponível eram estudos de caráter especulativo, como o livro de Jaime Cerviño, publicado pela FEB (Além do inconsciente), os ensaios de Jorge Andréa ou descrições feitas por espíritos, pela via mediúnica, como os trabalhos de André Luiz (Missionários da luz, Nos domínios da mediunidade). São contribuições importantes, mas que necessitariam ser postas em teste, para consolidação ou reconstrução do que se acha proposto.

Passados os anos o conhecimento do funcionamento do cérebro e o desenvolvimento de novas técnicas de neuroimagem possibilitaram o desenvolvimento da neurofisiologia. Com um conhecimento maior do funcionamento cerebral , o acesso a aparelhos de neuroimagem para pesquisa acadêmica e uma nova cultura de pesquisa no Brasil, a questão voltou à cena. O que acontece com o cérebro quando, por exemplo, um médium psicografa? O padrão neurofisiológico e as áreas cerebrais afetadas seriam as mesmas de uma pessoa que escreve?

Os doutores Júlio Peres e Andrew Newberg publicaram um artigo com alguns dos achados feitos em uma pesquisa de neuroimagem com dez médiuns: cinco considerados menos experientes e cinco considerados mais experientes, com a técnica SPECT, considerada mais adequada ao tipo de tarefas que foi exigido dos médiuns. Eles tiveram seus cérebros  estudados enquanto escreviam normalmente, e quando em transe, psicografando. O artigo mostra as diferenças de fluxo sanguíneo e outras descobertas encontradas, e discute as diversas explicações possíveis aos achados.

Quem se interessa pelo tema, não deve deixar de ler este trabalho, que saiu publicado agora em língua portuguesa, na Revista de Psiquiatria Clínica da USP.  O acesso via Scielo é o link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832013000600004&lng=en&nrm=iso Ele também tem um link para baixar o artigo em formato pdf, mais confortável aos olhos do leitor.

15.1.14

REVISTA DE PSIQUIATRIA DA USP PUBLICA ARTIGO DE REVISÃO SOBRE MEDIUNIDADE

Leonore Piper


A Revista de Psiquiatria Clínica da Universidade de São Paulo publicou no seu volume 40 no. 6 um artigo intitulado "Pesquisa em mediunidade e relação mente-cérebro: revisão das evidências", escrito pelo Dr. Alexander Moreira-Almeida.

Calcado em 124 referências bibliográficas, o autor apresenta as linhas de pesquisa da mediunidade contemporâneas. Ele argumenta que a mediunidade é uma "experiência humana", com ampla tradição de pesquisa empírica desde o século XIX, que foi negligenciada, de forma geral. 

Moreira-Almeida discute os problemas e questões que se impõem a este tipo de pesquisa, mostrando alguma influência do pensamento popperiano no desenho dos projetos contemporâneos. Ao contrário de Rhine, e alinhado com a perspectiva contemporânea de Schwartz e Beischel, ele propõe que se estude pessoas com alegada capacidade mediúnica e resultados constatados, em vez de insistir nos delineamentos de Rhine, que propunha o estudo de grande número pessoas comuns em busca de traços de faculdades psíquicas.

Entre outras questões ele mostra a falácia de se procurar um "experimento crucial", o que não é utilizado em praticamente nenhuma ciência natural. O trabalho dos cientistas envolve a busca sistemática de evidências e contra-evidências que vão possibilitando o amadurecimento teórico, como advogava Kuhn, mas principalmente Imre Lakatos. Esta posição põe em questão um argumento muito usado por céticos, que advogam ser necessário primeiro provar a existência dos espíritos para depois pesquisar a mediunidade. 

Moreira-Almeida apresenta pacientemente os principais resultados de estudos feitos com dois médiuns destacados: Leonore Piper e Chico Xavier. Ao contrário das conclusões de um pesquisador brasileiro que a-priori defende que o trabalho de Chico é pasticho ou psicopatologia, ele apresenta com cuidado os resultados de tese e dissertação de Alexandre Caroli Rocha. Além disso ele relaciona trabalhos já conhecidos pelo movimento espírita, como o da grafoscopia de Perandréa e o de comparação de informações de Severino.

O trabalho é cuidadoso e amplo, recomendo sua leitura e discussão entre os interessados. Acessem no Scielo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832013000600005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Ao lado da página acessada, é possível baixar o arquivo do artigo em formato pdf.


14.12.12

DIVALDO LANÇA LIVRO NOVO PELA FEB



A Federação Espírita Brasileira está lançando livro atribuído a Bezerra de Menezes, psicografado por Divaldo Pereira Franco, médium baiano que tem vasta publicação mediúnica, reconhecido internacionalmente por suas conferências e por sua obra social no bairro Pau da Lima, em Salvador.

Ainda não li, logo, não tenho como comentar o livro, mas as expectativas são altas.

4.8.12

O RESGATE DE ROSEMARY


Franz Liszt

Uma menina de sete anos, morando em um casarão de Londres, acostumada a ver os Espíritos, após acordar, vê "um homem muito velho", "cabelos brancos" e vestia algo que ela entendeu ser um vestido comprido (era uma batina).

- "Quando você crescer, eu voltarei e lhe transmitirei música." - Ele explicou-lhe que havia sido compositor e pianista.

Assim inicia-se o livro "Sinfonias Inacabadas", um ensaio autobiográfico escrito pela médium musical Rosemary Brown, que ao crescer escreveria peças atribuídas a Lizst, Chopin e muitos outros compositores.

A incansável Elsie Dubugras (Revista Planeta) está por trás da tradução do livro que enriquece o conhecimento de espíritas e interessados com mais um capítulo da história da mediunidade.


Assim como Chico Xavier, era de origem humilde e teve formação musical extremamente limitada, como se pode ler na matéria do blog Era do Espírito, mantido pelo Dr. Ademir Xavier. http://eradoespirito.blogspot.com.br/2012/07/rosemary-brown-e-arte-mediunica-erico.html

Falo de Rose Brown, porque teremos um estudo interessante no encontro nacional da LIHPE, feito por Érico Bonfim, que se pode ver executando ao piano uma das peças psicografadas pela médium no blog citado.

Ampliemos nossos horizontes culturais em matéria de mediunidade e espiritismo.

11.7.12

LINGUAGEM DOS ESPÍRITOS NA PSICOGRAFIA


Ao contrário dos dias de hoje em que a psicofonia pode ser considerada a modalidade de mediunidade mais exercida nas sociedades espíritas, nos trabalhos da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, à época de Kardec, a psicografia era a faculdade mediúnica mais presente.

Desta forma, a construção de arquivos e a análise da mediunidade tornava-se mais fácil, e uma das questões muito tratadas pelo Mestre e seus coetâneos era a questão da identificação dos espíritos.

Lemos em Allan Kardec  (A Obsessão, livro publicado pela editora O Clarim, nos capítulos "Processo para afastar maus espíritos"), uma série de cuidados a serem tomados para a análise da linguagem dos espíritos comunicantes que passo a sintetizar:

1.  Desconfiar de nomes ridículos, estranhos e de nomes venerados. Os dois primeiros podem ser fruto de espíritos brincalhões e o último dos que desejam induzir a credibilidade.

2. Médiuns honestos podem ser enganados por espíritos mistificadores, da mesma forma que homens de bem podem se deixar levar por estelionatários, ilusionistas e pessoas que acham graça em criar constrangimento em terceiros. Não se deve fazer uma associação imediata entre o caráter do médium e o do espírito.

3. As comunicações grosseiras são mais fáceis de perceber, as mais difíceis são as que aparentam sabedoria e seriedade.

4. Se houver conselhos, analisar com cuidado se não induzem a atitudes ridículas (nos dias de hoje fico pensando em roupas especiais, gestos supersticiosos, uso de ervas e medicamentos de origem e eficácia duvidosa, comportamentos anacrônicos, crenças místicas, entre outros)

5. Ainda sobre os conselhos, espíritos superiores prescrevem o bem, a caridade  (o que me faz lembrar de inserções próprias de uma ética da teologia da prosperidade ou do relativismo filosófico, em obras de médiuns que talvez não atinem para suas consequências na sociedade).

6. Bons espíritos não impõem posições, ao contrário de espíritos inferiores, que podem dar ordens e desejam ser obedecidos, são persistentes e tenazes. (Lembrei-me dos "trolls", nome dado na internet para pessoas que insistem em fazer prevalecer seus pontos de vista. O conselho dos mais experientes costuma ser "não alimente os trolls" ou seja, evite os debates sem fim.)

7. "Bons espíritos não adulam" (embora incentivem) enquanto os maus espíritos podem fazer elogios exagerados como forma de obter a confiança do médium pela vaidade. (Li algures alguns textos de médiuns que se consideram uma espécie de nova geração, melhores e com atuação mais consistente que médiuns como Chico Xavier, que descrevem como "escravo dos espíritos". Haja presunção.)

Sábios e difíceis conselhos a serem seguidos.

4.12.11

ANIMISMO, VAIDADE E LIVROS ANÍMICO-MEDIÚNICOS.


Neste filme, o personagem encontra médiuns que dão comunicações com alto teor anímico, antes de obter uma comunicação convincente.  
Animismo: Do latim anima (alma).
A palavra animismo, com o sentido com que é usada hoje, é estranha a Kardec. O fenômeno que ela representa não. No capítulo 19 de "O Livro dos Médiuns" discute-se o papel do Espírito do médium nas comunicações.
Kardec fala da possibilidade de uma pessoa encarnada comunicar-se pela via mediúnica. Ele entende que se o encarnado estiver em estado alterado de consciência (Allan Kardec usa o termo crise sonambúlica ou extática). Lembre-se o leitor que ele já havia tido contato com sonâmbulos antes de conhecer o fenômeno mediúnico. Contudo, isso não é animismo, mas "comunicações mediúnicas entre vivos" (termo de Ernesto Bozzano).
Continuando o capítulo, ele fala que o Espírito do médium pode recordar-se de conhecimentos adquiridos em existências anteriores, que ele não possui na presente vida.
Uma das mais importantes colocações de Kardec, nem sempre lembrada pelas pessoas hoje, é que na comunicação mediúnica, o Espírito do médium serve como intérprete do comunicante, ou seja, exerce uma influência sobre o conteúdo da mensagem, podendo alterar as respostas, segundo "suas próprias ideias e seus pendores". Isto é a mesma coisa que dizer que em toda comunicação mediúnica há uma parcela anímica, devido ao mecanismo próprio das comunicações mediúnicas. (Parágrafo 7º)
Se o animismo ou, em menor escala, a influência do médium sobre a comunicação, é como a de um intérprete, não há como esperar-se que as comunicações mediúnicas sejam infalíveis. Mesmo um bom médium interfere nas comunicações, o que exige dos que se dedicam a esta prática um cuidado especial para que não sejam iludidos pelo seu próprio inconsciente.
Com o passar dos anos, o movimento espírita brasileiro criticou a prática do trabalho isolado do médium, recomendando que ele se dedique às suas faculdades em grupo, que teria a liberdade de observar, recomendar e criticar antes que sua produção se torne pública. Infelizmente, nem todos seguem esta metodologia, e muitos os membros de grupos encantam-se com o lápis que corre solto pelas páginas, idealizam o intermediário e consideram-no uma pessoa superior, o que não é sensato.
Este lugar social os deixa muito expostos à vaidade. Mesmo sabendo-se limitados, eles passam a acreditar "nesta personagem" criada pelos admiradores, e recebem com surda resistência qualquer crítica que lhes seja dirigida, acreditando-se superior aos pares.
Uma vez pública a sua produção, fica mais e mais difícil rever conceitos, somente as grandes pessoas conseguem aceitar de coração seus equívocos. Dessa forma, não é necessário um espírito fascinador para que um médium escreva belos textos entremeados de tolices, basta a velha vaidade para confundi-lo e cristalizar opiniões insensatas.

5.4.09

CICLOS DE ESTUDO SOBRE MEDIUNIDADE

Foto 1: José Mário em 1965


Integrado à equipe de trabalhadores do então Grupo Emmanuel de Estudos Evangélicos, os trabalhos mediúnicos e os estudos evangélicos foram o grande espaço de experiências e aprendizagem de José Mário Sampaio.


O Grupo Emmanuel contava com trabalhadores dedicados, abertos ao estudo e à troca de idéias. Os três irmãos Abreu (Lúcio, Honório e Oswaldo), Manoel Alves, Damasceno Sobral, Leão, Tiana e muitos outros trabalhadores importantes do movimento espírita mineiro encontravam-se para os trabalhos costumeiros.


Casos intrincados envolvendo médiuns e problemas relacionados à mediunidade e à obsessão afluíam para o grupo.


- “No começo, levávamos a pessoa que apresentava problemas mediúnicos para a reunião mediúnica. Aos poucos, começamos a observar que ela se tornava um problema na reunião mediúnica.” Ele explicava aos participantes de sua reunião às segundas-feiras, na sala 24 da União Espírita Mineira.


Pessoas que desconheciam o Espiritismo e apresentavam problemas com a mediunidade, tornavam-se perturbadores potenciais nas reuniões. Sem qualquer conhecimento sobre suas faculdades, alguns médiuns, subjugados à influência obsessiva ou apenas incapazes de controlar a sua faculdade, continuavam sob a influência mediúnica dos espíritos muito tempo após o horário estipulado para a interrupção das atividades mediúnicas da reunião. Os dirigentes chegavam a encerrar a reunião e ter que fazer um atendimento particular, o que mobiliza também as personalidades em busca de atenção alheia. Geralmente estas pessoas se apresentavam ao grupo vendo, ouvindo, falando e, principalmente, reclamando alguma ação urgente, dado o desconforto que a mediunidade ostensiva pode causar à pessoa e sua família quando estas não têm qualquer conhecimento espírita.


Ao lado dos médiuns, apresentavam-se também os portadores de psicopatologias graves, desejosos de serem vistos como pessoas especiais, ou de serem aceitos por algum grupo social, dado o seu comportamento às vezes bizarro e constrangedor para a família, às vezes anti-social. Nem sempre uma entrevista rápida é suficiente para identificar estas pessoas, que se atraem pelas reuniões mediúnicas como abelhas ao mel.


Um terceiro grupo de pessoas que procuravam os trabalhos mediúnicos eram os curiosos. Em alguns lugares havia reuniões mediúnicas públicas, e algumas pessoas pululavam de grupo em grupo, interessadas em verem os médiuns em ação, da mesma forma que os aficionados em teatro ou cinema buscam seus atores favoritos ou o gênero de sua escolha. Eles se interessavam pelo espetáculo mediúnico, mas não estavam dispostos a submeterem-se à disciplina do trabalho. Uma vez na assistência, queriam apenas ver e comentar as reações de médiuns, doutrinadores e espíritos comunicantes.


Ao discutirem sobre estes problemas, os membros do Grupo Emmanuel foram experimentando, com o passar do tempo, ações diferenciadas para o trato com o neófito. Uma das ações, que acabou sendo adotada como política da União Espírita Mineira para com os seus freqüentadores foi a criação de ciclos de estudo para iniciantes, muito antes de se falar em Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita. Já existia em São Paulo os Cursos de Médiuns, mas José Mário e seus colegas de Grupo Emmanuel eram avessos ao termo. “A palavra curso induz as pessoas pensarem que se formarão e se diplomarão médiuns, o que não é verdadeiro”, diziam. “Empreguemos o termo “ciclo de estudos”, que comunica bem a temporalidade da ação e não passa às pessoas a idéia de que, após concluído, não é mais necessário estudar.”


E assim foi feito. Três “ciclos de estudo” que se iniciavam e se concluíam continuadamente. Um sobre Doutrina Espírita, outro sobre Evangelho e um terceiro sobre Mediunidade.


O de Doutrina, durante anos a fio foi da responsabilidade de Honório Abreu, hoje presidente da União Espírita Mineira. Calcado em quinze princípios básicos que a equipe do Grupo Emmanuel identificou, aproximadamente um por semana, ele se completava com cerca de três meses.


O ciclo de estudos sobre o Evangelho foi da responsabilidade de Manoel Alves por anos a fio. O Grupo Emmanuel dedicava-se a estudar o texto evangélico e bíblico versículo a versículo, influenciado pela mediunidade de Chico Xavier e por alguns dos trabalhos de Emmanuel. Era uma espécie de ruptura com uma prática de estudos evangélicos calcada apenas na leitura e comentário de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. Por esta razão, em terras mineiras, este tipo de hermenêutica ficou conhecida, no meio espírita, pelo nome de “miudinho”.


O ciclo de estudos sobre mediunidade ficou, até a desencarnação, em 1988, sob a responsabilidade de José Mário e foi desenvolvido, pelo que sei, em parceria com Oswaldo Abreu. Durava cerca de oito meses, e era composto de palestras que tratavam de assuntos teóricos e práticos da mediunidade. Do conceito de mediunidade, aos diferentes tipos de médiuns, da sintonia aos mecanismos da mediunidade, da oração ao dia a dia das reuniões mediúnicas, diversos assuntos faziam parte desta preparação inicial dos médiuns.


Se alguém se apresentava com uma possível sensibilidade ou uma acentuada faculdade de perceber os espíritos, era orientado a passar por estes cursos antes de se integrar aos grupos de prática mediúnica. “Mais que aprender a dar comunicação, é importante que o médium aprenda a controlá-la”, dizia José Mário.


Mais de uma vez, após uma prece ou no meio de uma palestra, algum médium “incontinente” emendava uma comunicação no meio do público e a voz segura e firme de José Mário orientava: “Irmão, aqui não é a hora nem o lugar de dar comunicar-se.” Alguns assistentes, assustados, colocavam-se prestos para a aplicação de passes, o que ele não permitia naquele momento crítico. Geralmente, o médium, sem graça ou em estado de leve perturbação emocional interrompia seus impulsos e se controlava.


Quando iniciaram-se os ciclos, a freqüência era baixíssima, a ponto de desanimar. Damasceno Sobral, ao ouvir as lamúrias, dizia, profético, empregando aquele tom de voz de quem andou conversando com os espíritos mas não quer dizer: - “vai chegar o dia em que as salas não comportarão os interessados”. E aconteceu. A sala 24 da União Espírita Mineira cabia cerca de quarenta pessoas assentadas. Próximo da desencarnação, papai iniciava seus trabalhos às 19:30 horas. Às sete horas os mais motivados começavam a chegar, para disputar lugares nas cadeiras, depois para conseguir um lugar assentado. Impreterivelmente às 19:15 horas, Mário Sampaio já estava nas portas da União Espírita Mineira, e às 19:30 horas fazia-se a prece inicial dos trabalhos. Às 19:35 não era incomum amontoarem-se, de pé, as pessoas pelo corredor superior da União Espírita.


Muitas vezes a diretoria (e aqui cabe lembrar Martins Peralva) lhe ofereceu fazer os estudos no salão, que comportaria mais de cem pessoas. Ele recusava, com educação, preferindo a intimidade dialógica da sala pequena (era a maior das salas de estudo do antigo prédio da UEM).


Algumas pessoas assistiam ao ciclo diversas vezes. Quando eu lhes perguntava por que faziam isso, algumas diziam “ter a oportunidade de aprender mais”, outras não escondiam a admiração pela palavra clara e didática do expositor, outras tinham o interesse em levar a prática para seus centros espíritas de origem e queriam aprender bem, outras diziam que haviam perdido algum dos temas e não queriam ficar sem ver tudo.


Os esquemas de estudos foram anotados em cadernos, que depois viraram fichas e com a máquina de datilografar, pequenos bloquinhos com frases sintéticas.


Não demorou muito para que se fizessem apostilhas[1] sobre mediunidade, que eram uma espécie de “organizadores prévios” do tema, pequenos textos contendo informações sobre o tema, colhidas em diversas obras da literatura espírita, com grande influência do pensamento de Kardec e dos espíritos de Chico Xavier, mas com incursões pelos clássicos do Espiritismo, Bozzano e muitos outros autores. Os participantes faziam listas, tiravam cópias xerox (fotocópias, no princípio...) com seus próprios recursos e alguns as levavam e faziam anotações.


Da apostilha veio um livreto, em 1983, que ele organizou conjuntamente com Oswaldo Abreu, publicado anonimamente, sob União Espírita Mineira e intitulado “Mediunidade”, que é o sexto livro da coleção “Evangelho e Espiritismo” e que foi distribuído gratuitamente aos interessados durante anos a fio.


Alguns centros espíritas convidavam-no para levar o ciclo de estudos em suas casas, o de mediunidade ou o de passes (sobre o qual nada disse neste texto), e não foram poucas as casas onde ele esteve, o Grupo da Fraternidade Irmã Scheilla, o Glacus e muitos outros.


Passados quase 17 anos da sua desencarnação, não é incomum eu chegar pela primeira vez em algum centro espírita da capital ou do interior e algum dos dirigentes ou freqüentador me perguntar em particular: - Sampaio, você é parente de José Mário? E ante a minha resposta afirmativa ele responder. “Eu aprendi muito sobre mediunidade com ele na União Espírita Mineira, na sala 24”.


[1] Papai preferia este termo ao mais usual “apostila”.

29.3.09

ÁRVORES

Figura 1: Árvores

As árvores frutíferas,
quando estão moças
Parecem frágeis
e suplicam auxílio aos cuidadores.
Os médiuns também.

Quando crescem
e ganham uma copa
cheia de folhas verdes,
oferecem sombra ao viajor.
Os médiuns também.

Quando frutificam,
sofrem o assédio dos pássaros,
as pedradas das crianças,
a dolorosa colheita dos donos do pomar,
que lhe buscam os frutos,
ansiosos do sabor.
Os médiuns também.

Todavia, ai das árvores,
que mantêm, em seus galhos,
frutos cujo tempo
tornou passados.
Elas ouvirão as reclamações
dos que estendem as mãos sem usar os olhos.
Eles lhes dirão, frustrados,
toda infâmia.
Aos médiuns também.

Mas, se resistirem,
aos insetos,
aos reclames,
às tempestades,
às colheitas e
às tardes de sol quente,
as árvores devolverão ao seio da terra,
a essência de seus frutos
e eles se multiplicarão
segundo as leis de Deus.
Os médiuns também.


Um Poeta


Psicografia intuitiva de Jáder Sampaio em 15 de março de 2008 na Associação Espírita Célia Xavier.

23.2.09

Ana Maria Braga Entrevistou Divaldo Franco


No dia 18 de fevereiro, a apresentadora global do programa Mais Você entrevistou Divaldo Franco. Ela mostrou uma bela matéria biografando o médium baiano antes da presença dele no estúdio.





5.11.08

Espiritismo Científico

Figura 1: Capa do livro de Rivas
Luis Hu Rivas, espírita peruano, consultor da FEB e do CEI, publicou o livro "Doutrina Espírita para Principiantes". A concepção da obra é digna de elogios. Um livro escrito com uma linguagem acessível a todos, amplamente ilustrado, que aborda princípios e postulados espíritas, com o objetivo de dar uma visão geral da doutrina dos espíritos para quem quer que se interesse.

Alguns pontos, contudo, são polêmicos e há alguns equívocos que merecem ser comentados, não para diminuir o valor da obra, mas em respeito ao caráter filosófico do Espiritismo, que tem a crítica de idéias como instrumento valioso na construção do seu conhecimento.

Figura 2: Capa antiga de "No Invisível"

Na página 31 da edição brasileira, Rivas atribui a Léon Denis a frase: "O Espiritismo será científico ou não sobreviverá". De fato, Denis escreveu esta frase, possivelmente uma interpretação retórica das idéias de Flammarion, que nas comemorações da desencarnação de Kardec dizia: "O Espiritismo é uma ciência da qual só se conhece o ABC."
Denis, contudo, escreveu a frase para criticá-la. No mesmo capítulo ele publica:


"É com desgosto que observamos a tendência de certos adeptos no sentido de menosprezar a feição elevada do Espiritismo (...) para restringir ao campo da experimentação terra-a-terra, a investigação exclusiva do fenômeno físico". (página 10)


Os adeptos do Espiritismo francês discutiam se o trabalho de Kardec deveria ser abandonado ou posto em suspensão de juízo para que os fenônomenos fossem livremente estudados e as teorias construídas com base na observação de fatos, e não com o diálogo com os espíritos e o emprego do método da universalidade e concordância dos ensinos.


O discípulo de Kardec escreveu "No Invisível" para defender a prática da mediunidade como a conhecemos e o diálogo com os espíritos como método válido para a construção do conhecimento espírita. Ele se opunha ao renascimento dos que Kardec denominou "espíritas experimentadores", os que só se interessavam pelos fenômenos, sem considerarem a filosofia espírita e suas conseqüências morais e religiosas.


Lendo o trecho completo de Denis ver-se-á que ele quis criticar o experimentalismo e defender a prática mediúnica dialógica:

"De sobra se tem repetido: o Espiritismo será científico, ou não subsistirá. Ao que acrescentaremos: o Espiritismo deve, antes de tudo, ser honesto!” (Léon Denis, No Invisível, página 21)