16.2.08

Espiritismo e Universidade: Médicos, Médiuns e Mediações


Figura 1: Fotos do Instituto Bairral

Eveline Stella de Araújo defendeu dissertação de mestrado em 2007 intitulada "Médiuns, Médicos e Mediações". É um trabalho antropológico no qual ela emprega o método etnográfico para discutir a mediação entre o "código médico e o espírita" por profissional médico e espírita.


Eveline pesquisou hospitais, associações médico-espíritas, eventos médico-espíritas e descreve as práticas em um centro espírita.


A autora tenta durante o seu discurso "afastar-se" do movimento espírita, o qual parece conhecer de dentro de casa (um abraço ao Napoleão, nosso colega-pioneiro da LIHPE e à sua esposa Elci). Ela mosta domínio dos principais autores antropólogos e de ciências humanas e sociais que trabalharam com o Espiritismo no Brasil em sua revisão.


Temos pontos de divergência e convergência, que não apresentarei no momento, quem sabe em uma publicação futura.


O movimento espírita merece conhecer este trabalho. Basta clicar no título deste "post" e baixar gratuitamente a dissertação da Universidade Federal do Paraná em pdf.

Leopoldo Machado e Marília Barbosa


Procurei o livro "Graças sobre Graças" de Leopoldo Machado para extrair alguma das situações que ele viveu em visita a Belo Horizonte.

De Chico Xavier a Martins Peralva, passando por inúmeros espíritas que antecederam a nossa geração, a crônica do arauto de Nova Iguaçu recupera usos e costumes do movimento espírita da época.

Contudo, detive-me na segunda parte do livro, que trata da desencarnação de Marília Barbosa, esposa de Leopoldo. Ele nos abre algumas de suas vivências, de forma transparente e corajosa.

Encurtando a história, Dona Marília desencarnou de câncer, em uma época na qual a medicina tinha parcos recursos. Durante sua doença, manteve-se viva e ativa quanto pode. Operou-se na Casa de Saúde Santo Agostinho, mantida pela Associação Espírita Obreiros do Bem. "Anestesiada a gases aspirados" viu uma estrada muito ampla, com a figura luminosa do Cristo que a chamava com o braço direito, dizendo: - Vem! Após despertar, ela disse: "Preferi viver mais, para fazer muito bem a muita gente!"

Ainda hospitalizada, recebeu a visita de Lins de Vasconcellos e Campos Vergal. Os dois e Leopoldo combinaram os planos para a realização do Primeiro Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil.

Leopoldo narrou diversos eventos dos quais ela participou até a desencarnação.

Emocionou-nos o episódio que passo a transcrever:

"Uma tarde, abrindo os olhos de um ligeiro sono narcótico, deu conosco ao lado do seu leito, com os olhos em lágrimas.

- Você chorando? Você não é homem para choro!

- Quem pode vê-la assim, que lhe queira bem, e não chore! Perdoe, sim!

- Não pensei que você fosse tão meu amigo!"

Marília desencarnou em 1949 pedindo a Leopoldo: ..."não me deixem canonizar!"

O leitor minimamente informado vai se recordar do Lar de Jesus em Nova Iguaçu, de sua participação operosa e respeitada nesta comunidade e de sua presença silenciosa no movimento espírita.

Minha alma se cala, em sinal de respeito.

14.2.08

Espiritismo e Universidade: A FEB sob a Análise Antropológica



As Universidades têm se interessado pelo Espiritismo em diversos aspectos. Uma das abordagens mais produtivas tem sido a antropológica. Contam-se às dezenas os livros e teses escritas sobre o movimento espírita no Brasil e na França.

Um dos trabalhos mais comentados, agraciado com o Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa de 1995 foi a tese, depois publicada como livro com o seguinte título: "O Cuidado dos Mortos: Uma História da Condenação e Legitimação do Espiritismo." Foi escrita pelo professor Emerson Giumbelli, hoje na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Fui presenteado pelo Milton Piedade, a quem agradeço de coração, e depois tive contato pessoal com o autor na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.

O livro é muito rico para ser apresentado por uma publicação de "blog". Giumbelli fez um estudo histórico e etnográfico buscando compreender a delimitação de fronteiras e identidades entre o Espiritismo, tendo por objeto a Federação Espírita Brasileira, no período entre 1890 e 1950, no Rio de Janeiro, e o conflito com outras instituições, como a policial, a jurídica e a medicina.

Deixo o leitor com o parágrafo de justificativa do autor:

"A impressão a que se chega depois de uma incursão pela literatura antropológica, sociológica e historiográfica dedicada ao Espiritismo é a de sua insuficiência diante de sua importância cultural, social e histórica do assunto em questão. Estatísticas oficiais e outras estimativas apontam a existência de 2 a 4 milhões de adeptos espíritas no Brasil, reunidos em torno de milhares de centros de culto, sem contabilizar os outros milhões de pessoas que, mesmo não se identificando como tal, frequentam suas práticas. Sabe-se também do grande número de iniciativas e instituições filantrópicas organizadas e conduzidas por espíritas, cujos benefícios, ainda pouco avaliados, atingem um contingente significativo de pessoas. Conhece-se o extraordinário volume de publicações espíritas - desde periódicos até as mais diversas obras doutrinárias - que inundam mesmo as mais desconhecidas livrarias e o imenso prestígio e carisma que detém personagens como o "médium" mineiro Chico Xavier, cuja fama ultrapassa as fronteiras nacionais." (GIUMBELLI, Emerson. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1977. 326 p.)



13.2.08

Espiritismo Comentado em Quatro Continentes


O contador de acessos do Espiritismo Comentado continua registrando novos visitantes de lugares diferentes. Em fevereiro de 2008 ele apontou acessos oriundos dos seguintes países:

Malásia, Cingapura, Índia, Dinamarca e Luxemburgo

Além destes, os acessos de países que já nos visitaram anteriormente continuam: Alemanha, Áustria, Espanha, Estados Unidos, Itália, Portugal e Reino Unido. Os países estrangeiros com mais acessos registrados são os Estados Unidos e Portugal. Neste mês não tivemos nenhum acesso da África, o que já se constatou anteriormente.

Infelizmente ainda não temos acessos dos demais países da América Latina, que sabemos ter uma comunidade espírita bastante atuante.

Agradecemos aos amigos anônimos que têm indicado o blog em seus sites, blogs e através do RSS, bem como os que têm comentado e proporcionado discussões e depoimentos interessantes na seção de comentários das publicações ("posts").

Já chegamos aos 6000 acessos.



12.2.08

VIII COJEREME


Realizou-se na Escola Sindical, em Contagem - MG a VIII Confraternização dos Jovens Espíritas da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O tema do encontro foi 150 anos de Doutrina Espírita, o mesmo que os demais encontros da região.

Nos dias do carnaval de 2008, participaram 66 jovens (com idade média de 31 anos), em regime de internato, estudaram a constituição, história e visão do Espiritismo como filosofia de vida. A participação de jovens oriundos de 30 casas espíritas de Belo Horizonte, Contagem, Sabará, Timóteo, Vitória e São Paulo possibilitou um rico diálogo e troca de experiências.
Segue a lista dos Centros Espíritas participantes:

Albino Teixeira
Amigos de Jesus
Bezerra de Menezes
Caminhos de Luz
Cárita
Casa do Caminho
Célia Xavier
Cenáculo
Emmanuel
Francisco de Assis
Gênesis
Gotas de Luz
Helil
Herdeiros de Jesus
Irmã Scheilla
Irmão Eustáquio
Irmão Frederico
Irmão Glacus
Irmão Wernner
Ismael
Loreto Flores
Luz e Humildade
Manoel Felipe Santiago
Maria Francisca Rocha
O Consolador
Paulo de Tarso
Poder da Boa Vontade
SEMAN
Servos de Maria de Nazaré
União Espirita Mineira

Além de estudos, o evento contou com momentos de teatro, música e atividades diversas.

Veja a foto de alguns participantes em espaços diversos que as instalações da Escola Sindical proporcionaram:



Curiosidades: O Precursor da União Espírita Mineira


Antes da Fundação da "Federação Espírita Mineira" em 1908, criou-se em 1o. de Outubro de 1902, a União Espírita de Belo Horizonte. Este órgão foi fruto da articulação dos seguintes espíritas de então:


- Dr. Teixeira de Magalhães

- Dr. Antônio Teixeira Duarte

- Modesto Lacerda

- Felicíssima Teixeira

- Manuel Felipe Santiago

- Joaquim Menezes

- Arthur Quites (1o. Presidente)

- Turiano Pereira (Vice-Presidente)

- Manuel Bento Alves (Secretário)

- Oscar Pereira (Tesoureiro)

- Antônio Gomes da Silva (Procurador)


Alguém tem alguma foto, notícia ou outra informação sobre os fundadores?


Fonte: História da União Espírita Mineira (mimeo)

Documento apresentado por Pedro Valente no Seminário "Histórico do Espiritismo: Europa, Brasil e Minas Gerais", no Lar Espírita Esperança em 10 de março de 1996. Organização: Associação Espírita Célia Xavier, Instituto de Cultura Espírita do Estado de Minas Gerais e União Espírita Mineira.

Doutrinação ou Atendimento?

Foto 1: Capa da Primeira Edição do Diálogo com as Sombras

Élcio Pires nos enviou a seguinte questão:
Gostaria de ouvir você sobre nossa ação numa reunião mediúnica. Como médium, DOUTRINAMOS, ou ESCLARECEMOS um Espírito que se manifesta a procura de ajuda? O termo “doutrinar”, pode levar a idéia de impor “algo a alquém”? Ou, nesse ato, “doutrinar ou esclarecer” acabam tendo o mesmo sentido? Qual sua opinião?

Hermínio Miranda no livro "Diálogo com as Sombras" (FEB) afirma que doutrinar é "instruir em doutrina ou , simplesmente, ensinar". Na página 67 ele discorre sobre os problemas que o termo doutrinador traz:

- "... o espírito que comparece para debater conosco os seus problemas e aflições, não está em condições, logo aos primeiros contatos, de receber instruções doutrinárias, ou seja, acerca da Doutrina Espírita, que professamos, e com a qual pretendemos ajudá-lo. Ele não vem disposto a ouvir uma pregação, nem predisposto ao aprendizado, como ouvinte paciente ante um guru evoluído. Muitas vezes ele está perfeitamente familiarizado com inúmeros pontos importantes da Doutrina Espírita. Sabe que é um Espírito sobrevivente, conhece suas responsabilidades perante as leis universais, admite, ante evidência que lhe são mais do que óbvias, os mecanismos da reencarnação, reconhece até mesmo a existência de Deus.(...)
Portanto, o companheiro encarnado, com quem estabelece o diálogo, não tem muito a ensinar-lhe, em termos gerais de doutrina. "

Ele continua o capítulo tratando das qualidades e perfil do doutrinador. Apesar de criticar o termo, não o substitui.

Em nosso grupo, insatisfeitos com o termo doutrinador, utilizamos a palavra atendente e atendimento, que é mais próxima da idéia de atendimento psicológico e que tem suporte nas obras de André Luiz, que faz uso do termo atendente. Entendemos que o papel da pessoa que conversa com os espíritos é atendê-los, como faz um psicólogo em sua clínica. Devemos às vezes esclarecer, raramente instruir em doutrina, evitando a posição professoral ou do sacerdote exorcista.

Quanto à etimologia da palavra doutrinar, ela pode assumir o sentido de ensinar compulsoriamente e até mesmo punir, como nos mostra o mestre Houaiss:
v. (1344 cf. IVPM) 1 t.d.int. formular, transmitir, pregar doutrina ou nela instruir alguém; ensinar 2 t.d. incutir em (alguém) opinião, ponto de vista ou princípio sectário; inculcar em alguém uma crença ou atitude particular, com o objetivo de que não aceite qualquer outra 3 t.d.int. ant. educar, corrigir com castigo 4 t.d. ant. fazer adestramento de; amansar, amestrar ¤ etim doutrina + -ar; ver doc(t)- ¤ sin/var adoutrinar; ver tb. sinonímia de instruir ¤ ant desdoutrinar ¤ par doutrinaria(1ª3ªp.s.)/ doutrinária(f.doutrinário[adj.s.m.])

Tenho certeza que com todo este cuidado linguístico, não adianta nada dizermos que atendemos se continuamos a impor pontos de vista ou ensinar doutoralmente e não há problema em se dizer que se doutrina espíritos, desde que o sentido esteja associado ao exercício do Ágape Paulino.

Figura 2: Dedicatória do Livro feita pelo autor a José Mário Sampaio

10.2.08

Mais um poema de Damasceno Sobral

Inspiração




Pudesse eu contaminar a humanidade inteira
desta paz, desta harmonia,
deste desejo do belo,
do infinito
e eterno
que me transbordam a alma neste momento...

Fosse dado a minha voz
se fazer ouvir nos quatro cantos do planeta
repetindo
o que me chega do "Outro Mundo",
em forma de murmúrios...

Tivesse eu o dom
de vos descrever com palavras
a integridade de minhas inspirações...

...e, certo, o mundo se transformaria!

Extraído do livro "Almas Libertas (poema). Divinópolis, 1949.

9.2.08

A Desencarnação de Allan Kardec


Por mais estranho que possa parecer, a desencarnação de Kardec tem sido objeto de polêmicas.


Discutia-se a causa da morte, discute-se a data em que ocorreu, talvez no futuro se venha a discutir se ele existiu mesmo, como o fazem hoje com Jesus.


Este tipo de debate põe em questão a credibilidade que devemos ter com relação aos fatos da vida de Kardec. Quanto menos soubermos, mais se pode especular e fantasiar a seu respeito, criando-se versões diversas sobre quem foi, qual era seu caráter e qual é a validade de sua obra.


No princípio, não entendi direito por que o Jorge Damas e seu companheiro de estudos Stênio Monteiro de Barros haviam publicado um livro basicamente comentando as certidões de nascimento, óbito e casamento de Kardec. Depois, acompanhei o Dr. Paulo importando e expondo no Museu Espírita de São Paulo, situado à Rua Guaricanga, no tradicional bairro paulistano da Lapa, estes documentos.


Agora vejo que, se os documentos podem não expressar "a verdade", sua existência exige dos críticos mais do que idéias, citações de textos e hipóteses.


Quanto à desencarnação de Kardec, o documento obtido pelos autores da Lachâtre foi enviado por Marie-Andrée Corcuff, permitam-me traduzir suas credenciais: Diretor dos Arquivos de Paris - Conservador do Patrimônio.


Nele está escrito que Alexandre Dellane, François Ernest Labbé (adjunto do prefeito) e Armand Théodore Desliens (Continuador da Revista Espírita) declararam seu óbito às duas da tarde em seu domicílio em Paris à Rue Ste. Anne 59, no dia 31 de março de 1869. A certidão foi lavrada no dia seguinte.

7.2.08

Divinópolis Inicia Oficina dos Sentimentos


O GEEC (Grupo de Estudos de Ética e Cidadania) em parceria com a SERES - Seara Espírita Reeducação dos Sentimentos convidam os interessados para participar da Oficina dos Sentimentos. Conheça mais sobre a atividade escrevendo para o site Panorama Espírita. http://www.panoramaespirita.com.br/


Denis e a Evolução

Foto 1: Capa da Edição Antiga da FEB da Obra Prima de Denis

Há alguns anos, Heloísa Pires nos encarregou de pesquisar na obra de Denis uma afirmação sobre a evolução, citada por Herculano e muito discutida pelos espíritas do nosso tempo.
A questão filosófica central, repousa na evolução do princípio espiritual proposto pelos espíritos com que dialogou Kardec nas obras da codificação. Na sua conclusão, Kardec argumenta de forma lúcida:
"Qual é a origem do Espírito? Onde está o seu ponto de partida? Forma-se do princípio inteligente individualizado? Eis um mistério que seria inútil tentar devassar e sobre o qual, como dissemos, só podemos construir sistemas." (comentário da questão 613)
Denis, escrevendo de forma poética, assim se refere à questão espiritual dos seres vivos:
"... Na planta a inteligência dormita; no animal sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente; a partir daí, o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da Natureza, só se pode realizar pelo acordo da vontade humana com as leis Eternas." (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, página 123, 11a. edição)


Presciência Divina e Livre Arbítrio

Uma questão geralmente apresentada ao pensamento espírita baseia-se em uma suposta contradição entre a capacidade atribuída a Deus de predizer o futuro e o livre-arbítrio dos homens, concedido por Ele em suas leis universais.


Léon Denis, espírita francês e discípulo de Kardec, manifesta-se sobre este ponto em "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", recém republicado pela Federação Espírita Brasileira, da seguinte forma:


"Notemos que não é a previsão de nossos atos que os provoca. Se Deus não pudesse prever nossas resoluções, não deixariam elas, por isso, de seguir seu livre curso" (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, página 344, 11a. edição)



Aos Espíritas Portoriquenhos

Foto 1: Porto Rico


Habrá rumores

Siempre que una persona o grupo presenta públicamente nuevas ideas, corren rumores entre la gente.

Con el Espiritismo no podría ser diferente.

No importa la localidad o la cultura habrá siempre los que levantan la voz lanzando anatema, pero también surgirán siempre los que se identifican con la propuesta espiritista para el hombre y para la vida.

Si por ventura ocupas el puesto de pionero en tu familia, en tu grupo social o aun en tu ciudad, coragen, no te permitas abatirte delante de las dificultades que hacen parte de todo tipo de realización humana en el mundo. Acuérdate de tus conquistas personales y de todo que exigieron de ti antes.

Perseverancia, tolerancia y trabajo a los nuevos obreros de la verdad.

Psicografia intuitiva de Jáder Sampaio, el 26.01.2008, en la
Associação Espírita Célia Xavier, Belo Horizonte/Brasil
Traducción: Débora Zambalde Vitorino


Haverá rumores

Sempre que uma personalidade ou grupo vem a público apresentar idéias novas, geram-se rumores em meio ao povo.

Não seria diferente com o Espiritismo.

Não importa a localidade ou a cultura haverá sempre os que levantam a voz lançando anátema, mas também surgirão sempre os que se identificam com a proposta espírita para o homem e para a vida.

Se porventura você ocupa o posto de pioneiro em sua família, grupo social ou mesmo sua cidade, coragem, não se permita abater antes as dificuldades que fazem parte de todo tipo de realização humana no mundo. Recorde-se de suas conquistas pessoais e do que elas exigiram de você, antes.

Perseverança, tolerância e trabalho aos novos obreiros da verdade.

Psicografia intuitiva de Jáder Sampaio, em 26.01.2008, na Associação Espírita Célia Xavier.


Foto 2: Mapa e Localização de Porto Rico

31.1.08

Peça Força!


Autora: Jacqueline Benenati

Foto: Charles Silva Duarte


Uma das minhas maiores faltas através dos anos tem sido a falta de paciência. Eu consigo lembrar da minha infância, quando minha mãe me dizia que eu tinha que aprender a ser mais paciente. Na medida em que cresci, isto parecia ficar pior. Eu costumava pedir paciência a Deus e acontecia quase imediatamente alguma coisa para me testar. Então, um dia, eu tive uma revelação. Quando eu pedi por paciência, fui testada. Logo, eu parei de pedir. Como você pode pedir por algo e não querer ser testado? Agora, quando eu oro, eu peço a Deus para me dar força e coragem para passar por qualquer prova que me seja colocada em meu caminho.

Extraído do Boletim de Janeiro de 2008 da “The Spiritist Society of Florida”
Tradução: Jáder Sampaio

27.1.08

Mais um trabalho de Leandro Couto


NOVA ERA

A condição de nosso planeta vai melhorar e isto já está em processo. Alguns estudiosos, dentre vários campos do conhecimento humano, reuniram-se para esboçar o que achavam ser princípios de atitudes mais espiritualizadas e os compilaram num documento chamado Combinados. Antes, animada confraternização ocorria.
A geógrafa dialogava com o arte-educador:
― Na “nova” Terra os gigantes são outros. Vidas valem mais que diamantes, e a juventude é muito além de uma “banda numa propaganda de refrigerantes”.
O antropólogo comentava descontraído com o arqueólogo:
― Se o filho do Grande Chefe veio e bateram nele, o que dirá de nós em nossa caminhada terrena.
O biólogo e a paleontóloga, atentos, escutavam a afirmativa ponderada do historiador:
― A Vida evolui sobre o tempo, em “galhos frutíferos na árvore dos séculos”, como já disse André Luiz.
A socióloga falava ao pedagogo e à psicóloga:
― Somos crianças espirituais! Esta é a melhor categoria de análise que encontro para as sociedades de nosso globo.
Imediatamente próximos, o astrônomo e o geólogo, que mantinham tranqüila conversação sobre o tempo ser a dimensão espacial da eternidade, exprimiram com suave sorriso o deleite que sentiram com a resposta do pedagogo:
― Realmente, nosso planeta Terra é um Mundo-Escola e seu endereço é o Sistema Solar.
O economista expunha seu raciocínio ao interessado estatístico:
― O capitalismo conquista espaço através do consumismo quando muitas pessoas negligenciam o próprio cuidado mental e emocional. Vigiemos o nosso verdadeiro capital!
O jornalista dizia ao matemático:
― Felicidade compartilhada socialmente é felicidade multiplicada.
A afirmativa estimulou no “homem que calculava” um acréscimo amigável:
― E isto é exato!
A engenheira elétrica apresentava sua opinião ao inventor e ao arquiteto:
― É a ocasião de inventarmos uma lâmpada que funcione para sempre dentro de nós mesmos.
E o agrônomo compartilhava com o administrador o princípio que o orientava:
― Colhemos o que semeamos, como causa e efeito. Semeiam-se bons afetos, colhem-se bons afetos.
Não muito distante, o físico permutava opinião com o psicanalista amigo:
― Embora no plano físico não seja imediatamente nítido, nós permanecemos articulados às nossas próprias criações mentais, de modo que o pensamento se faz matéria.
O diálogo entre o teólogo e o músico seguia animado. Dizia o primeiro:
― Muitos são os caminhos que levam a Deus.
Ao que o segundo expôs sua opinião:
― Há vários, no entanto Jesus é o melhor diapasão que a humanidade recebeu.
― Inolvidável referência intelectual e moral, com certeza. O Cristo revela a vida como um conjunto de nobres preocupações da alma, a fim de que marchemos para Deus pelo raciocínio e pelo coração em caminhos retos.
Do diálogo entre a médica e o enfermeiro surgiu o seguinte comentário, não sendo possível precisar a autoria:
― Jesus é o médico. No máximo, somos enfermos cuidando de outros enfermos.
A professora formada em Letras dizia enfática ao biblioteconomista companheiro, extraindo-lhe sincero sorriso:
― Deus escreve certo por linhas certas e sua caligrafia é a mais linda que eu já li! Ele pinga todos os “i”s da escr“i”ta da v“i”da.
E em prosa vibrante, o jovem ator cênico falava a poetiza esboçando certo drama:
― Em certas ocasiões de nossa existência a vida se afigura à arte de fazer das tripas o coração.
Ao que ela respondeu:
― Em certas ocasiões sim, em outras não. ― E depois de breve pausa como se trabalhasse bem as palavras que ia proferir, disse: ― Mas, sempre o Amor fará da vida a arte do encontro, mesmo que sejamos cheios de desencontros.
Um escritor, amigo literato de idéias afins com a poetiza, completou-a com simplicidade esclarecendo ao jovem ator:
― A vida é o contexto do encontro de cada autor com sua obra. E do Criador com a criação, há Alguém nos esperando...
O filósofo, que observava a pouca distância esta conversação e, em geral, não gostava de ser superficial no conhecimento dos fatos e das coisas, escutava com dignidade e alma de menino aos colegas. Concluiu haver um Encontro Marcado e ponderou parecer-lhe que o livre-arbítrio consistia essencialmente em quando e como aceitar Deus.
Seu campo de visão alcançava também o jurista em diálogo empolgado com o cientista contábil:
― Nossa consciência é o verdadeiro tribunal divino, por isso a justiça indefectível nos acompanha em toda parte ― afiançou o jurista.
― Tudo vê, tudo ouve e tudo sabe ― validou o contabilista.
Por fim, o personagem “amigo da sabedoria” meditou, ao sobrevoar com o olhar o conclave científico do recinto, uma opinião própria que já trazia consigo de mais tempo. Eram muito evidentes os indícios da existência de uma inteligência que se manifesta no cosmos, na realidade e na vida. A cooperação, a bondade, a ordem e a organização que se explicitam em todas as coisas são tão grandes que chegam a constituir evidências ontológicas da existência de algo suprafísico. E disse a si mesmo com tom sereno na voz:
― No universo inteiro, tudo fala de Deus.

Espiritismo Comentado Chega à Marca dos 5000 Acessos


O Espiritismo Comentado chegou este mês na marca dos cinco mil acessos e ampliou os registros de países que lêem as matérias.
No último mês aportaram internautas dos seguintes países: Estados Unidos, Portugal, Áustria, Japão, Romênia, Reino Unido, Finlândia e França. Em novembro de 2007, além destes países acessaram leitores da Holanda, Moçambique, Canadá e Turquia.
Agradecemos ao site Blog de Espiritismo, de Portugal, a inserção do nosso "link". Parabéns às matérias que ele tem veiculado. http://blog-espiritismo.blogspot.com/
Agradecemos também às referências que a imprensa espírita brasileira tem feito de nossos trabalhos, especialmente o Correio Fraterno. Recebemos um incentivo entusiasta de uma radialista espírita que tem utilizado nossas matérias em seu programa, o que nos deixa muito satisfeitos, uma vez que o nosso objetivo é tornar conhecidos fatos e eventos do Espiritismo cada vez mais esquecidos e promover a literatura que consideramos de boa qualidade.

Um Romance com Personagens Bíblicos

Reler um livro vinte anos depois é como ler pela primeira vez. Tive em mãos a sétima edição de “O Alvorecer da Espiritualidade”, primeiro livro da série “Às Margens do Eufrates” e não resisti a fazer uma nova leitura.

O espírito que se identifica como Josepho seria o conhecido Flávio Josefo, escritor judeu-romano do século 1 DC? Independente da resposta à pergunta, o autor demonstra ter um grande conhecimento das tradições históricas e legendárias do antigo testamento.

A série é um relato de reencarnações de um mesmo espírito, o autor. Não sou capaz de dizer se se trata de uma estratégia literária ou se o autor pretende realmente fazer um relato memorialista das suas encarnações. A fragilidade documental da civilização hebraica, especialmente no período em que acontecem os eventos do primeiro livro da série, nos permitem dizer apenas que o autor parece conhecer os costumes hebraicos e a genealogia do livro do Gênesis.

Seu personagem central, Javan, mais que um representante de uma classe social ou homem de época, é um indivíduo diferenciado na tribo de Methusala (seria Matusalém, da Bíblia, como referencia Josepho?). Javan parece representar o espírita no mundo contemporâneo, de tendência espiritualista em meio a uma sociedade imediatista; romântico, em meio a pessoas sensualistas; com senso de dever e que toma decisões heróicas, pensando na comunidade e na vida após a morte antes dos interesses pessoais.

A cidade de Enoch, possivelmente a mesma que se diz no Gênesis Bíblico ter sido criada pelo filho de Caim, representa no contexto do livro a vida dirigida pelo poder, pela dominação e pelo sensualismo. Mesmo em Enoch, Javan encontra um patriarca que preza os valores e a tradição, Methusael, que convive com uma geração cainita dividida entre o poder dos guerreiros, simbolizados em Tidal e a teocracia dos sacerdotes de Baal.

Descendentes de Caim e de Seth se enfrentam no contexto do livro.

O autor espiritual e outros membros da equipe de Dolores Bacelar fazem inúmeras notas ao longo do texto e tecem explicações no contexto da ética espírita para muitos dos acontecimentos e decisões dos personagens.

A editora fez um excelente trabalho nas edições mais recentes. Ampliou os tipos, tornou a capa mais sugestiva, criou títulos para os capítulos, colocou as notas no rodapé das páginas, evitando que o leitor tenha que ir ao fim do livro para conhecer seu conteúdo, ampliou o tamanho das fontes facilitando a leitura e as limitações de leitores que, como eu, já passaram dos quarenta anos.

Apesar da profunda impressão que a leitura me causou, não me sinto informado o suficiente para a defesa do caráter histórico da narrativa, mas sem dúvida, seu caráter simbólico traz uma bela reflexão para a comunidade espírita, hoje.

No texto se encontram três ou quatro referências muito polêmicas: Capela, Lemúria, Atlântida e o dilúvio. O autor espiritual defende sua existência, embora relativize a questão do dilúvio, que aparenta ser regional. A referência aos avanços das sociedades atlantes e rutas (habitantes da Lemúria) são surpreendentes e causam estranheza, mas não chegam a comprometer o conjunto da obra.

Outra questão que apenas proponho, mas não tenho condições de desenvolver é se haveria uma influência do pensamento gnóstico no texto do autor espiritual.
Parece-me que conhecer e debater o conjunto da obra, que demonstra as muitas variações e possibilidades da faculdade mediúnica é uma tarefa importante para o movimento espírita, que ainda não lhe deu o devido valor.


13.1.08

O Livro Perdido de Damasceno Sobral

José Damasceno Sobral foi um dos expositores incansáveis do Grupo Emmanuel, que viajou pelo interior de Minas Gerais divulgando a doutrina até que o Mal de Parkinson limitasse seus trabalhos a um grupo familiar. Muito disciplinado e querido pelo movimento espírita mineiro, foi considerado um dos pioneiros do Espiritismo na terra das alterosas. Quem quiser conhecer mais de sua biografia, pode acessar o link http://www.uemmg.org.br/list.noticia.php/origem/1/noticia/151/titulo/Jose_Damasceno_Sobral

Eu o conheci nas viagens de divulgação da doutrina que fazia com papai (José Mário) e a amizade entre as famílias se perpetuou embora nos víssemos entre longos intervalos de tempo.Do seu grupo mediúnico, minha família recebeu as mensagens de papai cuja linguagem e análise de conteúdo mais revelam sua identidade pregressa.






Há anos guardo comigo um exemplar de seu livro de poesias, surpreendentemente desconhecido pela grande maioria do movimento espírita mineiro, dada a sua discrição. São versos livres, espirituais e psicológicos, no qual se revela sua sensibilidade e seus vôos espirituais a partir dos princípios espíritas.

Não são versos pobres ou ingênuos. A concepção do livro é moderna e o leitor tem sua atenção capturada pelas letras e imagens do poeta cristão-espírita. Os poemas, via de regra, iniciam-se no pé da primeira página e concluem-se no início do verso.

Os temas são diversos, mas a fonte de inspiração mais recorrente é a morte, ou melhor, a libertação do espírito após a morte e o conflito do homem que se divide entre a certeza da imortalidade e o sofrimento da perda. Sobral surpreende novamente quando trata de princípios e idéias doutrinárias com brevidade e consistência, sem perder a sensibilidade poética.

Algumas imagens são fortes, revelam sua personalidade ao mesmo tempo doce e determinada.

O livro foi prefaciado por César Burnier que lhe destaca o ponto de convergência entre a poesia e a filosofia e o papel demiúrgico da poesia e do poeta no mundo.

É muito difícil escolher um dos poemas para o leitor. Gostaria de deixar diversos deles (na verdade, eu gostaria mesmo é que o livro fosse reeditado, mas sei que a cada dia que passa a poesia tem menos lugar nas sociedades espíritas e o "mercado editorial" espírita decretou a morte comercial deste gênero literário), então deixo-lhe uma poesia sobre a poesia.

Eternidade da Poesia

A poesia não morre.

A poesia é o idioma das almas,

a tradução dos sentimentos

que ainda poucos homens entenderam.

Evoluindo,

ela se transforma

de trivial em filosófica,

de filosófica em transcendental.

A poesia não morre.

O homem,

na embriaguez da matéria,

é que morreu para a poesia.






8.1.08

Léon Denis e Lepoldo Cirne

Leopoldo Cirne foi o presidente da Federação Espírita Brasileira que sucedeu a Bezerra de Menezes, no período de 1900 a 1914. Ele consolidou a instituição, inaugurando a sede própria da Avenida Passos 30, na cidade do Rio de Janeiro, em 1911.
Zêus Wantuil transcreveu o artigo publicado em "O Paiz", o jornal democrático do Rio à época, reconhecendo o papel social do movimento espírita:
"Não é uma inauguração vulgar, de um edifício que interessa apenas à associação a que pertence; ela resume, na pedra e na argamassa do amplo edifício erigido naquela avenida, uma obra generosa de fé e de assistência, que tem se estendido beneficente sobre uma grande parte da população desta terra. A nova sede da Federação Espírita Brasileira tem, considerada no seu ponto de vista particular, o valor, já hoje raro, de exprimir uma dedicação extraordinária dos homens agremiados naquele centro de atividades, dedicação praticada em uma quase penumbra, sem alarde, sem benemerências conclamadas, sem nomes postos em foco, com a modéstia efetiva dos crentes sinceros e dos generosos por dever; em cada pedra, em cada bocado de argamassa da sua construção, há um pouco de coração e de consciência dominados por um alto sentimento e um sugestivo dever."

(Grandes Espíritas do Brasil, Zêus Wantuil, FEB, 1981, 2a. Edição)


Figura 1: Foto recente da fachada da antiga sede da Federação Espírita Brasileira, feita por André Cláudio V. C. de Mendonça em 2006 (http://www.pbase.com/andremendonca/image/62612683)



Há alguns anos, foi encontrada a foto abaixo em meio à biblioteca do Sr. Aurélio Valente, doada à Associação Espírita Célia Xavier após o seu retorno à pátria espiritual. Ela mostra a relação existente entre o Espiritismo Brasileiro e o Francês, na pessoa de Léon Denis, àquela época.



Figura 1: Foto de Léon Denis




Figura 2: Verso da foto acima onde se lê (em francês): Ao Sr. Leopoldo Cirne, lembrança fraternal. Léon Denis. 20/5/99 (1899)

7.1.08

A Psicografia de Stainton Moses

Figura 1: Foto de Stainton Moses


Stainton Moses, médium espiritualista inglês, escreveu sobre sua própria mediunidade em 1883:

"É interessante saber se os meus próprios pensamentos exerceram uma influência qualquer nos assuntos tratados nos ditados, apesar de ter tomado as maiores precauções para que esse fato não acontecesse. Ao começo, a escrita era lenta, sendo eu obrigado a segui-la com os olhos, mas, mesmo nesse caso, as idéias não eram minhas. De fato, as comunicações tomaram logo um caráter sobre o qual não podia eu ter dúvidas, pois que as opiniões emitidas eram contrárias ao meu modo de pensar. Distraía-me propositadamente durante o tempo em que a escrita se produzia, e cheguei a abstrair-me na leitura de um livro e a seguir um raciocínio cerrado, enquanto a minha mão escrevia com constante regularidade. As comunicações assim dadas enchiam inúmeras páginas, sem haver correção nem faltas de composição, revelando muitas vezes um estilo belo e vigoroso. "

(Extraído de "Ensinos Espiritualistas", W. Stainton Moses, FEB, 1981)