21.7.21

DEUS CRIOU O VÍRUS DA COVID 19?

 


Jáder Sampaio


“Segue-se que devam negligenciar as precauções necessárias em casos semelhantes [epidemia de cólera] e baixar a cabeça ante o perigo? Absolutamente: tomarão todas [as precauções] aconselhadas pela prudência e uma higiene racional, porque não são fatalistas e porque, se não temem a morte, sabem que não a devem procurar.”  (Allan Kardec, O espiritismo e o cólera, Revista Espírita, novembro de 1865. P. 327)


Recentemente ouvi um expositor espírita buscando Kardec para analisar um capítulo de livro de Divaldo Franco sobre a pandemia. Iniciativa importante, uma vez que o pensamento kardequiano é a estrutura básica do pensamento espírita em geral.

Causa primeira de todas as coisas

Ao analisar sua argumentação, encontrei conclusões falaciosas com base em ideias colhidas no texto de Kardec, que criam uma interpretação muito singular do autor, contraditórias às vezes, com o próprio pensamento de Kardec.

Uma das afirmações que ele fez:

“Deus é a causa primária de tudo: tudo é tudo mesmo, não é de uma coisa e outra não. ”

Ele não considerou o termo primária (também traduzido como primeira), e mudou o sentido da frase. São frases diferentes: “Deus é a causa de todas as coisas” e “Deus é a causa primária de todas as coisas”. Na primeira frase, se eu sou infectado por um parasita, isso é causado por Deus. Tudo o que acontece ao homem é causado por Deus (inclusive o sofrimento). O universo e tudo o que acontece nele está determinado pela vontade divina, portanto, não existe livre-arbítrio. Ele é apenas uma ilusão.

Na segunda frase, as escolhas do homem são de responsabilidade humana. Isso é o chamado livre-arbítrio, ou liberdade de escolha. Deus criou o universo, ou seja, a natureza e os seres espirituais (entre eles o homem). Por ter criado o princípio inteligente, o princípio material e as leis que regem o universo, Deus é a causa primeira, ou primária. Ele não é a causa imediata de todas as coisas. Aquilo que o homem faz, as mudanças que ele, por exemplo, impõe à natureza com ações irrefletidas ou criminosas, são causadas imediatamente por ele[1].  Nessa visão, o vírus não foi diretamente criado por Deus. Sua mutação é consequência da ação do homem, seja modificando o meio ambiente ou manipulando microorganismos em laboratório. Sua negligência ou desconhecimento, associados às leis naturais, têm o Sars Cov 2 como resultado, e ele age no homem segundo sua natureza. Deus não o criou porque desejava punir os homens (isso é uma humanização divina), ou para fazer desencarnar em massa as pessoas da Terra, ele é uma consequência indesejada das ações do homem na natureza, no uso do seu livre arbítrio.

As leis universais são perfeitas, fruto de Deus. As ações humanas são imperfeitas, uma vez que esse ser conhece apenas parcialmente as leis universais ou as negligencia, fruto da ignorância e do livre-arbítrio, assim como do egoísmo e do orgulho. Sempre que um homem vai de encontro às leis universais (essas, sim, criadas por Deus), ele, com sua escolha, leva consigo “todo o pacote”, ou seja, suas consequências.

Causa, risco e COVID-19

O que causa a COVID-19? A infecção com o Sars-Cov-2. Por que somos infectados pelo Sars-Cov-2? Uns porque não usaram qualquer tipo de prevenção e tiveram o contato com o vírus, que se multiplicou em seus organismos. Outros porque usaram de meios de prevenção e mesmo assim foram infectados pelo vírus. Contudo, o risco dos primeiros é muito maior que o risco dos últimos, se analisarmos um grande número de casos.

O que acontece com os que não se preveniram? Desencarnam como o espírito André Luiz. Ele não desejava desencarnar mais cedo, mas não se cuidou, e acabou indo antes do tempo. Isso acontece também com os suicidas. Ninguém planeja encarnar para desencarnar através do suicídio.

O que acontece com os que se preveniram e desencarnaram? Ou passam por uma expiação ou por uma prova. Talvez seja o momento previsto para a desencarnação.

Cabe a nós, espíritas, diante dessa forma de entendimento, recomendar a todos que tomem os cuidados necessários contra a doença, que se vacinem, que tomem as medidas já estudadas e propostas pela medicina, para que não venham a desencarnar antes do tempo.


[1] Em “O evangelho segundo o espiritismo”, Kardec escreve que “há males nessa vida em que a causa primária é o homem...” ou seja, há coisas decorrentes da ação e das escolhas humanas. Dessas, Deus só pode ser considerado causa primeira ou primária por ter criado o universo e estabelecido as leis que o regem.

24.6.21

"CONVERSANDO COM OS ESPÍRITOS" AGORA EM FORMATO E-BOOK



Um recurso que as pessoas têm usado nas situações de isolamento social é a leitura de livros espíritas através dos leitores de livros digitais, ou fazendo encomendas de livros nas casas espíritas ou em livrarias que entregam em casa.

Tenho adquirido e lido muitos livros através do leitor da Amazon.com.br, chamado Kindle, que é capaz de armazenar uma grande quantidade (ele se torna uma biblioteca ambulante), tem diversos dicionários digitais gratuitos instaláveis e permite pesquisas de palavras ou expressões, facilitando muito a localização de trechos de livros para o preparo de estudos, palestras, aulas e outros.

Esta semana a Lachâtre disponibilizou via Amazon, o meu livro “Conversando com os espíritos”. Para quem não o conhece, ele tem uma parte de memórias das reuniões em centros espíritas que frequentei, de médiuns que conheci e de fenômenos que presenciei, prestando uma singular homenagem às pessoas que me formaram e me prepararam para o trabalho mediúnico na casa espírita.

Tento responder no capítulo 3 a uma questão simples: o que devemos conhecer sobre a vida após a desencarnação para melhor dialogar com os espíritos através da mediunidade? O períspirito e suas propriedades “garimpados” na obra de Allan Kardec são um dos conteúdos mais importantes para esta tarefa.

Depois, mergulho em Kardec tentando recuperar os casos de obsessão que ele atendeu através de reuniões mediúnicas. É possível ver que boa parte do que fazemos hoje foi instruído aos poucos ao codificador pelos espíritos que o orientavam. O texto tenta recuperar essas instruções, para que os trabalhadores de reuniões mediúnicas possam conhecer os princípios de seu trabalho. Reescrevo também diversos casos que aconteceram da França e na Espanha do século 19, que tiveram por protagonistas os membros do grupo de Kardec ou os espíritas da península ibérica. 

Segue um capítulo curto, no qual se discute como se dá essa conexão entre espírito comunicante, médium e atendente (termo que se usa em substituição a “doutrinador” ou “dialogador”). Fruto das observações das décadas de prática mediúnica, mostra ao leitor que se trata de uma conexão de duas vias, cognitiva, emocional e sensorial (às vezes), o que amplia a compreensão do efeito do diálogo com o espírito comunicante pela via mediúnica.

Três conceitos de psicologia humanista são empregados no próximo capítulo: congruência, compreensão empática e aceitação positiva incondicional. Esses conceitos convidam o atendente a repensar como conduz o diálogo com o espírito comunicante. Além desses conceitos, a noção de projeto de vida, da Análise Transacional é explicado.

O penúltimo capítulo, bem rico, é composto de transcrições de atendimentos e sua respectiva análise. São diversas histórias, às vezes apenas situações mais curtas, que mostram uma forma de atendimento mais respeitosa e compreensiva, no lugar de sugestões mal adaptadas das técnicas hipnóticas e dos chavões que mais visam a encerrar o diálogo que a auxiliar a pessoa desencarnada a compreender sua história e as consequências de suas decisões. Esses casos envolvem situações muito diversas, mas que verificamos ser comuns nas reuniões no meio espírita pelo Brasil.

Como anexo seguem pequenas biografias de trabalhadores espíritas que são citados ao longo desse trabalho, como Raul Teixeira, Virgílio de Almeida, José Mário Sampaio e muitos outros, a maioria de Minas Gerais.

Se você prefere ler o livro em papel, auxilie o Instituto Lachâtre, acessando: https://lachatre.lojaintegrada.com.br/buscar?q=Conversando+com+os+esp%C3%ADritos

Se quiser usufruir o preço mais em conta e os recursos digitais do livro no Kindle, acesse:

https://www.amazon.com.br/dp/B097S7C4DJ/ref=sr_1_1?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&dchild=1&keywords=Conversando+com+os+esp%C3%ADritos+J%C3%A1der&qid=1624527571&s=digital-text&sr=1-1

Ou digite “Conversando com os espíritos” Jáder em seu leitor eletrônico. O preço hoje está em R$17,45.


21.6.21

O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO? OPINIÃO DE FLAMMARION.


Flammarion publicou um livro chamado "Les forces naturelles inconnues" (As forças naturais desconhecidas) no qual ele se recorda do seu contato com Allan Kardec e da frequência às reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sobre a qual ele destaca o fato do mestre francês não se interessar por mesas girantes ou fenômenos físicos. 

Flammarion se lembra de uma mesa grande, onde médiuns escreventes psicografavam. Ele afirma que "Os ensinos dos Espíritos pareciam-lhe [a Kardec] formar a base de uma nova doutrina, de uma espécie de religião".

No famoso discurso no túmulo de Kardec, ele afirma que "o espiritismo é uma ciência da qual só se conhece o ABC", recusando o convite para presidir a Sociedade Parisiense de estudos espíritas. Não é preciso dizer que para Flammarion, o conceito de ciência se reduzia ao que propunha o positivismo, o que se constatará nos livros que ele publicou a partir da observação de fenômenos supostamente espirituais e psicológicos, e das conclusões que tirou deles.

Posteriormente, um biógrafo de Flammarion vai dizer que ele se afastou dos discípulos de Kardec, mas não se afastou dos fenômenos espirituais, e ele voltaria à cena após a virada do século para apresentar suas observações e defender a existência e sobrevivência da alma.

16.6.21

SUELY NOS ANTECEDE NA "GRANDE VIAGEM"



Suely Caldas Schubert aos 16 anos

Conheci a Suely na década de 80, em um evento sobre mediunidade no qual ela falava junto com Hermínio Miranda e Jorge Andréa. Suely me impressionou pelo conhecimento que tinha da obra de André Luiz.

Os anos se passaram e a encontrei diversas vezes. Nos livros dela que tenho em casa encontrei muitos e muitos autógrafos. Em um destes encontros, surpreendi-me porque ela tinha lido o artigo que publiquei na revista O Médium, de Juiz de Fora – MG, sobre “Os Possessos de Morzine”, um fenômeno social curioso que Allan Kardec havia acompanhado e sobre o qual publicou na Revista Espírita. 

Estudamos livros dela em nossa reunião mediúnica. Suely lia muito, então estava sempre construindo os textos a partir de autores importantes do espiritismo. Sua linguagem sempre foi muito acessível e, por isso mesmo, acho que os livros dela sempre atingiam um grande público.

Suely ficava hospedada na casa de um amigo muito querido, quando vinha a Belo Horizonte. Ele a consultou sobre a possibilidade de fazermos uma entrevista para o Espiritismo Comentado, e ela não respondeu, nem que sim, nem que não. Eu pensei em desistir e meu amigo insistiu que fosse assim mesmo. Acho que ela estava bastante cansada, e me explicou assertivamente que não poderia dar a entrevista, mas ficamos juntos, meu amigo, sua família, a Suely e a Consolação.


Da esquerda para a direita: Divaldo Franco, Suely e Nestor Massoti (FEB)

A prosa mineira é sempre boa, e Suely começou a recordar e a falar de suas memórias no meio espírita. As visitas à FEB, há muitos anos, nas quais ela estudava documentos e livros. Talvez dessa época tenha surgido o material para se escrever o livro “Testemunhos de Chico Xavier”, no qual ela resgata e comenta a correspondência do Chico com o Wantuil de Freitas, principalmente, então presidente da federação. Graças à dedicação dela, hoje temos acesso à relação entre o médium e a instituição que lhe publicava os livros e as mensagens, o que possibilita um entendimento histórico mais fundamentado e descarta muitas das fantasias que se ergueram ao redor do médium de Pedro Leopoldo.

Suely se recordou também de suas idas à Mansão do Caminho, sempre com carinho em torno da pessoa de Divaldo Franco. Falou de sua participação nas reuniões mediúnicas, o que um ou outro fotógrafo já registraram em belas imagens.

Foi uma bela noite, mas pena que não tive o ensejo de anotar, logo após a conversa. Passados os anos, só me ficaram essas pequenas recordações. 


Da esquerda para a direita: Divaldo Franco, Chico Xavier e Suely C. Schubert

Depois nos encontramos pessoalmente mais algumas vezes e a Suely participou da Semana de Chico Xavier em abril de 2021. Dessa vez, graças à tecnologia, sua fala foi preservada e disponibilizada a quem desejar ouvi-la, mercê da TV Célia Xavier. Nessa palestra ela adiantou o último livro que já estava prestes a sair, e que foi lançado na data programada, no dia 13 de maio.

https://www.youtube.com/watch?v=l2H3zRJu-qA

Suely era natural da cidade de Carangola, onde reencarnou no mesmo ano que minha mãe, em 9 de dezembro de 1938.

Deixei para o final a má notícia. Algumas semanas após essa palestra, Suely foi diagnosticada com COVID 19. Ela havia tomado uma dose da vacina Astrazeneca, mas desenvolveu um quadro da doença que se agravou em função das comorbidades que ela tinha, como uma doença cardíaca grave, segundo me informou a família. A COVID 19 não se desenvolveu de forma intensa, mas Suely foi internada e não conseguiu vencer essa batalha. Ela foi chamada para o mundo espiritual, do qual tanto tratou em suas palestras infindas e em seus escritos, no dia 12 de maio de 2021. 

As homenagens e notas brotaram em todo o Brasil. Federativas e casas espíritas agradeceram as contribuições dadas por ela por décadas. Nos agradecimentos, alcunharam-na “a dama da mediunidade”.

Deixo ao leitor os principais livros de Suely, listados por ano de copyright:


Obsessão/Desobsessão: Profilaxia e Terapêutica Espíritas - 1981

Testemunhos de Chico Xavier - 1986

Ante os Tempos Novos (parceria com Divaldo Pereira Franco) – 1996

O Semeador de Estrelas - 1989

Mediunidade e Obsessão em Crianças - 1995

Mediunidade: Caminho Para Ser Feliz – 1999

Visão Espírita Para o Terceiro Milênio - 2001

Transtornos Mentais: Uma Leitura Espírita - 2001

Entrevistando Allan Kardec - 2004

Mediunidade no Ar - 2004

Dimensões Espirituais do Centro Espírita - 2006

Os Poderes da Mente - 2008

Mentes Interconectadas e a Lei da Atração – 2010

Nas Fronteiras da Nova Era - 2013

Divaldo Franco: Uma Vida Com os Espíritos - 2017

Chico Xavier e Emmanuel: Dores e Glórias – 2021


8.6.21

AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA DE DIVALDO FRANCO GERA DISCUSSÃO EM REVISTA INTERNACIONAL SOBRE PSICOSE E EXPERIÊNCIA RELIGIOSA

 

Divaldo Franco

Pesquisadores brasileiros da área de psiquiatria fizeram uma avaliação do médium Divaldo P. Franco e uma revisão de literatura  e publicaram suas conclusões na revista Journal of Nervous and Mental Disease, em junho de 2021, na coluna Brief Report.

Quem desejar ler o trabalho irá encontrar em The Journal of Nervous and Mental Disease • Volume 209, Number 6, June 2021, e o DOI: 10.1097/NMD.0000000000001290

Abaixo o Dr Alexander, um dos autores, faz uma síntese da parte de avaliação psiquiátrica para a TV Nupes:





"Este é o primeiro estudo a descrever um caso de uma pessoa com múltiplos, frequentes e persistentes experiências do tipo psicótico (alucinações auditivas, visuais, sensoriais e olfativas; inserções de pensamentos; e experiências de controle externo) e diversas experiências espirituais ou do tipo dissociativo (xenoglossia, fenômeno de transe dissociativo, memórias de vidas passadas) que continuou estável por 90 anos, nunca sendo tratado por esses sintomas, e permaneceu bem, cognitivamente e afetivamente, tendo recentemente um comprometimento cognitivo leve e um transtorno depressivo leve." (página 451)

Os autores defendem a existência de uma experiência não patológica e sugerem seis critérios (a serem mais estudados) para a distinção de casos com psicopatologia.


29.5.21

FESTA JUNINA RIMA COM PANDEMIA? E COM AÇÃO SOCIAL?

 

Um kit junino são duas sacolas de papel


Quem acompanha o EC já sabe que eu frequento a Associação Espírita Célia Xavier, associação que mantém quatro unidades, em Belo Horizonte, Betim e Ribeirão das Neves, e que mantém, em parceria com a prefeitura de Belo Horizonte o Lar Espírita Esperança, que dá educação e cuidado a crianças até 5 anos de idade, no bairro Salgado Filho.



Uma tradição nossa são as festas juninas. E fazíamos muitas, mas já devo ter publicado diversas vezes sobre a festa na qual uníamos os diferentes grupos da casa em um mesmo ambiente. Com a pandemia, não foi possível agrupar, nem no ano passado, nem nesse, infelizmente. Ainda faltam vacinas e sobram versões do mesmo vírus.


Não desejando deixar passar em branco uma comemoração tão importante para o grupo, a mocidade, com a ajuda do voluntariado da Casa de Célia, desenvolveu uma festa junina à distância. Como angariar recursos para as atividades sociais da casa, uma das finalidades dessa comemoração? Os organizadores da festa usaram a estrutura de cozinha industrial do Lar Espírita para fazer um "kit festa junina", contendo: doces típicos, caldo de feijão, canjica, galinhada e cachorro quente! Foram vendidos cerca de 400, a 50 reais a unidade. Para a entrega em casa, mais dez reais (que contou com motoristas voluntários) e para quem deseja economizar um sistema de "drive-thru" com todo o cuidado para não haver COVID, e muito menos contágio.

Doces "juninos"


Resolvido o problema dos "comes" e do recurso para as atividades sociais de nossa casa espírita, falta a interação, fundamental em qualquer festa. Mantivemos, então, o padrão desenvolvido no ano passado. Todo mundo (bem, na verdade, muitos) se veste "a caráter", em casa mesmo, e liga a televisão, se ela for "smart TV", ou outro aparelho com tela que permita acesso à festa a distância.


Canjica, caldo de feijão, galinhada e cachorro quente

Esse festão junino vai acontecer hoje, às 19 horas. Cada um se serve em casa e todos estaremos juntos de uma forma bem tecnológica, mas cheia de afeto.

Além de nos revermos, os que nos separamos por reuniões em dias diversos ou por diferentes unidades, conseguimos algum recurso para a creche, oficina de costura, enxovalzinho, serviço de urgência social, distribuição de cestas básicas (em Neves e Betim), campanha AECX-COVID, campanha de inverno, entre outras atividades.


25.5.21

RESPOSTA ÀS ACUSAÇÕES DE BERTHE FROPO EM "MUITA LUZ"

 

Há alguns anos foi recuperado o livro Muita Luz (Beaucoup de Lumière), no qual a autora Berthe Fropo, que se tornaria, futuramente, vice-presidente da União Espírita Francesa, faz diversas acusações a Pierre G. Leymarie, então responsável pela instituição que deu continuidade à Sociedade Anônima do Espiritismo (Sociedade para a continuação das obras de Allan Kardec) e pela Livraria Espírita.

Mais recentemente, foi traduzido para o português o livro "Ficções e Insinuações" que foi publicado em 1884, assinado pelo comitê (ou conselho ou comissão) de fiscalização da Sociedade Científica do Espiritismo. Nesse livro se responde cada crítica (e em alguns momentos, cada acusação) feita por Fropo.

Além da tradução, feita por Ery Lopes, o livro contém uma série de verificações realizadas por Carlos Seth, que procurou os documentos citados no livro pela internet, em documentos primários do museu Allan Kardec On Line - AKOL e em documentos digitalizados do Arquivo Nacional da França. No escopo do que ele conseguiu encontrar, quase todos os argumentos apresentados pela comissão são sustentados.

Considerando o impacto sobre a imagem de Leymarie, construída em cima do discurso de uma das fundadoras da União Espírita Francesa, esse episódio nos faz lembrar de uma velha recomendação acadêmica: a de estudar os diversos lados de uma questão antes de escrever e concluir.

Recomendo a leitura a todos os interessados na história do espiritismo francês pós-Kardec. Mesmo mantendo minha simpatia pela União Espírita Francesa e por alguns de seus trabalhadores notáveis como Denis e Delanne, vê-se que sua institucionalização foi criada em um ambiente de insatisfação, no qual as críticas nem sempre são justas com a parte da qual se deseja separar, assim como em um divórcio. Cabe a quem está "de fora" buscar um afastamento e entender as razões das duas partes que se rompem, sem tomar partido.

18.5.21

O PROBLEMA DO SER DO DESTINO E DA DOR?

 

Capa de uma edição francesa de "O problema do ser, do destino e da dor".

Na última conversa que tivemos com um grupo de estudo, perguntaram-me sobre o livro de Léon Denis. Alguns expositores vêm falando que o livro se chamava O Problema do Ser e do Destino, e que foi a FEB (sempre ela, coitada) quem colocou após o título "e da dor".

De fato, o livro foi publicado em francês com o título "O problema do ser e do destino", mas em uma de suas reedições, o próprio Denis modificou o título, como se pode ver acima. 

Os tradutores do início do século 20 e os membros da Federação, mantinham contato com Denis, e, como em O porquê da vida, quando eles alteravam alguma coisa, pediam licença ao autor francês. 


13.5.21

O QUE É MONOMANIA, TERMO PSIQUIÁTRICO EMPREGADO POR ALLAN KARDEC?

Esquirol (1772-1840)


Esquirol foi um médico francês nascido em Tolouse, na França, que dedicou sua vida e carreira ao estudo das doenças mentais. Possivelmente suas ideias ainda eram influentes na época em que Allan Kardec publicava suas obras, e sua classificação das doenças mentais deve lançar luz a alguns termos, hoje em desuso, usados pelo fundador do espiritismo.

Uma das classificações de Esquirol para a doença mental, usado diversas vezes por Kardec eram as monomanias. Pacheco (2003, p. 154) identificou quatro grandes categorias psicopatológicas em Esquirol:

1. Idiotia

2. Demência (aguda ou crônica)

3. Mania

4. Monomanias

A mania se distingue das monomanias por ser um delírio (falsa crença) total com exaltação. Afeta todas as funções mentais: inteligência, percepção, volição e atenção, por exemplo. A monomania afetaria apenas uma das funções mentais, mantendo as demais íntegras. Pacheco (2003) afirma que haveria um delírio parcial, que poderia ter uma forma alegre ou triste. 

Esquirol identificou monomanias que poderiam levar o sujeito a cometer atos anti-sociais, como o assassinato, sem motivo aparente.

Kardec escreveu sobre monomanias algumas vezes na Revista Espírita.

Em junho de 1858 ele relata o caso do Sr. Morrison, um milionário inglês que se acreditava pobre, a quem era permitido trabalhar nos jardins de suas propriedades, remunerando-o com seu próprio dinheiro por tal. Ele foi evocado por Kardec e possivelmente comunicou-se através da mediunidade de Ermance Dufaux. Ele se mostrava ainda perturbado mentalmente após a morte, ao que concordou o espírito São Luís. Kardec identifica ao final da comunicação traços de melancolia na fala do espírito. Trata-se de monomania devido a um delírio que não o impedia de realizar outras atividades e que preservava sua inteligência, percepção e atenção.

Em julho de 1866 ele relata um caso de uma criança, filha de operários de seda, que desde os dezoito meses acendia fósforos e sentia prazer em ver as chamas. Aos dois anos ele incendiou o sofá da sala e à época com quatro anos, respondia as reprimendas dos pais com ameaças de incêndio. Trata-se de ato anti-social que aparece na infância, por essa razão, é tratado à época como monomania. Kardec discute as possíveis explicações e indaga dois espíritos sobre a condição da criança. Eles lhe respondem que a criança traz o instinto de encarnações passadas e que ele se manifesta tão precocemente para que os pais fiquem atentos e tudo o façam para corrigi-lo.

Pesquisar o significado de termos técnicos empregados no século 19, na França, se torna muito importante para uma compreensão clara do que escreve Allan Kardec, principalmente para quem faz pesquisas no grande universo de textos que é a Revista Espírita, à época em que ele foi editor.

Fontes Bibliográficas

Pacheco, Maria Vera Pompêo de Camargo. Esquirol e o surgimento da psiquiatria contemporânea. Revista Latinoamericana de Psicopatologia  Fundamental, vol. VI, n. 2, 2003, p. 152-157.



11.5.21

AS NOVAS PÁGINAS DO ESPIRITISMO COMENTADO

Criamos duas novas páginas para o Espiritismo Comentado: "Esquina do Célia" e "Palestras e Entrevistas". Elas são uma espécie de resumo com links de publicações no YouTube

Basta clicar nos nomes das páginas que se encontram logo abaixo da logomarca do Espiritismo Comentado para se ter acesso aos sumários e links de vídeos do YouTube.

Esquina do Célia é um programa mensal da TV Célia Xavier, que traz autores de livros de editoras espíritas para conversar sobre seus trabalhos e suas instituições; pesquisadores e trabalhadores de sociedades espíritas que mantém atividades inovadoras ou interessantes que possam instigar o telespectador a realizar reflexões sobre o seu próprio trabalho e a se interessar por novas leituras e escritores. 

Por muito tempo se veiculou uma crítica aos novos autores, que acabou se generalizando e criando uma espécie de medo apriori de autores espíritas pouco conhecidos e resistência a ideias em elaboração.  No Esquina iremos conversar buscando a memória do que foi feito e o entendimento do novo.

Palestras e Entrevistas é também um sumário de trabalhos nossos que estão divulgados no YouTube e que acabam sendo de difícil localização devido à existência de um grande número de vídeos dessa plataforma. Buscamos apresentar ao leitor o que é tratado na palestra ou na entrevista e fornecer seu link para acesso rápido via laptop ou smartphone. São assuntos diversos, geralmente fruto de pesquisa ou análise de autores espíritas relevantes.


10.5.21

HUMBERTO SCHUBERT E DANIEL SALOMÃO NO ESQUINA DO CÉLIA

 

 

Dois espíritas de Juiz de Fora - MG, com formação na área de ciências da religião (e em outras áreas do conhecimento como filosofia, engenharia eletrônica, ciências humanas, por exemplo) participaram do programa Esquina do Célia, na TV Célia Xavier, nesse último sábado. 

O tema principal da entrevista foi o livro "Diálogos Espíritas", composto de perguntas atuais elaboradas pelos dois autores e mais alguns colaboradores, dirigidas ao espírito Ivon, através do médium Vinícius. As questões dizem respeito a problemas do nosso tempo, em áreas de conhecimento diversificadas. 

Nossa conversa focalizou a construção do livro, que foi feita a partir de uma reflexão sobre o método de Kardec e alguns assuntos escolhidos do conteúdo do livro. Falamos da polarização política no Brasil, sobre o Islamismo, sobre a metodologia dos estudos bíblicos (e a hermenêutica clássica), e sobre a juventude no Brasil. Já existem diversos programas no YouTube de estudo sobre o Diálogos: https://www.youtube.com/results?search_query=%22Di%C3%A1logos+Esp%C3%ADritas%22

Depois conversamos sobre a Sociedade Espírita Primavera, a instituição espírita juiz-forense que foi fundada há poucos anos e mantém a editora do livro, além de outras iniciativas, como palestras compartilhadas e um sebo espírita. O livro que discutimos pode ser lido pela internet (mas não baixado) ou adquirido impresso. https://editora.sepjf.org.br/livros-online/

Vale a pena assistir a entrevista e conhecer esse novo projeto da Sociedade Espírita Primavera e de seus editores.

21.4.21

O CHICO DOS POBRES

 

Chico Xavier à sombra do Abacateiro: repare no público ao seu redor


Terminamos no último domingo a Semana de Chico Xavier, na TV Célia. Convidar pessoas próximas ao Chico nos trouxe uma nova luz sobre o que ele fazia. Uma coisa que percebemos dos expositores é o que podemos chamar de “o Chico dos pobres”.

Na minha juventude ouvi os militantes políticos na universidade criticarem a distribuição de bens, como cestas básicas, para os pobres. Eles chamavam essa prática de “amansar o cordeiro”, porque não resolvia o problema de sua exclusão social. Era um discurso raso, que não ia além da afirmação aparentemente óbvia.

Na nossa casa, por exemplo, a distribuição de cestas básicas tinha uma finalidade promocional. Ajudava famílias que haviam migrado da roça para a periferia de Belo Horizonte a se estabelecer. Muitas dessas famílias chegavam na esperança de um novo futuro, mas sem emprego nem bens. Algumas delas entravam em um ciclo negativo, cujas perdas contínuas e a fome levavam o pai ao alcoolismo, à depressão e ao afastamento do núcleo familiar. Uma cesta de alimentos nem de longe atendia as necessidades desses núcleos, mas combatia a fome e as reuniões mensais que fazíamos davam algum alento. Mantido o núcleo familiar, aumentavam as chances de adaptação à cidade grande.

No caso do Chico, o significado do que ele fazia era completamente diferente. Ele se dedicou à humanização dos miseráveis, ao estabelecimento de laços de afeto com eles. Parece bobagem aos olhos de um intelectual que deseja, justificadamente, a inclusão social do excluído, a existência de direitos mínimos, como o trabalho, a renda, a moradia, a saúde e a alimentação. Mas não é.

Roberto e Marival contaram-nos de uma tarefa na qual o Chico visitava as periferias de Uberaba. Lugares sem luz nem água encanada. Lampião na mão, lá ia um grupo de voluntários, visitar as periferias.  Marival surpreendia-se com a capacidade do Chico guardar os nomes das pessoas. E o Chico lhe explicava que quem ama, lembra. Esse é um primeiro ponto a se observar. Os pobres não eram “pessoas pobres” para o Chico. Eram o seu Antônio, a dona Maria de João, a Celestina, filha de Dica. Ele visitava a casa, e era uma visita tão ilustre, que o filho de uma família fez poesia para o Chico. A tarefa não era a distribuição do que quer que levassem. A tarefa era a convivência. Acho que ninguém entendeu direito o Chico.

Depois Juselma nos explicou a questão da moedinha. Uma garrafa de água de dois litros, acho, cheia de moedinhas de dez centavos, depois de vinte e cinco centavos, e vai subindo o valor na medida em que o tempo e a inflação corroíam a capacidade de compra do nosso dinheiro. Por que isso? Qual o sentido? Perguntava-se a professora Juselma, perspicaz. As moedas de pequeno valor de compra dificilmente fariam a diferença na vida das pessoas, embora quem ganhe muito pouco dinheiro tenha uma visão diferente de uma moeda de um real, por exemplo.

Mas não tinha nada a ver com distribuição de renda. Tinha a ver com proximidade psicológica. Com o aumento da fama do Chico, ele atraía espíritas e interessados de todas as classes sociais. Seguramente, os das classes superiores se insinuavam, se achavam no direito de serem recebidos, e se aproximavam, às vezes de forma importuna e inoportuna, o que também nos foi narrado. A moedinha era uma espécie de reserva de tempo para que o pobre também pudesse se aproximar do Chico. Ele se sentia no direito de pegar uma moedinha e de agradecer ao Chico. Juselma nos disse que era um pequeno momento, o pobre beijava a mão do Chico e o Chico beijava a mão do pobre, em retribuição. Nesse pequeno instante, uma palavra, um pedido, uma fala rápida. Tudo à sombra do abacateiro, para receber até quem tivesse alguma resistência com o espiritismo e os centros espíritas. Qualquer um poderia se aproximar nessas horas e os pobres não ficavam “no fundo do templo”, como percebia outro Francisco, o de Assis. O Chico não cobrava a conversão dos pobres, que eles se tornassem espíritas. Isso também nos foi contado pelo Marcel. A mulher que elogiou abertamente o marido, mas se queixava dele não ser espírita. O Chico teria dito:

- Se ele é tão bom assim, não mexe em nada não. Deixa ele ser quem é.

Outra percepção do Marcel, a do Chico diante da dor da perda. A mulher chegou desesperada com a morte do filho. Chorando, perdida. Um terremoto abalou seu mundo. E o que o Chico fez: abraçou-a e chorou com ela. Nem uma frase pronta, nem uma percepção sobrenatural, nenhuma esperança, nenhum “sermão espírita”, do tipo espírita não age assim, ou “a vida não termina com a morte”; apenas uma alma que sente a dor que sente a outra.

Por fim, um tema polêmico, o dos aparelhos de ar condicionado, um dos motivos do afastamento do Chico do Centro que ele fundou em Uberaba. Essa história se espalhou no meio espírita, e há até quem advogue que não se pode colocar ar condicionado na casa espírita, porque “Chico dixit”.

Lembrei de uma fala do Chico, antiga, replicada pelos que o conheceram. “O Centro Espírita tem que ser um lugar simples o suficiente, de tal forma que um pobre possa cuspir no chão se assim o quiser.”

O que entendi é que o problema não é o ar condicionado, ou o chão de terra batida do centro, mas o propósito de Chico Xavier, um propósito claramente franciscano, de conviver com os pobres. Há de se ter um lugar que os pobres possam frequentar sem se sentir “estrangeiros” ou constrangidos. Que possam se sentir em casa, acolhidos, um lugar que sintam que lhes pertence, sem qualquer constrangimento de serem pobres. Esse era o trabalho dele, como lemos na narrativa escrita por ele da rainha católica portuguesa que pede a ele que cuide dos “filhos peninsulares” dela. Era o trabalho do Chico, o que ele se propôs a fazer.

O grupo que o Chico frequenta precisa ser simples o suficiente para que ele possa continuar fazendo seu trabalho com os pobres: o de trocar uma palavra, ouvir uma aflição, cumprimentar pelo nome, perguntar pelo filho... Em outras palavras, humanizar a convivência e fazê-lo perceber que é tão pessoa como um rico, ou como um poderoso, ou como uma pessoa formada em nível superior.

Essa é apenas uma das conclusões das palestras dessa semana. Foi uma experiência muito rica e diferente do cotidiano. Espero que possamos, no futuro, fazer novos recortes da vida e da produção do Chico, como nos mostrou o Marcel Souto Maior.

6.4.21

SEMANA DE CHICO XAVIER NA AECX

 


No mês de abril o movimento espirita costuma se organizar para lembrar de Chico Xavier e falar de sua obra. No dia 02 de abril de 1910 ele reencarnava na então cidadezinha de Pedro Leopoldo, parada de trem próxima a Belo Horizonte, típica cidade do interior. O pai de Chico constituiu uma família extensa com dois casamentos: Maria João de Deus e Cidália Batista. 

Fico pensando se espíritos como Chico Xavier, que vêm com uma missão, escolheriam a pobreza e as experiências infantis de falta, como o período em que ele ficou sem família, com os irmãos sendo criados em casas distintas e ele próprio com uma madrinha que ficou marcada em sua memória por não lhe ter amor nem carinho, para que esse tipo de experiência fique escrito "a fogo" em sua alma, motivando ações no futuro. Tentar auxiliar a pobreza e valorizar a família, dedicar-se aos irmãos, primeiro os de casa, depois dos irmãos em Deus, foi um imperativo na vida desse médium.

Quando a casa de Célia Xavier nos convidou para integrar um grupo que organizasse uma semana em favor da memória de Chico, fiquei pensando como constitui-la. Trocando ideias com os colegas, acabamos aceitando a ideia de compor a semana com pessoas que conviveram com o médium de Pedro Leopoldo e de Uberaba e, se possível, que escreveram sobre ele. 

Resolvemos fazer na segunda semana, porque, seguramente, muitos centros e associações espíritas iriam homenageá-lo na primeira, escasseando os expositores. Apesar do pouco tempo que tínhamos, conseguimos um time de primeira divisão:

Jhon Harley tem dois livros (quase três) sobre Chico Xavier, no qual se lê seu entusiasmo e capacidade de pesquisa do médium.




Roberto e Marival Veloso são dois irmãos que conviveram com Chico Xavier quando moravam no triângulo mineiro. Eles são fontes orais da vida de Chico Xavier. Marival organizou o livro "Chico no Monte Carmelo" que foi publicado pela editora União Espírita Mineira. 



Juselma Coelho é ao mesmo tempo "prata da casa", dirigente da Sociedade Espírita Maria Nunes, presidente do Conselho de Administração do Hospital Espírita André Luiz e trabalhadora incansável. Ela conviveu com o Chico no período em que ele residia em Uberaba. 

Suely Caldas Schubert dispensa apresentação. Autora do livro Testemunho de Chico Xavier, fez uma análise extensa da correspondência de Chico com a Federação Espírita Brasileira, respondendo algumas questões e fazendo com que o leitor elabore outras novas.


Alexandre Caroli Rocha é acadêmico e se debruçou sobre dois aspectos da produção mediúnica de Chico Xavier. Na dissertação "A poesia transcendente de Parnaso de Além Túmulo", ele trata dos poetas e da poesia que ganhou as páginas psicografadas a lápis pelo médium de Pedro Leopoldo e em "O caso Humberto de Campos: autoria literária e mediunidade", trata do escritor maranhense, analisando sua produção antes e depois da morte, o que possibilitou à Unicamp dar ao Alexandre o título de doutor em teoria e história literária, em 2008. Seguem os links:

http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/269864

http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/270002

A tese, dissertação e dois artigos de Alexandre Caroli podem ser encontradas no portal Espiritualidade e Sociedade, que divulgou os links das bibliotecas digitais oficiais:

http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/R_autores/ROCHA_Alexandre_Caroli_tit_Poesia_transcendente_de_Parnaso_de_Alem_Tumulo-A.htm

Um trabalho dele sobre as citações de Humberto de Campos em sua obra mediúnica se tornou um dos capítulos do livro "A temática espírita na pesquisa contemporânea", organizado pela Liga de Pesquisadores do Espiritismo e publicado pelo Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro.


Nosso último convidado é o jornalista, escritor e roteirista, Marcel Souto Maior. Seu livro "As vidas de Chico Xavier" tornou-se best seller e foi adaptado para o cinema, pela Sony Pictures, Globo Filmes e outros, que nos entregou o filme "Chico Xavier", dirigido por Daniel Filho. Marcel entrevistou Chico Xavier em Uberaba e colheu um volume significativo de informações com pessoas ligadas a ele. Empregando suas habilidades profissionais, escreveu uma biografia que "fisga" o leitor desde o início, levando-a a uma viagem ao longo da vida do médium.


O Marcel tem três entrevistas interessantes sobre o universo de Chico Xavier na sua página, que pode ser acessada via google digitando @marcelsoutomaior. Uma com a TV O Dia, outra com o jornalista e espírita André Trigueiro e a última com o psicólogo Rossandro Klingey.


Outro espaço interessante é o Marcel no Instagram. Ele está divulgando estórias e frases de Chico Xavier, além de outros projetos como o Calma e o Histórias para Contar. 

Com este time de convidados, acreditamos que as conversas contribuirão para a bagagem do participante e permitirão uma melhor compreensão da pessoa e produção mediúnica de Chico Xavier.

3.4.21

ESQUINA DO CÉLIA, COM DIREITO A PÁGINA NO ESPIRITISMO COMENTADO


Um dos slides de divulgação do programa


Esquina do Célia é um programa realizado normalmente nos segundos sábados de cada mês, no qual fazemos entrevistas com convidados que escrevem livros, divulgam o espiritismo, dirigem reuniões e mantém editoras espíritas. O entrevistador pergunta como um jovem de mocidade depois da reunião, ainda na calçada, na porta do centro espírita, querendo entender, saber um pouco mais.

Ele já é feito há oito meses, com uma entrevista por mês.

Os leitores ficavam me pedindo para acessar, pedindo o endereço dos programas, mas eles ficavam perdidos, isolados uns dos outros, dentro da TV Célia Xavier. Era necessário entrar no YouTube, clicar na TV Célia e depois escrever Esquina do Célia no instrumento de busca para acessar todos os programas agrupados.

Tentando facilitar a vida do interessado, criamos uma nova página dentro do Espiritismo Comentado para quem quer assistir o Esquina do Célia. Basta olhar logo abaixo da logomarca do blog e clicar na "orelha" da página, inscrita com o nome do programa: Esquina do Célia. 

Logo abaixo a descrição do programa, podemos ver a lista de entrevistados com os respectivos links, basta clicar neles e começar a assistir.

27.3.21

FÍSICA "QUÂNTICA" E ESPIRITISMO: UMA MISTURA DE ÁGUA E ÓLEO?

 

Uma amiga me enviou recentemente um vídeo de uma física tratando de uma associação completamente indevida entre ideias supostamente espíritas e ideias supostamente oriundas da física quântica.

Acho que minha única diferença da autora do vídeo diz respeito ao conceito de ciência. Ela emprega o conceito como sinônimo de Física-Química-Biologia, ou seja, um conhecimento com base na observação e experimentação, com associações de variáveis preferencialmente matemáticas, em busca de leis ou regularidades, diretas ou probabilísticas. Se ciência for definida assim, o espiritismo não é ciência, porque não temos como medir fenômenos espirituais (exceto os fenômenos de efeitos físicos, o que não tem sido realizado pela grande maioria dos espíritas no Brasil). Se ciência for um conceito mais amplo, em que se situam áreas como o direito, a antropologia cultural e certas escolas de pensamento psicológico, como a Gestalt, a  psicanálise e outras, a literatura e as letras em geral, a hermenêutica filosófica, e mesmo a hermenêutica religiosa, a fenomenologia de Husserl e a filosofia em geral, então o espiritismo pode ser situado nesse grupo. Uma visão muito restrita de ciência acaba se confundindo com o positivismo, que é uma escola filosófica materialista e não aceita o espírito como hipótese explicativa de nada. O espiritismo, na filosofia, seria uma escola dentro do espiritualismo, com abertura para interlocução com as ciências naturais.

Todavia, a grande contribuição da autora do blog, é mostrar que algumas pessoas, com a intenção de fazer, talvez, metáforas ou comparações, acabam empregando conceitos e teorias de forma totalmente equivocada. Ela mostra que o jornalista que fez um programa, associando física quântica e espiritismo, cometeu diversos equívocos, alguns bem grosseiros, na área dela. Então comparam uma “física imaginária”, entendida de forma claramente incorreta, com um “espiritismo imaginário”, também percebido de forma incorreta. Ou seja, presta um desserviço tanto à física, quanto ao espiritismo.

Para que a matéria não fique grande, um último comentário. Há espíritas tentando fazer essas analogias, sem o devido conhecimento, que acabam criando grandes “fantasias quânticas” no meio espírita. Uma analogia ou uma afirmação com base na física (que estuda a matéria) para a explicação de fenômenos espirituais, deve se assegurar, pelo menos, que emprega corretamente os conceitos físicos. Em uma área de conhecimento, pode haver teorias divergentes, hipóteses por serem testadas, e outras incertezas, mas há afirmações claramente erradas. O mesmo acontece com o espiritismo. Como filosofia, Kardec fez afirmações defendidas logicamente, às vezes empiricamente, cuja negação gera contradições. Afirmar que ele disse o que não disse, é um erro do ponto de vista doutrinário.

Recomendo ao leitor ouvir com atenção o vídeo e dar um “desconto” à irritação da nossa amiga física. Ela não o faz por mal. Se você ouvisse alguém falando bobagens sobre o espiritismo, ao qual você dedicou décadas de estudos, com certeza, mesmo sendo cristão, lá no fundo da alma teria algumas emoções fortes, mesmo que não as manifestasse. Outra coisa, a irritação dela não é conosco, mas com os que divulgam conceitos errados da física.


25.3.21

ESPIRITISMO NO URUGUAI: ELES SÃO APENAS 400, MAS TRABALHAM MUITO




 

Tatiana Benites entrevistou em seu programa o espírita uruguaio Ruben de los Santos. Ruben está ligado à Rádio Espírita Uruguai e escolheu como tema "A felicidade de ser espírita". Ele também está ligado à Revista Espírita "La Nueva Era, à TV Esperanza Uruguai, ao Espacio Allan Kardec e ao Centro Cultural Allan Kardec em Montevidéu.

O programa é muito interessante, porque Ruben fala das diversas iniciativas desses 400 do Uruguai, dentre elas uma animação com tema espírita. Eles escolheram um espaço grande em um centro cultural uruguaio para apresentar o espiritismo à população do país. Ele fala das diferenças culturais dos países platinos, que possivelmente envolve o movimento espírita espanhol e sua luta para com uma sociedade laica no final no século 19, início do século 20. 

Apesar de Tatiana estar em Barcelona e Ruben no Uruguai, o programa foi falado em língua portuguesa, o que nos facilita ainda mais ter uma panorâmica do movimento espírita uruguaio. Ruben fala bem nosso idioma, e se expressa de forma simples, sendo muito fácil entender.

Preparem-se porque ao longo do programa fica uma pergunta: que "desenho animado está sempre nos lembrando uma mensagem de Jesus"?

23.3.21

FELIPE ESTABILE: MAIS UM TRABALHADOR ESPÍRITA LEVADO PELA COVID 19

 



No último sábado, na aula à distância de evangelização infantil (educação espírita) o grupo foi fazer uma prece de abertura. Alunos de 11 e 12 anos, uma aluna pediu que dirigissem seus pensamentos a um amigo de seus pais que estava internado com Covid 19 e grave: Felipe Estabile.

Assim ficamos sabendo, poucas horas antes da desencarnação, da luta do amigo contra a enfermidade. Obtivemos mais informações e acompanhamos em nossa rede de relacionamentos as notícias do estado de saúde, até a desencarnação, no meio da tarde de sábado, 20 de março.

A União Espírita Mineira assim o descreve em nota: “Natural de Niterói/RJ, espírita desde o berço, veio para Belo Horizonte ainda criança. No Movimento Espírita ficou conhecido pelas atividades no Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, e atuação na Unificação pela União Espírita Mineira.”

Eu conheci o Felipe e a sua futura esposa, a Regina, na primeira Confraternização de Mocidades Espíritas de Belo Horizonte – COMEBH, em 1983. Felipe era o coordenador da Comissão de Secretaria, responsável por toda a papelada que envolvia o evento para cerca de 100 jovens. 

Foto de Participantes da Primeira Comebh - Onde está Felipe?

O Felipe era a encarnação da tranquilidade. Fala mansa mas imensamente dedicado ao que fazia. Na época, ele frequentava o Grupo Scheilla. A COMEBH foi muito importante para o movimento espírita mineiro, porque estabelecemos laços de simpatia com frequentadores de um sem número de casas espíritas, da capital e, depois, do interior. Muitos dos participantes dos anos 80 são hoje lideranças ou mesmo fundadores de novas sociedades espíritas e nosso relacionamento é muito mais fácil que seria se não nos conhecêssemos pessoalmente. Felipe participou de muitas e tornou-se coordenador geral da 9ª COMEBH.



Felipe no papel de Chico Xavier, em uma das peças teatrais da COMEBH

Posteriormente, Felipe e Regina se ligaram à Confraternização da Família Espírita de Minas Gerais, encontro durante o período de carnaval em que participavam também as crianças.

Onde está o Felipe?

No LinkedIn de Felipe se vê o seu percurso profissional, no qual se encontra o concurso como assistente administrativo da UFMG (1982-1994), sua licenciatura em História (1985), atuação como professor na Prefeitura de Belo Horizonte (1994-2003), seu trabalho como chefe de gabinete e depois assessor de relações institucionais na Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (2003-2014) e depois ocupou diversos cargos na Secretaria Municipal de Educação (2015-2019). Felipe encerrou sua carreira como professor, na minha opinião, a mais nobre de todas as suas ocupações.



Mesa de Abertura do Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo - 2019

Felipe foi um dedicado trabalhador no meio espírita da capital e de Minas Gerais, como um todo. Vinte anos depois, ele apresentou trabalho e participou, em nome da União Espírita Mineira, do 3º Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que aconteceu na Associação Espírita Célia Xavier. Quando o evento voltou a Belo Horizonte, em 2019, ele recebeu em nome da União Espírita Mineira, a homenagem que a rede de pesquisadores espíritas lhe fez, por nos receber em suas dependências.

Placa concedida pela LIHPE à União Espírita Mineira - recebida pelo Felipe

Fiquei lembrando das ideias do Felipe para um mestrado em História que ele não realizou, por estar tão ocupado com o trabalho, a família e o movimento espírita. Ele queria estudar a influência do positivismo da república velha no meio espírita de então. O tempo se foi, mas a ideia fica registrada para quem possa dar-lhe sequência. 

O Carlos Malab ficou muito emocionado quando lhe dei a notícia do desenlace. Ele se lembrou da serenidade do Felipe, e depois de trocarmos lembranças disse: a Telma (Núbia Tavares) há de recebe-lo no plano espiritual. Telma foi a coordenadora, junto com o Carlos, da primeira COMEBH. Nada mais justo que dar apoio ao secretário que retorna ao “mundo invisível”, como o chamavam os espíritas franceses do século 19.


17.3.21

ESTIVE EM DOIS PROGRAMAS: RODA VIVA DO ESPIRITISMO E A FORÇA DO ESPIRITISMO

Com o desenvolvimento da internet e um "empurrãozinho" decorrente do isolamento social, muitos programas na internet referentes ao espiritismo ganharam visibilidade. Fui convidado a participar de dois: o Roda Viva do Espiritismo (de Franca - SP) e o programa A Força do Espiritismo (do espiritismo.net e apoiado pela CEERJ e vários parceiros).

No programa Roda Viva fui entrevistado pelas queridas Nadia e Cléria, criadoras da Coleção "Espiritismo na Universidade", que agora está no Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro, e pela Rutineia Martins, que vem contribuindo com as pesquisas do núcleo francano de pessoas ligadas à Liga de Pesquisadores do Espiritismo.

Falamos de tudo, com muita liberdade. Os livros, os trabalhos, as traduções, política, trajetória e até "causos". O tempo passou rapidamente, de forma séria, mas bem humorada.


Link = https://www.youtube.com/watch?v=HZb_2vWnti0

O programa "A Força do Espiritismo", por sua vez, tem um de seus interesses voltado aos clássicos. Tivemos o prazer de lembrar de uma pesquisa de fontes biográficas que fizemos há muitos anos (muitos mesmo!) sobre Gabriel Delanne. O filho do casal espírita dos primeiros tempos (Alexandre e Marie Alexandrine) nos faz viajar pela França do século 19 e acompanhar os primeiros tempos da divulgação do espiritismo, seus atores, sua trajetória, e seus esforços de divulgação  e os debates que surgiram e se materializaram na revista "Le spiritisme" e na "Revue scientifique et moral du spiritisme". Muitas histórias esquecidas são o objeto desse vídeo relativamente curto.



Link = https://www.youtube.com/watch?v=BVKZFO5wutk

Foram diversas participações nos últimos meses, mas essas duas curtas inserções tiveram um tom especial. Confiram.



2.3.21

ESPIRITISMO, MISTICISMO, SENTIMENTO RELIGIOSO E POSITIVISMO: UMA RESPOSTA DE LÉON DENIS

 


Acabo de ler um artigo de Léon Denis, publicado na revista Le Spiritisme, de junho de 1889, no qual ele comenta a proposta do Sr. Marius George de criar em meio ao espiritismo um grupo positivista, que se apoiasse exclusivamente nos fatos e abandonasse tudo o que pudesse pertencer "ao domínio da hipótese".

Denis estava participando da organização de um congresso organizado pela União Espírita Francesa, e confirma ao seu correspondente que "sua forma de ver será acolhida não só pelo congresso, mas de forma permanente por todos os seus irmãos, com o respeito que é devido às convicções sinceras e esclarecidas" (p. 81)

A seguir, Marius afirma que a obra de Allan Kardec "está manchada com dogmatismo e misticismo" e que por isso guardaria pouca relação com "os gostos e aspirações" da época em que eles viviam.

Denis argumenta que Kardec agrupou e coordenou o ensino dos espíritos, de forma a lhe dar um "corpo" de doutrina. Ele afirma que isso levou o espiritismo à "idade adulta". Ele afirma que todos os que fugiram desse método, com teorias pessoais, edificaram obras efêmeras. Ele se refere a Roustaing, como exemplo, dizendo que ele merece o epíteto de místico com mais justiça.

Analisando Kardec ele cita o combate, com rigor, dos dogmas católicos em O evangelho segundo o espiritismo, O céu e o inferno e A gênese. Mostra a diferença do conceito de Deus entre os católicos, e penso que também entre os deístas como Voltaire, porque fala do Deus-relojoeiro, e faz uma imagem muito interessante, que já havia percebido na leitura de O céu e o inferno, a substituição de um Deus visto como imperador do universo (cercado por seus anjos-cavaleiros), por uma "imensa república de mundos governada por leis imutáveis, acima dos quais paira a Razão, Razão consciente, que conhece a si mesma e que é dona de si, que é Deus." (p. 82)

Surpreendendo seu interlocutor, Denis afirma que a noção de Deus nos escapa (ele está discutindo com Marius George o misticismo da concepção de Deus) assim como as noções positivistas de infinito e eternidade. Em outras palavras, ele aponta uma contradição interna do positivismo: conceitos que não surgem da observação de fatos, mas da razão.

O autor espírita francês continua dizendo que Kardec entende "o sentimento religioso como uma força" que pode ser utilizada para o bem da humanidade. Ele afirma que a humanidade não tem menos necessidade do ideal que do real. 

Para ele, "o ideal é essa intuição do melhor que nos eleva acima do visível, do conhecido, do realizado, em direção de concepções e de formas mais perfeitas." (p. 82) Nessa frase, Denis mostra a seu interlocutor que uma visão exclusivamente positivista seria reducionista, defendendo certo idealismo (escola filosófica).

Outra colocação genial de Denis foi reconhecer que o sentimento religioso foi explorado por uma casta sacerdotal que produziu abusos em seu nome, mas que "fortificado pela ciência e pela Razão ele se tornará motivo de aperfeiçoamento individual e de transformação social". (p. 82)

O espírita de Tours faz um análise das religiões e mostra que sua parte exclusivamente humana e material é a "das definições, dos dogmas e de todo o aparato dos cultos e dos mistérios", da mesma forma que Kardec havia discutido em seu artigo de 1868.

Ele afirma que as experiências espíritas dão uma base sólida à crença na vida futura, retirando-a do domínio das hipóteses e situando-a no domínio dos fatos (ele estaria se referindo a uma teoria baseada em evidências, como se diz hoje?). Também afirma que "seria uma grande falta, deixar às igrejas o monopólio da ideia de Deus". 

Com uma frase contundente, Denis reafirma a insuficiência do positivismo e o valor do sentimento religioso, quando escreve: "A missão do espiritismo não é excluir o sentimento religioso do coração humano e a noção de Deus, mas sim secularizá-los, para para purificar, para elevá-los, para apoiá-los na razão, a fim de torná-lo o motivo de melhoria." (p. 83) 

O mais interessante do artigo é ver que mesmo se opondo claramente à tese da redução do espiritismo aos limites traçados pelo positivismo, Denis respeita seu interlocutor. Ele conclui seu artigo dizendo:

"Mas qualquer que seja sua opinião sobre este assunto, creia, meu amigo e irmão, que estamos de acordo em pontos suficientes para que certas diferenças de opinião não nos possam separar e que você vai me encontrar sempre disposto a caminhar de mãos dadas na conquista de destinos melhores para nós e para a humanidade." (p. 83)

Um texto muito importante para refletirmos no meio espírita, nos dias de hoje.