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8.5.07

O Espiritismo na Áustria

O Blog Espiritismo Comentado entrevistou Rejane Spiegelberg Planer, engenheira elétrica e nuclear, residente em Viena – Áustria, sobre as atividades de sua casa espírita.

EC: Rejane, como nasceu o grupo espírita que você freqüenta na Áustria? Como ele se chama?
Rejane: As sementes da nossa casa - Sociedade para Estudos Espiritas Allan Kardec (VAK) - foram plantadas por Divaldo Franco em 1988, quando pela primeira vez proferiu uma palestra em Viena, capital da Áustria. Um ano após, Raul Teixeira aqui esteve, e desde então, ambos vem apoiando o desenvolvimento deste núcleo espírita através de palestras e seminários, e orientando o grupo com sua sabedoria e vivência espírita.
A semente germinou sob a liderança de Josef Jackulak, tcheco de nascimento, que aos poucos foi reunindo os companheiros espíritas de Viena. A princípio, um pequeno grupo reunia-se em sua casa semanalmente para estudo e orações, depois devido ao crescente número de interessados, em local mais apropriado à rua Spengergasse 10/3, onde ainda hoje é a sede do VAK. No ano de 2000, a Sociedade para Estudos Espíritas Allan Kardec foi registrada oficialmente e legalizada na cidade de Viena. Desde então, Josef Jackulak é seu presidente e eu, apoio os trabalhos como vice-presidente.




Foto: À frente e à esquerda, Rejane, Divaldo Franco, atrás Josef Jackulak e Nilson. Os demais são membros do VAK.


EC: Rejane, que atividades vocês fazem em sua casa espírita?
Rejane: Temos várias atividades por semana, concentradas em 3 dias: segunda, terça e sábado. São 2 palestras semanais às terças-feiras e aos sábados. Nestes dias realizamos estudos especializados e oferecemos evangelização infantil (aos sábados). É rotina da casa o estudo para médiuns, pois acreditamos que o estudo faz parte do dia a dia do médium, ajudando no equilíbrio mental e emocional, mas atualmente também conduzimos um estudo especial para passistas. Na segunda-feira reunimos o grupo mediúnico e o grupo de orações e irradiações.
Além destas atividades na sede do VAK em Viena, há 5 anos também atuamos junto a 2 países vizinhos – a Republica Tcheca e a Eslováquia, onde também sob a liderança de Josef Jackulak organizamos 2 grupos espíritas locais. Estes grupos de cidadãos tchecos e eslovacos, reúnem-se uma vez por mês para palestras e estudos espíritas nas cidades de Brno (Republica Tcheca) e Bratislava (capital da Eslováquia). As palestras são proferidas em português com tradução consecutiva para o idioma tcheco, ou diretamente em tcheco, uma vez que os participantes não falam português.

EC: Há quanto tempo vocês se organizaram?
Rejane: O grupo que originou a nossa Sociedade para Estudos Espíritas Allan Kardec, reúne-se desde 1988, portanto há quase 20 anos. No entanto, o VAK foi legalizado no ano de 2000, portanto há seis anos.
O grupo de Bratislava iniciou-se em 2002 e o grupo de Brno em 2005, um trabalho que vem amadurecendo aos poucos.

EC: Os trabalhadores do grupo são predominantemente brasileiros residentes na Áustria ou austríacos? As reuniões em seu grupo são realizadas em que idioma?
Rejane: Em Viena, o grupo é internacional. São brasileiros, portugueses, espanhóis, tchecos, austríacos, japoneses, todos residentes em Viena. Os trabalhadores da sociedade ainda são predominantemente brasileiros, mas esperamos e trabalhamos para aos poucos formar um grupo firme de trabalhadores austríacos, atendendo assim, a comunidade local e não somente a comunidade flutuante internacional ou de brasileiros residentes em Viena.
Deste modo, as reuniões da Sociedade para Estudos Espíritas Allan Kardec de Viena são realizadas em português ou alemão, dependendo dos participantes. Já fizemos experiências de conduzir as palestras também em inglês, mas o número de interessados não justificou a iniciativa, e optamos por manter o alemão e o português.

EC: Suas atividades estão articuladas com centros de outros países europeus?
Rejane: Iniciamos e continuamos dando nosso suporte a 2 grupos: um na República Tcheca e outro na Eslováquia. Nestes grupo, damos palestras mensais traduzidas para o tcheco e o eslovaco.
Josef Jackulak é o pai desta iniciativa, eu o acompanho na tarefa. Ele fala tcheco, e lidera o trabalho, e é um batalhador e divulgador do Espiritismo. É claro que o trabalho conjunto e o apoio mútuo é necessário, mas eu acredito, que sem a sua força de nobre trabalhador da causa espírita, este trabalho no leste Europeu e aqui em Viena não seria feito.



Foto: Divaldo Franco e Josef Jackulak em Brno, na República Tcheca.

EC: Há outras atividades de divulgação doutrinária feitas por vocês?
Rejane: Anualmente organizamos as viagens de Divaldo Franco no leste europeu, que inclui República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Polônia e na ONU de Viena, e neste ano (2007), pela primeira vez em Istambul, na Turquia onde estaremos dia 23 de maio. Organizamos também as visitas de Raul Teixeira e Juan Durante nestes países. São eles, na minha opinião, as 3 estrelas que apóiam o desenvolvimento da nossa sociedade e do Espiritismo nesta região.
Além disso, atuamos junto a ONU em Viena, seja organizando palestras destes líderes do Espiritismo atual, como participando de eventos onde podemos divulgar o Espiritismo, ou oferecendo livros em inglês, que é a língua de trabalho na ONU. Os frutos deste trabalho minúsculo, vemos este ano, com a ida de Divaldo Franco a Turquia, que é organizada por um ex-colega da ONU, que acompanhou silenciosamente as palestras de Divaldo na ONU, desde 1992. O trabalho da espiritualidade é discreto, mas os frutos são colhidos na hora certa.

EC: Você tem notícias das origens do Espiritismo Austríaco? Quando ele surgiu? Quem eram seus fundadores? Qual foi sua trajetória?
Rejane: Morando na Áustria há 18 anos, espírita de nascimento (minha família foi fundadora de um dos primeiros centros espíritas em Porto Alegre Brasil) não poderia deixar de buscar as origens do espiritismo na Áustria. O que sabemos no momento, é que em Viena existiu uma sociedade espírita já na época de Kardec, pois a Revista Espírita menciona uma troca de correspondência de Allan Kardec com o Sr. Delhez , que foi também o tradutor de O Livro dos Espíritos e outras obras da codificação para o alemão. A Sociedade Espírita de Viena existiu portanto desde a época de Kardec (1862).
No entanto, o império austro-húngaro abrangia um território muito maior do que a Áustria dos dias de hoje. Nossas pesquisas abrangem, portanto, a Republica Tcheca e Eslováquia, principalmente a região da Boêmia, e a Hungria. Nestas regiões existiram grupos espíritas até antes da segunda guerra mundial. Uma das conhecidas médiuns espíritas da região é a Baronesa Adelma von Vay, que também viveu no mesmo período e que deixou vários livros psicografados, entre eles citamos “Espírito, Forca e Matéria” (psicografado em 36 dias em 1869), e seus belos livros de orações, que infelizmente somente encontramos em língua tcheca. Depois disto, como em toda a Europa, o movimento espírita foi diminuindo até quase desaparecer. No entanto, no contato com os freqüentadores locais, principalmente na Republica Tcheca e Eslováquia, fomos descobrindo que alguns núcleos espíritas mantiveram-se em atividade quase em segredo em certas famílias espíritas. Muitos destes senhores e senhoras participam hoje de nossos estudos, e aos poucos vão tornando-se mais ativos trabalhadores espíritas, possibilitando assim o ressurgimento do Espiritismo em nossos dias nestes locais. (Clique no título do blog e veja uma foto da Baronesa Von Vay - Contribuição de Marco Milani/LIHPE)

EC: Você tem informações sobre os grupos na Áustria? Quantos são? Em que cidades estão situados?
Rejane: Atualmente existem somente dois grupos espíritas na Áustria: a nossa Sociedade para Estudos Espíritas Allan Kardec (VAK) na capital, em Viena, e um grupo fundado em Dornbin, Voralberg.

EC: Há alguma singularidade no Espiritismo Europeu, quando comparado ao brasileiro?
Rejane: Sem esquecer que o Espiritismo codificado por Allan Kardec é um só, eu diria que existem diferenças sim, pois a cultura européia é diversa da cultura brasileira.
O Espiritismo brasileiro é de brasileiros, portanto, cresceu em torno da cultura do povo brasileiro, e sofreu e sofre a influência desta cultura diversificada, colorida.
O espiritismo europeu, com algumas exceções, ainda cresce em torno dos imigrantes brasileiros, mas deve tomar um caráter local para que não se restrinja aos brasileiros e dissemine-se pelo povo local, atingindo o seu objetivo de educar o ser humano quanto aos mistérios da vida, de acabar com o misticismo e colocar o fenômeno na sua correta perspectiva, através dos aspectos científicos do Espiritismo, e trazer ao indivíduo, as metas primordiais, que são a auto-educação e busca pelo autoconhecimento.
Dar espaço para o desenvolvimento de grupos locais, com participação local, deve ser, na minha opinião a meta destes trabalhadores do Espiritismo no solo europeu.

EC: Vocês têm planos para o futuro? Quais são?
Rejane: Nossos planos são modestos. Seguir a doutrina através das orientações de Allan Kardec nas suas obras básicas, e principalmente seguir Jesus, sem jamais nos afastarmos dos ensinamentos do Mestre. Estes dois pontos já bastam para uma vida inteira. E a Sociedade é a nossa vida.
Esperamos seguir em frente e um dia, ser uma semente de luz no céu de Viena, iluminando os corações e as vidas de seus habitantes – sejam eles austríacos de nascimento ou de coração, ou passageiros do trem da vida, que aqui aportam por um tempo.

EC: Que dificuldades vocês têm enfrentado para poder estudar e praticar o Espiritismo na Áustria?
Rejane: Nenhuma. Nossa Sociedade foi legalizada no ano de 2000, como sociedade beneficente espírita na Áustria, sem dificuldades.
As dificuldades que encontramos são aquelas normais de todo agrupamento humano, seja ele um centro espírita ou não. Como somos um grupo internacional, mas no momento predominantemente de brasileiros, temos de enfrentar os problemas da língua – tradução de material para a língua local, etc. Mas, seguindo Kardec, que foi e é universal, pois segue os ensinamentos do mestre Jesus, estamos seguros de seguir o caminho certo.

EC: Como os espíritas brasileiros podem auxiliar o trabalho de vocês?
Rejane: Os espíritas brasileiros vêm ajudando nossa Sociedade de vários modos. A Editora Leal, e portanto, Divaldo Franco e Nilson de Souza Pereira tem auxiliado e disponibilizado literatura em alemão, tcheco, húngaro e inglês, facilitando a divulgação do Espiritismo nas línguas locais. Alguns grupos ou indivíduos têm ajudado mandando DVDs, livros e material de consulta que ficam então disponíveis na nossa biblioteca, e servem de apoio ao trabalhador e de material de consulta e estudo.
Agradecemos a todos que procurarem ajudar através da doação de livros e material de estudo.

Finalizando gostaria de deixar nosso endereço:

Sociedade para Estudos Espíritas Allan Kardec
(Verein für spiritistische Studien Allan Kardec)
Spengergasse 10/3 – entrada pela Jahngasse 28
1050 Wien
email: vakardec@msn.com