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5.11.08

Espiritismo Científico

Figura 1: Capa do livro de Rivas
Luis Hu Rivas, espírita peruano, consultor da FEB e do CEI, publicou o livro "Doutrina Espírita para Principiantes". A concepção da obra é digna de elogios. Um livro escrito com uma linguagem acessível a todos, amplamente ilustrado, que aborda princípios e postulados espíritas, com o objetivo de dar uma visão geral da doutrina dos espíritos para quem quer que se interesse.

Alguns pontos, contudo, são polêmicos e há alguns equívocos que merecem ser comentados, não para diminuir o valor da obra, mas em respeito ao caráter filosófico do Espiritismo, que tem a crítica de idéias como instrumento valioso na construção do seu conhecimento.

Figura 2: Capa antiga de "No Invisível"

Na página 31 da edição brasileira, Rivas atribui a Léon Denis a frase: "O Espiritismo será científico ou não sobreviverá". De fato, Denis escreveu esta frase, possivelmente uma interpretação retórica das idéias de Flammarion, que nas comemorações da desencarnação de Kardec dizia: "O Espiritismo é uma ciência da qual só se conhece o ABC."
Denis, contudo, escreveu a frase para criticá-la. No mesmo capítulo ele publica:


"É com desgosto que observamos a tendência de certos adeptos no sentido de menosprezar a feição elevada do Espiritismo (...) para restringir ao campo da experimentação terra-a-terra, a investigação exclusiva do fenômeno físico". (página 10)


Os adeptos do Espiritismo francês discutiam se o trabalho de Kardec deveria ser abandonado ou posto em suspensão de juízo para que os fenônomenos fossem livremente estudados e as teorias construídas com base na observação de fatos, e não com o diálogo com os espíritos e o emprego do método da universalidade e concordância dos ensinos.


O discípulo de Kardec escreveu "No Invisível" para defender a prática da mediunidade como a conhecemos e o diálogo com os espíritos como método válido para a construção do conhecimento espírita. Ele se opunha ao renascimento dos que Kardec denominou "espíritas experimentadores", os que só se interessavam pelos fenômenos, sem considerarem a filosofia espírita e suas conseqüências morais e religiosas.


Lendo o trecho completo de Denis ver-se-á que ele quis criticar o experimentalismo e defender a prática mediúnica dialógica:

"De sobra se tem repetido: o Espiritismo será científico, ou não subsistirá. Ao que acrescentaremos: o Espiritismo deve, antes de tudo, ser honesto!” (Léon Denis, No Invisível, página 21)

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