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26.5.11

DIÁLOGO COM OS CÉTICOS

Selo dos Correios Ingleses em Homenagem a Wallace


Ceticismo é uma posição filosófica que aponta a inseguraça dos homens em produzir conhecimento sobre a natureza interna dos objetos. Embora haja diferentes autores e graus diferentes de ceticismo, um de seus questionamentos se volta à existência dos espíritos (almas dos mortos).

Com o passar do tempo, os céticos influenciaram bastante os cientistas, especialmente os que se encontram trabalhando no contexto das ciências naturais. Eles buscam explicar a natureza a partir da natureza, e não aceitam como válidas quaisquer explicações que tenham como base a ação de espíritos, divindades, etc.

O imenso avanço das ciências naturais nos últimos séculos tem sido um dos principais baluartes para a justificativa do materialismo que se tornou uma espécie de doutrina de fundo da Física, da Química, da Biologia e de outras ciências da natureza.

Alguns pensadores do empirismo chegaram a afirmar que é impossível produzir conhecimento válido sobre Deus e os Espíritos, e isso se tornou uma espécie de pressuposto do trabalho científico atual. Este tema foi varrido para as ciências humanas e sociais e, quando muito, para a Filosofia, que teria a Teologia como uma espécie de irmã menor.

Essa é a posição de David Hume, no capítulo 10 do seu famoso livro, "Uma Investigação Acerca do Conhecimento Humano", intitulado "Sobre os Milagres".

Se o século XIX foi pródigo para os empiristas, ele trouxe consigo uma tendência menor, também varrida para debaixo do tapete, que foi a reação espiritualista e espírita.

Na Inglaterra, um dos cientistas desta época que estudou fenômenos espirituais com métodos empíricos e adotou posições espiritualistas foi Alfred Russel Wallace. Ele é menos conhecido no Brasil que seu co-autor na Teoria da Evolução das Espécies com base na Seleção Natural, Charles Darwin.

Já publiquei em outros posts alguma informação sobre o trabalho espiritualista de Wallace e comuniquei um livro dele que traduzi para o português sob o olhar cuidadoso da Editora Lachâtre: O Aspecto Científico do Sobrenatural. A edição com 2000 exemplares se acha esgotada, hoje, tal o interesse que despertou no meio acadêmico e espírita.

Está em fase de revisão um novo livro de Wallace, que foi intitulado "Diálogo com os Céticos". Neste trabalho o naturalista inglês apresenta os principais argumentos de Hume no livro citado acima e os desconstrói, defendendo a possibilidade de se estudarem os Espíritos (que ele chama de inteligências invisíveis, sobre-humanas, e outros sinônimos) com métodos do empirismo, que é um dos pilares da ciência natural moderna.

É um texto importante não apenas para o movimento espírita, mas para a história da ciência, e até o momento desconhecemos uma tradução na língua portuguesa.

O livro deve sair das gráficas em julho ou agosto deste ano. Aguardem.

21.5.11

NOVO LIVRO DA COLEÇÃO ESPIRITISMO NA UNIVERSIDADE

Figura 1: Convite para os lançamentos do livro O Movimento Espírita Pelotense


"Segundo os dados do censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pelotas é a segunda cidade do Rio Grande do Sul com o maior número de pessoas que se declara espírita. Enquanto a média de espíritas do Estado é de 1,8% da população, nessa cidade esse número sobe para 5,86% dos entrevistados. Este trabalho procura compreender o que fez de Pelotas uma cidade com tão expressivo número de pessoas que se identificam como espíritas. Não se trata de uma pesquisa quantitativa com vistas a comprovar se Pelotas de fato tem um número maior de espíritas do que outras cidades do RS, mas sim de uma investigação qualitativa através da qual se buscou entender o processo de formação do Movimento Espírita Pelotense e de uma identidade espírita na cidade de Pelotas. Nesse sentido, foi feita uma reconstituição histórica desde o surgimento da doutrina espírita na França, sua inserção na sociedade brasileira e sua penetração em Pelotas durante o último quartel do século XIX, buscando-se compreender como se constituiu um movimento espírita na cidade e como se formou a identidade social das pessoas que se identificam como espíritas. Além de uma pesquisa com base em documentos e entrevistas através da qual se procurou entender o processo histórico de estruturação e desenvolvimento do Movimento Espírita Pelotense, foi realizado também um trabalho de campo no qual se buscou determinar os elementos constitutivos de uma identidade espírita nessa cidade e de um ethos e ela associado, na perspectiva de se explicar o que determinou essa associação de uma parcela tão significativa da população pelotense com o espiritismo." (Resumo de Marcelo Freitas Gil sobre seu livro)

Contamos em outra publicação no blog a história inicial da Coleção Espiritismo na Universidade, organizada pelas Dras. Nadia e Cléria, da Universidade de Franca (UNIFRAN). Confiram: http://espiritismocomentado.blogspot.com/2010/02/venda-o-primeiro-livro-da-colecao.html


Figura 2: Livros da Coleção - Clique para ampliar

19.5.11

BRASIL DAS GERAIS DISCUTE PSIQUIATRIA E ESPIRITUALIDADE


Roberta Zampetti



Está programada para o dia 27 de maio, sexta-feira, às 20 horas, na TV Minas uma entrevista com o Dr. Alexander Moreira-Almeida sobre ciência e religião. Um dos temas que deve ser discutido é o livro "A Temática Espírita na Pesquisa Contemporânea" Confiram.


PS: Para não parecer uma cena do livro 1984, de George Orwell, houve uma mudança na programação e será discutida a relação entre Psiquiatria e Espirtualidade. O livro não será objeto de discussão. Confiram assim mesmo.

18.5.11

DIVALDO FRANCO EXPLICA COMO APLICAR PASSES




Video: Divaldo Franco explica e demonstra aplicação de passes.

Em um vídeo de pouco mais de 9 minutos, Divaldo Franco, médium baiano, explica como aplicar passes de forma simples e não ritualística, propondo cuidados diversos aos passistas. (Obtido em http://grupoallankardec.blogspot.com/)

14.5.11

SERÁ LANÇADO LIVRO QUE APRESENTA TESES UNIVERSITÁRIAS REFERENTES AO ESPIRITISMO

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR


Há cerca de dez anos recebi na minha caixa de e-mails um convite para participar da LIHPE, hoje chamada Liga de Pesquisadores do Espiritismo. Conversei com os seus idealizadores, Eduardo Carvalho Monteiro e Milton Bonfante Piedade. Eduardo tinha um grande interesse pela memória do movimento espírita e o Milton era um espírito empreendedor, que deu visibilidade ao projeto na internet e trabalhou incansavelmente como articulador de interessados de dois continentes.
Com o tempo, foram organizados encontros presenciais, inicialmente dos interessados de São Paulo e posteriormente encontros nacionais.
Eduardo começou, entre outras frentes de atividades, a atrair trabalhos dos membros e a publicar, com o auxílio da editora Madras e o selo do Centro de Documentação Histórica, que ele coordenava na USE. Os primeiros três livros chamaram-se "Anuário Histórico Espírita", e eram um misto de trabalhos acadêmicos, trabalhos de cunho jornalístico e opinativo. Hoje se encontram praticamente esgotados, ainda sendo possível encontrar um ou outro em alguma livraria espírita.
Sediamos um dos encontros nacionais em Belo Horizonte, em 2004,sempre com o apoio da União Espírita Mineira, da Associação Espírita Célia Xavier e de trabalhadores das mais diferentes casas espíritas da capital mineira. Recebemos participantes de diversos estados do sudeste. Os resultados foram sintetizados e publicados em forma de um comunicado público que se encontra ainda hoje no GEAE http://www.geae.inf.br/pt/boletins/geae482.html
Paralelamente ao trabalho da LIHPE, Eduardo e um grupo de amigos obtiveram um imóvel no Planalto Paulista (São Paulo - Capital) e iniciaram reformas para a criação do que chamaram de "Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo. Ele próprio tinha um acervo enorme de livros e documentos em sua casa e desejava que o trabalho de sua vida não se desfizesse após a sua desencarnação. Esta foi breve e inesperada, fruto de uma infecção e semanas de internação.
O CCDPE ganhou o nome de seu fundador e idealizador e passou a ser administrado pela família e por membros do movimento espírita. A LIHPE ficou um tempo desarticulada, mas funcionando em seu espaço virtual, e ganhou continuidade após a organização do 4o. ENLIHPE em parceria com o CCDPE-ECM. Desde então, temos nos reunido anualmente em São Paulo e aperfeiçoado o evento.
Embora boa parte dos espíritas brasileiros defendam uma concepção tríplice do Espiritismo: uma dimensão religiosa (outros preferem apenas moral), uma filosófica e uma dimensão científica, são escassos na literatura brasileira os trabalhos genuinamente científicos, especialmente contemporâneos. Muitas pessoas confundem especulações com termos geralmente empregados nas ciências com trabalho científico, e o movimento tem uma grande dificuldade em entender a(s) metodologia(s) científica(s), sua comunidade e sua produção. Mesmo as produções de caráter genuinamente filosófico, são recentes e pontuais no Brasil, salvo exceções.
O que os herdeiros do ENLIHPE decidiram foi dar ênfase e criar um espaço onde este tipo de produção (científico-filosófico) pudesse ser exposto e publicado. Aos poucos observamos que o aumento significativo de vagas em universidades e cursos de pós-graduação no Brasil marcaram um acesso de muitos espíritas à Academia, e despertou interesse de acadêmicos pelo Espiritismo como fenômeno social e cultural.
Marco Milani listou mais de 50 teses e dissertações relacionadas ao Espiritismo, o que foi publicado no livro "Pesquisas sobre o Espiritismo no Brasil". Esta produção acha-se ainda dispersa por bibliotecas e periódicos nacionais, principalmente. Tiago Paz ampliou esta lista no 6o. ENLIHPE e está tentando agrupar os textos integrais de teses e dissertações em um site. http://pesquisandoespiritismo.4shared.com/
Uma das diretrizes do ENLIHPE tem sido dar espaço para a comunicação dos trabalhos universitários de pesquisa e publicá-los, sem distinção de área de conhecimento. A ideia de uma LIHPE centralizada na História ampliou-se para uma LIHPE multidisciplinar.
Perdoe o leitor se me estendo. Esta introdução toda é para explicar o que é este livro que estamos lançando em BH no dia 28 próximo. Ele tem os trabalhos que foram selecionados por uma comissão, dos que foram apresentados no 5o. ENLIHPE.
Ao contrário do que se pensa, não são trabalhos complicados, herméticos. São muito claros, porque foram escritos pensando em ser comunicados para pessoas de diversas formações e não apenas para especialistas.
Eles trazem novas informações e recuperam informações esquecidas, preciosas para os que realmente estudam o Espiritismo e seu movimento.
Esta ação teve um impacto ainda tímido, mas esperado. Muitos interessados passaram a perceber que o Espiritismo é um objeto de estudo legítimo de suas respectivas áreas de conhecimento e a procurar os autores para trocar ideias, pesquisar conjuntamente, buscar orientações...
Por esta razão queremos dar visibilidade ao livro e a este conjunto de ações da parceria LIHPE-CCDPE em Belo Horizonte. Estamos próximos ao 7o. ENLIHPE e a inscrição de trabalhos está aberta. O livro com os trabalhos do 6o. ENLIHPE está no prelo e outras publicações têm surgido. Os autores têm se aproximado uns dos outros, formando o que chamamos de massa crítica.
Alexander mantém na UFJF um núcleo que pesquisa Saúde e Espiritualidade, com publicações regulares em revistas científicas brasileiras e internacionais, participação em congressos e outros sinais de vitalidade acadêmica. O trabalho que ele escreveu em conjunto com o Klaus para o livro, já foi aceito e apresentado na Europa em congresso científico. Sua experiência é muito rica e ficamos felizes quando ele aceitou o convite para vir a BH compartilhar conosco um pouco de seu conhecimento e vivência. Ficamos ainda mais entusiasmados quando a Angélica, autora de uma tese de doutorado em História importante sobre Psiquiatria e Espiritismo na primeira metade do século XX tambéms se dispôs a vir e conversar conosco. Ela redigiu um trabalho importante no "Temática Espírita" sobre Inácio Ferreira e seu trabalho enquanto médico encarnado.
Por todas estas razões, acrescidas à curiosidade natural de conhecer a nova sede administrativa da União Espírita Mineira, que nos recebeu de braços abertos, convidamos a todos para participar deste lançamento-encontro e apoiar este projeto que consideramos importante para as novas gerações de espíritas que estão chegando.

7.5.11

POR QUE ORAR PELOS ESPÍRITOS?


Foto 1: Vista de Castelnaudary


Um historiador ou antropólogo que visse espíritas em oração talvez associasse imediatamente esta prática com as religiões antigas e a magia primitiva, que propunham um tipo de vínculo ou comunicação com a(s) divindade(s). Ao mesmo tempo, hoje, dificilmente estes profissionais associariam o ato ritual de lavar as mãos dos cirurgiões com a prática ritual judaica, que se tornou objeto de controvérsias nos Evangelhos.

Hoje se acha incorporada ao senso comum a ideia de micróbios e outros microorganismos, que já foi objeto de ridículo na História da Medicina. Talvez por isso ninguém mais se recorde do tempo em que lavar as mãos era apenas um ato de fé ou um respeito à tradição.

O trabalho de Allan Kardec está repleto de comunicações de espíritos que solicitam aos espíritas franceses que orem por eles, e alguns casos são estudados, mostrando o efeito das preces sobre o psiquismo do desencarnado.

Um dos casos que se acha documentado intitula-se "o espírito de Castelnaudary" e pode ser lido no livro "O Céu e o Inferno". Castelnaudary é uma cidade no sudeste francês, próxima a Tolouse, na qual se encontrava uma casa considerada assombrada e exorcizada em 1848, sem qualquer diminuição dos fenômenos, um dos quais foi uma bofetada de mão materializada na face de um herdeiro do imóvel.

Os membros da Sociedade de Paris evocaram o espírito que habitaria nesta casa em 1859 e tiveram o apoio de São Luís para entender o que se passava.

O espírito evocado explicou tratar-se de um antigo dono, que cometera dois crimes naquela casa, vindo a falecer sem qualquer punição da justiça humana em 1659, com 80 anos. Sua imagem guardava relação com o estado íntimo: uma camisa ensanguentada e um punhal à mão, extremamente perturbado e violento.

Os colegas de Allan Kardec perguntam a São Luís como ficar livres deste tipo de obsessor, ao que o orientador espiritual responde ser necessário orar por eles.

Eles investigam mais a fundo a questão, perguntando se a prece sensibilizaria os espíritos ao mesmo tempo perversos e inteligentes. O mentor esclarece que para aproveitar a prece o espírito precisa arrepender-se do mal que tenha feito, mas que mesmo para este tipo de espírito se deveria orar, para que os pensamentos, mais cedo ou mais tarde, possam sensibilizá-lo e vencer seu cinismo.

Kardec relatou as comunicações deste espírito e de outros envolvidos com ele por dez sessões (duas delas na casa do Sr. F...), e destacou a coerência das informações fornecidas. O leitor consegue acompanhar as mudanças que se operam na consciência dele, as explicações que ele dá sobre os efeitos da prece e a evolução relativamente rápida que sofre, se considerarmos que se encontrava ligado ao local dos crimes por duzentos anos.

Este é apenas um dos casos relatados por Kardec em sua extensa obra. Faz-nos pensar mais sobre o efeito da oração sobre os espíritos e muda bastante a consideração da prece como ato automático ou de auto-punição, tornando-a um meio de comunicação e influência entre as almas.

4.5.11

QUEM FOI FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ?






A RBS TV, associada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, produziu um documentário sobre Francisco Valdomiro Lorenz, autor de diversos livros publicados pela FEB. Personalidade marcante e cultura vasta, Lorenz deixou marcas por onde esteve. O movimento espírita precisa recuperar mais informações sobre a vida deste espírita ilustre.