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13.4.16

O ERRADO QUE DEU CERTO



Antonina tinha como desafio fazer uma aula sobre a páscoa, para seus quatro alunos. Como fazer uma aula dinâmica, respeitando as diversas designações cristãs, mas apresentando a visão espírita da páscoa?

Ela começou sua aula com um jogo de forca, com a palavra Páscoa. Quase que a turma teve seu bonequinho “enforcado”!

Depois focalizou nos eventos que aconteceram ao redor da crucificação e enterro de Jesus. Como abordar a questão que é interpretada como ressurreição por outras religiões?

Para que não fique apenas uma história contada, em uma sala onde a monotonia possibilita trocas de tapas, ela imprimiu os personagens em preto e branco, conseguiu palitos de picolé e de churrasco e levou um grande isopor, para a história ganhar vida.

Os alunos começaram a colorir os personagens. Como eram muitos, alguns alunos ficaram com preguiça e começaram a rabiscar.

- Tia, o fulano rabiscou Jesus! Que coisa feia!

O tempo foi sendo devorado. Não ia dar tempo de fazer todas as coisas, mas a turma estava assentada e começou a conversar sobre brigas. Antonina falou que eles não podiam brigar em sala de aula e que não era certo bater uns nos outros.

- Mas se você apanha, tem que bater! Redarguiu um deles.

Outro perguntou direto:

- Você nunca apanhou quando era jovem?

Realidade diferente, claro que não da forma que eles o faziam. Violência na escola, violência em casa, violência nas ruas.

- Sim, eu apanhei! Ela respondeu.

- E não bateu de volta?

- Não, eu não podia. Quem me batia era minha irmã menor.

- E você não batia nela?

- Não posso, ela é menor que eu! É covardia!

- Vixe! Disse um dos meninos, meio desolado. Então não vou poder bater em ninguém...

Chegou o passe e Antonina ainda não tinha montado a maquete. Um olhar compreensivo e os passistas ficaram de voltar um pouco depois.

Os personagens foram recortados e sendo fixados na cartolina, enquanto a história corria, rápida.

- Tia, vai ter ovo de páscoa? Perguntaram os meninos no final.

- Não. Nós não comemoramos a páscoa desta forma. Por isso fizemos esta aula! Disse Antonina.

As atividades foram dimensionadas errado, mas a aula deu certo. Foi possível conversar sobre a violência, de uma forma tão natural, que fez pensar.


Lembrei-me do Prof. Mário Barbosa, que advogava que trabalhássemos ao lado das pessoas em situação de vulnerabilidade social, para que a influência fosse pessoal e profunda. Ele sabia o que falava.

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