Jáder Sampaio
O isolamento de grupos em um
centro espírita de grande porte é um dos grandes desafios institucionais que
precisa ser enfrentado, para que não haja ruptura do caráter associativo.
É mais fácil isolar-se em uma reunião
(mediúnica, por exemplo) ou grupo, participar de atividades apenas com as
pessoas deste grupo e contribuir com um valor da cota associativa, não se
interessando pelas necessidades coletivas da associação, e apenas direcionando
exigências para a diretoria, sob a justificativa de ser sócio regular e
participar da organização há décadas.
Neste caso, sempre que as
necessidades de muitos afetam a rotina dos trabalhos do grupo, este trata dos
pedidos de mudança da direção como uma intervenção indevida.
Quando isto acontece, há uma
inversão do pacto associativo. Os dirigentes são vistos mais como empregados ou
prestadores de serviço da organização e não como lideranças, que abrem mão de
seu tempo pessoal e familiar para contribuir com a associação a pedido e com
voto de confiança de todos.
Neste cenário, é mais difícil mobilizar a
contribuição dos associados para objetivos comuns, da associação como um todo, que
demandam trabalho voluntário e envolvimento de todos. Os projetos externos a um
grupo, como a construção de uma nova sede, a adoção de regimentos, o socorro a
uma atividade considerada importante que está com falta de trabalhadores, a
promoção de eventos para encontro dos membros da organização, sejam de caráter
doutrinário ou administrativo e a participação de pessoas de diferentes grupos
em atividades que não são vistas como “deles” por dirigentes e membros de
grupos.
As escolhas de dirigentes e
lideranças se tornam um trabalho muito difícil, porque, isolados, os valores de
cada grupo não são conhecidos pela organização como um todo, faltando o vínculo
da confiança e do respeito entre eles e o corpo dirigente. Os valores, quando
identificados e convidados, necessitarão gastar mais energia e dedicação para
superar as dificuldades criadas pelo isolamento e pelo desconhecimento das
equipes novas com que trabalharão. Não raro, muitos se afastam precocemente,
por motivos muitas vezes triviais, que não seriam causa deste tipo de atitude
se já houvesse um relacionamento anterior.
Não há, portanto, uma relação
orgânica entre o nível estratégico (a direção do centro), nível gerencial (a
direção dos grupos) e trabalhadores (nível operacional). Começa a ocorrer uma
estranha disputa de poder entre direção do centro e direção dos grupos, quando
deveria haver um relacionamento de colaboração, principalmente porque os grupos
e os associados em geral necessitam de um corpo diretor eficaz e são eles que o
elegem e o conduzem a suas funções “nunca-remuneradas”.
Esta reflexão não exime os
dirigentes dos centros espíritas de seus equívocos, do excesso de individualidade
ou do cometimento de abusos em suas funções, mas este seria objeto de discussão
de outro texto. O que observamos é a estranha inversão e competição, que
possibilita o desenvolvimento de um clima organizacional na casa espírita muito
bem descrito pelo espírito Irmão X, no livro Cartas e Crônicas, capítulo 29,
intitulado “Bichinhos” ao qual remeto o leitor.
Muito bom esse alerta tanto para Tarefeiros e Grupos, como para os dirigentes em seus vários níveis gerenciais e estratégicos
ResponderExcluirexcelente texto Jader. Ainda falta coragem e humildade para enfrentar o assunto de frente, como você fez.
ResponderExcluirJader Sampaio, nosso valioso amigo, com o senso de oportunidade que lhe é peculiar. Abs Rubatino
ResponderExcluirExcelente!
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