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6.3.17
O PAI NOSSO DE ANTONINA
Uma aula sobre oração? Ficou pensando Antonina com seus botões...
Ela se recordou de uma aula que assistiu quando tinha a idade de seus alunos. Engraçado como estas coisas vêm à cabeça, mesmo passados muitos anos.
Antonina tem poucos alunos, apenas cinco, mas o desafio de facilitar a aprendizagem não é menor. Conceitos abstratos, mesmo para crianças de 11 e 12 anos, que geralmente gostam de ser chamadas de pré-adolescentes, com uma experiência escolar limitada, aprovações forçadas e desempenho grupal baixo, são de difícil apreensão. Uma vez acreditando que não são capazes de aprender, desistem muito facilmente.
A ideia que ela teve foi associar Allan Kardec com Jesus Cristo... Kardec escreve em "O Livro dos Espíritos" que o objetivo da prece pode ser "louvar, pedir ou agradecer". Jesus ensinou aos apóstolos a oração dominical (do latim "dominus", significando senhor) como um exemplo de prece.
Ela imprimiu textos com a oração dominical, um para cada aluno. Imprimiu sete, por segurança. E montou um kit com três canetas marca-texto de cores diferentes. Amarelo para pedir, azul para agradecer e verde para louvar.
Chegado o grande momento, ela explicou a dinâmica da aula. Iriam estudar frase a frase a oração, e iriam identificar se a frase tinha o objetivo de louvar, pedir ou agradecer. Cada um iria marcar a frase com a cor respectiva, depois de conversarem em grupo.
As canetas fizeram um enorme sucesso. Os alunos nunca as tinham visto! Parecia mágica a história de colorir uma palavra para destacá-la...
As discussões foram longe.
- Santificado seja o vosso nome!
Depois de discutir, concluiu-se que se tratava de louvar a Deus.
- O pão nosso de cada dia nos dai hoje!
- Antonina! Ele está pedindo! Vamos marcar de amarelo?
Frase a frase foram analisando a oração. No final da tarefa alguém falou:
- Não tem nenhuma frase de azul... Falou Cícero.
- Ele não agradeceu nada? Perguntou Artur.
- Não é preciso usar as três classificações para se fazer uma prece. Como ela sai do coração, vai depender do que estamos sentindo e vivendo na hora. Explicou Antonina. E emendou:
- Vocês sabem de onde vem o Pai Nosso?
Ela mostrou um Novo Testamento.
- Uma Bíblia! Falaram os três meninos...
- Depois de Mateus, vem Marcos! Aqui passa de Mateus para Lucas. Esta Bíblia está errada? Perguntou Cícero.
- Não! Explicou Antonina. Você passou as páginas rápido demais. Explicou.
- Este livro não é a Bíblia inteira, é apenas o Novo Testamento...
Os meninos tinham um contato anterior com a Bíblia, talvez pela grande influência evangélica em sua comunidade.
Antes de terminar a aula, houve um apelo:
- Você vai trazer mais estas canetas?
E Antonina, tocada, deixou cada um ficar com um kit.
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