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27.9.17

TRÊS DIFERENTES TIPOS DE PESQUISAS SOBRE A MEDIUNIDADE





Há alguns dias publicamos esta palestra que havia sido retirada do YouTube pelos seus administradores. Ela voltou com um errinho: meu nome é Jáder Sampaio.

Nos primeiros 14 minutos explico o que é a Liga de Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE, e quais foram suas principais publicações: a Série Pesquisas Brasileiras sobre o Espiritismo e a Coleção Espiritismo na Universidade.

Depois trato dos tipos de conhecimento que podem ser considerados ciência, o que retiro de Jean Ladrière e de seu livro "A Articulação do Sentido", publicado pela EDUSP.  È uma visão ampliada de ciências, que comporta os métodos e técnicas das chamadas ciências formais (matemática e lógica), ciências empírico-formais (física, química, biologia e associados) e, por fim, das chamadas ciências hermenêuticas (letras, direito, filosofia, e muitas outras áreas de conhecimento).

Apresento alguns dos resultados das pesquisas sobre mediunidade que iniciaram-se na Universidade do Arizona, e encontram-se divulgadas nos livros do Instituto Windbridge.

Depois trato de uma pesquisa de prevalência de transtornos mentais em uma amostra de mais de uma centena de médiuns, realizada pelo Núcleo de Pesquisas de Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Por fim, apresento um trabalho que compõe uma tese de doutorado de Alexandre Caroli Rocha, na qual ele mostra que Humberto de Campos se serve de citações, na mediunidade de Chico Xavier, para mostrar sua identidade.

Espero que seja útil.

19.9.17

"REVIVAL" DE ESTUDOS SOBRE MEDIUNIDADE



Foto encontrada na internet. Na cabeceira da mesa, Chico Xavier. Identifiquei também Clóvis Tavares (?), André Luiz e  Emmanuel.

Estava preparando uma das apresentações que fiz no IV SETESP, no último final de semana, e encontrei um artigo muito interessante.

Delorme, A., Beischel, J., Michel, L., Bocuzzi, M., Radin, D., Mills, P. publicaram na revista "Frontiers in psychology", em novembro de 2013, um trabalho intitulado "Atividade eletrocortical associada a comunicação subjetiva com os mortos.

Ainda na revisão bibliográfica, os autores afirmam que houve um "revival" (um renascimento) das pesquisas sobre mediunidade na década anterior à publicação, ou seja, após o ano 2000.

Eles fizeram uma síntese rápida das linhas de estudo publicadas, acompanhadas das respectivas referências. São as seguintes:


- Precisão das afirmações dadas pelos médiuns

- Fenomenologia dos médiuns

- Psicologia dos médiuns

- Neurobiologia dos médiuns

- Potencial das mensagens mediúnicas para as pessoas em luto

Dois resultados também foram citados: 

1) A mediunidade não está associada a processos dissociativos convencionais (esquecimento ou amnésia de conhecimentos geralmente associados a eventos traumáticos, como forma de defesa psicológica), patologia, disfunção, psicose ou imaginação super-ativa.

2) Um grande número de médiuns leva uma vida normal e são pessoas aceitas em suas comunidades.

Esse artigo comunica e analisa os resultados de dois experimentos sobre o funcionamento eletrocortical (do córtex, área externa do cérebro) que comparam quatro atividades mentais diferentes de seis médiuns: percepção, lembrança, "fabrication" (pensar em uma pessoa imaginada pelo médium) e comunicação, mas para não estender muito, apresentarei os principais resultados no futuro.

Aproveitei para publicar como ilustração o desenho de uma reunião mediúnica com Chico Xavier. Quem conhece os espíritos e as pessoas representados nele?





12.9.17

ESPÍRITAS REZAM?



Chegou até este comentarista uma questão que surgiu em um grupo de estudos do sul da Bahia: os espíritas usam os verbos rezar e orar, com o significado de fazer prece, ou eles são interditos por alguma razão?

Para a língua portuguesa, oração, reza e prece são sinônimos, como se pode ler no Houaiss, por exemplo. Suas origens etimológicas, como nos mostra o dicionarista, no entanto, são diferentes.

A palavra prece vem do latim “prex, precis”, com o significado de “pedido, súplica”.

A palavra oração vem do latim “oratio, orationis”, com o sentido mais amplo, que pode significar “discurso, linguagem, palavra ou prece”.

A palavra rezar vem do latim “recito, recitas”, etc. e significa “ler em voz alta, recitar”

O Houaiss também explica que a palavra reza pode ser usada para significar o gestual da oração católica, de joelhos e mãos postas, e também tem o significado de usar palavras na benzedura (derivação de significado por metonímia).

Todos sabemos que Allan Kardec, seguindo Jesus, enfatizou bastante que a prece, oração ou reza é um ato interior. Talvez por esta razão, e para se evitar confusões e sincretismo, a palavra rezar seja menos utilizada pelos espíritas, já que pode ser mal entendida, mas não há qualquer restrição. Encontrei um texto da Revista Espírita no qual Kardec transcreve o verbo rezar de uma questão feita pelo Padre Félix, no qual ela é usada como sinônimo e evita repetição:

“Com efeito, nada transforma e transfigura o amor que ora sobre um túmulo ou chora nos funerais, como essa devoção à lembrança e ao sofrimento dos mortos. Essa mistura da religião e da dor, da prece e do amor, tem simultaneamente não sei quê de delicado e de enternecedor. A tristeza que chora se torna um auxiliar da piedade que reza. Por sua vez, a piedade se torna, para a tristeza, o mais delicioso aroma. A fé, a esperança e a caridade jamais se conjugam melhor para honrar a Deus consolando os homens e para fazer do alívio aos mortos a consolação dos vivos!” (Allan Kardec, Efeitos da Prece, Revista Espírita, Dez. 1859)

Uma vez esclarecida a questão do significado, fica a questão do uso, que é regional. Pelas Minas Gerais as pessoas geralmente preferem a palavra prece, mas usam também oração e raramente usam rezar, mas já ouvi sendo usada. E em seu centro espírita, qual delas é mais usada?

6.9.17

PASSEANDO NA FRANÇA EM BUSCA DE RIVAIL E KARDEC




Neste documentário, Ricardo Carvalho mostra as ruas de Lyon e Paris que marcaram a vida de Rivail e os eventos mais marcantes da trajetória de Allan Kardec. O túmulo, as casas dos médiuns, a residência, a sede da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e uma interessante entrevista com uma espírita radicada na Holanda, falando do movimento espírita europeu.

O vídeo é amador, mas o texto vem do coração. 44 minutos.

4.9.17

ANTONINA NO DIA DAS MÃES



O dia das mães é uma data-calendário que foi usada por Antonina para falar da família. Após sua exposição, ela perguntou a seus alunos:

- Qual seria a família ideal de vocês?

Ela entregou papéis para que eles pudessem escrever sobre esta família.

Talvez pela primeira vez para muitos dos alunos, eles puderam falar e escrever sobre um tema que se tornou tabu em suas casas.

Antonina surpreendeu-se com as respostas:

- “Eu gostaria que meu pai parasse de fumar, de beber e tivesse saúde. ”

- “Eu gostaria que minha família ficasse rica e que minha mãe e meu pai não fossem separados. Gostaria de ter conhecido meu avozinho. Gostaria de ser cantor sertanejo ou evangélico. Queria mudar muitos pecados na minha vida. Desejo um feliz dia das mães”

- “Queria que minha família fosse boazinha”

- “Eu queria ter conhecido meu “vô” materno, por que nem minha mãe o conheceu. Também queria que minha família fosse rica e o resto “queria que continuasse o resto”.

- “Quem devia estar na minha casa? Meu pai. O que devia mudar na minha casa? Minha mãe voltar com meu pai e minha mãe terminar com (o nome do companheiro, possivelmente). “

De repente, o dia das mães transformou-se no dia da falta dos pais para a maioria das crianças presentes. Famílias dissolvidas, talvez sem a devida preparação das crianças, sem a conversa importante que diz que a dissolução do casamento não é o fim da relação de paternidade e maternidade (ou será para alguns?). O pai, na mente dos pequeninos, é o herói ausente ou doente.

Os avós foram lembrados, e sua morte lamentada. O que significam estes avós que foram levados pela “grande viagem”? Mais um suporte para as famílias, uma pessoa carinhosa, ou apenas alguém cuja lembrança é evocada pela mãe com lágrimas?

O medo de perder o pai também está no discurso de uma das crianças, talvez reproduzindo a reclamação da mãe, que ressoa em vão: - Pare de fumar e de beber! Não apenas como uma implicância, mas como um temor da saúde que se vai, um temor da morte.

Por fim, veio o desejo de riqueza, que falta nas casas. E o anseio de ser cantor, de ser reconhecido, de ser alguém importante em seu meio. Nem sei dizer se é um anseio de uma carreira bem remunerada, apesar do mito do cantor pobre que sai na estrada até tornar-se bem-sucedido e rico.


O mais curioso de tudo, é que na tentativa de evitar uma abordagem que estereotipe a “família ideal”, eis que ela surge no desejo das crianças, articulada às aspirações mais profundas, como falta. Há muito ainda o que conversar com eles, para que não se sintam menores, furtados em seus sonhos pelos acontecimentos da vida.