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8.11.20

ENTREVISTADO PELA PUC MINAS

 

Questions!


Uma aluna da PUC Minas nos entrevistou sobre o espiritismo. Foram feitas diversas questões básicas. Acho que as respostas podem ser úteis aos leitores. Vou começar a publicar a partir de agora. Confiram.


01- Qual a definição de espiritismo. Pode ser considerado uma religião?


Resposta de Jáder Sampaio:

“Doutrina que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de sua relação com o mundo corporal” (Allan Kardec em O que é o espiritismo).


Kardec concebeu o espiritismo como ciência de observação e filosofia com consequências morais. Ele entendia que as pessoas de qualquer religião poderiam ser espíritas, por se tratar de uma ciência da vida após a morte.


Como o espiritismo tivesse propostas distintas dos dogmas da Igreja Católica, não tardou que os livros espíritas fossem colocados no Index Prohibitorum, apreendidos em Barcelona e queimados em praça pública sob a ordem de um bispo. 


Kardec, então, em dezembro de 1863 publicou um artigo em que divide o tempo em que vinha trabalhando em períodos, defendendo que o espiritismo entraria em seu período religioso. Meses depois ele publica “O evangelho segundo o espiritismo”.


Meses antes de falecer, ele publica uma conferência que fez na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, no qual defende que o espiritismo era uma religião no seu sentido filosófico, como laço ou comunhão entre os homens ligados por “sentimentos, princípios e crenças” mas não era uma religião no sentido de ter hierarquias, dogmas, culto, casta sacerdotal e cerimônias.


Diversos autores espíritas retomaram essa questão. Carlos Imbassahy propõe que o espiritismo é uma religião por admitir os ensinos de Jesus e os interpretar coerentemente com a Doutrina Espírita. Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier explica em seu livro “O Consolador” que o espiritismo é ciência e filosofia com fins religiosos. Essa é a visão da maioria dos espíritas brasileiros quanto ao caráter do espiritismo.


Há, no entanto, uma minoria de espíritas que defende a tese do espiritismo laico, um espiritismo que seria apenas ciência e filosofia.

2 comentários:

  1. Caro Jader, entendo que a identificação do Espiritismo como ciência de observação e doutrina filosófica não é'apenas', posto que em tudo que se questiona e pesquisa tem ciência (espírito científico), e em tudo que se raciocina a partir de princípios definidos há filosofia (a busca do saber). Os espíritas temos o dever íntimo de em tudo que fizermos incorporar o conhecimento espírita, sem pretender que o Espiritismo esteja em tudo- a Doutrina Espírita não é nem pretende ser o único caminho para atingir o esclarecimento espiritual e a transformação interior, que propiciará melhores indivíduos e, via de consequência, uma sociedade aprimorada. Por outro lado, dar caráter religioso ao Espiritismo, a meu ver, restringe-o. E isso independe de novas designações, como ser laico, kardecista, humanista, ou qualquer outra, em face da amplidão de aspectos que, naturalmente ele tem em nosso cotidiano. Saudações!

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  2. Bom dia, meu amigo. Não sei se vemos essas categorias de forma semelhante. Eu as percebo como formas de construção do conhecimento, sob a ótica da epistemologia e da metodologia das ciências. É sempre possível recuperar as fontes do conhecimento em ciência e filosofia. Na primeira, o conhecimento costuma ter base na observação e na experimentação, além da revisão teórica que o antecede. Na filosofia, o conhecimento é construído pela razão. Nas religiões, os conhecimentos vêm através de pessoas consideradas diferenciadas, mestres, gurus, que podem ter sua revelação atribuída à divindade. A conexão do espiritismo com o cristianismo, com os evangelhos, é de fundamentação filosófica, exclusivamente? Certamente, não vemos os evangelhos como "palavra de Deus", como o fazem nossos irmãos de outras designações cristãs. Humberto Schubert vê elementos da religião em nossas reuniões e estudos, que muitas vezes se voltam à aprender e acreditar, mais que buscar os fundamentos, criticar, buscar novas descobertas. Não é um tema fácil e ainda longe de consensos, mas precisamos desenvolvê-lo. Obrigado pela colaboração.

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