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11.3.23

PROJETO CONCERNENTE AO ESPIRITISMO





Meu amigo, o Dr. Alexandre Caroli, reviu e me avisou da publicação desse manuscrito de Kardec. Ele é relativamente recém-conhecido, porque ficou no papel durante mais de um século, escrito à mão, não publicado e o Projeto Allan Kardec, de diversas instituições, mas divulgado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, deu luz ao texto manuscrito, em francês e em português.

Ele deixa clara a concepção cristã-espírita da humanidade como irmandade, sem distinção. Marcamos a frase em que isso é explicitado. 

Essa concepção, contudo, não é nova. Encontra-se em diversos momentos da obra de Kardec, sobretudo na Lei de Igualdade, que fazendo parte das Leis Morais, é um dos pilares do edifício ético do espiritismo. Não é mera opinião de Rivail-Kardec, mas parte dos princípios filosóficos de seu pensamento.

Segue abaixo parte do texto do "Projeto Concernente ao Espiritismo" e o endereço na internet em que pode ser acessado por qualquer internauta.

"Qualquer um que conheça os princípios da doutrina e os felizes resultados que ela produz a cada dia verá, na sua propagação e na união dos seus adeptos, a melhor garantia da ordem social, visto que ela tem por lema: Fora da caridade não há salvação, e por guia estas palavras do Cristo: Amai-vos uns aos outros; perdoai os vossos inimigos; não façais aos outros o que não quereríeis que vos fosse feito [e fazei o que gostaríeis que vos fosse feito]; que ela proclama que todos os homens são irmãos, sem distinção de nacionalidades, de seitas, de castas, de raças nem de cores; que ela os ensina a se contentar com o que têm e a suportar com coragem as vicissitudes da vida; que, finalmente, com a caridade, os homens viverão em paz, ao passo que, com o egoísmo, terão inveja uns dos outros, desconfiança e estarão sempre em luta." Allan Kardec, quarta página do manuscrito (os grifos são nossos)


https://projetokardec.ufjf.br/item-pt?id=229

Abaixo o texto que a Federação Espírita Brasileira fez, em esclarecimento às acusações feitas através do Ministério Público Federal, que questionou se o espiritismo defendia o racismo. Um texto que se volta ao pensamento kardequiano para responder à ação e que gerou um acordo, permitindo a publicação de Kardec, com a inserção desse texto explicativo, a partir de cerca de 2015.

https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2019/11/Nota-explicativa-O-livro-dos-esp%C3%ADritos-1.pdf


 

Um comentário:


  1. O que escreveu Kardec sobre a Frenologia: "A frenologia é a ciência que trata das funções atribuídas a cada parte do cérebro. *O Dr. Gall, fundador dessa ciência, pensava que*, desde que o cérebro é o ponto onde terminam todas as sensações, e de onde partem todas as manifestações das faculdades intelectuais e morais, cada uma das faculdades primitivas deveria ter ali o seu órgão especial. Assim, seu sistema consiste na localização das faculdades.
    Como o desenvolvimento da caixa óssea é determinado pelo desenvolvimento de cada parte cerebral, produzindo protuberâncias, *concluiu ele que do exame dessas protuberâncias poder-se-ia deduzir a predominância de tal ou qual faculdade* e, daí, o caráter ou as aptidões do indivíduo....
    *Não vamos aqui discutir o mérito dessa ciência, nem examinar se é verdadeira ou exagerada em todas as suas consequências. Mas ela foi, alternadamente, defendida e criticada por homens de alto valor científico*. Se certos detalhes ainda são hipotéticos, nem por isso deixa de repousar sobre um princípio incontestável, o das funções gerais do cérebro, e sobre as relações existentes entre o desenvolvimento ou a atrofia desse órgão e as manifestações intelectuais. *O nosso propósito é o estudo das suas consequências psicológicas*.
    Das relações existentes entre o desenvolvimento do cérebro e a manifestação de certas faculdades, concluíram alguns cientistas que os órgãos do cérebro são a própria fonte das faculdades, *doutrina que não passa de materialismo, porque tende para a negação do princípio inteligente*, estranho à matéria. Consequentemente, ela faz do homem uma máquina sem livre-arbítrio e sem responsabilidade por seus atos, *pois sempre poderia atribuir os seus erros à sua organização e seria injustiça puni-lo por faltas que não teriam dependido dele. Ficamos, com razão, *abalados pelas consequências de semelhante teoria. Devia-se, por isso, proscrever a frenologia*?
    Não, mas *examinar o que nela poderia existir de verdadeiro ou de falso na maneira de encarar os fatos*. Ora, esse exame prova que as atribuições do cérebro em geral e mesmo a localização das faculdades, podem conciliar-se perfeitamente com o espiritualismo mais severo, que encontraria nisso a explicação de certos fatos"...Revista Espírita 1860 - Julho - A frenologia e a fisiognomia.

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