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18.8.11

AURÉLIO VALENTE E A IDENTIDADE DO ESPIRITISMO


Aurélio A. Valente

O sincretismo é uma prática viva em meio ao povo brasileiro. A diversidade cultural em uma história de dominações e resistências e o uso da aculturação como estratégia de dominação são alguns dos fatores que predispõem à uma mentalidade de coexistência incoerente de tradições filosóficas, culturais e religiosas.

No início do século XX, Aurélio Valente, tendo obtido as primeiras letras espíritas no grupo dos "Filhos Pródigos" e no grupo "Paz e Harmonia", escreveu um livro sobre mediunidade, preocupado não apenas com a instrução em língua portuguesa, mas com os atavismos católicos que coexistiam em meio espírita à proposta de Allan Kardec. Em 1929, então presidente da União Espírita Paraense, ele proferiu uma conferência que serviu de base ao seu livro "Sessões Práticas e Doutrinárias do Espiritismo".

"... Casamentos, batizados e outros sacramentos da Igreja de Roma foram adaptados e adotados por alguns espíritas, incapazes de se desfazerem de pronto das tradições seculares."

"A Doutrina Espírita não ensina de forma alguma, nem admite, nem mesmo por tolerância, essas práticas que constituem verdadeira profanação da sua simplicidade característica."

Com estas palavras fortes Valente não apregoava a intolerância com o Catolicismo Romano, mas a resistência ao sincretismo do movimento espírita.
Na década de 1930, quando Aurélio Valente escreveu seu livro, ele comenta também as aproximações das sociedades espíritas aos cultos dos índios brasileiros e afrodescendentes.

"A maneira de praticar o Espiritismo vai, desde os grupos bem organizados e escrupulosos, aos desorientados e fanáticos. Chegou-se, até, a estabelecer distinção entre "sessões de mesa" e "sessões de linha". Estas, onde pontificam africanos e índios, de acordo com os propósitos bons ou maus, são chamadas "linha branca" ou "linha negra"." (1973, p. 193)

Ele descreve as práticas religiosas, que envolvem dança, roupas especiais, calças arregaçadas, etc., e afirma:

"A isso alguns dão o nome de Espiritismo, enquanto outros o denominam de afro-catolicismo. Uma coisa, porém, afirmamos: não é Doutrina Espírita. (1973, p. 194)

Não encontrei no texto de Aurélio Valente qualquer menção ao termo Kardecismo. Apesar de usar uma frase de efeito, ele emprega Espiritismo ao longo de seu livro, como sinônimo de Doutrina Espírita. Não encontrei também as expressões baixo e alto espiritismo, que Giumbelli atribuiu aos órgãos do estado brasileiro e à medicina de então.
 
Esta resistência ao sincretismo (assim como a confusão entre as propostas filosóficas e religiosas) é antiga e data da chegada das ideias espíritas ao Brasil, como se pode ler na correspondência entre Telles de Menezes e Desliens, mas isso é assunto para outra publicação.

5 comentários:

  1. Espiritismo não tem base bíblica
    Vou expor alguns dos seus erros
    1) O Consolador Segundo a Bíblia é o Espírito Santo. Acompanhe:
    João 16.7,13,14 "Todavia digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque,se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas se eu for, enviar-vo-lo-ei. (...) Mas quando viaer aquele Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo quanto tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará..."
    Daqui aprendemos com a Bíblia o seguinte
    - O Consolador é o Espírito da Verdade.
    - Ele Glorifica a Jesus. Será que nas vossas reuniões vocês levantam as mãos para darem glória a Jesus! Por certo que não. Jesus é o único caminho para o Pai Celestial.
    2) A Reencarnação não tem base bíblica.
    HEBREUS 09.27 "E, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo"
    É morrer uma vez e, julgamento com Deus.
    Que dizer do relacionamento de adultério que Davi manteve com Bate-Seba mulher de Urias.
    Deus não permitiu que a criança vivesse, então morta a criança disse ele:
    II SAMUEL 12.23 Todavia, agora que é morta, por que ainda jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei para ela, porém ela não voltará para mim.
    GÁLATAS 01:
    6 Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho,
    8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema.
    II CORÍNTIOS 11:14
    E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz.
    Poderíamos ficar aqui horas e horas expondo os erros do espiritismo, mas deixo essas recomendações.

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  2. No meio espírita há um confusão muito grande entre tolerância e sincretismo. Aceitar o outro não pressupõe agir como o outro. Como cristãos, devemos sim conviver bem com todos que têm crenças diferentes das nossas, mas não podemos ser incoerentes quanto a nossa própria concepção epistemológica. Ser espírita é ter uma visão de mundo diferenciada, que contradiz com muitas práticas adotadas fora do espiritismo. Ser tolerante não significa compactuar e sobretudo difundir práticas estranhas à nossa Doutrina.

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  3. Alexandre F. Fonseca22 agosto, 2011

    Olá,

    Concordo "em gênero, grau e número" com o que a Janaina disse!

    Há obras no meio espírita que propõem que o significado da palavra "alteridade" seja "aceitar sincretismos" em nome da tolerância e fraternidade, enquanto que o correto é exatamente o que a Janaína comentou acima.

    Abraços,
    Alexandre

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  4. Concordo com os irmãos acima.O sincretismo corre solto no movimento espírita,já ouvi palestrante falando sobre o natal,citando "São José" e os "Reis magos"e elogiando a paciência de "São José"em aceitar casar com Maria já grávida do "Espírito Santo".Será que a naturalidade fisiológica da concepção e do nascimento de Jesus já não foi esclarecida á exaustão pelas obras básicas de Kardec.Os "espiritólicos" estão atacando firme em todas as frentes.

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  5. Anônimo,

    Há diversas leituras da Bíblia e dos evangelhos. A história do cristianismo nos mostra isso. Foram séculos até a construção do entendimento trinitário, como você pode ler em uma coleção muito interessante da Paulus, que traduziu para o português os documentos dos pais da igreja.

    Há também muitas contradições entre os as interpretações das diferentes designações evangélicas, geralmente minimizadas sob um discurso que afirma que há concordância entre os pontos mais relevantes.

    O Espiritismo tem muitos pontos de conflito com a interpretação corrente dos evangélicos, mas felizmente ninguém pode se dizer dono da verdade em matéria de Cristianismo.

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