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13.11.14

DA MANJEDOURA A EMAÚS



Na introdução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec orientou seu leitor a conhecer o “estado dos costumes e da sociedade judia daquela época”. Ele destaca este trabalho para que se possa conhecer o sentido das palavras empregadas, das histórias contadas por Jesus, dos diálogos e das narrativas quem compõem o Novo Testamento. Seu trabalho na introdução foi modesto, resumindo-se à definição de alguns dos grupos sociais que compunham a sociedade judaica e das sinagogas.

No corpo do texto de O evangelho segundo o espiritismo encontram-se respingos, aqui e e ali, de outras informações que são úteis para uma explicação dos evangelhos, mais racional que espiritual.

Wesley Caldeira, após um longo período de elaboração, está publicando o livro “Da manjedoura a Emaús”, pela editora da Federação Espírita Brasileira. Ele colocou os manuscritos do livro nas mãos de muitos leitores, estudiosos dos evangelhos e do espiritismo, para ouvir suas análises, como o sugeriu o espírito Sorella a Léon Denis.

A leitura é deliciosa. As paisagens, costumes e pessoas que compõem o universo da Galileia e da Judeia à época de Jesus vão sendo descritos em um texto cativante, que rapidamente prende a atenção do leitor, apesar de não ser um romance. As impressões do senso comum que temos dos personagens evangélicos vão sendo desconstruídos suavemente. Descobre-se, por exemplo, que ao contrário da divisão de trabalho manual e trabalho intelectual que herdamos dos gregos e romanos, preocupados com a política e as armas, a carpintaria era uma profissão de prestígio na sociedade judaica. Uma nova visão da terra que acolheu Jesus se abre aos nossos olhos.

Wesley lança mão de autores de prestígio e influência à época de Allan Kardec, como Ernest Renan, clássicos como Suetônio e Flávio Josefo, contemporâneos, como Ariès, espíritas, como o próprio Kardec e os espíritos que ditaram obras a Chico Xavier e Divaldo Franco, Hermínio Miranda. Seu trabalho concilia um estudo cuidadoso da vida de Jesus sob a ótica espírita, sem perder-se em revelações místicas, nem em reinvenções radicais do Cristo, como têm feito alguns intelectuais, mais interessados no impacto das suas ideias que na reconstrução histórica do Rabi de Nazaré.


O natal se aproxima, e com ele, os símbolos do comércio, como o papai noel vermelho e gordo. A criançada se entusiasma com os presentes, os familiares se mobilizam para estar juntos e comemorar. Que tal trazermos também um pouco do aniversariante para nossos lares?

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