Na introdução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan
Kardec orientou seu leitor a conhecer o “estado dos costumes e da sociedade
judia daquela época”. Ele destaca este trabalho para que se possa conhecer o
sentido das palavras empregadas, das histórias contadas por Jesus, dos diálogos
e das narrativas quem compõem o Novo Testamento. Seu trabalho na introdução foi
modesto, resumindo-se à definição de alguns dos grupos sociais que compunham a
sociedade judaica e das sinagogas.
No corpo do texto de O evangelho segundo o espiritismo
encontram-se respingos, aqui e e ali, de outras informações que são úteis para
uma explicação dos evangelhos, mais racional que espiritual.
Wesley Caldeira, após um longo período de elaboração, está
publicando o livro “Da manjedoura a Emaús”, pela editora da Federação Espírita
Brasileira. Ele colocou os manuscritos do livro nas mãos de muitos leitores,
estudiosos dos evangelhos e do espiritismo, para ouvir suas análises, como o
sugeriu o espírito Sorella a Léon Denis.
A leitura é deliciosa. As paisagens, costumes e pessoas que
compõem o universo da Galileia e da Judeia à época de Jesus vão sendo descritos
em um texto cativante, que rapidamente prende a atenção do leitor, apesar de
não ser um romance. As impressões do senso comum que temos dos personagens evangélicos
vão sendo desconstruídos suavemente. Descobre-se, por exemplo, que ao contrário
da divisão de trabalho manual e trabalho intelectual que herdamos dos gregos e
romanos, preocupados com a política e as armas, a carpintaria era uma profissão
de prestígio na sociedade judaica. Uma nova visão da terra que acolheu Jesus se
abre aos nossos olhos.
Wesley lança mão de autores de prestígio e influência à
época de Allan Kardec, como Ernest Renan, clássicos como Suetônio e Flávio Josefo,
contemporâneos, como Ariès, espíritas, como o próprio Kardec e os espíritos que
ditaram obras a Chico Xavier e Divaldo Franco, Hermínio Miranda. Seu trabalho
concilia um estudo cuidadoso da vida de Jesus sob a ótica espírita, sem
perder-se em revelações místicas, nem em reinvenções radicais do Cristo, como
têm feito alguns intelectuais, mais interessados no impacto das suas ideias que
na reconstrução histórica do Rabi de Nazaré.
O natal se aproxima, e com ele, os símbolos do
comércio, como o papai noel vermelho e gordo. A criançada se entusiasma com os presentes, os familiares se
mobilizam para estar juntos e comemorar. Que tal trazermos também um pouco do
aniversariante para nossos lares?
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