Therapeutic touching
Roe, Sonnex e Roxburgh (2015)
fizeram uma análise de 34 estudos em não humanos e 57 estudos em humanos de diversas
técnicas de tratamento espiritual (healing), como cura espiritual, cura à
distância, cura noética, prece intercessória, imposição de mãos, toque
terapêutico, Johrei e Reiki.
Por estudos em não humanos,
entende-se células in vitro, amostras de sangue, sementes, animais e plantas.
Estes estudos foram feitos tentando entender mecanismos possíveis de atuação do
tratamento espiritual e para evitar o efeito placebo, que seria um mecanismo psicológico
de modificação do organismo, desencadeado pelo tratamento espiritual, mas que
não é uma consequência direta dele. O efeito placebo é conhecido nos estudos de
medicamentos, nos quais se dá aos sujeitos falsos medicamentos sem princípio
ativo, sem que eles o saibam, para que se possa comparar efetivamente os
resultados do medicamento em análise.
Nos estudos em humanos se
identificaram os “ensaios clínicos aleatórios, duplo-cegos controlados”, ou
seja, os estudos que compararam os efeitos do tratamento espiritual em dois ou
três grupos semelhantes de pacientes, sendo um deles submetido ao tratamento
espiritual e os outros a uma simulação de tratamento espiritual e à ausência de
tratamento espiritual.
Eles concluem que os sujeitos sob
tratamento “exibem uma melhora significante no bem-estar com relação aos
sujeitos-controle” independente do placebo e dos chamados “efeitos de
expectativa”.
Também mostram que há uma queda
dos resultados quando os melhores estudos são selecionados por juízes que
analisam a metodologia, mas ainda se mantém a superioridade dos grupos de
tratamento espiritual.
Os estudos com plantas tiveram
resultados significativamente menores que os estudos com animais e amostras in
vitro.
Nos estudos com pessoas humanas,
os resultados obtidos com Johrei e Reiki foram superiores aos do toque
terapêutico. Os estudos de oração intercessora apresentaram resultados menores
(mas não significativamente menores) que os demais. Outros estudos já haviam
apontado este resultado (Astin, 2003) e reflete também alguns resultados de
estudos atuais de larga escala que não obtiveram resultados com prece à
distância. (Benson et al., 2006)
Os autores fizeram 11 sugestões
para melhorar próximos estudos, porque conseguiram distinguir estudos de melhor
e pior qualidade, além de dados heterogêneos. Aos interessados em realizar
pesquisas, recomendo que considerem o que os autores estão propondo.
Trazendo este trabalho para o
contexto espírita, os resultados apontam para uma diferença entre a oração e
técnicas semelhantes aos passes (os passes trazem melhores resultados). Isto
traz à memória a explicação de Allan Kardec, que distingue fluidos apenas espirituais
de fluidos magnéticos (humanos) e mistos. A conclusão destes estudos é
favorável a que os centros espíritas mantenham seus serviços de passes e de
orações, mas não nos permitem fazer qualquer inferência sobre a técnica dos
passes.
Outra questão que os autores
levantam, quando estão discutindo metodologia, é sobre a mudança de valores e
comportamentos das pessoas que procuram tratamentos espirituais, que envolvem
hábitos como “meditação” (ou oração, no nosso contexto), “evitar abuso de
álcool e remédios”, e “não realizar sexo promíscuo e arriscado”. Este comentário é consistente com a
recomendação que se faz nos centros espíritas para os que procuram passes ou
orientações espirituais para solução de problemas imediatos. Além destas intervenções imediatas, é necessário repensar como se está vivendo.
Roe, C.; Sonnex, C.; Roxburgh, E. C. Two
meta-analyses of noncontact healing studies, Explore, v. 11, n. 1, jan./feb. 2015, p. 11-23.
"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto. Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/
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