Há alguns anos tenho me interessado por biografias de
pessoas que deram sua contribuição ao espiritismo, como Allan Kardec, Amélie Grabrielle
Boudet, Gabriel Delanne, Léon Denis, Camille Flammarion, Chico Xavier, Yvonne
Pereira, Deolindo Amorim, Herculano Pires, Carlos Imbassahy, entre muitos
outros.
Mais recentemente, escrevendo sobre nossas experiências na
mediunidade, dei-me conta que tivemos contato direto com um médium e expositor
muito atuante, sobre o qual não havia lido muita coisa escrita, mas com quem
havia convivido ao longo de muitos anos.
Descobri, surpreso, que tinha um livro voltado ao relato e
análise das experiências de Raul Teixeira na minha própria biblioteca, comprado
para leitura posterior, mas esquecido na estante. Ele se intitula “Raul
Teixeira, um homem no mundo: 40 anos de oratória espírita”, publicado pela
editora Fráter em 2008, três anos antes do acidente vascular cerebral que o acometeu
em um voo para os Estados Unidos e que deixou sequelas.
Conheci Raul no final dos anos 1970, quando ele expunha
frequentemente na Associação Espírita Célia Xavier, e em casas espíritas das
quais nos aproximamos em função dos trabalhos dele no interior de Minas Gerais.
O autor do livro, Cezar Braga Said, residente na baixada
fluminense, mestre em educação, narra muitos episódios que conhecíamos do
relato do próprio Raul, mas também alguns que não imaginávamos. Raul, como
Yvonne, como Chico, como Elisabeth D’Esperance, Divaldo Franco e outros
médiuns, apresentava percepções de espíritos desde a infância. Criado em
contato com as instituições cristãs, conheceu uma mocidade espírita na
juventude, mercê do convite de um amigo e de sua família.
Estudou o espiritismo com dedicação e mostrou de imediato
suas habilidades com a exposição, o que fez com que recebesse cada vez mais
convites de casas espíritas no Rio de Janeiro e fora dele.
Desde o final dos anos 1960, conheceu e ligou-se com médiuns
bastante conhecidos, como Chico Xavier, Divaldo Franco e Yvonne Pereira. Said
focalizou seus aprendizados com estes trabalhadores devotados da mediunidade e
do espiritismo.
A mediunidade foi desenvolvida posteriormente, inicialmente
por um espírito chamado Luiz, que reencarnou e depois com a orientação de
Camilo, um espírito que teve experiências no passado em meio aos franciscanos,
mas outras encarnações.
O livro de Said é facílimo de se ler. São episódios pontuais
da vida de Raul, comentados com moderação. O livro se preocupa mais com as
experiências formadoras e marcantes da vida do médium, que com a apresentação
de datas e títulos. É uma biografia psicológica, que deixa o leitor na situação
de quem está conversando com o médium ao lado de uma mesa de café com
quitandas.
Li em dois dias cheios de outras atividades, com uma
fluidez, em função da organização e linguagem de Said. O texto, talvez pela
convivência com o médium, prende àqueles que conviveram com eles, porque é mais
uma revivescência que um aprendizado.
Recomendo a leitura aos que não o conheceram pessoalmente,
assim como a leitura das dezenas de livros que ele psicografou, voltados a
questões da vivência do espiritismo e do espírita no mundo, como Cezar bem
escolheu para o título.
Título: Raul Teixeira, um homem no mundo: 40 anos de
oratória espírita
Autor: Cezar Braga Said
Editora: Fráter
191 páginas – ano 2008
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