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15.4.19

CRIANÇAS E JOVENS DA CASA DO CAMINHO - MONTES CLAROS-MG



Iniciou-se o seminário “Conversando com os Espíritos” à tarde, na Associação Espírita Paulo de Tarso - CEPA em Montes Claros-MG. Além das atividades doutrinárias, os trabalhadores dessa casa auxiliam e evangelizam pessoas em situação de vulnerabilidade social em duas outras unidades, mais próximas de onde eles residem, como a Vila Telma, onde eles mantém a Casa do Caminho.

Nesse endereço se pode ter uma pequena noção sobre o trabalho assistencial que eles fazem, na voz do Prof. Ton, que nos contatou e recebeu com carinho na casa espírita. https://www.redevoluntariado.org/site/entidade/16/casa-do-caminho.html

Ton tem uma longa história com as artes cênicas, e com as artes em geral. A CEPA é uma casa imensamente simples, mas toda decorada com simplicidade e bom gosto, a partir do trabalho de artesãos e artistas. Além da área construída, áreas verdes com flores e frutos.



No auditório climatizado, sustentado por troncos de eucalipto tratado, chão de cimento vermelho, no início do evento, entram diversas crianças para cantar, vestindo a camisa da Casa do Caminho. Ton os regeu, e o ambiente se encheu de música.

Terminada a primeira canção, em que não só ouvíamos, mas víamos as reações emocionais dos “pequenos” (alguns nem tanto), veio uma salva de palmas, e me emocionou ver uma das meninas envergonhada de ser aplaudida, cobrindo o rosto com as mãos, outra bem nova, serelepe e os mais velhos concentrados na sua apresentação.

Mais uma canção e a pequenina, bem à frente, deixava o corpo acompanhar o ritmo do que cantava, meio distraída, mas todos atentos à regência do “maestro”. 



Após essa apresentação, uma jovem de 14 anos, filha de membros da casa, declamou de memória uma poesia imensa e bela, sobre a fé e as diferentes formas de fé, em um ritmo que lembra o rap. Tolerância entre as religiões, aceitação das diferenças religiosas, um discurso importante em uma época na qual falta tolerância até mesmo entre os próprios espíritas.

Eu fiquei pensando nessas crianças e jovens, nascidas e vivendo em um local onde falta o básico. Segundo o trabalho de Marcos Esdras Leite e Anete Marília Pereira (2005), o chefe das famílias que lá residem tinham uma renda média mensal entre 30 a 80 reais por mês. Eles estavam entre os onze bairros de renda mais baixa do município, identificados pelos pesquisadores.

Qual será o futuro das crianças e jovens que nasceram com acesso limitado à saúde e educação?

Ton nos explicou que a apresentação os mobilizou tanto, que alguns nem haviam almoçado. Eles saíram do palco direto para a copa, para fazer um lanche e voltar às respectivas casas.

Parece um gesto pequeno, ensinar a cantar, a participar de um pequeno coral, a ter coragem para se mostrar a um público diferente, mas aos olhos de um psicólogo, não é. É uma experiência de vida cheia de expectativas e esperanças. É o desenvolvimento de diversas competências pessoais e de participação em equipe.

Espíritas de Taiobeiras - MG, que viajaram 263 km para participar do seminário

Após o seminário à noitinha, fizemos uma roda de conversas sobre as atividades assistenciais e promocionais das três unidades do Centro Espírita Paulo de Tarso. Além de alimentar, de refletir sobre valores da vida, de fazer arte e brincar, que mais se pode fazer? Como apoiar a educação? Como preparar para o mercado de trabalho? Que parcerias poderiam ser feitas com instituições espíritas ou não, capazes de desenvolver competências e ensinar o que seu meio não lhes dá acesso? Como apoiar o acesso ao ensino superior, e mostrar a via da educação como alternativa para a vida?

Confesso que fiquei muito satisfeito em ver uma organização espírita fazendo a diferença em sua cidade. Pessoas de diferentes origens sociais se unindo para fazer algo, por mais simples que seja. Desejo de superar a assistência e atingir a promoção social no futuro. Que nossos amigos desencarnados continuem apoiando essa e outras casas espíritas, para que seus membros nunca se esqueçam de fazer um pequeno esforço para que nossas famílias vulneráveis possam ter um presente menos difícil e um futuro melhor.

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