Há muitos anos fiz alguns estudos sobre a formação dos evangelhos e a interpretação deles pelo espiritismo. Descobri à época uma série de trabalhos escritos por cristãos dos primeiros séculos e me interessei por fazer uma incursão nesta época, que nos permitiria demarcar as mudanças que foram acontecendo no meio cristão.
Mais recentemente adquiri alguns livros da editora Paulus, que publicou uma série chamada Patrística, e que recupera e publica, em língua portuguesa, as cartas, textos e análises feitas pelos autores cristãos dos primeiros séculos.
Encontro-me estudando o livro Padres (ou pais) apostólicos, que são uma geração de cristãos muito próxima dos apóstolos que conviveram com Jesus, do primeiro e segundo séculos.
Tenho estudado Clemente Romano, Inácio de Antioquia, Policarpo de Smirna, e dois livros que já me interessavam há algumas décadas: O Pastor, de Hermas e a Didaqué.
Transcrevo um trecho de uma parábola da época, que me parece apropriada para os projetos de acumulação de riquezas, muito valorizado nos dias de hoje.
"Ele me disse: "Vós, servos de Deus, sabeis que habitais em terra estrangeira. De fato, vossa cidade acha-se longe desta cidade. Portanto, se conheceis vossa cidade, aquela que deveis habitar, por que correis assim atrás de campos, habitações luxuosas, palácios e mansões inúteis? Quem procura tais coisas nesta cidade, não espera voltar à sua própria cidade. Insensato, vacilante, homem infeliz! Ignoras que tudo isso é estrangeiro e está em poder de outro? De fato, o dono dessa cidade dirá: Não quero que habites na minha cidade. Vai embora daqui porque não obedeces a minha lei. Então, tu, que possuis campos, casas e muitos bens, ao ser expulso por ele, o que farás com teu campo, tua casa, e tudo o que te resta do que acumulaste?" (O Pastor, cap. 50, vv. 1-4)
Realmente é bastante clara e se coaduna com a visão espírita da riqueza. Trata qualquer outro orbe (terra)onde se dá o reencarne de um espírito como estrangeira, deixando claro que a verdadeira vida é a espiritual. Diz em outras palavras um aforismo do meu espírita "somos seres espirituais em trânsito pela matéria". Da mesma forma ensina que os bens materiais são estrangeiros, ou seja, não essenciais à verdadeira vida. Abraços.
ResponderExcluirInteressante, Jáder. Quando puder envie a referência bibliográfica dos livros da Paulus que você citou.
ResponderExcluirObrigado por compartilhar.
Abraços e Bom Ano Novo para você e sua família.
Mauricio