Júlio Perez
Há alguns anos, quando
discutíamos a pesquisa da mediunidade, provoquei os palestrantes a fazer
estudos de associação entre o funcionamento cerebral e o fenômeno mediúnico,
mas os participantes não viam nas técnicas disponíveis, como a
eletroencefalografia, possibilidades de análise confiável e segura para a
proposta. O que havia disponível eram estudos de caráter especulativo, como o
livro de Jaime Cerviño, publicado pela FEB (Além do inconsciente), os ensaios
de Jorge Andréa ou descrições feitas por espíritos, pela via mediúnica, como os
trabalhos de André Luiz (Missionários da luz, Nos domínios da mediunidade). São
contribuições importantes, mas que necessitariam ser postas em teste, para
consolidação ou reconstrução do que se acha proposto.
Passados os anos o conhecimento
do funcionamento do cérebro e o desenvolvimento de novas técnicas de neuroimagem
possibilitaram o desenvolvimento da neurofisiologia. Com um conhecimento maior
do funcionamento cerebral , o acesso a aparelhos de neuroimagem para pesquisa
acadêmica e uma nova cultura de pesquisa no Brasil, a questão voltou à cena. O
que acontece com o cérebro quando, por exemplo, um médium psicografa? O padrão
neurofisiológico e as áreas cerebrais afetadas seriam as mesmas de uma pessoa
que escreve?
Os doutores Júlio Peres e Andrew
Newberg publicaram um artigo com alguns dos achados feitos em uma pesquisa de
neuroimagem com dez médiuns: cinco considerados menos experientes e cinco
considerados mais experientes, com a técnica SPECT, considerada mais adequada
ao tipo de tarefas que foi exigido dos médiuns. Eles tiveram seus cérebros estudados enquanto escreviam normalmente, e
quando em transe, psicografando. O artigo mostra as diferenças de fluxo
sanguíneo e outras descobertas encontradas, e discute as diversas explicações
possíveis aos achados.
Quem se interessa pelo tema, não deve deixar de
ler este trabalho, que saiu publicado agora em língua portuguesa, na Revista de
Psiquiatria Clínica da USP. O acesso via
Scielo é o link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832013000600004&lng=en&nrm=iso
Ele também tem um link para baixar o artigo em formato pdf, mais confortável
aos olhos do leitor.
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