11.8.08

Onde será o 4o. ENLIHPE?



O 4o. Encontro Nacional da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas - ENLIHPE acontecerá nos dias 27 e 28 de Setembro de 2009 no Instituto Espírita de Educação, à rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 695. Itaim-Bibi - São Paulo, Capital.

Inscrições com desconto até 31 de agosto de 2008.

Maiores informações e inscrições no site do Centro de Cultura - http://www.ccdpe.org

Veja também no site os expositores já confirmados.

O prazo de entrega dos trabalhos foi prorrogado para o dia 18 de agosto e os resultados serão divulgados em 15 dias.

10.8.08

Parabéns para o EC....



O Espiritismo Comentado chegou a vinte mil acessos desde a inserção do contador de acessos em agosto/setembro do ano passado. Obrigado a você que tem acompanhado nosso trabalho de perto.
Foram 200 matérias publicadas, entre ensaios, entrevistas, resenhas, artigos de diálogo com o leitor e divulgação de eventos.
Chegamos à terceira publicação na Universo Espírita, com a matéria sobre Victor Hugo, com a imagem e textos complementares criados pela competente equipe editorial da revista.
Com a implantação do FEEDJIT no blog ficamos mais próximos de você, e sabemos um pouco mais o que têm lido, procurado e em que cidades estão os leitores.
A Comunidade EC está principalmente na região sudeste e sul do Brasil, nas capitais nordestinas, e nas grandes cidades do centro-oeste/norte.
No exterior, acessaram este mês de Portugal, Estados Unidos, França, Reino Unido, Espanha, Holanda e Áustria.
A comunidade de Portugal é bastante diversificada. Temos leitores de Lisboa, Sintra, Porto, Gondomar, Guimarães, entre muitas outras cidades. Os portugueses gostaram da poesia Encarnações, da matéria sobre as Flores no Dólmen de Kardec e das informações sobre o vídeo de Chico Xavier. Dos ensaios, o que trata sobre Mediunidade Intuitiva tem sido muito acessado.
No Brasil, a matéria da AME de Juiz de Fora, remetendo os leitores para modelos de aulas de evangelização infantil foi das mais procuradas, parabéns à equipe de JF e obrigado pela "dica".
Em breve levantaremos as cidades norte-americanas que nos tem dado o prazer da visita.

Você quer voluntariar-se?



Virgílio Pedro de Almeida criou o bazar da AECX em 1970, que hoje leva seu nome em sua memória. Ele congregava donas de casa que enviavam seus filhos para a escola à tarde, em serviço ativo para o próximo.

Há muitos anos vem sendo coordenado pela Rose (Rozimare Passini Barbosa) e pela Maria Célia. E o perfil dos colaboradores diversificou bastante, mas manteve seu caráter voluntário.

A equipe se encontra no Lar Espírita Esperança, à rua Samuel Hahnemann (atrás do Hospital Espírita André Luiz), no bairro Salgado Filho - BH. As reuniões são às quartas feiras, das 14:00 às 17:00 horas.
Quem quiser voluntariar-se pode procurar a Rose às quintas feiras à tarde, na sede da Associação Espírita Célia Xavier ou às quartas-feiras à tarde no Lar Espírita Esperança.

Voluntários procurados:

- Bordadeiras,

- Crocheteiras

- Costureiras

- Pessoas com habilidade em tapeçaria

- Pessoas de boa vontade (para passar, dobrar, medir, etiquetar, etc.)

- Pessoas habilitadas que possam receber o trabalho sob encomenda para fazer em casa.



- Se você não puder voluntariar-se, mas quiser ajudar, pode doar material.

3.8.08

ENCARNAÇÕES



Os anos não trazem apenas cabelos brancos,
Vêm a experiência, mestra da vida, e a sabedoria.
É belo ser jovem e temerário, mas talvez,
Mais belo é ser velho e iluminado pela vida.

Cada idade tem seu próprio encanto, a beleza própria.
E a vida tem estações, à semelhança do ano:
A primavera da infância e da adolescência pura,
O verão da mocidade e o outono da madureza.

Mas o inverno da velhice não é o fim que aparenta.
Também a vida, à semelhança do ano, se encadeia
Em estações e se renova, nas encarnações.

O branquear dos cabelos é o princípio das nevadas
De um inverno. Mas após cada inverno voltará a
Primavera, na direção da sabedoria.


Poema de Leandro Couto, inspirado na crônica "O Homem Novo", do livro homônimo de autoria de J. Herculano Pires. 2ª ed. Edições Correio Fraterno, 1985. 107 p.

2.8.08

Quem foi Célia Xavier?



Foto 1: Célia Xavier


Jáder Sampaio

Perdoem-me os leitores que não são de Belo Horizonte. Eu sou membro da Associação Espírita Célia Xavier, e muitas pessoas nos perguntam amiúde: quem foi Célia Xavier? Geralmente, os mal informados arriscam algum parentesco com Chico Xavier (mãe, irmã e até filha já foi objeto de cogitação), mas a nossa Célia não tem parentesco com o médium de Pedro Leopoldo, embora já tenha se comunicado através dele.

Célia é belo-horizontina, nascida em 19 de novembro de 1916 na Rua Tupinambás, filha de José Pedro Xavier e Dona Orlanda Reis Xavier. Aos quatro anos sua família se mudou para Ubá, onde José Pedro trabalhou como joalheiro, dono de uma "joalheria de seis portas" (Relojoaria Ideal). Célia e suas irmãs foram internas do Colégio Regina Coeli em Rio Pomba, considerada a melhor escola da região.

Em uma das férias, enquanto tocava piano, Célia sentiu-se mal, e depois apresentou uma paralisia do lado esquerdo, possivelmente causada por um acidente vascular cerebral.

A família voltou para Belo Horizonte e passou a residir no bairro Santa Tereza. As sequelas foram diminuindo, e ela foi atendida no Hospital Militar, por intervenção do Sr. Neves. A família mudou-se para o bairro Calafate. O Sr.Xavier trabalhava como joalheiro, gravador, cravador e relojoeiro. Ele abriu a relojoaria Brasil em Belo Horizonte, e ensinou seu ofício a muitos outros profissionais da capital mineira.

As mulheres dividiam o serviço da casa, e Célia, já bem melhor, escolheu lavar e passar a roupa. Segundo a irmã, era uma jovem "alegre, trabalhadora e muito religiosa".

Quando moravam na rua Itapecerica, na Lagoinha (antes de mudarem-se para o Calafate), as mulheres da família trabalharam como cortadeiras e costureiras em uma loja de roupas infantis, inclusive Célia. Após mudarem-se, Célia continuou costurando roupas de criança sob encomenda.

Após alguns anos de tranquilidade, Célia queixou-se de dores no lado direito do abdômen, que foram diagnosticadas como um "problema de fígado" e tratadas, na época, com "banhos de luz". Ela piorou paulatinamente. Tratava-se de um câncer no aparelho digestivo, mas a medicina não dispunha dos recursos diagnósticos que tem hoje.

Na noite da desencarnação, ela chamou a mãe e disse "Mamãe, a senhora foi a melhor mãe do mundo". Ela indicou à mãe uma lata onde guardava o dinheiro das costuras, que economizara por muito tempo, e pediu que ela pagasse uma empregada antiga que a família tinha e que desse o resto de esmola aos pobres, velhos e aleijados. Pediu à irmã que desse três vestidos para as sobrinhas. Ariadne, sua afilhada, guarda até hoje este vestido. Ela enviou rosas para freiras, suas amigas.

Célia recebeu muitas pessoas amigas, sempre carinhosamente. Disse a uma prima que a tia Taninha (o nome era Sebastiana) estava presente (ela já havia desencarnado) e que pedia que ela fizesse as pazes com o pai (ainda encarnado).
Ela não frequentava reuniões mediúnicas, mas viu tantas pessoas no leito de morte que desabafou com sua família: "Meu Deus, devia ter desenvolvido a mediunidade".

O Monsenhor Horta visitou-a no leito de morte, chamado por um tio, e dispôs-se ouvir-lhe a confissão. Ele pediu que as pessoas saíssem para que ela confessasse, ao que ela recusou, porque não tinha pecado algum para confessar. A irmã e a sobrinha-afilhada confirmam que o sacerdote saiu dizendo: "Meu Deus, eu vim confortar essa moça e saí confortado por ela."

Célia chamou pelo Sr. Antônio Loreto Flores, presidente de um centro espírita ao qual desejava ver. Flores era conhecido por sua mediunidade na capital mineira. Ariadne informou que ele ia ao cinema, no que foi interpelado por Bezerra de Menezes - espírito, que lhe disse: "Célia precisa de você". Ele chegou para vê-la e cerca de meia hora depois, às 22:35 horas. Célia desencarnou no dia 01 de agosto de 1943.

Posteriormente, alguns espíritas amigos do casal Xavier os incentivou a construir um Centro Espírita em homenagem à memória da filha. Fico lhes devendo mais informações sobre a construção do Centro Espírita Célia Xavier .

A história de Célia ganhou notoriedade na capital mineira, e em algum tempo começaram a surgir velas, flores e outros símbolos religiosos colocados por concidadãos em seu túmulo, no cemitério do Bonfim. A família julgou por bem fazer a exumação dos restos mortais, guardando-os em uma gaveta numerada no cemitério para evitar a santificação de Célia pela população.
Agradeço a Ariadne e a Ilza Xavier os dados cedidos.

PS: Algumas mudanças foram feitas no texto desde a primeira publicação graças à atenção de Ariadne Xavier, a quem agradecemos.

Desencarne ou Desencarnação?


Celso Pedro Luft escreveu sobre formação de palavras no seu "Novo Manual de Português". Ele afirma que:

"Para a expansão de seus recursos vocabulares ou lexicais, serve-se a língua de dois recursos gerais: ampliação lexical interna e externa."

Na ampliação interna, temos os processos de derivação, que podem ser por prefixação, sufixação, prefixo-sufixação (parassíntese) e regressiva.

Consultei diversos dicionários, e todos eles apresentam a palavra desencarnação, até com o sentido espírita de "afastamento permanente (pela alma ou espírito) do corpo físico".

Nenhum deles (Houaiss, Aurélio, Nascentes, Laudelino Freire) apresenta a palavra desencarne, mas todos eles apresentam a palavra "encarne" com o sentido de "ato de encarnar".

O que posso concluir, salvo melhor juízo, é que seria preferível utilizar o substantivo desencarnação, que está dicionarizado e é bastante conhecido, mas não seria incorreto utilizar a palavra "desencarne", com o sentido de "ato de desencarnar", que seria possível por derivação prefixal. O que não se deve é confundir desencarne ou desencarnação com descarnar, parassíntese que significa retirar a carne do osso.

Espiritismo Comentado na Universo Espírita


O número 55 da revista Universo Espírita publicou a matéria "Doutrinação ou Atendimento?" do nosso blog. Além do que o leitor já conhece, há uma apresentação sintética da vida e obra de Hermínio Miranda, autor do livro "Diálogo com as Sombras", publicado pela FEB.

Leia também muitas outras matérias, que tratam de Stanislav Grof, Dependência Química, do episódio das fotografias de fadas que ludibriou Conan Doyle e diversas matérias sobre as associações de profissionais da área de direito e o Espiritismo.

Mocidade AECX nos anos 80


Mais uma foto nos foi cedida do acervo de Dalva e Márcio Xavier, registrando um passeio da mocidade da Associação Espírita Célia Xavier à cidade de Sabará na década de 80.
Parabéns aos 40 anos de vida institucional....

29.7.08

AJE-SP aprova Estatuto Social e elege Diretoria

Figura 1: Diretoria, Conselho Fiscal e Deliberativo da AJE-SP
A Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo (AJE-SP), fundada no dia 8 de março de 2008, aprovou no dia 14 de junho de 2008 o seu Estatuto Social, elegeu a primeira Diretoria Executiva e os Conselhos Deliberativo e Fiscal. As duas assembléias foram realizadas na sede da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, à Rua Dr. Gabriel Piza, 433 - Santana, São Paulo-SP, onde será a sede provisória da recém fundada entidade.

Antecedendo a sua assembléia geral do dia 14 de junho a AJE-SP realizou um seminário aberto ao público em geral sobre as células-tronco, nos seus aspectos jurídico, médico e espírita. O médico e membro da Diretoria da Associação Médico-Espírita da cidade de Santos Dr. Décio Iandoli Júnior apresentou o tema "Mitos e Verdades sobre as Células-tronco" e o promotor de justiça de São Paulo Ricardo Barbosa Alves o aspecto Jurídico-Espírita das "Pesquisas com células-tronco embrionárias".

Resultado das eleições para os cargos diretivos da AJE-SP:

Diretoria Executiva:
Presidente: Tiago Cintra Essado;
Vice-presidente de Comunicação: Julia Nezu;
Vice-presidente de Eventos: Eduardo Ferreira Valerio;
Diretora Secretária: Maria Odete Duque Bertasi;
Diretor Financeiro: Rogeiro Barbosa de Castro

Conselho Fiscal:
Titulares: Débora Cristina do Prado Maida, Ubirajara Zilmar Rodrigues Nery e Ricardo Barbosa Alves. Suplentes: Marcelo Neves dos Santos, Marco Antonio Marcondes Pereira e Leocádia de Castro.

Conselho Deliberativo:
Francisco Aranda Gabilan (coordenador do CD), Izaias Claro, Ubirajara Zilmar Rodrigues Nery, Messias Mathey, Leocádia de Castro, Gelson Wanderley Domingos, Solange Korbage, Marcelo Palma Marafon, Luiz Paulo Sirvinskas, Orion Pereira da Costa, Maria Nazareth Moraes Carvalho, Luiz Carlos Storino, Marília Silva Alves de Castro, Sílvio Tonietto, Marco Antonio Marcondes Pereira, Ricardo Barbosa Alves, Ivete Maria Ribeiro, Paulo Eduardo Landin, José Felipe Donnangelo, Adoração Gimenez Domingos e Luciane Aparecida Falheiros.


Para mais informações acesse o site:
http://www.ajesaopaulo@com.br/
E-mail:
ajesp.sp@gmail.com
E-mail para imprensa:
comunicacao@ajesaopaulo.com.br
Endereço: Rua Dr. Gabriel Piza, 433 - Santana - São Paulo-SP, CEP 02036-011 - Fone: 11 - 2950.6554 (USE-SP)

26.7.08

Do You Know Bezerra de Menezes?




Film about Bezerra de Menezes debuts in August.

On August’s last days, it debuts a film about Bezerra de Menezes’ life. Try to watch it in its first days of presentation, in order to increase its time of exhibit.
The film seems to be good, both in photography and in interpretation. A bit of spiritist brazility in movies!
Watch its trailer in:
http://www.bezerrademenezesofilme.com.br/index.php

Première du film sur Bezerra de Menezes en Août.

La première du film sur la vie de Bezerra de Menezes aura lieu à la fin Août.. Regardez-le pendant les premièrs jours d’exhibition, afin de la prolonger.
Le film promet des bonnes performances en photographie et en interprétation. Un peu de brésilité spirite aux cinés !

Regardez le trailer en :
http://www.bezerrademenezesofilme.com.br/index.php


Filme sobre Bezerra de Menezes estréia em agosto.

O filme sobre a vida de Bezerra de Menezes estréia no final de agosto. Procure assistir na primeira semana de exibição, para que ele tenha vida longa nas telonas.
O filme promete, tanto em fotografia quanto em interpretação. Um pouco de brasilidade espírita nos cinemas.
Veja o trailer em:
http://www.bezerrademenezesofilme.com.br/index.php


Traduções para o inglês e o francês: Vanilson Couto

Auto-de-Fé de Barcelona

Figura 1: Capa do Livro de Barrera


Florentino Barrera é um autor espírita argentino, ainda pouco conhecido no Brasil, senão por círculos espíritas seletos. Intelectual, fez pesquisas cuidadosas, adquiriu livros e trabalhos raros durante sua longa existência junto a nós e disponibiliza em seus trabalhos informações de difícil acesso ao pesquisador espírita.
O título do livro não lhe faz justiça. Barrera trata de diversos assuntos do interesse dos que estudam a história do Espiritismo na Espanha e seus impactos na América Latina, o auto-de-fé de Barcelona
[1] está descrito e documentado, as fontes são apresentadas, mas ele é apenas um mote para tratar rapidamente da evolução do Espiritismo na Espanha.
A narrativa impessoal e sintética de Florentino inicia-se com uma descrição detalhada dos vínculos de Kardec com a livraria francesa do século XIX.
O capítulo intitulado Análise Bibliográfica trata do evento no qual o Bispo de Barcelona retém e manda queimar um envio de livros e revistas espíritas francesas para a Espanha. Florentino inicia então um trabalho instigante de recuperar os eventos ao redor do auto-de-fé. Ele trata das ações da Igreja junto ao Estado com a finalidade de policiar o pensamento divergente às doutrinas eclesiásticas.
O capítulo “livros, livreiros e censura” apresenta as origens dos livros e o papel da inquisição espanhola nas relações Estado – Igreja. Barrera mostra os impactos que a intolerância ao Espiritismo causa nos países latinoamericanos de língua espanhola: a proibição do Espiritismo no Equador, a expulsão de espíritas de Montevidéu, a tentativa de assassinato de Cosme Mariño por uma beata na Argentina.
A ditadura de Franco, passada a união entre a nobreza e a igreja católica, sob a pena de Florentino, acolhe e encobre todo tipo e ato torpe realizado pelo Santo Ofício: fecham sociedades espíritas, “seqüestram livros e efetuam prisões”. O movimento espírita permanece subterrâneo durante quarenta anos.
Barrera descreve o trabalho de Molina e o renascimento do Espiritismo Espanhol, a partir das mudanças políticas na Espanha de 1979.
O capítulo “Espanha 1853-1888” faz uma apresentação do vigor e dos principais atores sociais do Espiritismo Espanhol. O leitor encontra uma lista extensa fontes bibliográficas produzidas por eles neste período. A clandestinidade é parceira da difusão da obra espírita espanhola e Barrera mostra indícios de livros espíritas levados por contrabandistas à Porto Rico.
Em “Os Opositores”, Florentino lista as obras escritas (e às vezes as obras espíritas redigidas em resposta) por religiosos e outros autores contrários às idéias espíritas.
O final do livro dedica-se ao auto-de-fé. Barrera mostra sua peregrinação pelas principais bibliotecas do planeta em busca de originais e informação, apresenta um fac-símile da breve comunicação de Kardec ao movimento espírita do acontecido, através da “Revue Spirite” e relaciona os relatos de protagonistas e testemunhas do ato, deixando indubitável a sua existência e a precisão dos relatos espíritas.
Apesar da impessoalidade e de pequenos erros ortográficos da revisão, fiz a leitura em menos de duas horas. Este é daqueles livros que, iniciada a leitura, não se quer tirar os olhos do texto. Ele marca a consolidação da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas em parceria com o Centro de Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro, desde os contatos feitos com Florentino pelo Eduardo, ainda encarnado, até sua realização em trabalho de equipe capitaneada pela operosa Emília Santos Coutinho.
[1] Auto-de-fé é um ato público de humilhação ou punição realizado geralmente por agentes do Estado contra expoentes de idéias contrárias às da Igreja. O auto-de-fé de Barcelona constituiu-se no seqüestro e queima de livros espíritas por ordem do bispo de Barcelona em 1861.


Livro: Auto-de-Fé de Barcelona
Autor: Florentino Barrera
Editor: CCDPE-ECM
96 páginas
14 X 21
ISBN: 9788590400035
1a. Edição
2007

20.7.08

AME-JF PUBLICA AULAS DE EVANGELIZAÇÃO


Figura 1: Borboleta e flor - criança de 6 anos (Júlia)


O Departamento de Evangelização da Criança da Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora publicou uma página com links para download de aulas de evangelização infantil para diversas faixas etárias. http://www.evangelizacaojf.ddfserver.com/

As aulas podem ser salvas no seu computador, mas necessitam de um programa descompactador para serem abertas (winrar ou winzip). Elas são constituídas de uma síntese, com material de fixação variado, bibliografia e uma grande variedade de informações para os evangelizadores.

Podem ser utilizadas de diversas formas, não se constituindo uma "camisa de força" ou desestimulando os evangelizadores a prepararem suas aulas tendo em vista as necessidades de seus alunos e suas peculiaridades regionais.


Foto 1: Criança do semi-árido baiano


A evangelização infantil, pelo seu público, necessita de rico material pedagógico, o que tem sido colocado em segundo plano nas últimas décadas pelo movimento espírita, com honrosas iniciativas, como a da AME-JF.

18.7.08

José Damasceno Sobral, Poeta.

Figura 1: O fantasma. Gravura japonesa de Kunisada.


PROPÓSITO



Cousa alguma nos fará silenciar
essas verdades consoladoras,
quando o mundo,
mais necessitado do que nunca,
se debate nas garras da incompreensão.



Elas serão mal recebidas por muitos,
ridicularizadas por outros,
todavia
sempre encontrarão eco no coração de alguém.


Ainda que elas se elevem
como um brado sem repercussão,
restar-nos-á o consolo
de havermos contribuído com o pouco
ao nosso alcance
para despertar a humanidade
do pesadelo de suas ilusões.



Livro: Almas Libertas
Autor: José Damasceno Sobral
Divinópolis, 1949

O Espiritismo é eclético?


Figura 1: O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas

Deolindo Amorim foi convidado pelo presidente da Federação Espírita do Estado do Paraná (João Ghignone) e pelo Diretor do Jornal Mundo Espírita (Francisco Raitani) a escrever um livro, baseado nos artigos e entrevistas de rádio que fez, que distinguisse o Espiritismo das diversas manifestações doutrinárias do Espiritualismo, em 1957.
À época os cientistas sociais aproximavam o Espiritismo dos Cultos Afro-brasileiros, tomando por foco as práticas mediúnicas e membros do movimento espírita desenvolveram práticas sincréticas entre o Espiritismo e algumas doutrinas espiritualistas, tomando a reencarnação como ponto comum.
Deolindo, um autor com bagagem de conhecimentos acadêmicos, fundador do atual Instituto de Cultura Espírita do Brasil, escreveu um texto simples e claro, mostrando, na primeira parte, semelhanças e diferenças entre o Espiritismo e outros corpos doutrinários espiritualistas como: o Espiritualismo Moderno, a Fraternidade Rosa-cruz, a Cabala e a Teosofia.
Ele se posiciona abertamente contra o ecletismo (“escolha do que parece melhor entre várias doutrinas, métodos e estilos”). “É melhor discernir do que confundir, pois é discernindo que se põe ordem nas idéias para procurar a verdade”, afirma ele.
Na segunda parte ele discute a interpretação espírita do Evangelho. Ele combate duas abordagens que denomina de intelectualismo inócuo (a mera discussão histórica dos evangelhos, voltada apenas à demonstração de erudição) e o evangelismo improdutivo (a consideração do Evangelho como um “princípio de fé” a ser interpretado literalmente). Amorim destaca uma frase de efeito para mostrar como seria a exegese espírita dos evangelhos: “É o Espiritismo que interpreta o Evangelho, não é o Evangelho que interpreta o Espiritismo.” Deolindo valoriza, como Kardec, a ética cristã, como proposta mais importante para a modificação do homem. Ele desenvolve uma tese que defende a adaptação entre a moral cristã e a ética espírita.
A terceira parte é dedicada ao debate sobre os cultos materiais. Deolindo inicia discutindo as semelhanças e diferenças entre Espiritismo e Positivismo Comtiano, especialmente na fase da Religião da Humanidade, movimento este menos influente na sociedade brasileira contemporânea que no início do século XX. Ele mostra que apesar de ter alguns pontos de contato, o Espiritismo difere bastante do Catolicismo e passa a dissertar sobre os pontos comuns e diferentes entre Espiritismo e Umbanda. Amorim evidencia a ausência de culto, ritual, sacerdotes e símbolos no Espiritismo, todos presentes na Umbanda, a diferença de nomenclatura e a existência de um corpo de doutrina espírita, em comparação à tradição oral da Umbanda.
A quarta e última parte discute uma questão polêmica. Quem se pode chamar de espírita? Deolindo, coerente com a argumentação até então desenvolvida, considera espírita “quem aceita a doutrina integralmente, quem concorda com os seus princípios, quem se submete às normas morais que decorrem desses princípios”. Ele entende que a mera participação nas atividades de um centro espírita, como em reuniões mediúnicas, sem o conhecimento da doutrina espírita não é suficiente para se considerar a pessoa como espírita. Amorim fez uma revisão ampla da obra de Kardec para sustentar sua afirmação. Mostrou a conduta esperada pela diretoria da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas de seus associados e os critérios que utilizava para distinguir os simpatizantes dos membros. Debateu as teses de leitores da obra espírita que entendiam que se devia considerar espírita todo aquele que acreditava nas manifestações dos espíritos, e mostrou com fundamentação que estes apenas apontaram partes de Kardec que, lidas separadamente do conjunto da obra, lhes subsidiavam as conclusões apressadas.
Passados cinqüenta anos da publicação desta obra, o tema continua contemporâneo, embora algumas das polêmicas tenham tomado outro rumo. Hoje muitos antropólogos defendem a existência de sincretismos entre o Espiritismo Brasileiro e o Catolicismo, abandonando a linha de estudos que aproximou o Espiritismo dos cultos afro-brasileiros. Com a aceitação social e a ampla divulgação na mídia, os espíritas se tornaram socialmente aceitos pela população brasileira, e uma nova onda de sincretismos e de ecletismos têm sido objeto de debates nas Sociedades Espíritas. Neste novo cenário, recordar a argumentação de um trabalho tão lúcido sobre a identidade do Espiritismo é fundamental para as decisões que se impõem sobre a nova geração de espíritas brasileiros.
Jáder Sampaio

Livro: O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas
Autor: Deolindo Amorim
Editor: Federação Espírita do Paraná (1a. Edição) e Centro Espírita Leon Denis (Série Deolindo Amorim).
127 páginas
13,5 X 18,5

12.7.08

Brigado....

Figura 1: Desenho da Carol representando a Festa Junina do Célia Xavier

Brigado em Minas Gerais não tem nada a ver com briga. Quer dizer “muito obrigado”, “muito grato”, “eu lhe agradeço de coração”, “Deus lhe pague”, “muito agradecido”... Nossos avôs e avós nos ensinam desde criança que não há coisa mais feia na sociedade que a ingratidão. A gratidão é o cimento da amizade, base do respeito e tempero da admiração.

Hoje estou dirigindo todos estes agradecimentos resumidos em uma só palavra a todos os que tornaram uma festa junina de 600 pessoas, organizada em apenas 3 semanas, após quase desistirmos da empreitada, em um sucesso.

Sucesso, não porque dobramos a arrecadação do ano passado, graças ao empenho dos grupos em conseguir recursos para que as despesas de organização não pesassem no resultado.

Sucesso, não porque vendemos todas as mesas e mais quase 200 ingressos individuais, que, fora as crianças, aumentou o calor humano por metro quadrado na Escola Villa Lobos.

Sucesso, não porque vendemos a grande maioria dos espetinhos de carne, todos os salgados, raspamos os caldeirões de caldo e ficamos sem doces no final da festa.

Penso que foi um sucesso, porque os organizadores superaram suas dificuldades pessoais e estiveram presentes antes, durante e depois da festa, cada um segundo suas possibilidades.

Sucesso porque a timoneira Wanda continuou emprestando sua experiência na condução segura da empreitada, junto com toda a sua família (que não apenas é grande, mas alta também).

Sucesso porque a mocidade se organizou e auxiliou antes, durante e depois. Ficou no Plantão da Madrugada carregando cadeiras e mesas e nos brindou com a quadrilha mais empolgante que já dançamos, até o próximo ano...

Sucesso porque a Cristina continuou utilizando suas habilidades ecológicas e transformando o supostamente descartável em arte e beleza, com muito suor.

Sucesso porque o Cláudio escolheu e nos trouxe a melhor carne para churrasco que ele conhecia.

Sucesso porque os grupos da casa se envolveram, conseguiram prendas, doaram ingredientes, responsabilizaram-se por pedacinhos da festa, e, mais importante, fizeram força para encontrarem-se, divertirem-se, conversarem e transformar a festa em festa.

Sucesso porque os trabalhadores de Rosaneves vieram de Ribeirão das Neves para confraternizar conosco.

Sucesso porque o Altair e as meninas da secretaria incorporaram o sentido da festa, decoraram a sede e convidaram membro a membro a estarem presentes, de uma forma ou de outra.

Sucesso porque a cozinha e a infraestrutura do Lar Espírita trabalharam de manhãzinha até o final da noite, sempre de cara boa, para nos aquecer do frio e nos proteger da fome.

Sucesso porque a família da Valéria veio em peso para limpar, arrumar, brincar e deixar a escola apresentável.


Sucesso porque o Ricardo criou uma logo para a festa lá do exterior, no meio de suas férias.



Sucesso porque o Luiz Fernando foi buscar o material pesado no LEE com sua poderosa pick up, após uma cirurgia e a Leandra, nos ajudou com boa vontade e bom humor dias antes de outra cirurgia (melhoras aos dois).

Sucesso porque o Marquinhos se dispôs a ajudar desde o início e mostrou grandeza de espírito quando decidimos pelo som eletrônico.

Sucesso porque a família e o grupo do Élcio e o da Dona Geralda nos apoiaram desde a primeira hora e tiveram fé na realização do evento.

Sucesso porque houve quem sacrificasse parte da festa para trabalhar voluntariamente, recebendo dinheiro, vendendo fichas, fazendo funcionar os brinquedos, preparando os espetinhos, tomando conta dos salgados, etc.

Perdão se esqueço de alguém, faz parte da condição humana, mas a nossa mensagem é que o sucesso se deve ao trabalho coletivo e à compreensão de irmãos que todos na casa tiveram para com o significado de festejar o encontro, o fato de estarmos juntos e trabalharmos juntos em uma casa de socorro espiritual. Esta bênção vai continuar sua trajetória, "dando pão a quem tem fome e água a quem tem sede", segundo nos ensinou o nosso professor maior.

10.7.08

Seminário: Divulgação do Espiritismo - Saiba Mais


O Espiritismo Comentado entrevistou um dos organizadores do Seminário FEB/CEERJ sobre Preparação dos Trabalhadores para Divulgação do Espiritismo, Mozart Leite. Como já foi dito antes, o evento acontece no dia 19 de julho, das 9:00 às 16:00 horas. Saiba detalhes sobre o evento.


1. A quem se dirige o seminário?

Divulgadores e comunicadores e público interessado na temática. Todos os dirigentes e trabalhadores espíritas que tem interesse no tema.

2. Cada vez mais no Brasil está presente a figura do distribuidor do livro espírita. Ele torna mais fácil ao livreiro a tarefa de aquisição dos livros espíritas. Geralmente há um grande esforço de vendas dos livros que estão sendo lançados, e uma tendência a retirar de catálogo os livros que não são bem vendidos. Como conciliar isto com o papel da livraria espírita de vender obras de qualidade doutrinária? Como evitar que se retirem os livros das gerações passadas (Fernando de Lacerda, por exemplo) do mercado editorial espírita? Livros considerados menos importantes de Chico Xavier estão destinados a saírem do mercado editorial no futuro?

Temos que trabalhar com demanda e aprender a criar demanda nos livros de qualidade que não são procurados. Os expositores podem ajudar nisso, demonstrando a relevância de algumas obras. Por exemplo, outro dia Raul Teixeira mencionou o valor dos autores clássicos contemporâneos de Kardec. A relação promoção, preço e atendimento é muito importante. A obra de Chico Xavier deve ser divulgada em todos os detalhes, os livros doutrinários, os romanceados, os de mensagens, os de trova e poesia, os com mensagens dos que desencarnaram e se correspondem com os familiares, os de entrevistas, os documentários de outros autores, bem como os biográficos e de estudo da mediunidade de Chico.

3. Que tipo de papéis das bibliotecas são abordadas no evento? Apenas o empréstimo de livros ou a biblioteca como instituição de cultura do movimento espírita?

A proposta é demonstrar o funcionamento da biblioteca no centro espírita e ambos os papéis são relevantes, sobretudo apoiar a área de educação espírita fornecendo livros de empréstimos. A contação de história, os livros infanto-juvenis (estes últimos são raríssimos), desenvolver projetos de incentivo a leitura, promover concursos para criação de livros, contos e crônicas voltadas para vastos assuntos e públicos diversos. O incentivo a cultura realmente é fundamental. Mas, não teremos tempo para tanto.

4. Como os expositores do evento vêem a guarda de documentos históricos das sociedades espíritas pelas bibliotecas?

O CEERJ possuir na Área de Ações Estratégicas o Centro de Documentação Espírita do Estado do Rio de Janeiro com o projeto Memória Espírita e cada centro espírita deve ser um espaço de preservação dessa memória. Penso que todos os expositores são sensíveis à questão.

5. O Perri vai tratar de divulgação dos centros espíritas. O que é OCE?

Orientação ao Centro Espírita, documento aprovado em 1980 pelo CFN/FEB e atualizado em novembro de 2006 pelo mesmo CFN com o formato de diretrizes. Na oportunidade o Perri vai tratar da área de divulgação no que diz respeito ao documento em tela.

6. "Falar fácil" é a tendência de se utilizar a linguagem moderna e cotidiana nas diferentes mídias espíritas, incluindo aí a exposição de temas espíritas?

Não só falar mas escrever fácil, ou seja, acessível e agradável, não só a linguagem moderna e cotidiana, mas, adequando-se sempre ao público alvo, conforme o nível social, a maturidade de cada grupo, a faixa etárea, e também o nível de interesse. Para públicos específicos abordagens específicas. Incluindo a exposição de temas espíritas, devendo sem perder de vista a terminologia espírita, sem criar um espiritês.

7. Como conciliar a idéia de utilizar uma linguagem contemporânea com o sucesso de expositores que utilizam arcaísmos e expressões pouco conhecidas, na linguagem oral e escrita, como Divaldo Franco e Raul Teixeira?

Existem aspectos da comunicação desses expositores mencionados que muitas vezes nos fogem a uma abordagem mais simples. Eles não só se comunicam por palavras, mas, com um forte apelo espiritual. O aspecto da repetição, das analogias, dos sinônimos, do bom humor, da contextualização e da atualidade das mensagens transmitidas, transcendem certos termos e enfoques difíceis. Mas, de um modo geral numa reunião pública ou de divulgação doutrinária, muitas vezes uma conversação, uma apresentação, pode provocar melhor resultado ser trouxer clareza, simplicidade e for adequada ao público ouvinte.

8. O que os participantes podem esperar do seminário?

O Seminário vai oferecer vasto campo de abordagens e idéias em temas nem sempre ventilados, mas, que tem sido demandados em face dos avanços de Mídias, Editoras e Distribuidoras, da necessidade de melhor preparação de livreiros e livrarias, bibliotecas e colaboradores, bem como dos expositores e escritores. O espaço de perguntas e respostas que sempre ocorre nos dará a medida das expectativas e demandas do público-alvo e do que também poderemos oferecer.

9. Haverá material impresso ou mídias informatizadas a serem distribuídos para os participantes?

Esse era o desejável e será produzido após o evento o dvd que será fruto da transmissão e gravação do Seminário pela TV CEI.

10. Quantas pessoas são esperadas no evento?

Expectativa mínima 100/150 pessoas.

11. É necessária a realização de inscrição prévia? Em caso afirmativo, como fazê-la?

A entrada é franca e conforme a quantidade de vagas que é de 500 pessoas.

12. Onde será realizado o almoço durante o evento?

O almoço será realizado no entorno em restaurantes já conhecidos e que serão divulgados na data. Haverá lanche no primeiro intervalo.

13. Vocês estão esperando apenas o público carioca ou há interesse de participação de espíritas de outros estados?

O evento se volta para o público carioca e fluminense. Mas, aqueles que acorrerem serão bem-vindos. Como o evento será transmitido pela TV-CEI, todos terão acesso no mundo todo.

Abraços Fraternos,

Mozart.

Filme sobre Bezerra Estréia em Agosto


O filme sobre a vida de Bezerra de Menezes estréia no final de agosto. Procure assistir na primeira semana de exibição, para que ele tenha vida longa nas telonas.
O filme promete, tanto em fotografia quanto em interpretação. Um pouco de brasilidade espírita nos cinemas.

Transplante de Córneas


Jáder Sampaio


Um grande amigo, cuja ética me exige ocultar o nome, tinha uma pequena capacidade da visão solucionável por um transplante de córneas. Médico, tinha inúmeras limitações para o exercício de sua profissão, além das limitações para estudar, que enfrentava com dificuldades.

Um conhecido hospital de olhos de Minas Gerais conseguiu-lhe a primeira córnea. Faltava uma segunda córnea para a melhora que lhe daria maior autonomia.

O transplante de córnea tem uma peculiaridade aos demais transplantes de órgãos. Segundo a narrativa deste médico, o hospital já o fazia sem o uso de imunossupressores, ou seja, sem o uso de remédios que diminuem a capacidade imunológica do organismo, porque a literatura médica já mostrava a inutilidade deste procedimento.

As córneas, via de regra, podem ser doadas até seis horas após a morte.

Outro detalhe, a córnea é uma película que se encontra na parte mais externa do olho. Ao contrário do que imaginam as pessoas, ao retirá-la, o cirurgião não "vaza os olhos", ou seja, não atinge as camadas internas e o cristalino, mantendo intata a imagem do cadáver, para o adeus dos amigos e parentes.

Mais importante, não há dúvidas quanto à morte do paciente quando a extração das córneas é feita, ele não necessita estar com o coração funcionando.

Meu amigo, transitoriamente em Belo Horizonte, passou a pedir a córnea que faltava a famílias que haviam acabado de perder seus entes queridos. Uma delas sensibilizou-se com sua dor, e suplantando a própria dor da perda, lhe concedeu o presente. A equipe do hospital foi em busca do cadáver, analisou-lhe a integridade das córneas, extraiu-as rapida e discretamente e as levou para beneficiar, não a uma pessoa, mas a duas pessoas.

Dele, posso dizer que tem utilizado seus olhos para o benefício de muitíssimas pessoas. Seja como médico, seja como cientista, seja como orientador, já formou inúmeros profissionais que hoje atuam no Brasil e no exterior e desenvolveu muitas áreas de conhecimento associadas a doenças de difícil estudo. A comunidade mineira se beneficiou imensamente deste gesto de grandeza de uma família desconhecida.

São relativamente poucos os pacientes a espera de doação de córneas no Brasil. Com conscientização da população em geral, já poderíamos ter erradicado a fila de espera, da mesma forma que não há mais casos de pólio ou de varíola, há muitos anos.

Escrevo este caso para sensibilizar o movimento espírita, que tem assumido a frente de tantas causas em favor do homem, para que utilize sua imprensa e a influência na imprensa leiga em favor desta causa.

"Doação de córneas. Mais luz entre os homens."







6.7.08

O Espiritismo é uma Religião?



Figura 1: Imagem da capa antiga do livro Religião, de Carlos Imbassahy

Para o Lucas Sampaio, com respeito e fraternidade.


“O Espiritismo será para uns simples ciência,


para outros mera filosofia,


sem já falar naqueles para os quais


não será coisa alguma”. Carlos Imbassahy




O livro foi escrito por uma das penas espíritas brasileiras mais lúcidas do século XX, em resposta a um parecer do Dr. Almeida Júnior, que em 1938, em resposta a uma consulta de pais que lhe pediam o ensino religioso espírita a seus filhos.
Almeida Júnior, considerada a dificuldade de atendimento da petição e as implicações que ela geraria para a educação em São Paulo, se atendida, fez uma leitura de muitos autores espíritas e de cientistas que se debruçaram sobre a questão da religião e defendeu a idéia de que as religiões envolvem uma relação entre as pessoas e o sobrenatural, que elas são fruto de revelações, que são divulgadas pela persuasão e que são crenças, alicerçadas na fé. Ele cita trechos de Kardec, Flammarion, Denis e Melusson que defendem ser o Espiritismo uma nova ciência de observação, uma filosofia, um abandono da abordagem metafísica da alma que não é estudada como algo sobrenatural.
Sempre de forma respeitosa e impessoal, Imbassahy defende no livro a tese oposta, ciente que algumas das implicações do entendimento do Espiritismo como uma doutrina científica ou filosófica situariam o movimento espírita à larga dos direitos constituicionais reservados às religiões em sua época (liberdade de culto, de tribuna, de imprensa, a faculdade de ensino em escola, a independência, o direito à expansão e as imunidades). Logo, não é apenas um debate filosófico, mas um debate cercado de implicações legais e sociais, especialmente à época em que foi escrito, na qual ainda se discutia a lei que proibiu as práticas espíritas no nascimento da república.
Imbassahy, com calma e profundidade, aponta as fragilidades da tese de Almeida Júnior. No capítulo intitulado “Religiões Filosóficas”, ele analisa o Budismo e as doutrinas indianas, mostrando que são filosofias de caráter religioso. Destacando seu caráter moral, o autor baiano conclui que: “o mistério, o sobrenatural, o dogma não são característicos de uma religião, dela não fazem parte essencial, não entram no seu conceito: que há religiões, como tais consideradas, a que geralmente se dá o nome de filosóficas, tal como acontece com o Espiritismo (...) E se assim é, não sabemos porque negar ao Espiritismo, ou melhor, à sua parte teológica, o nome de religião, quando às demais doutrinas filosófico-morais não é ele negado, retidado ou vedado”.
No capítulo “O Cristianismo”, Imbassahy aponta a dupla origem do termo religião, relegere (tratar com cuidado), como utiliza Cícero e relicare, como empregam Lactâncio, S. Jerônimo e Santo Agostinho, com o sentido de religar, ligar, significando a relação do homem com Deus. O autor baiano desenvolve a tese de que o Espiritismo é uma religião cristã, porque admite os ensinos de Jesus, e os interpreta em coerência com a filosofia espírita. Carlos Imbassahy faz uma pesquisa detalhada na obra de Kardec mostrando a importância que o codificador destina ao desenvolvimento do “sentimento religioso”, aponta como seu verdadeiro caráter o amor entre os homens, propõe a união dos princípios fundamentais no “amor a Deus e na prática do bem”, e apresenta o conhecido trabalho de Kardec que qualifica o Espiritismo como sendo o Consolador prometido por Jesus, a continuação dos evangelhos.
“Pelas leis morais do Cristo, que segue; pela parte do Cristianismo, que representa; pela obrigação que se impôs de divulgar o Evangelho; pelo dever, que mantém de colocar as leis divinas acima de tudo, como a fonte do progresso humano, o Espiritismo reivindica a parte que lhe cabe no seio das religiões.” (páginas 96-97)
O próximo argumento discutido é a alegação de Almeida Júnior, que diversos espíritas consideram o Espiritismo uma ciência. O argumento de Imbassahy repousa no tríplice aspecto, ou seja, que o Espiritismo é composto de três partes, uma religiosa, uma filosófica e uma científica, concluindo ser natural “que seus adeptos o tratem por uma de suas partes”.
Ele mostra que Almeida Júnior selecionou as partes que interessavam à defesa de suas idéias e lançou fora as outras que se lhe opunham. Cita a profissão de fé espírita racional, publicada por Kardec em Obras Póstumas (páginas 100-101) e inúmeras passagens do livro “O Céu e o Inferno” nas quais Kardec destaca as conseqüências morais dos atos das pessoas na vida após a morte. Imbassahy argumenta que Kardec busca evitar o fanatismo ao destacar sua parte científica, mas que “não eliminou sua parte religiosa, a ela dedicou especial atenção e dela fez a cúpula para o seu majestoso edifício doutrinário.”
Outro argumento desenvolvido diz respeito à prece, que nunca teria sido considerada científica e que foi objeto de diversas publicações do codificador, incluso aí o capítulo extenso de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” dedicado a este tema.
Neste capítulo há uma dissertação de Imbassahy sobre o sentido do que Kardec denominava “conseqüências morais” da Doutrina Espírita, e com base no diálogo com o sacerdote de “O Que é o Espiritismo” ele mostra que o codificador entendia que essas conseqüências “são a conformação e a prova dos grandes princípios da religião”, ou seja, são consistentes com uma dimensão religiosa da doutrina espírita. Carlos Imbassahy discute também o fato de Kardec evitar o emprego do termo religião para designar o Espiritismo.
Retomando as afirmações de Almeida Júnior, sobre o entendimento dos discípulos de Kardec quanto ao caráter científico do Espiritismo, Imbassahy vasculha a obra de Leon Denis e apresenta diversas passagens nas quais a negação do caráter religioso seria contraditório com a sua argumentação.
Um capítulo é dedicado às origens do Espiritismo. Imbassahy desenvolve seu raciocínio em três pilares: o de que é falacioso afirmar que as religiões originaram-se de uma revelação, posto que a construção da revelação lhes é sempre posterior à vivência do fato religioso, o de que o Espiritismo é considerado a terceira revelação e, por fim, que não é verdade que as religiões sempre se opõem à filosofia e à racionalidade, subordinando o raciocínio à fé.
Após um capítulo breve sobre o conhecimento, o autor desenvolve a questão do mistério, do sobrenatural, do sacerdócio, do dogma, dos ritos, do culto e do templo na caracterização de uma religião. O argumento central é que não há uma regra comum e rígida capaz de enquadrar todas as religiões, que têm muitas diferenças entre si. Em linguagem moderna, este conceito externalista de religião não é, senão, etnocêntrico e positivista. O autor faz uma revisão de conceitos em diversos filósofos que tentam circunscrever a essência da religião a partir do sentimento religioso, com suas diversas variações. “... das definições propostas por autores vários, inda os menos liberais, que o Espiritismo se sente à vontade dentro delas. Outras há que lhe cabem inteiramente.” (página 141).
Um argumento corajoso do autor baiano, com relação ao ritos, é que não se pode dizer que o Espiritismo não os tem, mas que há sempre uma razão para as cerimônias e ritos simples do Espiritismo. Nas instituições científicas há igualmente o que os cientistas sociais denominam como rituais ou ritos, nem sempre racionais, muitas vezes legitimados apenas pela tradição, cuja racionalidade se perdeu nos tempos, podemos adicionar aos argumentos do “Bozzano Brasileiro”. Não lhe passou despercebido também o caráter dogmático da existência de Deus no Espiritismo.
Um capítulo demorado sobre a concepção espírita dos Evangelhos, em oposição ao conceito que os materialistas fazem deles é seguido de uma breve defesa do Espiritismo como uma interpretação do Cristianismo e um dos “galhos” da árvore das religiões. Este pequeno capítulo é objeto de rápidas considerações sobre divulgadores de grandes religiões no mundo: Moisés, Brama, Zoroastro, Jeremias, Buda, Lao-Tsé, Confúcio, Sócrates e o Cristo. Carlos Imbassahy mostra elementos comuns entre o Espiritismo e as doutrinas destes homens.
O autor termina o livro com um capítulo sobre a oração, narrando, inclusive, vivências pessoais.
Passado meio século os tempos são outros, os interesses que movem o debate sobre o caráter religioso do Espiritismo também são outros, mas o livro de Carlos Imbassahy, claro, respeitoso, lógico, continua sendo importante para os que desejam discutir a questão, sob o risco de abordarem questões já desenvolvidas com competência como se nunca tivessem sido tratadas antes.

Livro: Religião
Autor: Carlos Imbassahy
Editor: Federação Espírita Brasileira – FEB
218 páginas
12,5 X 18,5
2a. Edição
1951 (?)

Resenha de Jáder Sampaio