Pretendo publicar alguns comentários baseados no texto de Patrick Fuentès, intitulado "Camille Flammarion et les forces naturelles inconnues" (Camille Flammarion e as Forças Naturais Desconhecidas), publicado em 2002 como capítulo do livro "Des savants face à l'occulte", publicado pelas Éditions La Découverte, em Paris. Aproveito a gentileza e a atenção do Dr. Alexandre Caroli Rocha, que me deu acesso ao texto.
Flammarion se afasta da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas
O trabalho de Fuentès traz uma nova versão para o afastamento de Flammarion do movimento espírita, especialmente dos seus "discípulos". Sabe-se que Kardec tinha um respeito especial por Flammarion. Quando ele desencarnou, sua esposa pediu aos membros da SPEE que o convidassem para a presidência, o que ele declinou respeitosamente.
Fuentès atribui o afastamento de Flammarion do movimento espírita em decorrência da publicação dos livros relacionados ao Cristianismo por Kardec. Ele não os apresenta, mas certamente é a obra após 1864, "O Evangelho Segundo o Espiritismo", "O Céu e o Inferno" e "A Gênese".
A afirmação de Fuentès entra em choque com dois pontos importantes: a autobiografia de Flammarion e a obra de Kardec anterior ao período que ele aponta.
Na autobiografia, Flammarion dá a entender que ele ficou em dúvida quanto à origem das mensagens que recebia. Ele não sabia distinguir o que era oriundo da própria mente e o que proviria da mente dos espíritos. A insegurança falou mais alto que o método desenvolvido por Kardec para a seleção dos conteúdos oriundos das comunicações espirituais.
Outro ponto favorável à minha posição é que Kardec publica na Revista Espírita e em "O Livro dos Espíritos", sua obra primeira, comentários e respostas na defesa do pensamento cristão, mesmo ante a posição tolerante para com outras tradições religiosas, como é o caso do Islamismo e do Druidismo (Revue Spirite 1858?).
Na autobiografia, Flammarion apresenta a desconstrução que seus mestres dos estudos na infância fizeram dos dogmas católicos aceitos à época, como o tempo da criação do mundo e outros, mas não se posiciona contrário à ética cristã.
Assim, apesar de ter utilizado fontes desconhecidas por nós, como o arquivo pessoal do astrônomo francês, Patrick Fuentès fica devendo a citação de uma ou mais fontes que fundamentem sua opinião.
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