Fechei a página 190 com a clara
impressão de ter navegado por dois dias em um texto suave e muito informativo, em
alguns momentos, reflexivo. Esta foi minha experiência com o livro “Viver é a
melhor opção: a prevenção do suicídio no Brasil e no mundo.”
André Trigueiro, o autor, é
conhecido jornalista da Rede Globo, engajado em temas ligados à ecologia e à
preservação da vida. Atuante no movimento espírita há muitos anos,
discretamente, ele retoma neste livro o tema que o motivou no início dos seus
trabalhos: o suicídio.
A primeira parte do livro informa
e desconstrói muitos mitos que se tem propagado sobre o suicídio. Trigueiro dá
dicas ao profissional de mídia para superar o tabu de se falar do suicídio e os
cuidados para que a informação seja benéfica, e não indutora do ato. Uma
contribuição importante para o entendimento do tema é a insistência que se
trata de um ato com diversos fatores explicativos, ou seja, não pode ser
explicado apenas pelo que pode ser visto como um fator desencadeante (uma
desilusão amorosa, uma falência ou outro acontecimento estressor na vida do
autocida).
Trigueiro destaca bastante a
influência da depressão e de outros transtornos mentais, bem como do alcoolismo
e do uso de drogas, na maioria das
histórias de pessoas que tentaram o ato. Ele explica com clareza e objetividade
como as políticas públicas podem agir na prevenção do suicídio e como nós
podemos, em escala menor, identificar pessoas que correm o risco de matar-se e
como auxiliá-las.
O Centro de Valorização da Vida é
tratado e historiado de forma muito interessante para nós, espíritas, mas não
vou me deter no assunto para não estragar a surpresa da leitura.
A segunda parte do livro trata da
visão espírita do suicídio e apresenta de forma clara o pensamento de Kardec e o de autores atuais,
como Yvonne Pereira, Joanna de Ângelis, Simonetti e Jáider de Paula, por
exemplo.
Uma palavrinha sobre a edição: o projeto editorial do livro é muito cuidadoso, agradável de ver e ler. Descansa os olhos.
O livro merece ser lido pela
comunidade espírita com atenção e, ao contrário do que o autor humildemente
propõe, ele traz novas questões e abordagens ao que já conhecemos e lemos na
literatura espírita. Como pessoas com este tipo de problema nos procuram diariamente
na casa espírita, seria um livro interessante para ser estudado e discutido pelas
equipes de atendimento fraterno ou acolhimento.
Acompanho esse jornalista no Twitter e na carreira na Tv há algum tempo. Bom saber que ele faz parte do movimento. Sempre bom quando é uma voz lúcida presente na mídia brasileira.
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