4.12.11
ANIMISMO, VAIDADE E LIVROS ANÍMICO-MEDIÚNICOS.
5.4.09
CICLOS DE ESTUDO SOBRE MEDIUNIDADE
Integrado à equipe de trabalhadores do então Grupo Emmanuel de Estudos Evangélicos, os trabalhos mediúnicos e os estudos evangélicos foram o grande espaço de experiências e aprendizagem de José Mário Sampaio.
O Grupo Emmanuel contava com trabalhadores dedicados, abertos ao estudo e à troca de idéias. Os três irmãos Abreu (Lúcio, Honório e Oswaldo), Manoel Alves, Damasceno Sobral, Leão, Tiana e muitos outros trabalhadores importantes do movimento espírita mineiro encontravam-se para os trabalhos costumeiros.
Casos intrincados envolvendo médiuns e problemas relacionados à mediunidade e à obsessão afluíam para o grupo.
- “No começo, levávamos a pessoa que apresentava problemas mediúnicos para a reunião mediúnica. Aos poucos, começamos a observar que ela se tornava um problema na reunião mediúnica.” Ele explicava aos participantes de sua reunião às segundas-feiras, na sala 24 da União Espírita Mineira.
Pessoas que desconheciam o Espiritismo e apresentavam problemas com a mediunidade, tornavam-se perturbadores potenciais nas reuniões. Sem qualquer conhecimento sobre suas faculdades, alguns médiuns, subjugados à influência obsessiva ou apenas incapazes de controlar a
Um terceiro grupo de pessoas que procuravam os trabalhos mediúnicos eram os curiosos. Em alguns lugares havia reuniões mediúnicas públicas, e algumas pessoas pululavam de grupo em grupo, interessadas em verem os médiuns em ação, da mesma forma que os aficionados em teatro ou cinema buscam seus atores favoritos ou o gênero de sua escolha. Eles se interessavam pelo espetáculo mediúnico, mas não estavam dispostos a submeterem-se à disciplina do trabalho. Uma vez na assistência, queriam apenas ver e comentar as reações de médiuns, doutrinadores e espíritos comunicantes.
Ao discutirem sobre estes problemas, os membros do Grupo Emmanuel foram experimentando, com o passar do tempo, ações diferenciadas para o trato com o neófito. Uma das ações, que acabou sendo adotada como política da União Espírita Mineira para com os seus freqüentadores foi a criação de ciclos de estudo para iniciantes, muito antes de se falar em Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita. Já existia em São Paulo os Cursos de Médiuns, mas José Mário e seus colegas de Grupo Emmanuel eram avessos ao termo. “A palavra curso induz as pessoas pensarem que se formarão e se diplomarão médiuns, o que não é verdadeiro”, diziam. “Empreguemos o termo “ciclo de estudos”, que comunica bem a temporalidade da ação e não passa às pessoas a idéia de que, após concluído, não é mais necessário estudar.”
E assim foi feito. Três “ciclos de estudo” que se iniciavam e se concluíam continuadamente. Um sobre Doutrina Espírita, outro sobre Evangelho e um terceiro sobre Mediunidade.
O de Doutrina, durante anos a fio foi da responsabilidade de Honório Abreu, hoje presidente da União Espírita Mineira. Calcado em quinze princípios básicos que a equipe do Grupo Emmanuel identificou, aproximadamente um por semana, ele se completava com cerca de três meses.
O ciclo de estudos sobre o Evangelho foi da responsabilidade de Manoel Alves por anos a fio. O Grupo Emmanuel dedicava-se a estudar o texto evangélico e bíblico versículo a versículo, influenciado pela mediunidade de Chico Xavier e por alguns dos trabalhos de Emmanuel. Era uma espécie de ruptura com uma prática de estudos evangélicos calcada apenas na leitura e comentário de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. Por esta razão, em terras mineiras, este tipo de hermenêutica ficou conhecida, no meio espírita, pelo nome de “miudinho”.
O ciclo de estudos sobre mediunidade ficou, até a desencarnação, em 1988, sob a responsabilidade de José Mário e foi desenvolvido, pelo que sei, em parceria com Oswaldo Abreu. Durava cerca de oito meses, e era composto de palestras que tratavam de assuntos teóricos e práticos da mediunidade. Do conceito de mediunidade, aos diferentes tipos de médiuns, da sintonia aos mecanismos da mediunidade, da oração ao dia a dia das reuniões mediúnicas, diversos assuntos faziam parte desta preparação inicial dos médiuns.
Se alguém se apresentava com uma possível sensibilidade ou uma acentuada faculdade de perceber os espíritos, era orientado a passar por estes cursos antes de se integrar aos grupos de prática mediúnica. “Mais que aprender a dar comunicação, é importante que o médium aprenda a controlá-la”, dizia José Mário.
Mais de uma vez, após uma prece ou no meio de uma palestra, algum médium “incontinente” emendava uma comunicação no meio do público e a voz segura e firme de José Mário orientava: “Irmão, aqui não é a hora nem o lugar de dar comunicar-se.” Alguns assistentes, assustados, colocavam-se prestos para a aplicação de passes, o que ele não permitia naquele momento crítico. Geralmente, o médium, sem graça ou em estado de leve perturbação emocional interrompia seus impulsos e se controlava.
Quando iniciaram-se os ciclos, a freqüência era baixíssima, a ponto de desanimar. Damasceno Sobral, ao ouvir as lamúrias, dizia, profético, empregando aquele tom de voz de quem andou conversando com os espíritos mas não quer dizer: - “vai chegar o dia em que as salas não comportarão os interessados”. E aconteceu. A sala 24 da União Espírita Mineira cabia cerca de quarenta pessoas assentadas. Próximo da desencarnação, papai iniciava seus trabalhos às 19:30 horas. Às sete horas os mais motivados começavam a chegar, para disputar lugares nas cadeiras, depois para conseguir um lugar assentado. Impreterivelmente às 19:15 horas, Mário Sampaio já estava nas portas da União Espírita Mineira, e às 19:30 horas fazia-se a prece inicial dos trabalhos. Às 19:35 não era incomum amontoarem-se, de pé, as pessoas pelo corredor superior da União Espírita.
Muitas vezes a diretoria (e aqui cabe lembrar Martins Peralva) lhe ofereceu fazer os estudos no salão, que comportaria mais de cem pessoas. Ele recusava, com educação, preferindo a intimidade dialógica da sala pequena (era a maior das salas de estudo do antigo prédio da UEM).
Algumas pessoas assistiam ao ciclo diversas vezes. Quando eu lhes perguntava por que faziam isso, algumas diziam “ter a oportunidade de aprender mais”, outras não escondiam a admiração pela palavra clara e didática do expositor, outras tinham o interesse em levar a prática para seus centros espíritas de origem e queriam aprender bem, outras diziam que haviam perdido algum dos temas e não queriam ficar sem ver tudo.
Os esquemas de estudos foram anotados em cadernos, que depois viraram fichas e com a máquina de datilografar, pequenos bloquinhos com frases sintéticas.
Não demorou muito para que se fizessem apostilhas
Da apostilha veio um livreto, em 1983, que ele organizou conjuntamente com Oswaldo Abreu, publicado anonimamente, sob União Espírita Mineira e intitulado “Mediunidade”, que é o sexto livro da coleção “Evangelho e Espiritismo” e que foi distribuído gratuitamente aos interessados durante anos a fio.
Alguns centros espíritas convidavam-no para levar o ciclo de estudos em suas casas, o de mediunidade ou o de passes (sobre o qual nada disse neste texto), e não foram poucas as casas onde ele esteve, o Grupo da Fraternidade Irmã Scheilla, o Glacus e muitos outros.
Passados quase 17 anos da sua desencarnação, não é incomum eu chegar pela primeira vez em algum centro espírita da capital ou do interior e algum dos dirigentes ou freqüentador me perguntar em particular: - Sampaio, você é parente de José Mário? E ante a minha resposta afirmativa ele responder. “Eu aprendi muito sobre mediunidade com ele na União Espírita Mineira, na sala 24”.
29.3.09
ÁRVORES
As árvores frutíferas,
quando estão moças
Parecem frágeis
e suplicam auxílio aos cuidadores.
Os médiuns também.
Quando crescem
e ganham uma copa
cheia de folhas verdes,
oferecem sombra ao viajor.
Os médiuns também.
Quando frutificam,
sofrem o assédio dos pássaros,
as pedradas das crianças,
a dolorosa colheita dos donos do pomar,
que lhe buscam os frutos,
ansiosos do sabor.
Os médiuns também.
Todavia, ai das árvores,
que mantêm, em seus galhos,
frutos cujo tempo
tornou passados.
Elas ouvirão as reclamações
dos que estendem as mãos sem usar os olhos.
Eles lhes dirão, frustrados,
toda infâmia.
Aos médiuns também.
Mas, se resistirem,
aos insetos,
aos reclames,
às tempestades,
às colheitas e
às tardes de sol quente,
as árvores devolverão ao seio da terra,
a essência de seus frutos
e eles se multiplicarão
segundo as leis de Deus.
Os médiuns também.
Um Poeta
Psicografia intuitiva de Jáder Sampaio em 15 de março de 2008 na Associação Espírita Célia Xavier.
23.2.09
Ana Maria Braga Entrevistou Divaldo Franco
5.11.08
Espiritismo Científico
"É com desgosto que observamos a tendência de certos adeptos no sentido de menosprezar a feição elevada do Espiritismo (...) para restringir ao campo da experimentação terra-a-terra, a investigação exclusiva do fenômeno físico". (página 10)
Os adeptos do Espiritismo francês discutiam se o trabalho de Kardec deveria ser abandonado ou posto em suspensão de juízo para que os fenônomenos fossem livremente estudados e as teorias construídas com base na observação de fatos, e não com o diálogo com os espíritos e o emprego do método da universalidade e concordância dos ensinos.
O discípulo de Kardec escreveu "No Invisível" para defender a prática da mediunidade como a conhecemos e o diálogo com os espíritos como método válido para a construção do conhecimento espírita. Ele se opunha ao renascimento dos que Kardec denominou "espíritas experimentadores", os que só se interessavam pelos fenômenos, sem considerarem a filosofia espírita e suas conseqüências morais e religiosas.
Lendo o trecho completo de Denis ver-se-á que ele quis criticar o experimentalismo e defender a prática mediúnica dialógica:
"De sobra se tem repetido: o Espiritismo será científico, ou não subsistirá. Ao que acrescentaremos: o Espiritismo deve, antes de tudo, ser honesto!” (Léon Denis, No Invisível, página 21)
17.9.08
Letargia e Catalepsia
Allan Kardec utilizou alguns conceitos próprios de sua época para a exposição de teses espíritas. Alguns deixaram de ser usados pelas respectivas áreas da ciência, o que exige do leitor da codificação um resgate do sentido dos termos na época e do contexto teórico no qual eles foram utilizados para uma compreensão clara do raciocínio do codificador e dos espíritos que dialogaram com ele.
Letargia e Catalepsia são conceitos associados à tese da emancipação da alma e que com o passar do tempo foram ganhando novos sentidos até caírem em desuso na Medicina e na Psicologia.
É possível que o sentido utilizado por Kardec tenha sido obtido nas teorias do magnetismo animal desenvolvidas depois de Mesmer, especialmente na obtenção do sonambulismo provocado.
Letargia, em “O Livro dos Espíritos” significa em estado de “perda temporária da sensibilidade e do movimento”, em que o corpo parece morto, no qual os sinais vitais se tornam quase imperceptíveis, a respiração reduz-se bastante e a pessoa pode ser tomada como morta.
Catalepsia em Kardec é uma espécie de letargia parcial, que atinge apenas alguns órgãos do corpo e que pode não prejudicar a comunicação com o seu portador, que poderia ter este estado induzido pelo magnetismo animal (passes, como dizemos hoje).
Alguns fenômenos parapsicológicos (humanos, mas não estudados convenientemente pela Psicologia) podem ser encontrados concomitantemente a estes dois estados. Um deles é a hiperestesia, ou seja, uma ampliação paradoxal da capacidade dos sentidos. Há registros de casos de sonâmbulos que, em estado cataléptico, eram capazes de descrever o que acontecia a uma distância muito superior à capacidade de nossos órgãos, ou de descrever, por exemplo, percepções que eles alegavam ter de órgãos internos do organismo de pacientes que lhes eram trazidos.
Kardec analisou situações de quase-morte na Revista Espírita. Há diversos casos de letárgicos, pessoas que chegaram a ser consideradas mortas pela medicina da época como a Sra. Schwabenhaus (Revista Espírita, 1858) ou que passaram por situações de claro risco de morte, ou como o Dr. D. (Revista Espírita, 1867), que ficou mais de meia hora debaixo d’água e foi resgatado e retomou a consciência.
Outro caso apresentado por Kardec é o da jovem cataléptica de Souabe, que após um evento traumático (morte da irmã), entrou em um estado entre cataléptico e letárgico e passou a ser capaz de descrever pessoas enterradas, bastando ser levada próxima ao túmulo e a descrever a aparência de pessoas idosas que a visitavam quando eram jovens e sem modificações do tempo e das doenças.
Eles narram histórias envolvendo o contato com pessoas desencarnadas e descrições do plano espiritual. Por esta razão, Kardec teorizou que os sonâmbulos, letárgicos e catalépticos perceberiam o plano espiritual, ou dariam notícias de eventos à distância porque perceberiam com a alma, semi-liberta do corpo (emancipação) que transmitiria suas sensações espirituais ao cérebro.
Posteriormente, o hipnotismo e a neurologia dariam um outro sentido à letargia e à catalepsia, que hoje se encontram em desuso (muitos hipnotizadores ainda os utilizam), substituídas pelo conceito mais preciso de “coma”, mas os estranhos fenômenos descritos por Kardec continuam acontecendo, como se pode ler no livro “Vida além da Vida” do Dr. Raymond Mood Jr. e nos estudos de experiências de quase-morte, que se transformou em linha de pesquisa de médicos e parapsicólogos modernos.
6.7.08
La Mediumnité Comme Fonction Psychique
Missionaires de la Lumière, Francisco Cândido Xavier par l’Esprit André Luiz. Conseil Spirite International.
29.5.08
Feminina Trata de Mediunidade
1.5.08
Superinteressante de Maio: Médiuns
O mesmo se dá nos comentários sobre a mediunidade de tratamento. Paradoxalmente, os jornalistas afirmam que a ciência mal tenta explicar, primeiro porque "a cura espírita (...) é um fenômeno exclusivamente nacional". É curiosa a falta de informação dos jornalistas. Na Inglaterra, a imposição de mãos para cura tem sido adotada e recomendada pelo serviço público, que não sabe explicar seu mecanismo, mas constatou estatisticamente que havia inúmeros ganhos em adotá-la como tratamento complementar: redução de uso de medicamentos, melhoria de qualidade de vida e alguns fenômenos orgânicos. Isto eu li em artigos publicados por revistas de medicina inglesas e norte americanas.
"As poucas teses sobre o benefício da cura espiritual apontam numa direção: efeito placebo." Curiosamente, também, muitos estudos sobre imposição de mãos nos países de língua inglesa constataram efeitos significativos em sementes, influência na hemólise (processo destruição das células vermelhas do sangue) "in vitro", diminuição de crescimento de culturas de fungos, redução do crescimento da tireóide em ratos, aumento do nível de enzimas, etc. (Rain, 1986; Barry, 1968; Grad, 1965; Barud et al., 1979; Braud, 1988, Krieger, 1965 e Heidt, 1979). Estes estudos foram revistos e apresentados no Journal of Royal Society of Medicine, v. 88, abr. 1995.
A conclusão do estudo de Cleide Canhadas, que o jornalista apresenta é corroborada também por estudos internacionais, como o de Lee, Lin, Wrensch, Adler e Eisenberg, 2000; Danesi, Adetunji, 1994; Alferi, Antoni, Ironson, Kilbourn, Carver, 2001.
De fato, há poucas pesquisas sobre o tema no Brasil, mas isto não se justifica exclusivamente pela escassez de recursos. Há desinteresse pela comunidade científica nacional em se estudar mediunidade, e um certo temor de muitos cientistas em ter seu nome associado a este tipo de tema, que cheira a "metafísica", no sentido pejorativo com que os neopositivistas empregam esta palavra. Muitos médiuns conhecidos no Brasil foram estudados em centros de pesquisa no exterior, como é o caso de Raul Teixeira e Divaldo Franco.
Recordei-me também de um episódio famoso no jornalismo brasileiro, a matéria feita pela Rede Globo um dia após o debate de Fernando Collor e Lula, ambos candidatos na reta final das eleições. Assisti o debate, que teve seus altos e baixos para os dois candidatos. No dia seguinte, assisti a matéria da Globo, não sem surpresa, ao ver os altos de Fernando Collor e os baixos de Lula. Esta matéria despertou uma sensação de dejá vu.
5.4.08
Uma Mensagem Inesperada
Foto 1: José Mário (jovem)
Maio de 2003. Quinze anos se passaram da desencarnação de José Mário Sampaio. (Para quem estiver lendo este texto sem conhecer os personagens, José Mário Sampaio é meu pai, espírita atuante em Belo Horizonte, desencarnado em setembro de 1987.)
O Conselho Regional de Psicologia de MG havia me convidado para participar de uma mesa redonda no Seminário “Intervenção do Psicólogo na Saúde do Trabalhador”. A comissão organizadora passou por alguns apuros. Eles planejaram um evento para cerca de 300 pessoas, mas os colegas se interessaram e nas vésperas já havia 600 inscrições. O maior auditório do hotel foi conseguido às pressas e os profissionais que deixaram para a última hora tiveram que voltar para casa.
Alguns colegas espíritas estavam no público, mas, via de regra, os participantes não me conheciam ou conheciam apenas minhas credenciais. Talvez alguém tenha lido alguma de minhas
publicações em Psicologia do Trabalho, alguns haviam sido meus alunos na graduação ou pós-graduação, mas não trato de assuntos espíritas em sala de aula.
Após ter chegado e conversado brevemente com o outro membro da mesa, acertei a forma de projeção da apresentação com um funcionário do hotel e assentei-me. Por alguns momentos, durante a confecção do material e agora antes da atividade, recordei-me fortemente de meu pai. Quando ele desencarnou, eu ainda estava nos primeiros períodos do curso de Psicologia, após ter abandonado a graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais. Papai não interferiu na escolha dos cursos. Quando desejei fazer engenharia, ele não achava que aquele seria meu futuro. Uma vez, na intimidade, chegou a dizer que escolhesse o curso que eu quisesse, sem me preocupar com a remuneração do mercado de trabalho, porque eu sempre poderia me tornar professor na minha área de interesse. Fiquei pensando como é que ele havia acertado a minha incomum trajetória profissional. Quem sabe ele não havia me influenciado muito mais do que eu penso.
Ainda na espera de ser chamado para compor a mesa, por alguns minutos, pensei na satisfação que ele teria em ver o filho formado, apresentado o resultado de seus trabalhos para a sua
comunidade profissional. Foram apenas alguns instantes, e logo já estava à mesa, com um debate cordial, mas acirrado, que sucedeu as apresentações. O público encaminhava perguntas escritas em papel, que respondíamos na limitação do tempo reservado pela organização.
Terminada a mesa, fui conversar com alguns conhecidos presentes e, em meio à conversa, o mensageiro do hotel me trouxe, discreto, um papel dobrado.
- “A pessoa que escreveu não quer ser identificada.”Comentou.
Se não quer ser identificada, pensei, depois eu vejo do que se trata. Guardei no bolso e esqueci-me do papel, até chegar em casa. Trocando de roupa, vi o bilhete e desdobrei-o, curioso.
“Jáder, é um prazer conhecê-lo. Não me dirijo a você para fazer um questionamento, e sim, lhe enviando um grande abraço de um espírito totalmente iluminado que está ao seu lado, trazendo não só o abraço mas também se dizendo muito orgulhoso de seu trabalho. Ele se sente muito feliz em saber do quanto você tem caminhado.”
“Não sei se você acredita ou não em tudo isso... mediunidade, Espiritismo, sei lá o que é isso, porém cumpro meu dever com amor em te transmitir tal recado.”
“O nome dele é José Mário, foi médico e hoje no plano espiritual ele se dedica muito ao trabalho em busca de evoluir cada vez mais!” “Um abraço também meu. (preciso me manter no
anonimato)”
Fiquei surpreso, realmente. Seria uma brincadeira? Passados quatro anos, continuo sem conhecer o autor do bilhete. Que tipo de brincadeira é esta que ninguém se diverte? Seria farsa? Em um público seleto, tratando de um assunto técnico, e no anonimato, que interesse teria um psicólogo ou um funcionário de hotel em mantê-la? Os céticos diriam tratar-se de telepatia, mas que telepatia é esta em que o sensitivo capta o que não pensei, a profissão de papai, que por sinal está errada (papai era dentista), o que curiosamente remete a uma conversa que tínhamos em casa: o que faria um dentista após a desencarnação? Papai falava em tom de brincadeira, inicialmente, mas depois concluía, sério: - O conhecimento médico que temos deve ser útil no plano espiritual. No mais, o orgulho de pai, a satisfação com o progresso, faziam parte do que pensava. O tema da dedicação ao trabalho, que aparece na mensagem, dá seqüência aos seus anseios, segundo a mediunidade de Raul Teixeira e o conhecimento que eu tinha de sua personalidade enquanto encarnado. Este também não pode ter sido objeto de telepatia, a menos que os telepatas vasculhem os neurônios em busca de memórias do sistema pré-consciente, o que vai tornando a hipótese cada vez mais metafísica.
Curiosa a mediunidade, esta capacidade de médiuns diferentes perceberem o mesmo espírito com graus de profundidade distintos, mas com consistência de conteúdos.
Agradeço à corajosa e tímida médium (a letra parece ser feminina, se é que caligrafia tem sexo...) que espero poder sair um dia do anonimato após ler este pequeno depoimento. A propósito, e apenas para ela, acredito, sim, em mediunidade e Espiritismo.
6.3.08
Quem é o Espírita mais Querido de Minas Gerais?
Cemitério da Paz. Uma pequena multidão se aglomerava para prestar suas homenagens a Honório Abreu em um pequeno velório. Ao redor das edificações, em meio a jardins e corredores, espíritas que não se viam há muitos anos aproveitavam o momento para cumprimentar-se e rever-se. De muitas bocas eu ouvi a seguinte frase: Onde está Seu Manoel? Não posso deixar de vê-lo... Fiquei uns trinta a quarenta minutos ao seu lado, e espíritas dos mais diferentes centros espíritas e cidades paravam um minuto para cumprimentá-lo, abraçá-lo, receber ou dar notícias.
Manoel Antônio Alves é natural de Belo Horizonte, da região do bairro Betânia, mas reside há muitos anos no Padre Eustáquio. Reencarnou-se em 18 de janeiro de 1925. Em 1951 foi diagnosticada uma esquistossomose. Os remédios para a doença eram trazidos da Alemanha e estavam sendo fornecidos para o Brasil de forma irregular, em decorrência do final da guerra.
Através do irmão de Chico Xavier, de nome André Luis, foi chamado a participar de uma reunião de tratamento com o médium de Pedro Leopoldo.
O Espírito Scheilla participou dos trabalhos de tratamento. Seu Manoel, com muito medo, ficou observando o Chico ajoelhado, fazendo uma prece, próximo a uma cama de solteiro com lençol branco.
Ele viu o surgimento de uma estrela luminosa, semelhante a uma estrela do mar, sobre a cama e o médium de Pedro Leopoldo falando ao irmão, com sotaque puxado ao alemão: "Manoelzinho vai morrer de medo!"
Chico, mediunizado, saiu do quarto e colocou a estrela em sua mão. Era um objeto físico, tangível, envolto em uma substância luminosa. Em seguida, foram atendidas outras pessoas.
Manoel ficou curado da doença e das sequelas no fígado e no baço que começavam a apresentar sintomas. Em Uberaba, Scheilla ainda lhe indicou um medicamento para tratar prováveis lesões ainda existentes nos doís órgãos.
Após o tratamento, Manoel passou a estudar o Espiritismo e tornou-se um espírita convicto, atuante e, diga-se de passagem, rigoroso com o conhecimento espírita. Pessoalmente, é a criatura mais fácil de se afeiçoar, pelo bom humor, pelo tratamento gentil que dispensa a todos e o jeitinho mineiro de ser e de contar casos. Posteriormente, o Espiritismo Comentado vai apresentar mais da trajetória deste trabalhador da Doutrina nas terras mineiras.
5.3.08
Qual é a diferença entre xenoglossia e glossolalia?
Figura 1: Foto de Ernesto Bozzano.
Xenoglossia é, segundo ele, a mediunidade poliglota, "pela qual os médiuns falam ou escrevem em línguas que eles ignoram totalmente e, às vezes, ignoradas de todos os presentes."
Muito antes de Charles Richet ter criado a palavra o fenômeno já era conhecido.
É famosa a passagem do livro dos Atos dos Apóstolos, no dia do Pentecostes, quando estrangeiros ouviram judeus pregando o evangelho nas suas próprias línguas.
Alexander Aksakof dedica vinte páginas de seu “Animismo e Espiritismo” descrevendo médiuns falando línguas que lhe são desconhecidas. Allan Kardec refere-se aos médiuns poliglotas, “capazes de escrever em línguas que lhes são desconhecidas”, e adiciona: “muito raros” Bozzano distingue corretamente a xenoglossia da glossolalia.
Nesta última “os pacientes sonambúlicos falam ou escrevem em pseudo-línguas inexistentes, elaboradas nos recessos de suas subconsciências”.
Os dicionários atuais, sob a influência da Psiquiatria, definem glossolalia como “uma linguagem fabricada e sem sentido, especialmente em estados de transe ou em certas síndromes esquizofrênicas”.
Há autores que utilizam o termo glossolalia para os dois fenômenos.
Uma bela discussão sobre a origem inconsciente ou mediúnica dos fenômenos de xenoglossia é travada entre René Sudre e Ernesto Bozzano no seu livro “Metapsíquica Humana”, capítulo IX, fenômenos de xenoglossia. Por mais polêmica que possa ser a origem do fenômeno, os autores que o estudaram confirmam a sua existência, e há pesquisas no final do século XX sobre a Xenoglossia, como é o caso do trabalho de Stevenson, de 1974.
Stevenson, I. - Xenoglossy: A Review and Report of a Case. Charlottesville: University Press of Virginia, 1974b. (Also published in 1974 in Proceedings of the American Society for Psychical Research, vol. 31.)
7.1.08
A Psicografia de Stainton Moses
Stainton Moses, médium espiritualista inglês, escreveu sobre sua própria mediunidade em 1883:
"É interessante saber se os meus próprios pensamentos exerceram uma influência qualquer nos assuntos tratados nos ditados, apesar de ter tomado as maiores precauções para que esse fato não acontecesse. Ao começo, a escrita era lenta, sendo eu obrigado a segui-la com os olhos, mas, mesmo nesse caso, as idéias não eram minhas. De fato, as comunicações tomaram logo um caráter sobre o qual não podia eu ter dúvidas, pois que as opiniões emitidas eram contrárias ao meu modo de pensar. Distraía-me propositadamente durante o tempo em que a escrita se produzia, e cheguei a abstrair-me na leitura de um livro e a seguir um raciocínio cerrado, enquanto a minha mão escrevia com constante regularidade. As comunicações assim dadas enchiam inúmeras páginas, sem haver correção nem faltas de composição, revelando muitas vezes um estilo belo e vigoroso. "
(Extraído de "Ensinos Espiritualistas", W. Stainton Moses, FEB, 1981)
4.12.07
Grupo Scheilla Promove Seminário de Reciclagem para Educação Mediúnica
Foto 1: Visão Geral dos Participantes do Evento. Na primeira fileira, à direita, Daltro Rigueira, um dos pioneiros da organização de estudos sistemáticos sobre mediunidade no Grupo da Fraternidade Irmã Scheilla.
O Grupo da Fraternidade Irmã Scheilla tem em sua estrutura quatro tipos de reuniões mediúnicas: as reuniões de desobsessão, as reuniões de educação mediúnica, as reuniões de orientação espiritual e as reuniões de ectoplasmia (com a finalidade de tratamento). Todas estas reuniões congregam cerca de 350 participantes.
Foto 2: Um dos momentos musicais do evento com Karla, Nelinho e Sandro
O trabalho do dia contou com a exposição de Célio Allan Kardec, uma liderança importante da Casa de Scheilla. Ele tratou do tema "Educação Mediúnica: Teoria e Prática".
Foto 3: Célio Allan Kardec
11.10.07
A Serena Via-Crucis de Yvonne
O número traz artigos muito interessantes e polêmicos, como o trabalho de Paulo Urban, psiquiatra, mostrando a trajetória dos antidepressivos e dos conceitos psiquiátricos, da Psicanálise ao DSM-IV.
Há um conto imperdível de Monteiro Lobato, retirado do livro Negrinha, de sua autoria, no qual ele trata de um milionário "pão-duro", dirigido pela "força" e interessado em reencarnação.
A revista noticia o prêmio Jabuti, ganho por Laura Bergallo, espírita, com o livro Alice no Espelho, que trata da anorexia, e muitas outras notícias, informações e livros do interesse do movimento espírita.