Há 41 anos, em junho de 1966, Yvonne do Amaral Pereira escreveu a introdução do livro que ela considerava ser o seu "canto do cisne". É uma pérola do Espiritismo brasileiro do século XX. Neste livro, declaradamente desgastada pelas enfermidades, Yvonne conta os bastidores da sua mediunidade, desde os primeiros dias da tenra infância.
Os espíritos povoam sua vida, as recordações das encarnações passadas a atormentam e a prática mediúnica a liberta dos negros impulsos que a atraem à morte.
Sua visão ampliada de mundo mostra uma vida paralela à nossa, interferindo com o cotidiano de seus conterrâneos e contemporâneos. Obsessores, espíritos sofredores, suicidas, mentores, amores do passado, espíritos amigos, escritores atormentados, todos compõem este mundo que os materialistas rotulariam de fantástico.
As dificuldades e as provas associadas à prática da mediunidade desfilam aos olhos do leitor interessado em conhecer mais sobre esta curiosa faculdade. Yvonne alterna sua história com explicações de base doutrinária, fazendo com que seu livro seja mais que um mero relato memorialista.
Yvonne conclui sua introdução com a seguinte prece, da qual transcrevo um trecho:
"... A chama imaculada que do Alto me mandaste, com a revelação dos pontos da tua Doutrina, a mim confiados para desenvolver e aplicar, eu ta devolvo, no fim da tarefa cumprida, pura e imaculada conforme a recebi: amei-a e respeitei-a sempre, não a adulterei com idéias pessoais porque me renovei com ela a fim de servi-la; não a conspurquei, dela me servindo para incentivo às próprias paixões, nem negligenciei no seu cultivo para benefício do próximo, porque todos os meus recursos pessoais utilizei na sua aplicação. Perdoa, no entanto, Senhor, se melhor não pude cumprir o dever sagrado de servi-la, transmitindo aos homens e aos Espíritos menos esclarecidos do que eu o bem que ela própria me concedeu"
Um momento especial do Espiritismo em nosso país que não deve ser esquecido pelos trabalhadores do nosso tempo.
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