Mostrando postagens com marcador Léon Denis. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Léon Denis. Mostrar todas as postagens

18.5.21

O PROBLEMA DO SER DO DESTINO E DA DOR?

 

Capa de uma edição francesa de "O problema do ser, do destino e da dor".

Na última conversa que tivemos com um grupo de estudo, perguntaram-me sobre o livro de Léon Denis. Alguns expositores vêm falando que o livro se chamava O Problema do Ser e do Destino, e que foi a FEB (sempre ela, coitada) quem colocou após o título "e da dor".

De fato, o livro foi publicado em francês com o título "O problema do ser e do destino", mas em uma de suas reedições, o próprio Denis modificou o título, como se pode ver acima. 

Os tradutores do início do século 20 e os membros da Federação, mantinham contato com Denis, e, como em O porquê da vida, quando eles alteravam alguma coisa, pediam licença ao autor francês. 


27.11.20

LIDERANÇAS DO ESPIRITISMO NA FRANÇA E NO BRASIL

 


Mais uma pergunta da entrevista feita pela aluna da PUC MINAS.


03- Quais são os fundadores e principais líderes do espiritismo?


Resposta de Jáder Sampaio


"A pessoa que teve um papel central na elaboração do espiritismo foi o professor H.L.D. Rivail, que adotou o pseudônimo de Allan Kardec para a obra espírita em geral. Ele era tratado pelos espíritas franceses como mestre, e pelos espíritas brasileiros como codificador, por ter realizado estudos com diversos médiuns, analisado as comunicações de diversos espíritos e escrito seus livros, além da publicação da Revue Spirite, que publicava os estudos de espíritas da França e de diversos países.

Na França, após o falecimento de Allan Kardec, outros autores se tornaram importantes para o movimento espírita, como Léon Denis, Gabriel Delanne e o astrônomo Camille Flammarion. 

A Europa passou por diversas dificuldades que afetaram o movimento espírita em geral. Regimes autoritários, como o de Franco, o de Salazar ou o da Hungria na época da cortina de Ferro proibiram a prática do espiritismo e desapropriaram imóveis. O espiritismo francês passou pelo que foi chamado de “processo dos espíritas” em decorrência de um médium que praticava fraudes, o que afetou a imagem no país de Napoleão.

As universidades francesas recusaram-se a aceitar os trabalhos de observação realizados pelos espíritas, e alguns autores europeus oriundos da psiquiatria, principalmente, tentaram explicar os fenômenos espirituais pela via da psicopatologia. As exigências feitas para o espiritismo, e depois para a metapsíquica francesa (uma corrente de pesquisas que aceita a existência de fenômenos como a telepatia, mas põe em suspenso a existência de médiuns) não foram feitas para outras áreas do conhecimento, e o espiritismo francês, após as duas guerras, ficou limitado a uma minoria e preocupado com a aceitação pela comunidade acadêmica.

No Brasil há um grande número de lideranças, expositores, autores e médiuns espíritas conhecidos, mas destacarei dois: Adolpho Bezerra de Menezes (médico e político nascido no Ceará, mas que se tornou espírita no Rio de Janeiro) e Chico Xavier (funcionário público, conhecido por sua mediunidade prolífica e pelo trabalho com as pessoas em vulnerabilidade social)."

30.6.17

TEMPO DE REALIZAÇÕES



Léon Denis (Espírita Francês)

Léon Denis foi o discípulo fiel de Allan Kardec, que deu continuidade à doutrina sem aproximá-la a qualquer orientalismo ou pensamento místico. Em 1900 ele foi presidente do Congresso Espírita e Espiritualista da França, trazendo pessoas de diferentes pontos do mundo.

Desse congresso escolho dois eventos para recordarmos. O primeiro vem da crítica de alguns participantes famosos que desejavam reduzir o espiritismo às estreitas contribuições da ciência empírica, baseada pelos fenômenos. Denis assim se posicionou:

“O que caracteriza hoje o Espiritismo é a manutenção dos princípios codificados por Allan Kardec e seu constante desenvolvimento pelos métodos experimentais. Entretanto, para nós o Espiritismo não está todo em Kardec; o Espiritismo é uma doutrina universal e eterna, que foi proclamada por todas as grandes vozes do passado, em todos os pontos da Terra e que o será por todas as grandes vozes do porvir. ” (Gaston Luce)

Angel Aguarod

O segundo evento curioso, é que neste ano ele recebeu Angel Aguarod e Esteva Marata, ansiosos por conhecer a pátria de Kardec. Eles foram ao cemitério do Père Lachaise e a um centro de reunião dos espíritas em Paris, mas como ele mesmo disse “Os espíritas parisienses eram pobres”. Depois de muita pesquisa eles encontraram uma construção de tábuas que talvez houvesse sido uma estrebaria, o que foi para estes delegados uma grande decepção.

Camille Flammarion

Passado um quarto de século, Denis estava cego e doente. Foi convidado para ser presidente do congresso, mas inicialmente declinou. Um espírito o questionou em uma reunião mediúnica, por que ele não aceitou o convite, ao que, após queixar-se do “fardo de suas enfermidades”, explicou

- Flammarion me substituirá muito bem!

O espírito lhe respondeu diretamente:

- Flammarion não estará lá.

E, de fato, Flammarion desencarnou em junho de 1925, três meses antes do congresso.

No discurso de encerramento do congresso de 1925, ele contou a memória da visita de Aguarod e de Marata, para dizer que o espiritismo parisiense e mundial, passados 25 anos, agora contava com a Casa dos Espíritos e o Instituto Metapsíquico Internacional, cujos imóveis foram comprados por Jean Meyer e as organizações pensadas pelo mesmo mecenas.




Luz y Union - Revista dirigida por Jacinto Esteva Marata

Passou-se quase um século, e o espiritismo espalhou-se pelo mundo, com um grande movimento no Brasil. As casas em Belo Horizonte se contam às centenas, os livros obtidos pela mediunidade aos milhares, como previu o autor de “No invisível”. Contudo, ao nos reunirmos, é fundamental perguntarmo-nos como Denis: qual é a nossa “construção de tábuas” contemporânea que precisa ser transformada em imóvel? Que trabalho nos cabe fazer nos próximos 25 anos, para que o movimento da capital mineira tenha um ganho de qualidade?


Com certeza, se estiver no plano espiritual, o discípulo fiel de Kardec estará nos acompanhando, pronto a observar nossas decisões e desejoso de ter mais uma história de sucesso para contar no futuro, nos encontros de espíritas que transpuseram os umbrais da morte do corpo.

(Texto publicado no periódico Ame Mais no. 61, pág. 5)

2.12.15

O MÉDIUM DE JERÔNIMO DE PRAGA ESTUDOU O CRISTIANISMO




Léon Denis publicou em 1900 um livro intitulado “Cristianismo e espiritismo”, que li nos anos 1980, mas confesso que à época saltei a introdução e o prefácio. Depois o consultei muitas vezes e preparei estudos com ele, mas não voltei a estes dois escritos.

Com o passar dos anos, fiquei fã dos prefácios do autor francês, porque ele costuma explicar e contextualizar seus livros.

Na introdução do livro, Denis se preocupou muito em explicar que seu trabalho não é um ataque ao catolicismo, religião que ele abandonou ainda jovem pela “filosofia espírita”. Ele se detém na exterioridade do catolicismo (que confessa ainda causar algum encanto nele) para elogiar a interioridade do protestantismo, que parece ter conhecido a partir de algumas das fontes que ele consultou para escrever sobre o cristianismo.

Minha primeira surpresa foi identificar algumas ideias de origem deísta ou da religião natural que encontrei em sua argumentação inicial. Elas influenciaram a constituição do espiritismo, embora este não possa ser reduzido a elas.

“Consagramo-nos à tarefa de destacar da sombra das idades, da confusão dos textos e dos fatos, o pensamento básico, pensamento de vida, que é a fonte pura, o foco intenso e radioso do Cristianismo, ao mesmo tempo que a explicação dos estranhos fenômenos que caracterizam as suas origens, fenômenos renováveis sempre, que efetivamente se renovam todos os dias sob os nossos olhos e podem ser explicados mediante leis naturais.” (p. 8 e 9)

No prefácio, escrito dez anos depois, Denis não poupou críticas ao catolicismo. Este havia sido separado definitivamente do estado francês, pelo que pude entender, a partir de uma lei conhecida como concordata, que proibiu o ensino religioso para a infância e a juventude, tornando-o leigo.

O autor analisou o declínio da influência do catolicismo na sociedade francesa, tendo ficado restrito a “um punhado de adeptos”. Ele afirma que a igreja vivia uma crise com o direito novo francês.

Denis entende que há uma doutrina cristã, pura (p. 10), que não se confunde com o catolicismo, construído após Constantino (p. 18), que acabou por influenciá-lo na direção da hierarquização, da politização em favor dos “grandes e poderosos”, da teologização que a afastou do “sermão da montanha”. (p. 19)

“Jesus não havia fundado a religião do Calvário para dominar os povos e os reis, mas para libertar as almas do jugo da matéria e pregar, pela palavra e pelo exemplo, o único dogma de redenção: o amor.” (p. 21)

Não posso deixar de comentar que o filósofo espírita deteve-se no espírito de sua época, preocupado com o hedonismo e o materialismo, posicionando-se, como Kardec, na oposição das “filosofias negativas” (p.13) Ele mergulhou na essência do Cristianismo para fazer oposição a ideologias que defendiam uma vida sem sentido, o fim da existência com a morte do corpo, “sofrimentos inúteis”, “trabalho sem proveito” e “provas sem compensação”. Estaria Denis fazendo uma menção a Nietzsche, ou a Darwin, quando escreveu o parágrafo abaixo?
“Em lugar desse campo cerrado da vida em que os fracos sucumbem fatalmente, em lugar dessa gigantesca e cega máquina do mundo que tritura as existências e de que nos falam as filosofias negativas, o Novo Espiritualismo fará surgir, aos olhos dos que pesquisam e dos que sofrem, a portentosa visão de um mundo de equidade, de amor e de justiça, onde tudo é regulado com ordem, sabedoria, harmonicamente.” (p. 13)

Assim Denis iniciou uma obra que aborda o cristianismo em uma perspectiva histórica e filosófica, e que encerra-se com a contribuição das descobertas experimentais da vida após a morte, da reencarnação e da mediunidade que o espiritismo trouxe com suas pesquisas. Ele articula cristianismo e espiritismo nas luzes do novo século, dando sua própria contribuição em forma de pesquisa e reflexão ao trabalho iniciado por Allan Kardec em 1864, com a publicação de “O evangelho segundo o espiritismo”.

9.11.14

LIVROS DE LÉON DENIS PUBLICADOS PELA FEB




Léon Denis é um dos continuadores da obra de Allan Kardec  na França, cujos esforços lhe valeram a alcunha de "Apóstolo do Espiritismo". De fato, seu esforço para a divulgação do espiritismo no mundo ocidental assemelha-se ao de Paulo de Tarso com o cristianismo.

A Federação Espírita Brasileira tem publicado alguns de seus livros mais importantes. Alguns deles, como Depois da Morte é fruto de uma orientação aprovada no I Congresso Espiritualista (Paris) para "fazer uma publicação popular que resumisse a filosofia espírita."

Suas relações com o movimento espírita brasileiro e seu princípio de não receber dinheiro pelo trabalho de escritor devem ser considerados, além da qualidade do seu trabalho, no entendimento de sua grande influência no desenvolvimento do espiritismo em nosso país.



Figura 1: um mosaico com as capas de livros de Denis publicados no Brasil por diversas editoras

14.4.13

AS POTÊNCIAS DA ALMA





Léon Denis foi um dos continuadores da obra de Allan Kardec. Filho das classes operárias, desde jovem interessou-se pelo espiritismo e por uma França mais justa. Um dos trabalhos que prestou foi participar da Liga de Ensino, de Jean Macé, fundou bibliotecas pelas cidades em que passava profissionalmente e trabalhou pela criação do ensino "obrigatório, gratuito e leigo". Interessado no socialismo, ficou chocado com o crescimento do materialismo nos grupos socialistas franceses.


Parte ativa do movimento espírita, estava sempre atualizado com relação às publicações espíritas, espiritualistas, de pesquisa psíquica e outras relacionadas ao espiritismo. Ele trabalhou pela ideia de Kardec, de acompanhar o desenvolvimento das ciências e das filosofias de sua época. Sua obra é sempre uma articulação entre o novo e o pensamento kardequiano, um desenvolvimento do que ele estudava e das matérias de suas conferências.

Sua admiração pelo mestre é patente em todos os seus livros. 

Passei a ler, depois de alguns anos, de forma mais atenta, as introduções e apresentações dos livros de Denis. Ele não era apenas um compilador, mas um pensador espírita em seu tempo. Ele sempre dá notícias das razões de ter escrito os livros, que nunca são "mais do mesmo". 

As potências da alma, que foi objeto do meu trabalho em Formiga-MG, é a terceira parte do livro "O problema do ser, do destino e da dor", escrito em 1908. Ele foi escrito para a juventude francesa da época, que tinha por influência o pensamento positivista e cético. Denis avaliava que os jovens haviam ficado um tanto inertes, pela falta de ideais nobres e espírito de trabalho e transformação. Esta parte do livro, escrita após uma defesa da concepção espírita do homem e da reencarnação, é quase uma exortação à avaliação de si mesmo, e à transformação do mundo interior.

Com os termos próprios do pensamento da época, Denis se volta a mostrar as capacidades que o mundo interior oferece ao homem, especialmente se este não se nega a entrar em contato com seu sentido íntimo, se se propõe a empregar a vontade na superação dos limites, se amplia a consciência para além da superficialidade dos sentidos, se disciplina o pensamento e reforma o caráter, se não se nega ao amor e se lança nova visão sobre a dor inevitável em sua trajetória.

Em uma época ainda mais sombria, passados mais de cem anos, na qual progrediu o relativismo filosófico, onde ainda se vê um ceticismo doutrinário, militante e antireligioso, mais que metodológico, influenciar a juventude; o brado latino de Denis ainda soa e fala alto para as mocidades espíritas. Releiamos Denis.

9.4.13

AS POTÊNCIAS DA ALMA - FORMIGA-MG



É com muita alegria que fui convidado para participar das comemorações dos 85 anos do Centro Espírita Lázaro, em Formiga-MG. São cerca de trinta anos de permuta e aprendizado com os trabalhadores incansáveis deste núcleo de luz.

No próximo sábado, dia 13, vamos conversar sobre um belo trabalho de Léon Denis: as potências da alma. Neste texto do livro "O problema do ser, do destino e da dor", já centenário, o espírita lionês, de posse das, então, novas descobertas da pesquisa psíquica e da sólida argumentação da obra de Kardec, faz propostas para a construção de um novo homem.

Além do diálogo, teremos um tempinho para divulgar nossos livros e autografar os de nossa autoria/coautoria. Serão expostos os livros da Coleção Espiritismo na Universidade, da série "Pesquisas Brasileiras sobre o Espiritismo", as traduções das obras espiritualistas de Alfred Russel Wallace e  a obra mediúnica "Casos e descasos na casa espírita", do espírito Conselheiro.

Aguardo vocês lá!

28.5.10

O CONCEITO DE MENTE EM LÉON DENIS

Foto 1: Nova Capa do Livro de Denis

A terceira parte do livro "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", chama-se "As Potências da Alma". É um trabalho sobre a Psicologia do Ser Humano, ampliada pelas pesquisas e contribuições dos pesquisadores que trataram o que hoje se convencionou chamar recentemente de estados alterados de consciência.

Quando Denis trata da consciência ele desenvolveu um modelo muito interessante, que só não se perdeu no tempo porque seus livros continuam sendo publicados e lidos.

O discípulo de Kardec distingue três dimensões da consciência: o "sensorium", o "criterium" e a "consciência subliminar".

Sensorium

"Faculdade de concentrar as sensações externas, coordená-las, defini-las, perceber-lhes as causas e determinar-lhes os efeitos". É a relação entre os cinco sentidos e a consciência.

Criterium

"Faculdades de entendimento". Denis parece situar nesta categoria o que hoje se costuma denominar como habilidades cognitivas.

Consciência Subliminar

Um dos pais da Psicologia moderna, William James, ao estudar a experiência religiosa postula a existência de uma consciência profunda, e propõe que o nosso campo do conhecimento a estude. Denis entende que ao propor isto, ele aponta para a existência da alma. Ilustra seu argumento com a história de Hellen Keller, que ficou muito conhecida. Uma menina surda,muda e cega de nascença, que aprende a entrar em contato com o mundo a partir da influência. Apenas com o tato, uma professora consegue comunicar-se com ela, alfabetizá-la e ela desenvolve-se, tornando-se poetisa e sendo considerada filósofa e psicóloga. O espírita de Lyon entende que "o caso de Helen prova que, por trás dos órgãos momentaneamente atrofiados, existe uma consciência desde muito familiarizada com as noções do mundo."

Além de Keller, Denis apresenta o pensamento de Kant, o caso de Ella Hopkins, os experimentos de Lombroso sobre transposição de sentidos, o trabalho de Albert de Rochas com "Mireille", os detalhes da produção escrita de Walter Scott, uma declaração de J. J. Rousseau e, por fim, a mediunidade de Andrew Jackson Davis.

Léon Denis fez em sua época algo que é fundamental nos dias de hoje: colocou o Espiritismo para dialogar com os cientistas consagrados, analisou fatos documentados e publicou para o movimento espírita e para o público em geral.

29.1.09

Espiritismo Comentado em Revista


A revista Universo Espírita tem publicado mensalmente alguns dos trabalhos publicados no Espiritismo Comentado, sempre inserindo novos comentários, ilustrações e informações adicionais. A revista de janeiro nos trouxe duas publicações: Denis e a Evolução e Dicas para Ler Livros Espíritas.

Universo Espírita magazine has published monthly some of "Espiritismo Comentado" posts. They always insert new comments, pictures and suplementar informations. January's magazine has published two posts: "Léon Denis and the spirit evolution" and "how to read spiritist books"


A conhecida Revista Internacional de Espiritismo de dezembro de 2008 publicou uma entrevista realizada por Júlia Nezu com o editor de EC. Ela trata da intolerância com o Espiritismo ao longo da História, no exterior e no Brasil, da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas - LIHPE, da tese Voluntários, e da Gestão dos Centros Espíritas. Confiram.


The known Spiritism International Journal (Revista Internacional de Espiritismo) published in 2008 december an interview done by Júlia Nezu with EC editor's. This interview is about intolerance against Spiritism at 19th and 20th century, in Europe and Brasil and about "Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas - LIHPE" a network based at internet in which participates researchers from Brasil and foreign countries. To finish it, Julia asked about Volunteers, a doctor's degree thesis defended at São Paulo University, and explores the management of spirit societies.

5.11.08

Espiritismo Científico

Figura 1: Capa do livro de Rivas
Luis Hu Rivas, espírita peruano, consultor da FEB e do CEI, publicou o livro "Doutrina Espírita para Principiantes". A concepção da obra é digna de elogios. Um livro escrito com uma linguagem acessível a todos, amplamente ilustrado, que aborda princípios e postulados espíritas, com o objetivo de dar uma visão geral da doutrina dos espíritos para quem quer que se interesse.

Alguns pontos, contudo, são polêmicos e há alguns equívocos que merecem ser comentados, não para diminuir o valor da obra, mas em respeito ao caráter filosófico do Espiritismo, que tem a crítica de idéias como instrumento valioso na construção do seu conhecimento.

Figura 2: Capa antiga de "No Invisível"

Na página 31 da edição brasileira, Rivas atribui a Léon Denis a frase: "O Espiritismo será científico ou não sobreviverá". De fato, Denis escreveu esta frase, possivelmente uma interpretação retórica das idéias de Flammarion, que nas comemorações da desencarnação de Kardec dizia: "O Espiritismo é uma ciência da qual só se conhece o ABC."
Denis, contudo, escreveu a frase para criticá-la. No mesmo capítulo ele publica:


"É com desgosto que observamos a tendência de certos adeptos no sentido de menosprezar a feição elevada do Espiritismo (...) para restringir ao campo da experimentação terra-a-terra, a investigação exclusiva do fenômeno físico". (página 10)


Os adeptos do Espiritismo francês discutiam se o trabalho de Kardec deveria ser abandonado ou posto em suspensão de juízo para que os fenônomenos fossem livremente estudados e as teorias construídas com base na observação de fatos, e não com o diálogo com os espíritos e o emprego do método da universalidade e concordância dos ensinos.


O discípulo de Kardec escreveu "No Invisível" para defender a prática da mediunidade como a conhecemos e o diálogo com os espíritos como método válido para a construção do conhecimento espírita. Ele se opunha ao renascimento dos que Kardec denominou "espíritas experimentadores", os que só se interessavam pelos fenômenos, sem considerarem a filosofia espírita e suas conseqüências morais e religiosas.


Lendo o trecho completo de Denis ver-se-á que ele quis criticar o experimentalismo e defender a prática mediúnica dialógica:

"De sobra se tem repetido: o Espiritismo será científico, ou não subsistirá. Ao que acrescentaremos: o Espiritismo deve, antes de tudo, ser honesto!” (Léon Denis, No Invisível, página 21)

7.2.08

Denis e a Evolução

Foto 1: Capa da Edição Antiga da FEB da Obra Prima de Denis

Há alguns anos, Heloísa Pires nos encarregou de pesquisar na obra de Denis uma afirmação sobre a evolução, citada por Herculano e muito discutida pelos espíritas do nosso tempo.
A questão filosófica central, repousa na evolução do princípio espiritual proposto pelos espíritos com que dialogou Kardec nas obras da codificação. Na sua conclusão, Kardec argumenta de forma lúcida:
"Qual é a origem do Espírito? Onde está o seu ponto de partida? Forma-se do princípio inteligente individualizado? Eis um mistério que seria inútil tentar devassar e sobre o qual, como dissemos, só podemos construir sistemas." (comentário da questão 613)
Denis, escrevendo de forma poética, assim se refere à questão espiritual dos seres vivos:
"... Na planta a inteligência dormita; no animal sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente; a partir daí, o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da Natureza, só se pode realizar pelo acordo da vontade humana com as leis Eternas." (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, página 123, 11a. edição)


Presciência Divina e Livre Arbítrio

Uma questão geralmente apresentada ao pensamento espírita baseia-se em uma suposta contradição entre a capacidade atribuída a Deus de predizer o futuro e o livre-arbítrio dos homens, concedido por Ele em suas leis universais.


Léon Denis, espírita francês e discípulo de Kardec, manifesta-se sobre este ponto em "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", recém republicado pela Federação Espírita Brasileira, da seguinte forma:


"Notemos que não é a previsão de nossos atos que os provoca. Se Deus não pudesse prever nossas resoluções, não deixariam elas, por isso, de seguir seu livre curso" (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, página 344, 11a. edição)



8.1.08

Léon Denis e Lepoldo Cirne

Leopoldo Cirne foi o presidente da Federação Espírita Brasileira que sucedeu a Bezerra de Menezes, no período de 1900 a 1914. Ele consolidou a instituição, inaugurando a sede própria da Avenida Passos 30, na cidade do Rio de Janeiro, em 1911.
Zêus Wantuil transcreveu o artigo publicado em "O Paiz", o jornal democrático do Rio à época, reconhecendo o papel social do movimento espírita:
"Não é uma inauguração vulgar, de um edifício que interessa apenas à associação a que pertence; ela resume, na pedra e na argamassa do amplo edifício erigido naquela avenida, uma obra generosa de fé e de assistência, que tem se estendido beneficente sobre uma grande parte da população desta terra. A nova sede da Federação Espírita Brasileira tem, considerada no seu ponto de vista particular, o valor, já hoje raro, de exprimir uma dedicação extraordinária dos homens agremiados naquele centro de atividades, dedicação praticada em uma quase penumbra, sem alarde, sem benemerências conclamadas, sem nomes postos em foco, com a modéstia efetiva dos crentes sinceros e dos generosos por dever; em cada pedra, em cada bocado de argamassa da sua construção, há um pouco de coração e de consciência dominados por um alto sentimento e um sugestivo dever."

(Grandes Espíritas do Brasil, Zêus Wantuil, FEB, 1981, 2a. Edição)


Figura 1: Foto recente da fachada da antiga sede da Federação Espírita Brasileira, feita por André Cláudio V. C. de Mendonça em 2006 (http://www.pbase.com/andremendonca/image/62612683)



Há alguns anos, foi encontrada a foto abaixo em meio à biblioteca do Sr. Aurélio Valente, doada à Associação Espírita Célia Xavier após o seu retorno à pátria espiritual. Ela mostra a relação existente entre o Espiritismo Brasileiro e o Francês, na pessoa de Léon Denis, àquela época.



Figura 1: Foto de Léon Denis




Figura 2: Verso da foto acima onde se lê (em francês): Ao Sr. Leopoldo Cirne, lembrança fraternal. Léon Denis. 20/5/99 (1899)