Mostrando postagens com marcador Mário Barbosa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mário Barbosa. Mostrar todas as postagens

7.6.16

OS ESPÍRITAS AMAZONENSES E SUAS HISTÓRIAS DE AMOR CRISTÃO.








Estava navegando pela internet e esbarrei sem querer em uma preciosidade: os anais do II Simpósio da Fundação Allan Kardec. Depois descobri que há anais de três simpósios, disponíveis na página da FEAK, que funciona no Amazonas.

Ainda não terminei de ler, confesso que li meia dúzia de relatos, mas não é preciso ler muito para saber que tem qualidade. 

Uma das contribuições que estes anais nos dão, são os relatos de casos. Sempre achei que a mania de escrever manuais para uniformizar tarefas, em um país tão continental quanto o nosso, tem diversos problemas. Penso ser mais útil que as sociedades espíritas mostrem o que fazem, como e porque construíram sua prática. Assim, há um real repasse de experiência entre diferentes sociedades espíritas.

Os relatos que encontrei são pessoais, mas refletem as lutas, as dificuldades e os resultados encontrados em diferentes frentes de trabalho. 

Senti-me dentro do Rio Negro, acompanhando a trabalhadora que acorda às quatro e trinta da manhã para tomar o barco, navegar por três horas, subir na carroceria de um caminhão com seus colegas de tarefa (adultos e crianças) e chegar em um sítio na estrada para fazer palestra, passe e diálogos.

Vi-me nas imediações do Palácio do Comércio, em busca das crianças que, dizem, "cheiram cola", e acompanhei a tarefa de encontrá-las, dar-lhes alimento, compartilhar do medo, travestido de hostilidade, com que a população e os comerciantes locais as tratam. 

Emocionei-me com o menino que contou ter esfaqueado o padrasto, que violentava sua irmã menor, e saiu correndo, fugido de casa, com o projeto de voltar para vingá-la quando tivesse dezoito anos.

Lembrei-me do Lar Espírita Esperança quando li que a população de rua era acolhida no centro para um café da manhã, com um kit de higiene pessoal, guardado cuidadosamente para cada pessoa.

Eu poderia ficar borboleteando história a história, mas o texto ficaria imenso, então vou deixar o link dos anais para quem se interessou e deseja ler: http://www.faknet.org.br/wp-content/uploads/2015/04/Anais-II-SImposio-FAK.pdf

Os outros dois anais estão no site http://www.faknet.org.br/, à direita.

Há uma coisa preciosa nestes relatos. Temos acesso à visão do trabalhador espírita, com suas realizações e frustrações, mas vemos também a visão dos excluídos com quem eles trabalham. É uma publicação que humaniza e emociona a quem lê. 

Lendo os relatos, identifiquei duas ou três mãos espirituais: Mário Barbosa e Raul Teixeira, cujas ideias e verbo parecem ter feito parte da construção das atividades na região (espero não estar equivocado). A terceira mão é de Leopoldo Machado, andando no lombo de burro, de jardineira, de avião, também, para levar o pacto áureo ao norte e ao nordeste, sempre preocupado com a infância.

11.8.15

MARIO BARBOSA, VINTE E CINCO ANOS DEPOIS



Na década de 1980 fiquei conhecendo o trabalho de Mário da Costa Barbosa, que foi trazido a Belo Horizonte por Marlene Assis e por outras lideranças espíritas para promover seminários de reflexão sobre assistência social espírita.
Vi-o também em Juiz de Fora-MG, em um evento que alguns expositores do Rio de Janeiro promoviam anualmente, em que havia a presença de Raul Teixeira. Mário também foi responsável por uma CEOMG, que é a Confraternização Espírita do Oeste de Minas Gerais. 

A marca que Mário Barbosa deixava imediatamente é de um pensamento fortemente calcado na filosofia, por um lado, e no espiritismo por outro. Ele citava extensamente O Livro dos Espíritos (principalmente as questões que tratam da desigualdade das riquezas e da lei de sociedade) e O Evangelho Segundo o Espiritismo, assim como as passagens evangélicas. Mário era graduado em serviço social, com mestrado em ciências sociais. Foi secretário de ação social ou algo semelhante, se me recordo bem, e lecionava na UNESP.

Ele foi trazido a Montes Claros em 1990, pela Sociedade Espírita Allan Kardec e tive a oportunidade de conhecê-lo mais de perto, porque ele passou alguns dias como nosso hóspede. À época ele já tinha a doença que levou-o à desencarnação alguns meses depois, mas não tocou no assunto com nenhum de nós em momento algum. 

Fui surpreendido por duas ou três coincidências por esses dias,  onde pude constatar que a Federação Espírita Brasileira publicou um livro organizado a partir das ideias e vivências dele e encontrei dois vídeos da Federação Espírita Catarinense, um dos quais compartilho com os leitores do EC.

Uma das preocupações de Mário Barbosa era evitar as relações verticais com quem quer que seja no movimento espírito. Vestia-se com simplicidade, e tinha uma proposta de ação social espírita a partir do trabalho e da convivência. 

Não sei se é apenas um pouco de saudosismo, então aguardo as impressões das novas gerações de espíritas.