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20.4.22

ESPIRITISMO E ESPIRITUALISMO: CONCEITOS, ORIGENS E SIGNIFICADOS


BUSTO DE KARDEC


A autora Françoise Parot escreveu um artigo na Revista de História das Ciências (francesa), tomo 57, n.1, p. 33-63, 2004, no qual ela analisa o surgimento do espiritismo na França. 

Uma curiosidade é que Parot afirma que a palavra espiritismo foi dicionarizada na França em 1860, no Dicionário Francês Ilustrado e na Enciclopédia Universal, que penso ser a publicada por Maurice Lachâtre, como conhecemos aqui. 

Outro ponto conhecido que a psicóloga destaca é que o uso do termo espiritualismo era bem difundido à época, como "uma reunião de todos os que desejavam se diferenciar de um materialismo concebido como um apego às coisas materiais e no sentido mais filosófico de convicção na existência única da matéria" (p. 36)

Ela explica que o espiritualismo era um movimento popular na Inglaterra desde 1840 e que criou muitos "clubes, associações, sociedades e congressos". Os espiritualistas procuravam mostrar uma independência dos fenômenos espirituais.

Ela busca "O livro dos Espíritos" que Kardec criou o termo "espiritismo" para substituir o espiritualismo porque além de acreditar em algo além da matéria (espiritualista), os espíritas aceitam também os Espíritos, em seu retorno e manifestação. 

Desta forma, fica clara a afirmação do Prof. Humberto Schubert de que o espiritismo é um ramo do espiritualismo, e que a criação do termo espiritismo, com esse sentido, é obra de Kardec na França.

22.6.20

WALLACE FOI ESPIRITUALISTA?






Ontem falamos sobre os livros e a obra de Alfred Russel Wallace no Espiritismo.Net em rede com outros canais espíritas. Você sabia que o coautor da teoria da evolução das espécies era espiritualista? Quer saber mais? O vídeo está disponível acima, basta assistir.

18.7.08

O Espiritismo é eclético?


Figura 1: O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas

Deolindo Amorim foi convidado pelo presidente da Federação Espírita do Estado do Paraná (João Ghignone) e pelo Diretor do Jornal Mundo Espírita (Francisco Raitani) a escrever um livro, baseado nos artigos e entrevistas de rádio que fez, que distinguisse o Espiritismo das diversas manifestações doutrinárias do Espiritualismo, em 1957.
À época os cientistas sociais aproximavam o Espiritismo dos Cultos Afro-brasileiros, tomando por foco as práticas mediúnicas e membros do movimento espírita desenvolveram práticas sincréticas entre o Espiritismo e algumas doutrinas espiritualistas, tomando a reencarnação como ponto comum.
Deolindo, um autor com bagagem de conhecimentos acadêmicos, fundador do atual Instituto de Cultura Espírita do Brasil, escreveu um texto simples e claro, mostrando, na primeira parte, semelhanças e diferenças entre o Espiritismo e outros corpos doutrinários espiritualistas como: o Espiritualismo Moderno, a Fraternidade Rosa-cruz, a Cabala e a Teosofia.
Ele se posiciona abertamente contra o ecletismo (“escolha do que parece melhor entre várias doutrinas, métodos e estilos”). “É melhor discernir do que confundir, pois é discernindo que se põe ordem nas idéias para procurar a verdade”, afirma ele.
Na segunda parte ele discute a interpretação espírita do Evangelho. Ele combate duas abordagens que denomina de intelectualismo inócuo (a mera discussão histórica dos evangelhos, voltada apenas à demonstração de erudição) e o evangelismo improdutivo (a consideração do Evangelho como um “princípio de fé” a ser interpretado literalmente). Amorim destaca uma frase de efeito para mostrar como seria a exegese espírita dos evangelhos: “É o Espiritismo que interpreta o Evangelho, não é o Evangelho que interpreta o Espiritismo.” Deolindo valoriza, como Kardec, a ética cristã, como proposta mais importante para a modificação do homem. Ele desenvolve uma tese que defende a adaptação entre a moral cristã e a ética espírita.
A terceira parte é dedicada ao debate sobre os cultos materiais. Deolindo inicia discutindo as semelhanças e diferenças entre Espiritismo e Positivismo Comtiano, especialmente na fase da Religião da Humanidade, movimento este menos influente na sociedade brasileira contemporânea que no início do século XX. Ele mostra que apesar de ter alguns pontos de contato, o Espiritismo difere bastante do Catolicismo e passa a dissertar sobre os pontos comuns e diferentes entre Espiritismo e Umbanda. Amorim evidencia a ausência de culto, ritual, sacerdotes e símbolos no Espiritismo, todos presentes na Umbanda, a diferença de nomenclatura e a existência de um corpo de doutrina espírita, em comparação à tradição oral da Umbanda.
A quarta e última parte discute uma questão polêmica. Quem se pode chamar de espírita? Deolindo, coerente com a argumentação até então desenvolvida, considera espírita “quem aceita a doutrina integralmente, quem concorda com os seus princípios, quem se submete às normas morais que decorrem desses princípios”. Ele entende que a mera participação nas atividades de um centro espírita, como em reuniões mediúnicas, sem o conhecimento da doutrina espírita não é suficiente para se considerar a pessoa como espírita. Amorim fez uma revisão ampla da obra de Kardec para sustentar sua afirmação. Mostrou a conduta esperada pela diretoria da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas de seus associados e os critérios que utilizava para distinguir os simpatizantes dos membros. Debateu as teses de leitores da obra espírita que entendiam que se devia considerar espírita todo aquele que acreditava nas manifestações dos espíritos, e mostrou com fundamentação que estes apenas apontaram partes de Kardec que, lidas separadamente do conjunto da obra, lhes subsidiavam as conclusões apressadas.
Passados cinqüenta anos da publicação desta obra, o tema continua contemporâneo, embora algumas das polêmicas tenham tomado outro rumo. Hoje muitos antropólogos defendem a existência de sincretismos entre o Espiritismo Brasileiro e o Catolicismo, abandonando a linha de estudos que aproximou o Espiritismo dos cultos afro-brasileiros. Com a aceitação social e a ampla divulgação na mídia, os espíritas se tornaram socialmente aceitos pela população brasileira, e uma nova onda de sincretismos e de ecletismos têm sido objeto de debates nas Sociedades Espíritas. Neste novo cenário, recordar a argumentação de um trabalho tão lúcido sobre a identidade do Espiritismo é fundamental para as decisões que se impõem sobre a nova geração de espíritas brasileiros.
Jáder Sampaio

Livro: O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas
Autor: Deolindo Amorim
Editor: Federação Espírita do Paraná (1a. Edição) e Centro Espírita Leon Denis (Série Deolindo Amorim).
127 páginas
13,5 X 18,5

7.1.08

A Psicografia de Stainton Moses

Figura 1: Foto de Stainton Moses


Stainton Moses, médium espiritualista inglês, escreveu sobre sua própria mediunidade em 1883:

"É interessante saber se os meus próprios pensamentos exerceram uma influência qualquer nos assuntos tratados nos ditados, apesar de ter tomado as maiores precauções para que esse fato não acontecesse. Ao começo, a escrita era lenta, sendo eu obrigado a segui-la com os olhos, mas, mesmo nesse caso, as idéias não eram minhas. De fato, as comunicações tomaram logo um caráter sobre o qual não podia eu ter dúvidas, pois que as opiniões emitidas eram contrárias ao meu modo de pensar. Distraía-me propositadamente durante o tempo em que a escrita se produzia, e cheguei a abstrair-me na leitura de um livro e a seguir um raciocínio cerrado, enquanto a minha mão escrevia com constante regularidade. As comunicações assim dadas enchiam inúmeras páginas, sem haver correção nem faltas de composição, revelando muitas vezes um estilo belo e vigoroso. "

(Extraído de "Ensinos Espiritualistas", W. Stainton Moses, FEB, 1981)

11.10.07

Espírita Norte-Americana Apresenta Trabalho em Congresso Espiritualista

Yvonne Limoges, do "The Spiritist Society of Florida", comunicou através do boletim de sua instituição uma conferência intitulada "Espiritismo" realizada na Federação Espiritualista Internacional (ISF), nos Estados Unidos.

Como sabemos, o Espiritualismo Moderno ou Novo Espiritualismo é um movimento anglo-saxão, hoje espalhado por diversos países do mundo, que se consolidou a partir dos estudos com médiuns realizados inicialmente no século XIX. É um movimento anterior ao Espiritismo de Kardec, mas com muitos pontos de contato com a Doutrina Espírita.


O encontro foi realizado em Rochester - New York, cidade próxima aos primeiros eventos mediúnicos das então adolescentes irmãs Fox. A ISF é uma instituição octogenária, funciona desde 1923.




Figura 2: Mesa do Encontro da ISF

Yvonne relata ter contatado neo-espiritualistas, que apesar de não terem conhecido as obras de Kardec, são reencarnacionistas, ponto de discussão que remonta os tempos do codificador.



Durante a programação do evento, os participantes puderam ir a Lily Dale, que é um centro importante dos espiritualistas nos Estados Unidos. O Reformador já publicou uma matéria sobre este núcleo.


Yvonne pertence à diretoria da Academy of Spirituality and Paranormal Studies Inc. (www.lightlink.com/arpr)
Quem desejar conhecer um pouco mais sobre a história e as pesquisas dos neo-espiritualistas ingleses e norte americanos do século XIX, recomendo o livro "O Aspecto Científico do Sobrenatural", escrito pelo naturalista Alfred Russel Wallace e publicado em português pela editora Lachâtre.