26.10.09

FILME DO LIVRO DE OSMAR RAMOS FILHO



Em 29 de janeiro publiquei no EC uma matéria sobre o projeto de um filme a ser feito com base no livro "O Avesso de um Balzac Contemporâneo", publicado pela Lachâtre.

Lembrei-me de quando era responsável pelas compras de livros na sociedade espírita que frequento. Sempre entendi que o papel de uma livraria em uma casa espírita não é apenas vender livros, mas divulgar a doutrina espírita e o que se considera ser boa literatura.

O livro é um estudo do Osmar, que mostra haver evidências da autoria de Balzac na pena psicográfica de Waldo Vieira. Eu sabia que não era um livro para as massas e pedi um ou dois exemplares.

A partir daí, não tive mais sossego. O secretário, responsável pela livraria, me acolhia sistematicamente com uma "ironia cristã", um riso discreto, meio contido, perguntando quem iria comprar o livro. Por detrás do comentário, havia um certo ridículo, porque ele entendia que o papel da livraria era vender livros e eu havia encomendado um "encalhe".

Para ficar livre das hostilidades contínuas e cansativas, eu próprio comprei o livro e não me lembro ao certo se doei para a biblioteca ou para um amigo, posto que já tinha um exemplar.

O livro de Osmar é notável. Ele vai apresentando ao leitor o Balzac encarnado e o Balzac emancipado, livre do corpo, mas, como dizem os interlocutores de Kardec, o mesmo espírito imortal, amante e cultor das letras, capaz de uma narrativa fina e profunda.

Hoje recebi do Alexandre Caroli uma matéria que contém a entrevista com Geraldo Sarno, que "está em campo com o documentário O último romance de Balzac". http://quadro-magico.blogspot.com/search/label/o-ultimo-romance-de-balzac

Ao ler que o diretor do documentário considera seu trabalho como suicida, mas tem como objetivo "refletir sobre o processo de criação", senti-me muito atraído pelo seu documentário. Vou poder ver o que apenas li e também discutir com o diretor as três visões que ele depreende da obra. Não sei se serei capaz de compreender em profundidade, mas tenho certeza que a experiência de ver e pensar não me fará mal, nem ao público espírita, que ganha um presente muito caro, uma leitura séria de nossa produção teórico-literária e... mediúnica.

Simone Spoladore fará o papel de Pauline (personagem de A Pele de Onagro)

7 comentários:

  1. Caro Jáder, muito interessante o seu comentário sobre esta obra que tenho aqui na minha estante já há algum tempo, mas que ainda não a li. Não tenho dúvida da excelência dela, já que a adquiri depois de ler os excelentes comentários do Hermínio Miranda sobre a mesma, e para mim não haveria melhor endosso. Muito interessante também o seu comentário sobre a "ironia cristã" do secretário da casa espírita.Por conta dessa ironia é que muitas vezes o frequentador do centro fica privado de acesso a obras interessantes como esta, ao passo que obras mediúnicas de qualidade duvidosa enchem as prateleiras dos centros espíritas pelo Brasil afora.

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  2. Caro Jáder, muito interessante sua nota sobre o livro e o documentário. Tenho esta obra aqui na minha estante já há algum tempo, mas ainda não a li. Não tenho dúvida sobre a qualidade e excelência da mesma, já que a adquiri tendo em vista os comentários excelentes do Hermínio Miranda em uma de suas obras, se não me engano o "Diversidade dos Carismas", sobre esta obra. Agora estou motivado a ler a obra e também ver o documentário. Interessante também o seu comentário sobre a "ironia cristã" do secretário da instituição espírita que você frequenta. Por conta dessa ironia é que muitas vezes os frequentadores das casas espíritas ficam privados de acesso a obras interessantes como esta, ao passo que obras mediúnicas de qualidade duvidosa cada vez mais aparecem nas prateleiras das casas espíritas por ai afora.

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  3. Antônio,

    Concordo plenamente com você. Entendo que as livrarias que se intitulam espíritas deveriam priorizar a divulgação do Espiritismo, adquirindo poucos exemplares dos bons livros pouco comerciais e mais exemplares de livros comerciais. Penso também que não deveriam divulgar livros que consideram de má qualidade, só porque vendem.

    Isso seria um recado importante para as editoras e distribuidoras espíritas.

    Um abraço

    Jáder

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  4. Não entendi nada, desse comentário! me parece maldoso.Primeiro o Antonio tem o livro porque, falaram que é bom, mas ele não leu, depois Jáder Sampaio acha o secretário da livraria hostil por não adquirir mais exemplares do livro do Osmar e depois ficou com um exemplar que, acha ter doado para biblioteca.
    Porque Jáder acha que os livros que, estão enchendo as prateleiras,não são de boa qualidade, se estão sendo vendidos? é porque a preferência no momento é por esse tipo de literatura, depois pode ser o do Osmar!

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  5. Carmem, o antigo secretário não foi hostil por não adquirir mais exemplares do livro, mas porque eu, que era o responsável, adquiri apenas dois para a livraria, para exposição e venda. Ele ironizou a compra porque o livro não vendia. Obrigado pelo comentário.

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  6. Carmem, quanto à segunda pergunta, acho que o volume de vendas não qualifica um livro. Um livro pode ser muito procurado por puro modismo, mas não ter qualidade literária nem doutrinária. Há muitas pessoas interessadas na literatura espírita por mero entretenimento, e não sou contra entreter-se com um tema espírita, mas sou contra encher as livrarias destes títulos, e não fazer qualquer esforço de divulgação dos clássicos ou de livros que o movimento costuma chamar de "livros de estudo".

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  7. Há também um grande número de livros cheios de misticismo, que se auto-intitulam espíritas, trazendo mais confusão aos leitores que não conhecem o pensamento espírita.
    Perdoe a demora para responder.

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