11.4.18

JESUS EXISTIU? É IMPORTANTE PARA O ESPIRITISMO?



Manuscritos de Nag Hammadi


Com o passar do tempo e o desenrolar da história, a época em que viveu Jesus vai ficando cada vez mais distante de nós, o que leva algumas pessoas a questionarem se ele realmente viveu ou se não seria uma lenda, criada com alguma finalidade de controle social.

Para o pensamento espírita, Jesus não apenas viveu como pode ser considerado guia e modelo para os homens, como se lê em O Livro dos Espíritos. Após discutir filosofia com os Espíritos e escrever sobre a prática da mediunidade, divulgando sua experiência na França e no exterior, Allan Kardec dedicou-se ao estudo e comentário dos evangelhos, dando um grande destaque, inicialmente à questão moral, com a publicação de “O evangelho segundo o espiritismo” e posteriormente sobre outras questões ligadas aos evangelhos, como os milagres e as predições do Cristo, que se encontram analisados em “A Gênese”. Kardec e os Espíritos entendem que os ensinamentos cristãos são uma base importante para o desenvolvimento de uma ética para a humanidade, mesmo havendo mudanças muito intensas na sociedade, nas formas e relações de produção e na interação entre os homens.

Se considerarmos as evidências históricas e arqueológicas da vida de Jesus de Nazaré, podemos observar o seguinte:

1.       Entre as evidências documentais da existência de Jesus, temos, além dos evangelhos, as cartas de Paulo e as dezenas de escritos dos cristãos dos primeiros séculos, que temos até os dias de hoje.

2.       Historiadores judeus como Flávio Josefo e historiadores romanos como Plínio e Tácito, que não foram cristãos, escreveram sobre Jesus.

3.       Não se questiona a existência de Jesus na literatura antiga.

4.       Há diversas evidências arqueológicas como:

a.       os manuscritos do Mar Morto (descobertos em 1947, em uma localidade chamada Qmram, na Cisjordânia, que contém documentos escritos entre o século II aC. ao ano 70 dC, contendo textos do antigo e do novo testamentos, além de documentos apócrifos)
b.      os manuscritos de Nag Hammadi (descobertos no Egito em 1945, possivelmente do século II, escritos em cóptico e contendo textos gnósticos, que fazem referência a Jesus, embora sejam considerados apócrifos)
c.       Os papiros de Oxirinco (descoberto no Egito, contendo documentos que vão do século I ao VI, são uma espécie de biblioteca que tem textos clássicos, manuscritos teológicos e apócrifos, além de documentos do cristianismo primitivo).

O pensamento de Jesus é um dos pilares éticos da obra de Allan Kardec, em função de sua ética da solidariedade e da sua consideração dos seres humanos como pessoas, independente do lugar que ocupam na sociedade.

4 comentários:

  1. "O pensamento de Jesus é um dos pilares éticos da obra de Allan Kardec, em função de sua ética da solidariedade e da sua consideração dos seres humanos como pessoas, independente do lugar que ocupam na sociedade."


    este trecho que você encerrou o seu texto ficou excelente, resumindo a base cristã e humanista, principalmente, com que Jesus sedimentou o espiritismo.

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  2. Jáder, complementando.

    Daria um bom estudo a prática e a forma de aceitação de Espiritismo pelos não-cristãos, melhor dizendo Não-Cristãos Espíritas.

    Não só pelos não-cristãos de outras religiões ou culturas e que tenham simpatias religiosas pelo espiritismo, chamados espiritualistas, generalizando, mas realmente não-cristãos que se considerem espíritas, que renunciem ou não a suas religiões originárias - judaica, budistas, muçulmanos, hindus e outras mais.

    Afinal, há muitas pessoas de outras religiões que aceitam a existência de Jesus, embora de outra forma dos cristãos, mas o consideram um exemplo de pessoa, um modelo também até, como os muçulmanos por exemplo.

    O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, podem perfeitamente ser aceitos pelos não-cristãos espíritas. O Evangelho segundo o Espiritismo pode ser aceito como uma referência ético-moral.

    Bem, isto dá o que pensar e o que refletir a respeito.

    Um grande abraço


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  3. Maurício,

    Como você sabe, esse era o desejo original de Allan Kardec. Ele menciona essa hipótese nos primeiros escritos sobre o espiritismo. Resta saber se ele abandonou essa diretriz, depois que seus livros foram queimados pelo bispo de Barcelona e incluídos no index prohibitorum.

    A partir de 1863, Kardec diz que o espiritismo entraria em sua fase religiosa, e não é à toa que ele publicou a primeira edição de O evangelho segundo o espiritismo, alguns meses depois. Ele teria desistido do projeto de ter muçulmanos espíritas, ou hindus espíritas, ou budistas espíritas, além de cristãos espíritas? Não conheço nenhum texto dele a esse respeito.

    Todavia, Kardec entendia que a ética cristã, talvez em sua feição mais simples, podia ser respeitada de forma universal. Foi uma antecipação do pensamento de Gandh, com quase cem anos de diferença? É possível aos princípios éticos cristãos serem compartilhados por outras crenças (como o perdão, a caridade, o amor aos inimigos?

    Realmente, é uma boa questão a ser discutida.

    Jáder

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