9.12.23

DA LEITURA DOS NOSSOS JOVENS À AGENDA CRISTÃ



O Estadão (O Estado de São Paulo) publicou hoje que o texto mais longo lido em 2023, pela maioria dos estudantes brasileiros de 15 e 16 anos, não passa de dez páginas. Apenas 9,5% dos brasileiros leram um texto com mais de cem páginas. 

Dirão alguns que isso é uma tendência, porque com as novas mídias, não é mais necessário ler. Essa análise, contudo, é equivocada. Nos países desenvolvidos, ao contrário do Brasil, são as seguintes as taxas de população de 15 e 16 anos que leem textos de mais de 100 páginas ao ano:

1. Finlândia - 72,88%

2. Canadá - 68,4 %

3. Chile - 64%

4. Média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) - 41,8%

5. Colômbia - 25,8% (nosso vizinho que enfrenta inúmeros problemas econômicos e sociais)

A leitura tem sido uma prática muito divulgada nos meios de estudo do movimento espírita, o que explica a obra de Chico Xavier ser um fenômeno de vendas no Brasil. Há espaços no centro espírita, todavia, em que a leitura não é muito incentivada. Penso que as reuniões públicas são um desses espaços, lugar em que muitos dos participantes vêm ouvir uma exposição ou palestra, fazer preces e tomar um passe. Já ouvi na evangelização infantil e nos grupos de mocidade, pais recomendando que não passemos nenhum tipo de tarefa, de leitura ou escrita, "porque seus filhos já estão muito ocupados com as atividades escolares". 

Assim, sem incentivo à leitura, o hábito se torna mais uma iniciativa individual, dependendo do perfil do participante. Isso tem mais implicações no meio espírita, porque os conhecimentos espíritas que não são lidos em suas respectivas fontes, acabam sendo aprendidos de "ouvir falar", e os expositores se tornam os principais formadores de opinião, sendo difícil para quem participa perguntar, questionar ou apresentar outras fontes. Esse é um dos motivos que transforma o centro espírita ou a reunião em "centro ou reunião do fulano", já que ele é visto como a autoridade no assunto, às vezes indiscutível.

Esse também é um dos riscos do ESDE (Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita). O ESDE foi concebido para que seu texto seja uma espécie de leitura introdutória ao espiritismo, e o próprio texto aponta livros que tratam do assunto que foi apresentado. Se o participante lê apenas um texto introdutório, tem uma bagagem mínima, parecida com as dez páginas dos nossos jovens brasileiros. Os facilitadores dessa metodologia são treinados a promover a leitura, pelo menos das fontes mais importantes. Se isso não acontece, novamente vai depender da motivação interna dos participantes.

Convido o leitor a pensar em estratégias para provocar seus colegas e participantes de reuniões e cursos a lerem os livros espíritas e abrirem seus horizontes em matéria de pensamento espírita. Convido também a compartilhar conosco, abaixo, nos comentários, ou no grupo do Espiritismo Comentado no Facebook.

Como contra-exemplo do que falei, eu era voluntário na biblioteca Aurélio Valente, da Associação Espírita Célia Xavier, há uns 45 anos. Resolvemos separar alguns livros para levar para as famílias de baixa renda, que participavam de um trabalho de assistência e promoção social. Montávamos uma pequena banca de livros, e escrevíamos em um caderno o nome e número do livro emprestado para as senhoras (muito poucos senhores) que nos procuravam. O perfil de livros que elas pegavam emprestado era o de mensagens curtas (e letras grandes de preferência) e os livros infantis, que levavam para os filhos e traziam novamente em um mês.

Recordo-me de uma senhora que se interessou pelo livro Agenda Cristã, de André Luiz, psicografado por Chico Xavier. Ela o emprestou em um mês e o estava renovando há meses. Jovem e inexperiente (para não dizer ignorante, mesmo, em matéria de vivência com as pessoas de realidades diferentes da minha...), perguntei se ela não queria levar outro livro. Tínhamos um número reduzido, mas títulos variados, e não seria difícil encontrar algo similar ao Agenda Cristã para ela ler. Ela recusou com respeito, e insisti, mostrando outros livros.

A senhora abriu uma sacola ecológica (na época não tinha esse nome) e tirou um caderno do tipo universitário, talvez doado por algum estudante de classe média que terminou o ano e deixou grande parte dele em branco. Ela o abriu e eu vi aquela letrinha cursiva feminina, com os parágrafos do livro do médium de Pedro Leopoldo.

Aquilo me emocionou. Ela precisava renovar porque estava copiando o livro, uma vez que era muito caro para seu orçamento, mas as palavras eram muito valiosas para ela simplesmente devolver o livro para a biblioteca, sem guardar junto de si aquelas pequenas luzes de conhecimento espírita.

Estivesse Jesus presente, acho que diria: "Em verdade vos digo que, em Israel, não achei ninguém que tivesse tal fé" (A Bíblia de Jerusalém, Mt. 8:10 - O episódio da cura do servo do Centurião de Cafarnaum).

11.10.23

O ESPIRITISMO É UMA FÉ RACIOCINADA?



Jáder Sampaio

Uma palestra estava sendo feita em uma sociedade espírita da região sudeste, e o expositor tratava de um tema à luz do pensamento de André Luiz, espírito que se manifestou principalmente a partir do lápis que se encontrava nas mãos de um médium extraordinário: Francisco Cândido Xavier e de seu colega e amigo Waldo Vieira.

Um dos participantes, estudioso paulista do espiritismo, perguntou-lhe: 

- O que Allan Kardec diz sobre isso?

O expositor, com franqueza, respondeu:

- Lamento, mas não me preparei para abordar a posição de Allan Kardec, vim apresentar a visão de André Luiz.

A história chegou aos meus ouvidos, e não tenho como afirmar que se deu exatamente assim, porque, afinal, diz a sabedoria popular que “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Mesmo que ela não fosse exatamente assim, fica um reflexão: Se Kardec desenvolveu os alicerces do pensamento espírita, como o expositor não conhecia pelo menos suas ideias básicas, porque estudou o tema exclusivamente a partir da visão de um autor que erigiu suas paredes sobre o pensamento e as propostas de Allan Kardec? Por que ele não se sentiu seguro para responder em poucas palavras o que pensa o fundador do espiritismo e o que são ideias do espírito cuja contribuição estava sendo estudada?

Pessoalmente, não vejo nenhum problema em estudar com detalhes um autor espiritual que foi reconhecido por estudiosos do espiritismo, mas estamos abandonando as bases do pensamento espírita? 

Convido o leitor a examinar o risco do misticismo que é sempre real quando os assuntos são de ordem metafísica. Kardec abordou Deus, a vida espiritual e as informações que os espíritos davam sobre a vida após a morte com uma forte base racional. Na medida em que a razão é abandonada e prevalece a autoridade de um espírito, nos colocamos diante do que o professor Herculano Pires denunciava, que era a redução do espiritismo a um autor espiritual ou a um médium. Não teríamos assim, a doutrina dos espíritos, mas a doutrina de um espírito/médium só, perdendo o que distingue o espiritismo de outras designações religiosas e ficando bem próximos do culto de um espírito, problema que os espíritos que escreviam por Chico Xavier, tantas vezes nos advertiram.

"Quando a razão sai pela porta, ideias como a dos "reptilianos" entram pelo centro espírita". Mas essa é outra história.


5.10.23

"O ESPIRITISMO SERÁ CIENTÍFICO OU NÃO SUBSISTIRÁ" É UMA AFIRMAÇÃO DE LÉON DENIS?




Alguns autores têm atribuído a Léon Denis a seguinte frase: “O espiritismo será científico ou não subsistirá”. Esta frase se encontra no prefácio de 1911 do livro “No Invisível”. 

Como havíamos publicado em Reformador, uma frase deve ser entendida em seu contexto. No prefácio, Léon Denis estava tratando da mistificação de médiuns. Cinco anos antes ele havia lidado com o Caso Miller, um francês que morava nos Estados Unidos e estava na França fazendo demonstrações pagas de materialização. Denis assistia suas demonstrações e começou a suspeitar de fraude, o que conseguiu demonstrar, e expôs o médium em revista da sua época. Miller ludibriava os espíritas franceses.

Na nova edição de “No Invisível”, um livro no qual Denis trata de mediunidade, na introdução de 1911 ele estava tratando do caráter do espiritismo. Após citar autores que elogiavam o caráter religioso e moral do espiritismo, inclusive Flournoy, que vê o espiritismo como uma opção entre o catolicismo-protestantismo e o ateísmo. 

Denis, então, sugere um equilíbrio por parte dos espiritas entre a experimentação (ciência) e o ensino (filosofia e religião), na página 23. Ele mesmo se confessa atraído pelo ensino espírita e ter obtido base experimental após 15 anos de experimentação.

Ele distingue alguns pesquisadores de sua época e os cuidados que tomavam com a fraude. Cuidados que muitos espíritas e experimentadores sem perseverança, geralmente não adotavam. Então ele trata da fraude, no caso de um médium que ele não identifica ao leitor, na qual ele identificou fenômenos autênticos e simulações, e declarou a um juiz da “corte de apelação”.

E a frase surge como um dito de efeito à argumentação. Ele diz: 

“Os espíritas são homens de convicção e fé. Mas se a fé esclarecida nos atrai, nos planos espiritual e material, nobres e elevadas almas, a credulidade, no plano terrestre, atrai os charlatões, os exploradores de toda espécie, a chusma dos cavaleiros de indústria que só nos procuram ludibriar. Aí está o perigo para o espiritismo. Cumpre-nos, a todos os que em nosso coração zelamos a verdade e nobreza dessa coisa, conjurá-lo. De sobra se tem repetido: o espiritismo será científico ou não subsistirá. Ao que acrescentaremos: o espiritismo, deve ser antes de tudo, honesto!”. (Denis, p. 2-22)

O que está em questão não é a redução do espiritismo à ciência, que o espiritismo seja exclusivamente uma ciência, mas que os médiuns que compõem o meio espírita, sejam honestos, sem o que se exigirá um rigor incomum para a pesquisa dos fenômenos mediúnicos, e se confundirão as ideias dos médiuns às ideias dos espíritos e os fenômenos de efeitos físicos às fraudes. Essa era a preocupação do autor. 

Não é correto, portanto, atribuir à Léon Denis a frase isolada: “o espiritismo será científico ou não subsistirá”. Era uma frase falada à época por um segmento de espíritas e de estudiosos que cobravam estudos experimentais (como no IV Congresso Europeu de Psicologia) dos espíritas e inclusive de Denis e Delanne.


13.9.23

A TAREFA DOS ENXOVAIS NA CASA DA GALILEIA



"A tarefa dos enxovais" é o título de um livro organizado pela editora Lachâtre que apresenta uma atividade similar à que entrevistamos no "Esquina do Célia", realizada pelos colegas de reunião mediúnica de Hermínio Miranda. Publicado em 2017, continua sendo muito demandado à editora, porque Hermínio aproveita o texto para mostrar aparentes "coincidências" e impactos de um gesto de desprendimento na vida de inúmeras pessoas. 

Hermínio mostra através de pequenas histórias o impacto dos enxovais. Um marido entregue ao alcoolismo que se emociona ante a qualidade do enxoval e decide parar de beber e empregar-se. Não vou contar mais histórias, senão acabo com a emoção do livretinho,

Aqui em Belo Horizonte, as histórias não são muito diferentes, embora haja um grupo que se encontra na casa de Elmara há quase (muito quase!) cinquenta anos para confeccionar os enxovais. As histórias também se repetem. Como diz Elmara, "um enxoval não é capaz de tirar alguém da difícil situação em que se encontra, mas não deixa de ter um significado especial". 

Como vimos com Hermínio, ele faz despertar novo ânimo em quem o recebe, valoriza a maternidade, faz reavivar o sentido de ser família, não importa de que formato.

Recomendo a todos que assistam a entrevista, que emociona, e leiam o livro, que na sua simplicidade emociona ainda mais. Talvez eles façam descobrir um lado da humanidade que anda esquecido nos nossos dias.

A tarefa dos enxovais - Hermínio C. Miranda

Novos e Usados: Amazon - https://www.amazon.com.br/tarefa-dos-enxovais-Herm%C3%ADnio-Miranda/dp/8582910592 (a partir de R$20,17, novos)

Usados: Estante Virtual -  a partir de 15 reais (https://www.estantevirtual.com.br/busca?q=A%20tarefa%20dos%20enxovais)

9.8.23

TRÊS PILARES ESPÍRITAS DO SÉCULO 20


O Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro, vai fazer um ciclo de conferências nas próximas três sextas-feiras, das 20 às 22 horas, sobre três espíritas do início do século 20. Carlos Imbassahy, Deolindo Amorim e Leopoldo Machado.

Faremos as palestras sobre Imbassahy e Leopoldo, e Wilson Garcia fará a palestra sobre Deolindo. 

Inscrições são gratuitas e estão abertas no link: bit.ly/classicos-3

Participem! 





6.8.23

18º ENLIHPE ESTUDA O PERISPÍRITO EM 2023

 


Antes de Allan Kardec publicar "O Livro dos Espíritos", em 1857, um número realmente grande de autores já escrevia sobre um conceito semelhante ao de perispírito: alguma intermediação entre o corpo físico-químico-biológico e a alma. Os autores espíritas têm apresentado palavras em idiomas diversos que supostamente seriam conceitos próximos ao de perispírito, mas o que os autores que criaram essas palavras realmente diziam? Essa é uma finalidade do 18 Enlihpe, que conta também com lançamentos de livros, e outros temas. As inscrições já se abriram e podem ser feitas facilmente empregando pix e já reservando o livro do evento, se for do interesse do participante.

A programação também já foi divulgada.


E quem for se deslocar até a cidade de Juiz de Fora, tem diversas opções de hotelaria para se hospedar.


O evento será nos dias 16 e 17 de setembro de 2023, na Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora. Inscreva-se já e reserve seu lugar, não deixe para a última hora.


11.7.23

QUEM É PEDRO CAMILO?




Jáder Sampaio

Receberemos hoje a visita do expositor espírita Pedro Camilo, que irá lançar em Belo Horizonte o seu romance “A Fraude”, que trata de cartas consoladoras. O tema é bem atual e envolve o direito brasileiro e seus desdobramentos em frente de uma prática que foi popularizada por Chico Xavier e muito divulgada pela televisão e pelo cinema, o que incentivou diversos grupos a tentar realizar esse tipo de reunião mediúnica como forma de caridade com os enlutados.

Graças às pesquisas de Julie Beischel e colaboradores (Among Mediuns - disponível em inglês no Kindle), sabemos que nem todos os médiuns estão aptos a esse tipo de atividade. Há médiuns intuitivos cuja faculdade não lhe faculta perceber identidade de espíritos desencarnados, percebendo apenas estados emocionais, pensamentos esparsos diversos do seu, sem conseguir lograr distinguir aparência, “roupas” ou “ouvir” palavras ditas pelos espíritos. A influência do médium na comunicação é bem mais acentuada e a insegurança faz com que ele cerceie informações percebidas por medo de não serem precisas ou corretas.

A pesquisa realizada pelo Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde, publicada há alguns meses, mostrou que há muitas informações equivocadas divulgadas por grupos espíritas que se dedicam a esse tipo de prática no Brasil. Por muitos anos vimos trabalhando sem a verificação de informações obtidas, com paciência com os médiuns, aceitando até mesmo o chamado animismo, que seria um fenômeno psicológico, e não mediúnico. O caráter privativo das reuniões, somado à desnecessidade de divulgação ampla das informações obtidas, fez com que algumas pessoas sentissem confiança para divulgar o que lhes vem à mente interpares. Na medida em que a mediunidade é colocada a serviço dos enlutados, é necessário avaliar se a faculdade do médium se presta a tal finalidade e a aceitar que são raríssimos os médiuns que têm mensagens 100% oriundas do espírito comunicante, sem interferências pessoais.

A pesquisadora norte-americana nos mostrou que os médiuns que se prestam a esse tipo de atividade de intercâmbio geralmente acertam muito acima do esperado e fornecem informações que surpreendem aos enlutados, mas podem ter algum ruído na comunicação ou entender mal o que percebem pela via mediúnica, comunicando incorretamente. Cabe afirmar que feita a análise estatística, os resultados são geralmente superiores aos obtidos para outras pessoas, com espírito de mesmo gênero, idade de desencarnação e outras informações objetivas. Na grande maioria dos casos estudados as famílias identificam corretamente que mensagem lhes é direcionada e que mensagem não lhes pertence, apesar das semelhanças.

A estruturação desse tipo de reunião pode vir a atrair pessoas de má fé, que se fazem passar por médiuns e produzem fraudes, realizadas com o auxílio da internet e de outros recursos de acesso à informação, procurando construir uma reputação, obter vantagens financeiras, dar visibilidade à sua pessoa, entre outros interesses ainda mais nefastos. Não agem desinteressadamente, e podem ou infiltrar-se no meio espírita, ou fazer seus próprios grupos, como foi o caso de um suposto médium que cumpre pena, condenado por atos como estupro de vulnerável e violação sexual, respondendo ainda a outras acusações. Ele criou uma instituição que controlava, que mesclava crenças de diversas religiões e que lidava com ele como se fosse pessoa idônea e inimputável, fechando olhos a irregularidades que aconteceram ou aceitando explicações inverossímeis.

Cabe às organizações espíritas precaverem-se contra esse tipo de problema, que atraiu pessoas de má fé às instituições espíritas. 

Além do tema da palestra e do livro, Pedro Camilo é um advogado e professor de nível superior, cursando doutorado na Universidade de Coimbra em Portugal. Dedicou anos aos estudos e divulgação da obra de Yvonne Pereira, dedicando-se depois à pesquisa de novas informações sobre a médium, que conseguiu com a contribuição de diversas pessoas que conviveram com ela, seja da família ou do meio espírita. Quatro livros foram escritos divulgando seus resultados e foram muito bem acolhidos pelo meio espírita.

Em viagem de divulgação por Minas Gerais, pela capital e por cidades da região oeste do Estado, ele autografará seu novo romance na Associação Espírita Célia Xavier, em Belo Horizonte - MG, hoje, dia 11 de julho de 2023. Quem não puder estar presente, mas desejar reservar um livro “A Fraude” pode fazê-lo ligando para a secretaria da AECX, com o compromisso de buscar posteriormente e acertar o valor de venda. O telefone da livraria é 3334-5787.

A palestra pode ser vista pelo YouTube através do link: https://www.youtube.com/live/KF-1sUPmfmQ?feature=share 

5.7.23

O CARÁTER DO CONHECIMENTO ESPÍRITA

 



Allan Kardec trabalhou ao longo de sua obra com diversas formas de produção do conhecimentos, de diversos tipos, como bom intelectual e polímata que era. Para a Revista Espírita de julho a setembro de 2023, sugerimos um texto que aborda quando o codificador trabalhou com a filosofia e suas técnicas, a ciência natural, a ciência do espírito ou ciência humana e com conhecimentos de cujo religioso, nos quais empregou técnicas de hermenêutica com as novas possibilidades que os estudos espíritas trouxeram para a compreensão do universo e dos fenômenos espirituais.

A revista é gratuita e pode ser acessada para leitura em telas (notebook, tablets, smartphones, etc.) no seguinte endereço: 

https://cei-spiritistcouncil.com/revue-spirite/ É o número 12, mas os demais números da revista estão disponíveis gratuitamente nessa página.


O lançamento da revista, contendo falas rápidas dos autores dos diversos artigos pode ser vista pelo YouTube em: 

https://cei-spiritistcouncil.com/lancamento-revue-spirite-n12/



3.7.23

QUE TIPOS DE CONHECIMENTO COMPÕEM A OBRA DE ALLAN KARDEC?

 


Atendemos ao convite do conhecido Instituto de Cultura Espírita do Brasil, com sede no Rio de Janeiro – RJ, para tratar do artigo publicado no último Enlihpe e intitulado “Allan Kardec entre Comte e Dilthey, ou porque o espiritismo não é apenas Ciência Natural”.

https://www.youtube.com/watch?v=z1UrQai9iag

Nesse artigo buscamos mostrar como Kardec fazia ciência, e que influências pode ter sofrido ao longo de seu trabalho. Comte, apesar de não ser um filósofo reconhecido, foi muito influente na França com o seu positivismo. Hoje o termo perdeu sua precisão e é comum empregá-lo em tom crítico para quem teoriza apenas com induções e observações a partir de dados. Dilthey surgiu depois de Kardec, mas reflete um movimento dos que entenderam que havia ciências com método distinto do geralmente empregado nas ciências naturais (Física, Química, Biologia, principalmente). Comte também propôs que a sociologia fosse uma ciência que emprega as técnicas positivistas, mas não acenou com uma integração às três ciências da natureza, sendo às vezes conhecido como fundador ou precursor da sociologia como ciência.

Dilthey foi o primeiro filósofo reconhecido a propor uma epistemologia (área da filosofia que estuda o conhecimento científico) para o que chamou de ciência do espírito, ciências humanas e de ciências humanas e sociais. a partir do trabalho dele, houve uma fértil disseminação de suas ideias, em conjunto ou isoladas, por áreas do conhecimento como o direito, a sociologia, a história, a antropologia, a psicologia (que já usava métodos de ciências naturais desde Wundt).

Observamos que Kardec propôs técnicas como o “controle universal do ensino dos espíritos” que não fazem parte do rol das técnicas de pesquisa em ciências humanas, mas que tem correspondentes muito semelhantes na na hermenêutica de Schleiemacher, epistemologia de Dilthey, e na Fenomenologia de Edmund Husserl.

No estudo do ICEB, dividimos o artigo em blocos, e discutimos dois deles com a Dra Nadja, Prof. Dra. em Filosofia e diretora do ICEB que tem feito esforços imensos para dar continuidade à instituição com qualidade. 

Vimos o conteúdo do texto até Comte, e falaremos desse autor na próxima oportunidade.

Gostaria muito que os leitores do Espiritismo Comentado assistissem e comentassem o conteúdo, o que certamente nos despertará para a questão que é muito ampla e complexa. O artigo do estudo está no livro “Coerência doutrinária na pesquisa espírita”, que pode ser adquirido via Kindle (Amazon.com) ou na livraria do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo – Eduardo Carvalho Monteiro, para entrega via correios.

https://ccdpe.org.br/produto/coerencia-doutrinaria-na-pesquisa-espirita/

Quem desejar o texto anterior, publicado no livro “O espiritismo, as ciências e a filosofia”, também fruto de um Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que se encontra em promoção no CCDPE-ECM.

https://ccdpe.org.br/produto/o-espiritismo-as-ciencias-e-a-filosofia/


9.6.23

LANÇAMENTO EM BH: CIÊNCIA DA VIDA APÓS A MORTE


 

Durante anos, o Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (NUPES-UFJF) tem realizado pesquisas na fronteira entre saúde, saúde mental e religiosidade/espiritualidade (R/E). Trata-se de uma linha de pesquisas internacional, com dezenas de milhares de artigos e livros publicados em veículos técnicos, dezenas de escalas e questionários validados e órgãos como a Organização Mundial de Saúde (OMS) envolvidos nessa "empreitada". 

O que se tem constatado, e se vem rompendo com a concepção de religião do século 19, é que longe de serem prejudiciais à saúde (embora possam sê-lo), as religiões têm mostrado em pesquisas serem capazes de funcionar como terapia complementar aos tratamentos da medicina tradicional.

R/E tem se mostrado útil em diversas questões e estudos comparando grupos de pacientes que procuram ajuda espiritual/religiosa x grupos de pacientes que apenas realizam tratamentos convencionais, têm mostrado recuperação e qualidade de vida superiores nos grupos experimentais (os que buscam R/E como tratamento complementar). Pesquisas mostram também situações nas quais R/E age como forma negativa de enfrentamento, prejudicando, por exemplo, a adesão do paciente ao tratamento. Aos poucos essa linha de pesquisa tem mostrado que vale a pena associar tratamentos médicos e psicológicos a R/E, respeitando as escolhas dos pacientes, e hospitais têm cada vez mais estabelecido serviços de capelania de diversas religiões.

Como o NUPES, ainda que interdisciplinar, tem funcionado na Faculdade de Medicina da UFJF, outros pontos de pesquisa se colocam, como a relação mente-cérebro, hoje também objeto de interesse internacional da comunidade acadêmica. Afinal, a mente ou a cognição são fruto do funcionamento do sistema nervoso, uma produção cerebral, ou há indícios que o cérebro é apenas uma interface entre algo não biológico e o corpo humano? 

Diante dessa questão, os autores agruparam inúmeras linhas de pesquisa que podem responder a perguntas incômodas, tais como: Existem crianças capazes de se recordar de terem sido outras pessoas antes de seu nascimento? Isso é imaginação ou há evidências concretas? Há evidências da existência de médiuns, pessoas capazes de entrar em comunicação com mortos? Eles ou alguns deles são capazes de fornecer informações verificáveis dos espíritos com os quais afirmam conversar? Existem experiências de quase-morte, nas quais, pessoas em situação de parada cardíaca, sem traços de funcionamento cerebral, são capazes de dar informações objetivas e percepções comprováveis durante um período no qual o cérebro não está funcionando? Como entender os fenômenos de Lucidez Terminal, nos quais pessoas com cérebros já muito prejudicados por doenças demenciais e degenerativas, após a perda de muitas de suas capacidades cognitivas, têm um momento de lucidez, conversam com os parentes e depois vêm a óbito?

O livro apresenta pesquisas recentes desses e de outros temas, discute hipóteses alternativas, e as analisa diante dos resultados revistos na literatura internacional, apresentando de forma clara as conclusões a que chegaram dois psiquiatras e um filósofo. 

Discute-se em um capítulo bem inovador, a questão das barreiras culturais para a realização desse tipo de estudo, e do questionamento da vida após a morte como objeto de pesquisa experimental.

Esse livro foi inicialmente publicado em inglês pela editora Springer, muito conhecida pelas publicações de revistas e livros técnicos de diversas áreas do conhecimento, e agora foi traduzido para o português por seus autores e publicado por outra editora técnica, a Ampla, já conhecida por suas publicações na área de neuropsicologia.

O livro tem como referências cerca de 350 fontes de revistas científicas e livros técnicos, muito atualizada, que demandaria anos de leitura (e os autores têm) e pesquisa para serem absorvidos.

Comunico que haverá um lançamento em Belo Horizonte no dia 24 de junho, com dois dos autores: O Dr. Alexander Moreira-Almeida (médico psiquiatra e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora-MG) e o Dr. Humberto Schubert Coelho (filósofo, professor de filosofia e ciência da religião na Universidade Federal de Juiz de Fora-MG)

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Conferência e debate de lançamento do livro “Ciência da Vida Após a Morte” em Belo Horizonte.

Com os autores: Prof. Alexander Moreira-Almeida (Medicina UFJF) e Prof. Humberto Schubert Coelho (Filosofia UFJF).

Haverá oportunidade de perguntas e interação com os autores.

Data: 24/06/23 (sábado) às 16h

Local: Auditório do Tribunal de Justiça de Minas Gerais - Sede da Goias

R. Goiás, 253 - Centro, Belo Horizonte – MG

Entrada Franca e aberta a toda a comunidade

Sem necessidade de inscrição prévia.

No local, o livro será vendido, além da oportunidade de interação, dedicatória personalizada e autógrafo dos autores.

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19.5.23

DESENCARNA JOSÉ PASSINI

 


Conheci o Passini a partir das suas letras. Ele fazia artigos críticos de trabalhos espíritas, aos moldes acadêmicos. Ele argumentava e discutia as ideias, nunca as pessoas. Sentia-se na obrigação de explicar que era normal, no meio acadêmico, esse tipo de debate de ideias. Na verdade, essa prática tão evitada por alguns espíritas, não era muito diferente do que fazia Allan Kardec, em sua notável Revue Spirite. Coloquei bem no início do texto, porque tenho certeza de que essa é uma marca que ele gostaria que fosse associada à sua imagem. Análise e discussão de ideias, algo bem próprio de um professor, título que deve lhe ser mais caro que o de pesquisador ou de administrador da coisa pública.

Pessoalmente, conheci-o no Centro Espírita Manoel Felipe Santiago, em Belo Horizonte, época em que vinha convidado para fazer palestras e divulgar o espiritismo. Ele era sério, mas uma pessoa alegre. Parece contradição, mas não é.  Seriedade para expor seus estudos e ideias, alegria no trato com os que estavam assistindo, ou que o procuravam após a palestra, para ter aquele "dedo de prosa" bem mineiro.

Havia sido reitor, mas ela horizontal no trato. Em momento algum servia-se do currículo ou dos títulos para defender suas propostas. Tratou a todos em Belo Horizonte, de igual para igual.

O entusiasmo que está nesse texto póstumo irradiava dele. Olhos brilhantes, palavras com emoção, alegria de estar sendo recebido para divulgar Allan Kardec.

Vocês podem ver que o conheci pouco, mas que ele falou muito com seu jeito de ser. E agora, nos antecede na grande viagem. Vai com Deus, com os espíritos familiares e amigos, aqueles que conquistou com suas ações em sua trajetória pela vida terrena. Oxalá nos encontremos, no futuro para falar de Kardec e comer pão-de-queijo no infinito.

14.5.23

ATUALIZADA A LISTA DE ENTREVISTAS DO PROGRAMA "ESQUINA DO CÉLIA".

 




O programa "Esquina do Célia" vai ao ar via YouTube no segundo sábado de cada mês, às 20 horas. Ele se propõe a entrevistar novos autores, autores que publicaram novos livros espíritas e lideranças espíritas à frente de instituições e trabalhos, como forma de divulgação e atualização do público interessado no programa.

Os programas de número 27 a 34 acabam de ser incluídos na página "Esquina do Célia", ligada a esse blog, logo abaixo do título. Neles se entrevistou:

Ana Maria Miranda (filha do escritor Hermínio Miranda) que tratou de seu pai e de diversos livros publicados em vida por ele.

Rosana Wardil, que tratou da creche mantida pela Associação Espírita Célia Xavier - o Lar Espírita Esperança, no bairro Salgado Filho

Lívia Montenari e Sônia Xavier, que trataram da Evangelização Infantil das quatro unidades da AECX

Plínio Oliveira, músico que nos apresentou as músicas compostas por ele para o musical "Um cisco", sobre a vida de Chico Xavier

Jhon Harley, da Fundação Cultural Chico Xavier, que nos apresentou a fundação, o musical e seus livros biográficos sobre Chico Xavier

Adolfo de Mendonça Júnior, que tratou de suas publicações sobre o racismo e sobre Allan Kardec, no Brasil e na França.

A. J. Orlando, que nos falou sobre a União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, e sobre o Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro.

Luiza Diniz, que tratou do trabalho voluntário da Unidade Nova Luz, da AECX, município de Ribeirão das Neves.


6.5.23

O QUE É INTELECTUALIZAR A MATÉRIA?

 



Jáder Sampaio


Na pergunta 25 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec está discutindo os princípios, e divide didaticamente o universo em duas substâncias (ousias) originais, essências ou princípios (alguma coisa primordial ou primitiva da qual se originam mudanças): espírito (princípio inteligente) e matéria (princípio material, que compreende as transformações de um fluido cósmico ou universal). Trata-se de posição muito similar à de René Descartes (1596-1650) adicionada a lei do progresso.

Kardec trabalhava com um conceito de matéria sem um átomo formado de prótons (isso surgiu em 1866 e foi apresentado à comunidade acadêmica por Rutherford em 1911), elétrons (surgiu com as pesquisas de Thompson em 1897, que mostrou que os raios catódicos eram formados de partículas com cargas negativas) e nêutrons (descobertos em 1932 por James Chadwick). Já existia o conceito de moléculas, que era entendido como associação de átomos (vistos como corpúsculos indivisíveis de várias formas, que se “encaixavam” uns nos outros). O átomo era conhecido como molécula elementar, ao lado das moléculas compostas, formadas de associações de diversas moléculas elementares. Moléculas elementares e compostas formavam a matéria. E aí parece termos chegado ao conceito de matéria empregado por Allan Kardec em seus escritos.

Como entender a intelectualização da matéria? Talvez tenhamos uma chave explicativa em uma pergunta geralmente mal interpretada: a questão 28, onde Kardec menciona “matéria inerte” e “matéria inteligente”. Os espíritos não se prendem à nomenclatura proposta, mas o que Kardec parece querer distinguir é, em primeiro lugar, a matéria que não tem sinal de inteligência, como uma pedra de sílex ou um arbusto, sendo que esse último reage física e quimicamente à luz, à água, e a elementos que se encontram na terra, à energia nuclear e à gravidade, por exemplo. Contudo, não há qualquer sinal de inteligência, nem de instinto. 

Em segundo lugar há seres do reino animal, que apresentam instintos (os quais Allan Kardec explicou com uma frase interessante: “inteligência sem raciocínio”, questão 73) e a inteligência, que Kardec associa, em seu primeiro livro espírita ao “pensamento, a vontade de atuar, a consciência de que existem e de que constituem uma individualidade cada um, assim como os meios de estabelecerem relações com o mundo exterior e de proverem às suas necessidades”. (questão 71).

Para explicar seres, como as plantas mesmo, que têm vida, mas não têm instinto nem inteligência, os espíritos com os quais dialoga Kardec se servem de um conceito muito usado à época e meio abandonado nos dias de hoje pelas ciências naturais: o princípio vital. 

A biologia de nossos dias não fala mais de um vitalismo (há pequenas exceções), porque desenvolveu-se o conhecimento no sentido de explicar a vida a partir da estrutura e funcionamento dos corpos e em associação com a física e a química, exclusivamente, tornando as argumentações metafísicas ou filosóficas, não baseadas em evidências, mas em princípios ideais, como não sendo conhecimento científico, de forma geral. Isso não significa que não exista algum princípio vital, apenas que a ciência decidiu mudar o rumo de sua nau e abandonou esse objetivo por considerá-lo metafísico.

Assim, as “pedras” são matéria com uma força inerte (questão 585) sem princípio vital, nem instinto, nem inteligência; as plantas têm matéria e princípio vital, algumas parecem mostrar algum instinto rudimentar, como a dionéia (questão 589), os animais têm a tal “força inerte”, o princípio vital, os instintos mais ou menos desenvolvidos e alguns têm uma inteligência rudimentar. Kardec explicita algumas características dos animais, como capazes de se comunicar, muitas vezes sem serem capazes de emitir sons (isso parece mais desenvolvido nos animais de reinos superiores na taxonomia de Lineu, do século 18), terem um livre arbítrio limitado às suas necessidades e instinto de imitação (como em papagaios, que imitam os sons, e macacos que imitam os gestos – questão 596). 

Na questão 597 temos uma afirmação que se tornou polêmica, entre os espíritas que insistem em estudar frases soltas: Kardec diz que os animais têm um princípio independente da matéria que sobrevive ao corpo. Seria uma espécie de precursor do Espírito (questão 76), uma alma muito inferior à humana (questão 597-a), que conserva sua individualidade após a morte, mas não tem consciência de si mesmo (questão 598), que não pode fazer escolhas psicológicas, por não ter livre arbítrio propriamente dito (questão 599), que tem um intervalo curto entre a desencarnação e reencarnação, controlado por espíritos responsáveis por isso (questão 600), sujeita ao progresso pela força das coisas e não por sua própria vontade (questão 602). 

A última distinção que Allan Kardec faz entre os animais e os homens diz respeito à inteligência. A inteligência que os animais (superiores) possam vir a desenvolver diz respeito exclusivo à “vida material” e a dos seres humanos abrange também a “vida moral”, entendida aqui como vida psicológica ou psíquica, que envolve escolhas morais e diversas escolhas que os animais não fazem.

Observando detidamente o todo da argumentação kardequiana, a matéria intelectualizada são os animais que apresentam inteligência rudimentar (lato sensu) e os seres humanos que se servem da inteligência (stricto sensu) e do livre-arbítrio  para atender suas necessidades e escolher uma vida moral (no sentido mais amplo, de vida psicológica). Os espíritos deles têm acesso a corpos capazes de permitir a individualidade, o movimento e outras características necessárias à ação de inteligências no meio ambiente.

Os seres materiais que não são inertes, que apresentam vida, mas não têm uma vida psicológica, seriam matéria não-intelectualizada, e dentre esses, os que vivem e morrem, não teriam ainda um espírito individual, mas seriam portadores do princípio vital.

Hoje a biologia fala em cinco ou mais reinos, na medida em que com o avanço dos conhecimentos, se tem mais informações sobre os seres para classificá-los, mas isso não é necessário à compreensão do pensamento de Allan Kardec no ponto em questão.

11.3.23

PROJETO CONCERNENTE AO ESPIRITISMO





Meu amigo, o Dr. Alexandre Caroli, reviu e me avisou da publicação desse manuscrito de Kardec. Ele é relativamente recém-conhecido, porque ficou no papel durante mais de um século, escrito à mão, não publicado e o Projeto Allan Kardec, de diversas instituições, mas divulgado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, deu luz ao texto manuscrito, em francês e em português.

Ele deixa clara a concepção cristã-espírita da humanidade como irmandade, sem distinção. Marcamos a frase em que isso é explicitado. 

Essa concepção, contudo, não é nova. Encontra-se em diversos momentos da obra de Kardec, sobretudo na Lei de Igualdade, que fazendo parte das Leis Morais, é um dos pilares do edifício ético do espiritismo. Não é mera opinião de Rivail-Kardec, mas parte dos princípios filosóficos de seu pensamento.

Segue abaixo parte do texto do "Projeto Concernente ao Espiritismo" e o endereço na internet em que pode ser acessado por qualquer internauta.

"Qualquer um que conheça os princípios da doutrina e os felizes resultados que ela produz a cada dia verá, na sua propagação e na união dos seus adeptos, a melhor garantia da ordem social, visto que ela tem por lema: Fora da caridade não há salvação, e por guia estas palavras do Cristo: Amai-vos uns aos outros; perdoai os vossos inimigos; não façais aos outros o que não quereríeis que vos fosse feito [e fazei o que gostaríeis que vos fosse feito]; que ela proclama que todos os homens são irmãos, sem distinção de nacionalidades, de seitas, de castas, de raças nem de cores; que ela os ensina a se contentar com o que têm e a suportar com coragem as vicissitudes da vida; que, finalmente, com a caridade, os homens viverão em paz, ao passo que, com o egoísmo, terão inveja uns dos outros, desconfiança e estarão sempre em luta." Allan Kardec, quarta página do manuscrito (os grifos são nossos)


https://projetokardec.ufjf.br/item-pt?id=229

Abaixo o texto que a Federação Espírita Brasileira fez, em esclarecimento às acusações feitas através do Ministério Público Federal, que questionou se o espiritismo defendia o racismo. Um texto que se volta ao pensamento kardequiano para responder à ação e que gerou um acordo, permitindo a publicação de Kardec, com a inserção desse texto explicativo, a partir de cerca de 2015.

https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2019/11/Nota-explicativa-O-livro-dos-esp%C3%ADritos-1.pdf


 

21.2.23

PROGRAMAÇÃO DO 1º SEMESTRE DE 2023 DO ICEB

 

Programação 
Se não estiver legível:
Notebook: Clica com a direita do mouse ou do notebook, seleciona "abrir imagem em uma nova guia" aí clica na nova orelha que abre no navegador e você poderá aumentar até ficar legível.
Smartphone: clica duas vezes sobre a imagem. Depois amplia a imagem com dois dedos puxando nas diagonais opostas. Movimenta a imagem com um dedo, esquerda, direita, para cima e para baixo.


O Instituto de Cultura Espírita do Brasil, fundado por Deolindo Amorim, sociólogo, jornalista e servidor público do Ministério da Fazenda. A mudança para Instituto de Cultura Espírita do Brasil foi deliberada em reunião da Liga Espírita em 07 de dezembro de 1957, quando a Faculdade Brasileira de Estudos Psíquicos deixou de ser Faculdade, em decorrência de uma mudança legal sobre o ensino superior no Brasil e das exigências de instituições de Estado (Ministério da Educação e órgãos trabalhistas)  e associações estudantis. (v. Ideias e reminiscências espíritas, de Deolindo Amorim, Instituto Maria).

Uma vez transformado em Instituto de Cultura Espírita do Brasil, em reunião dos professores na Liga Espírita do Brasil, de forma democrática, por meio de votação, o que Deolindo gostava de frisar quando tratava de temas ligados a organizações de cunho espírita.

Em 2023, recebi o convite muito honroso da Dra. Nadja para apresentar um seminário, o que me deixou empolgado para divulgar o material sobre o conceito de ciência em Allan Kardec, face a duas grandes tendências de entendimento do conhecimento de sua época, o positivismo comtiano e o conceito de ciências humanas cuja epistemologia foi inicialmente desenvolvida por Wilhelm Dilthey, duas décadas após a desencarnação de Allan Kardec.

30.1.23

MESSE DE LUZ E OUTRAS HISTÓRIAS: UMA VIDA MARCADA PELO ESPIRITISMO E OUTRAS BOAS INFLUÊNCIAS


Capa do livro


Jáder Sampaio

“Messe de Luz” e outras histórias é o título do novo livro lançado por Elaine Alves Ribeiro do Vale, graças à dedicação e trabalho de sua filha Clícia Ribeiro do Vale e da rede de amigos, escritores, editor, revisor, artista que ela mobilizou.

Na capa, ilustrada pelo artista Heleno Nunes, há a representação de uma mulher semeadora, pano na cabeça, cristã, pés descalços, que vai lançando, curvada e sob o sol vermelho, muitas sementes no solo, que já tem alguns brotos de plantas. 

O livro tem o selo da Lachâtre, ou seja, é visto como livro espírita pelo seu conhecido editor, Pedro Camilo. 

A apresentação é de Fátima Delgado, que hoje está em nossa casa e tem anos de dedicação à creche da Sociedade Espírita Joanna de Ângelis – SEJA, na cidade de Belo Horizonte.  Na medida em que vamos lendo percebemos o laço sutil que une os participantes: a influência cultural e espiritual de Yvonne Pereira, que tem suas cartas para Elaine transcritas no livro.

A história é longa. Começa com uma obsessão de diversos familiares que suicidaram, a influência espiritual, uma experiência ruim com a medicina e a psiquiatria da época, e a voz de diversas pessoas, como a avó Querubina, que dizia: “Essa menina está é com espírito”, mesmo sendo evangélica.  A narrativa apresenta com detalhes o contato “apavorado” com diversos espíritas de cidades diferentes, muitos já esquecidos por terem “trabalhado em silêncio” e não terem sido lembrados pelos seus. A Associação Espírita Célia Xavier entra na narrativa com a saudosa figura de Virgílio de Almeida, que levou dezenas de espíritas na Fazenda da família (Belo Vale, em Pains-MG) e pôs-se ao trabalho da mediunidade e da desobsessão. Escravos, um “trabalho enterrado” e muitas outras coisas vão sendo descobertas até que o sofrimento de Elaine vai sendo mitigado.

O texto tem “o dedo” da Dra. Míriam Hermeto, hoje professora do Departamento de História, que ensinou aos espíritas da região a empregar técnicas de história oral, para a construção de livros de memória, como esse. Elaine foi contando e Clícia gravou e transcreveu, por isso o leitor tem a impressão que está ouvindo uma contadora de histórias recordando e falando, com algum suave toque de mineiridade, na medida em que vai lendo. São “causos”, como dizemos por aqui, que se enredam como uma colcha de retalhos, cujo sentido só será apreendido pelo exame da peça completa, então vamos lendo, ávidos do enredo. Para mim, tem um significado especial porque conheci pessoalmente ou ouvi as histórias de quase todos os personagens, participei de muitos dos acontecimentos que são recordados, então me sinto como se fizesse uma viagem no tempo e recordo com muito afeto de tudo o que está no livro.

Elaine tem uma habilidade que só percebi durante a leitura. Ela é capaz de aproximar pessoas notáveis que trabalharam em diferentes grupos ou espaços sociais do movimento espírita, e retirar o melhor de cada um. Fiquei muito surpreso em encontrar Honório Abreu e Damasceno Sobral, de saudosa lembrança, ao longo do texto. Ela percebeu com clareza que não havia limites para a divulgação espírita nesses dois trabalhadores, nem de distância, nem de número de assistentes, nem de dinheiro para o deslocamento, nem nada. Aposentados, eles dedicaram o corpo e a alma à divulgação do Espiritismo, da obra de Kardec e de Chico Xavier, e são respeitados por quem quer que os tenha conhecido.

O nascimento do Centro Espírita “Messe de Luz” em Pains-MG, cujo nome veio da percepção de Seu Virgílio, já no plano espiritual, retrata o preconceito e a luta, não contra as pessoas, mas contra a intolerância, a ignorância, a violência dos pequenos atos e comentários contra o que não tivesse o rótulo de católico, mesmo estando ligado aos valores cristãos, contra o medo do novo, do diferente. A voz de Elaine, agora baixinha, contrapõe violência com caridade e amor. Na história, muitas pessoas lançaram pedras (e moedas de uma unidade econômica da época, cruzeiro, cruzado, sei lá o quê!), desligaram disjuntores, quebraram vidraças, fizeram barulho para calar os expositores e outras atitudes pequenas, próprias de quem está na infância do espírito. Essas memórias são quase confessadas, recordadas, talvez com sofrimento, mas seguidas de satisfação, quando se descobre que o “centro” auxiliou mesmo quem se declarou inimigo. É lindo ler isso! Apercebo-me que convivi com uma personagem muito semelhante aos heróis cristãos, que empunham a compreensão e a disposição de ajudar como armas poderosas que quebram muralhas de medo e preconceito.

Leprosos (assim eram chamados os hansenianos), garimpeiros miseráveis, presidiários, pobres em sofrimento e com fome, crianças de pés descalços, vão desfilando aos olhos da nossa imaginação em cada lembrança que é contada. Eles são todos tratados como irmãos, e não como párias ou marginais. Depressão, desespero, ódio e outras doenças da alma, vão sendo tratados com o diálogo, a suave influência da imposição de mãos sobre a cabeça, a voz de espíritos bondosos e sábios, a inclusão nos grupos de trabalho a favor dos excluídos e dos que sofrem, com os livros oriundos das mãos de médiuns que dormiam tarde e acordavam cedo para realizar sua parte no pacto espírita da fraternidade. 

A narrativa sai de Minas Gerais e vai para o sul do estado do Pará, repleto de contradições, de sofrimento, de sonhos, e carente de luz, não a luz do sol, nem a luz levada pelos fios de cobre, mas a luz da alma, aquela que dá sentido à vida. Pequenos trechos de estradas malconservadas que levam dias para ser percorridos, quando aqui, no Estado de Minas Gerais, teriam sido gastas horas, e às vezes minutos. 

Os livros espíritas, que ela aprendeu a divulgar em praça pública, são levados pelos caminhos de terra, em ambiente chuvoso, por lugares inóspitos. Trens cujo ponto final está no meio da majestosa floresta amazônica, exigindo “baldeação” em veículos movidos com gasolina ou álcool, passando por estradas barrentas ou mesmo trilhas esburacadas. A criação de um centro espírita a mais, em Marabá, que se tornou um centro de luz, um lugar em que se recebem os miseráveis, diminuem a fome, fazem apologia do bem que podemos fazer e não do mal que corre de boca em boca, mesmo dos que nada testemunharam.

De volta a Minas, Elaine se recorda do Yoga, em academias, mas também em salas de aula de escolas, das muitas cidades em que ela esteve. Ela não foi apenas semeadora, foi andarilha, deixando sementes de árvores frutíferas onde passava, movida pela esperança de crescimento no futuro, que talvez, como Moisés, ela não terá o prazer de ver florescer.

Minha modesta contribuição no projeto foi com fotos e biografias: a de Virgílio de Almeida, que é apenas uma teimosia para que não se esqueçam dele, e a de Marlene Assis, outra lutadora pela doutrina.

As poesias, algumas premiadas, terminam o livro. É onde podemos ler a alma da autora, seus anseios, suas preocupações, sua visão aguçada do mundo em que viveu, sua condição de mulher. 

Foram impressos poucos livros, então só pude trazer uma dezena, para dar a alguns que viveram estas histórias, e deixar na livraria da Associação Espírita Célia Xavier para venda. Quem quiser ler, e não souber onde lançará os olhos por uma tarde, essas são minhas impressões.

14.1.23

DUAS CONCEPÇÕES DE DEUS NA BÍBLIA: A TORÁ E A EPÍSTOLA AOS GÁLATAS

 


Paulo na prisão romana

Jáder Sampaio


Lendo a epístola aos Gálatas, escrita por Paulo de Tarso, encontrei uma pérola: "E porque sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Abba, Pai! De  forma que não já és mais escravo, mas filho. Se és filho, és também herdeiro, graças a Deus." (Gálatas 4:6)

Esse é um versículo muito rico, que, no contexto dessa carta, nos faz tecer muitas considerações.

Como sabemos, Paulo está, ao longo da missiva, combatendo as ideias nucleares das tendências judaizantes no cristianismo primitivo. Se antes ele usou sua autoridade para dizer que era errado, agora ele argumenta teologicamente, justificando aos cristãos a diferença entre ser cristão e ser judeu.

Há alguns meses estava lendo os livros da Torá, e muitas, mas muitas vezes, se vê Yaweh afirmando: "Eu sou o Senhor". Quando se lê esses livros que contém não apenas orientações éticas de Yaweh, mas um código de leis, com estabelecimento de penas e obrigações para as vidas do povo que antes era escravo no Egito. O que se vê é que essa concepção de Deus da Torá, pressupõe um ser sobrehumano, criador, poderoso, voluntarioso, que teria libertado os hebreus mas se colocado no lugar que antes pertencia ao Faraó. Como Paulo diz, de certa forma, o Deus hebraico é o novo Senhor, o novo escravizador, e os hebreus deixaram de ser escravos do Faraó para se tornarem escravos de Deus. Esse Deus do Torá promete uma terra própria para viverem como agricultores e proteção. Ele estabelece seus representantes e o que devem fazer e exige que os hebreus sigam suas leis. Eles terão, portanto, a Terra Prometida, e a proteção dos povos vizinhos e dos conquistadores, desde que sigam a vontade de Deus.

Por outro lado, a concepção de Deus pregada por Jesus é a de Pai, que ele chama de Abba, uma palavra hebraica (אבא) que significa Pai. Nessa concepção cristã (que é o que Paulo está desenvolvendo nessa epístola), somos filhos do mesmo pai, herdeiros, portanto, e não mais escravos.

Mas na sequência do texto, Paulo mostra que durante a infância, os filhos ou herdeiros seriam como os escravos, no sentido de terem que obedecer as autoridades que se responsabilizam por eles até tornarem-se adultos. (Gl 4:1-3) Ele faz uma imagem, a das crianças que ficam sobre o cuidado do pedagogo (ou aio, na tradução de Ferreira de Almeida) até serem entregues ao Mestre (Jesus). Ele usa essa analogia para explicar a necessidade de viver sob a lei (uma espécie de infância espiritual) e de depois substituir a lei pela fé em Jesus Cristo (uma nova lógica de vida, que dispensa a observação estrita às exigências da lei e dos profetas)

A relação do homem com Deus, portanto, vai da submissão-obediência infantis, repleta de prescrições comportamentais, para a autonomia em Jesus, que trabalha em nível de atitudes. Isso também traz novas luzes para distinguir entre a "obra da lei" (Gl 3:2) e a "fé cristã".

Esse entendimento paulino, também nos permite discutir a expressão "Filho Unigênito", filho de mulher, e a dogmática da concepção divina de Jesus, mas isso fica para o futuro.

6.1.23

POR QUE O LIVRO DE CANUTO ABREU SE CHAMA "O EVANGELHO POR FORA"?


Capa de "O evangelho por fora"

Li este livro pela primeira vez há décadas. O autor, Canuto Abreu, era um intelectual espírita muito interessado na questão evangélica, que resolveu estudar mais a fundo o cristianismo e as escrituras. Na década de 50 ele já tinha domínio de hermenêutica bíblica, de grego, de latim e outros conhecimentos que cada dia mais têm sido desvalorizados, com o avanço do individualismo e da cultura de base materialista. Esses conhecimentos estão presentes nos temas que ele escolhe desenvolver. Até mesmo o entendimento de "evangelho" como significando Boa Nova, é discutido e ampliado.

Sempre me questionei por que ele denominou o livro como "O evangelho por fora", e hoje tenho pelo menos uma hipótese para explicar o significado do título.

Estava lendo o livro "Orígenes: uma introdução à sua vida e pensamento", de Heine (2019) e vi que o autor de Alexandria, Orígenes, um dos grandes estudiosos do evangelho e da filosofia dos séculos 2 e 3, se deteve em uma passagem do Apocalipse, no qual se diz o seguinte:

"E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos." Apocalipse 5:1 (Tradução de Ferreira de Almeida)

Orígenes entende que o livro se tratava da Bíblia “o que estava revelado pelo livro estava escrito por fora, porque sua interpretação era fácil e o que estava escrito por dentro, é porque era oculto e espiritual”. (HEINE, 2019, p. 62) Cabe como comentário que Orígenes foi um dos primeiros cristãos a usar o Antigo Testamento para compreender determinadas passagens do Novo Testamento (Evangelho), e já tinha consciência que interpretando literalmente, muitas passagens históricas dos Hebreus e muitas narrativas não seriam nem lógicas, nem reais. Elas, portanto, teriam que ser interpretadas para que se compreendesse seu sentido oculto.

Não tenho como afirmar com certeza, mas ao falar de "O Evangelho por fora", estaria Canuto Abreu referindo-se à interpretação literal do Novo Testamento? Ele apresenta no conteúdo do livro seu entendimento e adesão de diferentes níveis de interpretação do Evangelho, quando trata da hermenêutica, mas esse não é o núcleo do livro. Seria o livro uma espécie de introdução, para um trabalho maior que ele pretendia fazer? 

Deixo as questões aos leitores, em busca de mais entendimento do livro e do pensamento de Canuto Abreu.


Referências

ABREU, Canuto. O evangelho por fora. São Paulo, LFU, 1996.

HEINE, Ronald. Origen: an introdution to his life and thought. OR-USA: Cascade Books, 2019.

17.12.22

ESTUDO MINUCIOSO DO EVANGELHO E ANÁLISE DE CONTEXTO


 

A revista Reformador, editada pela Federação Espírita Brasileira, publicou um artigo do autor de Espiritismo Comentado sobre a "análise minuciosa do Evangelho" e um técnica chamada de análise contextual, que envolve uma análise interna (no caso, do próprio texto, em comparação com o todo, a perícope ou a unidade do texto) em conjunto com informações do autor, geográficas, históricas.

Abaixo o resumo do artigo.

Resumo

A análise minuciosa do Evangelho foi explicada pelo espírito Emmanuel em dois de seus livros: "Caminho, verdade e vida" e "Renúncia", publicados em 1948 e 1944, respectivamente. Ele propõe a leitura de um único versículo (que usa como epígrafe em seus textos publicados) e a meditação profunda dele. Não há proposta de se fazer hermenêutica nem exegese, é uma reflexão. Além de analisar a proposta de Emmanuel, este artigo compara a análise minuciosa, baseada em versículo isolado ou lógion, com a análise contextual, em cujo contexto interno se baseia em perícopes, nas comparações com outras partes do texto evangélico e da Bíblia e com informações históricas, geográficas e arqueológicas.

 

Palavras-chave

Evangelho, Emmanuel, Hermenêutica, Reflexão Pessoal, Exegese, Eisegese


Se você é leitor espírita, a revista Reformador pode ser assinada em papel ou em formato apenas digital, anualmente. Verifique os preços em https://souleitorespirita.com.br/

O acervo da revista, desde os primeiros números no século 19 pode ser acessada gratuitamente no site da Federação Espírita Brasileira.

30.11.22

UMA CANÇÃO PARA OUVIR NO NATAL, TAMBÉM!

 

Jáder Sampaio


Um dia me disseram que a música espírita é de má qualidade. Penso que há todo tipo de canções no meio espírita, desde composições realmente simples até composições e arranjos de músicos muito talentosos. O mesmo acontece com os periódicos, os expositores e toda atividade na qual predomina o voluntariado e o encontro.

James Marotta dirigiu o Coral Pedro Helvécio, da União Espírita Mineira, por muitos anos. É músico e tem composições e arranjos para o canto orfeônico que quem ouve, e o conhece, percebe sua assinatura. 

Ladston do Nascimento é músico profissional e junto com Cacau Lopes (saudades), de voz maravilhosa, fizeram um arranjo em inglês e português da música intitulada "Noite Igual" que fala da natividade de Jesus e parece se dirigir a quem quer que seja cristão, não importa a denominação.

Está chegando dezembro de 2022, um ano marcado ainda pela pandemia de COVID, de um clima de conflito ligado às eleições e que termina com uma Copa do Mundo de futebol.

No Célia Xavier estamos trabalhando para a Campanha de Natal e para marcar o aniversário do nosso mestre, lembrando daqueles "pequeninos irmãos", conforme ele mesmo disse segundo Mateus, no capítulo 25, versículo 40.

Peço que ouçam e vejam o trabalho que foi apresentado no Seminário Lítero-Musical de Nova Lima e registrem sua impressão sobre a canção e sua interpretação.