13.7.08
12.7.08
Brigado....
Hoje estou dirigindo todos estes agradecimentos resumidos em uma só palavra a todos os que tornaram uma festa junina de 600 pessoas, organizada em apenas 3 semanas, após quase desistirmos da empreitada, em um sucesso.
Sucesso, não porque dobramos a arrecadação do ano passado, graças ao empenho dos grupos em conseguir recursos para que as despesas de organização não pesassem no resultado.
Sucesso, não porque vendemos todas as mesas e mais quase 200 ingressos individuais, que, fora as crianças, aumentou o calor humano por metro quadrado na Escola Villa Lobos.
Sucesso, não porque vendemos a grande maioria dos espetinhos de carne, todos os salgados, raspamos os caldeirões de caldo e ficamos sem doces no final da festa.
Penso que foi um sucesso, porque os organizadores superaram suas dificuldades pessoais e estiveram presentes antes, durante e depois da festa, cada um segundo suas possibilidades.
Sucesso porque a timoneira Wanda continuou emprestando sua experiência na condução segura da empreitada, junto com toda a sua família (que não apenas é grande, mas alta também).
Sucesso porque a mocidade se organizou e auxiliou antes, durante e depois. Ficou no Plantão da Madrugada carregando cadeiras e mesas e nos brindou com a quadrilha mais empolgante que já dançamos, até o próximo ano...
Sucesso porque a Cristina continuou utilizando suas habilidades ecológicas e transformando o supostamente descartável em arte e beleza, com muito suor.
Sucesso porque o Cláudio escolheu e nos trouxe a melhor carne para churrasco que ele conhecia.
Sucesso porque os grupos da casa se envolveram, conseguiram prendas, doaram ingredientes, responsabilizaram-se por pedacinhos da festa, e, mais importante, fizeram força para encontrarem-se, divertirem-se, conversarem e transformar a festa em festa.
Sucesso porque os trabalhadores de Rosaneves vieram de Ribeirão das Neves para confraternizar conosco.
Sucesso porque o Altair e as meninas da secretaria incorporaram o sentido da festa, decoraram a sede e convidaram membro a membro a estarem presentes, de uma forma ou de outra.
Sucesso porque a cozinha e a infraestrutura do Lar Espírita trabalharam de manhãzinha até o final da noite, sempre de cara boa, para nos aquecer do frio e nos proteger da fome.
Sucesso porque a família da Valéria veio em peso para limpar, arrumar, brincar e deixar a escola apresentável.
Sucesso porque o Luiz Fernando foi buscar o material pesado no LEE com sua poderosa pick up, após uma cirurgia e a Leandra, nos ajudou com boa vontade e bom humor dias antes de outra cirurgia (melhoras aos dois).
Sucesso porque o Marquinhos se dispôs a ajudar desde o início e mostrou grandeza de espírito quando decidimos pelo som eletrônico.
Sucesso porque a família e o grupo do Élcio e o da Dona Geralda nos apoiaram desde a primeira hora e tiveram fé na realização do evento.
Sucesso porque houve quem sacrificasse parte da festa para trabalhar voluntariamente, recebendo dinheiro, vendendo fichas, fazendo funcionar os brinquedos, preparando os espetinhos, tomando conta dos salgados, etc.
Perdão se esqueço de alguém, faz parte da condição humana, mas a nossa mensagem é que o sucesso se deve ao trabalho coletivo e à compreensão de irmãos que todos na casa tiveram para com o significado de festejar o encontro, o fato de estarmos juntos e trabalharmos juntos em uma casa de socorro espiritual. Esta bênção vai continuar sua trajetória, "dando pão a quem tem fome e água a quem tem sede", segundo nos ensinou o nosso professor maior.
10.7.08
Seminário: Divulgação do Espiritismo - Saiba Mais
1. A quem se dirige o seminário?
Divulgadores e comunicadores e público interessado na temática. Todos os dirigentes e trabalhadores espíritas que tem interesse no tema.
2. Cada vez mais no Brasil está presente a figura do distribuidor do livro espírita. Ele torna mais fácil ao livreiro a tarefa de aquisição dos livros espíritas. Geralmente há um grande esforço de vendas dos livros que estão sendo lançados, e uma tendência a retirar de catálogo os livros que não são bem vendidos. Como conciliar isto com o papel da livraria espírita de vender obras de qualidade doutrinária? Como evitar que se retirem os livros das gerações passadas (Fernando de Lacerda, por exemplo) do mercado editorial espírita? Livros considerados menos importantes de Chico Xavier estão destinados a saírem do mercado editorial no futuro?
Temos que trabalhar com demanda e aprender a criar demanda nos livros de qualidade que não são procurados. Os expositores podem ajudar nisso, demonstrando a relevância de algumas obras. Por exemplo, outro dia Raul Teixeira mencionou o valor dos autores clássicos contemporâneos de Kardec. A relação promoção, preço e atendimento é muito importante. A obra de Chico Xavier deve ser divulgada em todos os detalhes, os livros doutrinários, os romanceados, os de mensagens, os de trova e poesia, os com mensagens dos que desencarnaram e se correspondem com os familiares, os de entrevistas, os documentários de outros autores, bem como os biográficos e de estudo da mediunidade de Chico.
3. Que tipo de papéis das bibliotecas são abordadas no evento? Apenas o empréstimo de livros ou a biblioteca como instituição de cultura do movimento espírita?
A proposta é demonstrar o funcionamento da biblioteca no centro espírita e ambos os papéis são relevantes, sobretudo apoiar a área de educação espírita fornecendo livros de empréstimos. A contação de história, os livros infanto-juvenis (estes últimos são raríssimos), desenvolver projetos de incentivo a leitura, promover concursos para criação de livros, contos e crônicas voltadas para vastos assuntos e públicos diversos. O incentivo a cultura realmente é fundamental. Mas, não teremos tempo para tanto.
4. Como os expositores do evento vêem a guarda de documentos históricos das sociedades espíritas pelas bibliotecas?
O CEERJ possuir na Área de Ações Estratégicas o Centro de Documentação Espírita do Estado do Rio de Janeiro com o projeto Memória Espírita e cada centro espírita deve ser um espaço de preservação dessa memória. Penso que todos os expositores são sensíveis à questão.
5. O Perri vai tratar de divulgação dos centros espíritas. O que é OCE?
Orientação ao Centro Espírita, documento aprovado em 1980 pelo CFN/FEB e atualizado em novembro de 2006 pelo mesmo CFN com o formato de diretrizes. Na oportunidade o Perri vai tratar da área de divulgação no que diz respeito ao documento em tela.
6. "Falar fácil" é a tendência de se utilizar a linguagem moderna e cotidiana nas diferentes mídias espíritas, incluindo aí a exposição de temas espíritas?
Não só falar mas escrever fácil, ou seja, acessível e agradável, não só a linguagem moderna e cotidiana, mas, adequando-se sempre ao público alvo, conforme o nível social, a maturidade de cada grupo, a faixa etárea, e também o nível de interesse. Para públicos específicos abordagens específicas. Incluindo a exposição de temas espíritas, devendo sem perder de vista a terminologia espírita, sem criar um espiritês.
7. Como conciliar a idéia de utilizar uma linguagem contemporânea com o sucesso de expositores que utilizam arcaísmos e expressões pouco conhecidas, na linguagem oral e escrita, como Divaldo Franco e Raul Teixeira?
Existem aspectos da comunicação desses expositores mencionados que muitas vezes nos fogem a uma abordagem mais simples. Eles não só se comunicam por palavras, mas, com um forte apelo espiritual. O aspecto da repetição, das analogias, dos sinônimos, do bom humor, da contextualização e da atualidade das mensagens transmitidas, transcendem certos termos e enfoques difíceis. Mas, de um modo geral numa reunião pública ou de divulgação doutrinária, muitas vezes uma conversação, uma apresentação, pode provocar melhor resultado ser trouxer clareza, simplicidade e for adequada ao público ouvinte.
8. O que os participantes podem esperar do seminário?
O Seminário vai oferecer vasto campo de abordagens e idéias em temas nem sempre ventilados, mas, que tem sido demandados em face dos avanços de Mídias, Editoras e Distribuidoras, da necessidade de melhor preparação de livreiros e livrarias, bibliotecas e colaboradores, bem como dos expositores e escritores. O espaço de perguntas e respostas que sempre ocorre nos dará a medida das expectativas e demandas do público-alvo e do que também poderemos oferecer.
9. Haverá material impresso ou mídias informatizadas a serem distribuídos para os participantes?
Esse era o desejável e será produzido após o evento o dvd que será fruto da transmissão e gravação do Seminário pela TV CEI.
10. Quantas pessoas são esperadas no evento?
Expectativa mínima 100/150 pessoas.
11. É necessária a realização de inscrição prévia? Em caso afirmativo, como fazê-la?
A entrada é franca e conforme a quantidade de vagas que é de 500 pessoas.
12. Onde será realizado o almoço durante o evento?
O almoço será realizado no entorno em restaurantes já conhecidos e que serão divulgados na data. Haverá lanche no primeiro intervalo.
13. Vocês estão esperando apenas o público carioca ou há interesse de participação de espíritas de outros estados?
O evento se volta para o público carioca e fluminense. Mas, aqueles que acorrerem serão bem-vindos. Como o evento será transmitido pela TV-CEI, todos terão acesso no mundo todo.
Abraços Fraternos,
Mozart.
Filme sobre Bezerra Estréia em Agosto
Transplante de Córneas
Um grande amigo, cuja ética me exige ocultar o nome, tinha uma pequena capacidade da visão solucionável por um transplante de córneas. Médico, tinha inúmeras limitações para o exercício de sua profissão, além das limitações para estudar, que enfrentava com dificuldades.
Um conhecido hospital de olhos de Minas Gerais conseguiu-lhe a primeira córnea. Faltava uma segunda córnea para a melhora que lhe daria maior autonomia.
O transplante de córnea tem uma peculiaridade aos demais transplantes de órgãos. Segundo a narrativa deste médico, o hospital já o fazia sem o uso de imunossupressores, ou seja, sem o uso de remédios que diminuem a capacidade imunológica do organismo, porque a literatura médica já mostrava a inutilidade deste procedimento.
As córneas, via de regra, podem ser doadas até seis horas após a morte.
Outro detalhe, a córnea é uma película que se encontra na parte mais externa do olho. Ao contrário do que imaginam as pessoas, ao retirá-la, o cirurgião não "vaza os olhos", ou seja, não atinge as camadas internas e o cristalino, mantendo intata a imagem do cadáver, para o adeus dos amigos e parentes.
Mais importante, não há dúvidas quanto à morte do paciente quando a extração das córneas é feita, ele não necessita estar com o coração funcionando.
Meu amigo, transitoriamente em Belo Horizonte, passou a pedir a córnea que faltava a famílias que haviam acabado de perder seus entes queridos. Uma delas sensibilizou-se com sua dor, e suplantando a própria dor da perda, lhe concedeu o presente. A equipe do hospital foi em busca do cadáver, analisou-lhe a integridade das córneas, extraiu-as rapida e discretamente e as levou para beneficiar, não a uma pessoa, mas a duas pessoas.
Dele, posso dizer que tem utilizado seus olhos para o benefício de muitíssimas pessoas. Seja como médico, seja como cientista, seja como orientador, já formou inúmeros profissionais que hoje atuam no Brasil e no exterior e desenvolveu muitas áreas de conhecimento associadas a doenças de difícil estudo. A comunidade mineira se beneficiou imensamente deste gesto de grandeza de uma família desconhecida.
São relativamente poucos os pacientes a espera de doação de córneas no Brasil. Com conscientização da população em geral, já poderíamos ter erradicado a fila de espera, da mesma forma que não há mais casos de pólio ou de varíola, há muitos anos.
Escrevo este caso para sensibilizar o movimento espírita, que tem assumido a frente de tantas causas em favor do homem, para que utilize sua imprensa e a influência na imprensa leiga em favor desta causa.
"Doação de córneas. Mais luz entre os homens."
6.7.08
O Espiritismo é uma Religião?
Figura 1: Imagem da capa antiga do livro Religião, de Carlos Imbassahy
Para o Lucas Sampaio, com respeito e fraternidade.
“O Espiritismo será para uns simples ciência,
para outros mera filosofia,
sem já falar naqueles para os quais
não será coisa alguma”. Carlos Imbassahy
O livro foi escrito por uma das penas espíritas brasileiras mais lúcidas do século XX, em resposta a um parecer do Dr. Almeida Júnior, que em 1938, em resposta a uma consulta de pais que lhe pediam o ensino religioso espírita a seus filhos.
Almeida Júnior, considerada a dificuldade de atendimento da petição e as implicações que ela geraria para a educação em São Paulo, se atendida, fez uma leitura de muitos autores espíritas e de cientistas que se debruçaram sobre a questão da religião e defendeu a idéia de que as religiões envolvem uma relação entre as pessoas e o sobrenatural, que elas são fruto de revelações, que são divulgadas pela persuasão e que são crenças, alicerçadas na fé. Ele cita trechos de Kardec, Flammarion, Denis e Melusson que defendem ser o Espiritismo uma nova ciência de observação, uma filosofia, um abandono da abordagem metafísica da alma que não é estudada como algo sobrenatural.
Sempre de forma respeitosa e impessoal, Imbassahy defende no livro a tese oposta, ciente que algumas das implicações do entendimento do Espiritismo como uma doutrina científica ou filosófica situariam o movimento espírita à larga dos direitos constituicionais reservados às religiões em sua época (liberdade de culto, de tribuna, de imprensa, a faculdade de ensino em escola, a independência, o direito à expansão e as imunidades). Logo, não é apenas um debate filosófico, mas um debate cercado de implicações legais e sociais, especialmente à época em que foi escrito, na qual ainda se discutia a lei que proibiu as práticas espíritas no nascimento da república.
Imbassahy, com calma e profundidade, aponta as fragilidades da tese de Almeida Júnior. No capítulo intitulado “Religiões Filosóficas”, ele analisa o Budismo e as doutrinas indianas, mostrando que são filosofias de caráter religioso. Destacando seu caráter moral, o autor baiano conclui que: “o mistério, o sobrenatural, o dogma não são característicos de uma religião, dela não fazem parte essencial, não entram no seu conceito: que há religiões, como tais consideradas, a que geralmente se dá o nome de filosóficas, tal como acontece com o Espiritismo (...) E se assim é, não sabemos porque negar ao Espiritismo, ou melhor, à sua parte teológica, o nome de religião, quando às demais doutrinas filosófico-morais não é ele negado, retidado ou vedado”.
No capítulo “O Cristianismo”, Imbassahy aponta a dupla origem do termo religião, relegere (tratar com cuidado), como utiliza Cícero e relicare, como empregam Lactâncio, S. Jerônimo e Santo Agostinho, com o sentido de religar, ligar, significando a relação do homem com Deus. O autor baiano desenvolve a tese de que o Espiritismo é uma religião cristã, porque admite os ensinos de Jesus, e os interpreta em coerência com a filosofia espírita. Carlos Imbassahy faz uma pesquisa detalhada na obra de Kardec mostrando a importância que o codificador destina ao desenvolvimento do “sentimento religioso”, aponta como seu verdadeiro caráter o amor entre os homens, propõe a união dos princípios fundamentais no “amor a Deus e na prática do bem”, e apresenta o conhecido trabalho de Kardec que qualifica o Espiritismo como sendo o Consolador prometido por Jesus, a continuação dos evangelhos.
“Pelas leis morais do Cristo, que segue; pela parte do Cristianismo, que representa; pela obrigação que se impôs de divulgar o Evangelho; pelo dever, que mantém de colocar as leis divinas acima de tudo, como a fonte do progresso humano, o Espiritismo reivindica a parte que lhe cabe no seio das religiões.” (páginas 96-97)
O próximo argumento discutido é a alegação de Almeida Júnior, que diversos espíritas consideram o Espiritismo uma ciência. O argumento de Imbassahy repousa no tríplice aspecto, ou seja, que o Espiritismo é composto de três partes, uma religiosa, uma filosófica e uma científica, concluindo ser natural “que seus adeptos o tratem por uma de suas partes”.
Ele mostra que Almeida Júnior selecionou as partes que interessavam à defesa de suas idéias e lançou fora as outras que se lhe opunham. Cita a profissão de fé espírita racional, publicada por Kardec em Obras Póstumas (páginas 100-101) e inúmeras passagens do livro “O Céu e o Inferno” nas quais Kardec destaca as conseqüências morais dos atos das pessoas na vida após a morte. Imbassahy argumenta que Kardec busca evitar o fanatismo ao destacar sua parte científica, mas que “não eliminou sua parte religiosa, a ela dedicou especial atenção e dela fez a cúpula para o seu majestoso edifício doutrinário.”
Outro argumento desenvolvido diz respeito à prece, que nunca teria sido considerada científica e que foi objeto de diversas publicações do codificador, incluso aí o capítulo extenso de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” dedicado a este tema.
Neste capítulo há uma dissertação de Imbassahy sobre o sentido do que Kardec denominava “conseqüências morais” da Doutrina Espírita, e com base no diálogo com o sacerdote de “O Que é o Espiritismo” ele mostra que o codificador entendia que essas conseqüências “são a conformação e a prova dos grandes princípios da religião”, ou seja, são consistentes com uma dimensão religiosa da doutrina espírita. Carlos Imbassahy discute também o fato de Kardec evitar o emprego do termo religião para designar o Espiritismo.
Retomando as afirmações de Almeida Júnior, sobre o entendimento dos discípulos de Kardec quanto ao caráter científico do Espiritismo, Imbassahy vasculha a obra de Leon Denis e apresenta diversas passagens nas quais a negação do caráter religioso seria contraditório com a sua argumentação.
Um capítulo é dedicado às origens do Espiritismo. Imbassahy desenvolve seu raciocínio em três pilares: o de que é falacioso afirmar que as religiões originaram-se de uma revelação, posto que a construção da revelação lhes é sempre posterior à vivência do fato religioso, o de que o Espiritismo é considerado a terceira revelação e, por fim, que não é verdade que as religiões sempre se opõem à filosofia e à racionalidade, subordinando o raciocínio à fé.
Após um capítulo breve sobre o conhecimento, o autor desenvolve a questão do mistério, do sobrenatural, do sacerdócio, do dogma, dos ritos, do culto e do templo na caracterização de uma religião. O argumento central é que não há uma regra comum e rígida capaz de enquadrar todas as religiões, que têm muitas diferenças entre si. Em linguagem moderna, este conceito externalista de religião não é, senão, etnocêntrico e positivista. O autor faz uma revisão de conceitos em diversos filósofos que tentam circunscrever a essência da religião a partir do sentimento religioso, com suas diversas variações. “... das definições propostas por autores vários, inda os menos liberais, que o Espiritismo se sente à vontade dentro delas. Outras há que lhe cabem inteiramente.” (página 141).
Um argumento corajoso do autor baiano, com relação ao ritos, é que não se pode dizer que o Espiritismo não os tem, mas que há sempre uma razão para as cerimônias e ritos simples do Espiritismo. Nas instituições científicas há igualmente o que os cientistas sociais denominam como rituais ou ritos, nem sempre racionais, muitas vezes legitimados apenas pela tradição, cuja racionalidade se perdeu nos tempos, podemos adicionar aos argumentos do “Bozzano Brasileiro”. Não lhe passou despercebido também o caráter dogmático da existência de Deus no Espiritismo.
Um capítulo demorado sobre a concepção espírita dos Evangelhos, em oposição ao conceito que os materialistas fazem deles é seguido de uma breve defesa do Espiritismo como uma interpretação do Cristianismo e um dos “galhos” da árvore das religiões. Este pequeno capítulo é objeto de rápidas considerações sobre divulgadores de grandes religiões no mundo: Moisés, Brama, Zoroastro, Jeremias, Buda, Lao-Tsé, Confúcio, Sócrates e o Cristo. Carlos Imbassahy mostra elementos comuns entre o Espiritismo e as doutrinas destes homens.
O autor termina o livro com um capítulo sobre a oração, narrando, inclusive, vivências pessoais.
Passado meio século os tempos são outros, os interesses que movem o debate sobre o caráter religioso do Espiritismo também são outros, mas o livro de Carlos Imbassahy, claro, respeitoso, lógico, continua sendo importante para os que desejam discutir a questão, sob o risco de abordarem questões já desenvolvidas com competência como se nunca tivessem sido tratadas antes.
Autor: Carlos Imbassahy
Editor: Federação Espírita Brasileira – FEB
218 páginas
12,5 X 18,5
2a. Edição
1951 (?)
Resenha de Jáder Sampaio
La Mediumnité Comme Fonction Psychique
Missionaires de la Lumière, Francisco Cândido Xavier par l’Esprit André Luiz. Conseil Spirite International.
100 Anos da União Espírita Mineira
Foto 1: Professor Rubens Romanelli
Senhor,
Inundas-me no esplendor de tua luz
e, contudo, cego, não Te vejo.
Abrasas-me na ardência de teu amor
e, todavia, insensível, não Te sinto.
Oh! estranha contradição!
Tu, bem perto de mim,
e eu, tão longe de Ti!
Desvela-me, Senhor, os olhos, cegos de orgulho;
abre-me os ouvidos, surdos de vaidade,
e sensibiliza-me o coração, duro de maldade,
para que eu descubra tua divina presença
na intimidade de meu ser!
1.7.08
Belo Horizonte Recebe Pesquisador de Campos - RJ
28.6.08
26.6.08
Venda de Mesas e Ingressos para a Festa Junina
Já estão sendo vendidas mesas e ingressos para a Festa Junina da Associação Espírita Célia Xavier.
- Mesa com 4 cadeiras - R$30,00
- Ingresso Individual - R$ 7,00
- Ingresso para crianças até 10 anos - Grátis
Os ingressos são cobrados para custear as despesas da festa. Os recursos obtidos com consumo e brincadeiras vão para a promoção social da AECX. A coordenação e grande parte dos trabalhadores são voluntários.
Reserve sua mesa já e escolha onde quer ficar. Reserve a sua mesa perto das dos amigos!
Vendas: Secretaria da Associação Espírita Célia Xavier
Local: Rua Coronel Pedro Jorge 314 - Prado BH-MG
Telefone: 3334-5787 (Altair, Rejane e Cerise)
Chamada de Trabalhos para o 4o. ENLIHPE
Objetivos do Evento
Ele tem por objetivos:
1) O incentivo à produção de trabalhos nas áreas de memória/história do movimento espírita e de pesquisa científica espírita;
2) A promoção do intercâmbio e da troca de idéias entre os trabalhadores espíritas que vem realizando projetos nas áreas acima referidas;
3) A divulgação dos trabalhos produzidos pelos membros da LIHPE através de livros e outros meios de comunicação no triênio 2006/2008;
4) A realização da reunião administrativa da LIHPE na qual se traçarão as diretrizes e metas para o ano de 2009;
5) A discussão e disseminação de ações e técnicas que possibilitem a melhora das condições de conservação da memória do movimento espírita local e regional;
6) A informação do público interessado nos temas nucleares da LIHPE.
7) O intercâmbio entre pesquisadores e dirigentes das casas e do movimento espírita em geral visando à construção de estratégias de desenvolvimento das instituições de memória e da pesquisa científica espírita.
8) O incentivo à criação de centros de documentação histórica, arquivos, bibliotecas, hemerotecas, museus e outras organizações de preservação da memória e apoio à pesquisa.
9) A confraternização presencial entre os membros da LIHPE e os trabalhadores espíritas paulistas.
Chamada de Trabalhos:
Estão abertas, do dia 26 de junho ao dia 27 de julho as inscrições para a submissão de trabalhos inéditos que tenham por objeto a história/memória do movimento espírita e a comunicação de resultados de pesquisas científicas sobre temas espíritas.
São temas de interesse do III ENLIHPE:
- Trajetória do movimento espírita regional e nacional
- O movimento espírita brasileiro e internacional
- Biografia e história de vida de espíritas cujas ações afetaram o movimento brasileiro ou internacional
- Memória de instituições que afetaram o movimento espírita brasileiro ou internacional
- Memória de eventos que afetaram o movimento espírita brasileiro ou internacional
- Discussão sobre a produção de história ou pesquisa realizada por instituições acadêmicas referentes ao Espiritismo
- Métodos e técnicas de preservação da memória no movimento espírita
- Meios e estratégias de comunicação das ações de preservação da memória e pesquisa científica espírita
- Epistemologia e metodologia da pesquisa científica de temas relacionados ao Espiritismo
- Revisões de literatura de temas referentes à pesquisa científica espírita
- Comunicações de projetos de pesquisa científica, concluídos ou em curso
- Ensaios reflexivos ou comunicativos sobre políticas de ação para a preservação da memória e o fomento da pesquisa científica espírita no Brasil.
Os organizadores do evento gostariam de receber igualmente projetos de pesquisa e de trabalhos para comunicação em mesa do evento na qual os autores poderão demandar sugestões para o público participante.
Apresentação dos Trabalhos
Os trabalhos escolhidos serão apresentados em mesas temáticas em aproximadamente 20 minutos, após os quais se abrirá a palavra ao público presente para formulação de perguntas e realização de debates sobre os temas apresentados.
Os trabalhos referentes à recuperação da memória de centros espíritas ou personalidades espíritas de atuação local poderão ser apresentados sob a forma de pôsteres e expostos nas dependências do local onde será realizado o evento.
Formato dos Trabalhos
Os interessados devem enviar seus trabalhos para a comissão organizadora do evento via e-mail no seguinte formato:
- Fonte: ARIAL 12
- Espaçamento entre linhas: simples
- Limite máximo de 6 laudas
- Texto compatível com Word 7.0 ou versão mais atual
- Ilustrações e gráficos (se houver) colados no corpo do texto sob a forma de figuras.
- Primeira lauda contendo: Título do Trabalho, dados dos autores: nome completo, endereço de contato, telefone de contato, endereço eletrônico (e-mail) e resumo do trabalho em até 15 linhas.
- Deve ser retirada a identificação dos autores no corpo do trabalho, que será submetido à comissão avaliadora do evento.
Publicação e Cessão de Direitos Autorais
Os autores, no ato da submissão, estarão cedendo gratuitamente os direitos autorais dos trabalhos enviados para possível publicação para os membros do evento e se os autores forem membros da LIHPE estarão igualmente cedendo gratuitamente os direitos autorais dos trabalhos para publicação pelos coordenadores da LIHPE no Anuário Histórico Espírita, periódico do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa Eduardo Carvalho Monteiro (CCDPE)
Os autores de trabalhos aprovados terão 30 dias para confirmar sua presença no evento. Caso não lhes seja possível apresentar oralmente seu trabalho no 4o. ENLIHPE, seus trabalhos poderão ser substituídos por outros preteridos.
Critérios de Escolha dos Trabalhos
Os trabalhos serão classificados segundo os seguintes critérios:
- Trabalhos inéditos
- Contribuição ao conhecimento atual de seu tema
- Âmbito regional, nacional ou internacional (no caso dos trabalhos de memória ou história)
- Clareza e objetividade
- Articulação do trabalho com o tema do encontro
Confirmado o Local do 4o. ENLIHPE
Os trabalhos deverão ser enviados para o e-mail jadersampaio@uai.com.br ou jadersampaio@brfree.com.br
22.6.08
Associação Espírita Célia Xavier Promove Festa Junina
Figura 2: Foto de Célia Xavier
Blog Filosofia Espírita Publica Allan Kardec
17.6.08
Correio Fraterno está em Campanha!
15.6.08
Cuidado, Crianças!
- "Quem os fez?", perguntava Ivone, diante de uma turma animada, mas silenciosa.
Quando os professores são acolhidos pelo silêncio, o recurso mais imediato e intuitivo que têm é dar dicas aos alunos. Quem sabe a idéia não está sendo dita pelos alunos apenas por inibição? Ivone começou:
História do Espiritismo é Capa da Revista de História
O primeiro artigo é de um antropólogo namorador de história, já conhecido e reconhecido pelos seus estudos sobre o Espiritismo, Emerson Giumbelli. Ele ganhou em 97 o segundo lugar nacional do prêmio "Arquivo Nacional de Pesquisa" pelo seu trabalho "O Cuidado dos Mortos".
Giumbelli apresenta no seu artigo o surgimento do Espiritismo no Brasil e suas conexões com a mediunidade receitista. Ele valoriza o papel da assistência social através da mediunidade receitista no Brasil, que se tornou o primeiro grande elo entre os espíritas da elite e o povo (tese que desenvolve a partir do pensamento de Sylvia Damázio). Não sei se esta maxivalorização da mediunidade receitista reflete bem a época, se olharmos o movimento intramuros. Talvez tenha sido um dos eventos que maior visibilidade deu ao Espiritismo Brasileiro na imprensa leiga.
O autor apresenta um velho objeto de seus trabalhos, os episódios dos conflitos entre a sociedade brasileira e o movimento espírita devido ao código penal de 1890.
Depois trata de outros assuntos interessantes: O crescimento das adesões à FEB nas décadas de 20 a 40 e o papel de Chico Xavier na consolidação do Espiritismo no Brasil.
Ele propõe uma conexão temporal entre o lançamento do conhecido "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", a escolha de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil, a inauguração da estátua do Cristo Redentor e a constituição da Umbanda como movimento e primeira religião genuinamente brasileira. Seriam o médium de Pedro Leopoldo e o autor espiritual influenciados por um espírito de época no qual se tentava não apenas na esfera religiosa, mas também na política e cultural, uma reconstrução da identidade nacional?
Outra contribuição original do autor é a passagem que ele faz da mediunidade receitista no movimento espírita pela desobsessão e tratamento através de passes. É uma questão instigante, mal desenvolvida, mas que me parece ter outros contornos, inclusive o próprio surgimento da Umbanda e os conflitos internos do movimento devido às influências orientalistas. Cabe lembrar que a desobsessão é prática desde os tempos de Kardec.
O segundo artigo é um retrato vivo da reação dos médicos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro ao movimento espírita. O Espiritismo é tomado como uma questão de saúde pública (pasmem!) e uma das teses aprovadas defende que ele deve ser combatido da mesma forma que se fazia "à sífilis, ao alcoolismo, aos entorpecentes, à tuberculos, à lepra e às verminoses". A influência naturalista de Haeckel e dos Higienistas.
Juliano Moreira outro autor influente nesta escola, com formação alemã, propôs a criação de "semanas antiespíritas" que mobilizassem a sociedade contra o "mal".
Um resgate importante do segundo artigo de Arthur Isaia nesta revista é a tese (recusada) do desconhecido (por nós, espíritas) Brasílio Marcondes Machado. Considerada corajosa, ele se opôs ao pensamento do establisment da FMRJ, e defende posições espíritas com base no pensamento de Bezerra de Menezes, e voltando-se contra Franco da Rocha, que pensava poder conseguir explicar os fenômenos espíritas com a Psicanálise Freudiana, reduzindo-os ao inconsciente. Machado usa Flammarion para opor-se a Grasset, e acrescenta a noção de "superconsciente", que posteriormente será endossada por André Luiz em sua obra. Possivelmente Machado teria sido influenciado pela obra de Gustave Geley, que, anteriormente a ele, já defendia a existência de uma "subconsciência superior".
As matérias estão ilustradas com fotos muito significativas, são uma bela contribuição ao pensamento espírita e à sociedade brasileira.