24.5.09
DESENCARNA LUIS SCHVARTZ
23.5.09
ENTREVISTA COM ASTRID SAYEGH 4
ASTRID (IEEF) - Embora exalte a existência de duas substâncias e não uma só, como é o caso de Espinosa, não nos parece que os Espíritos sejam adeptos do paralelismo psicofísico, mas antes afirmam a existência de uma matéria ou corpo fluídico, mediador entre ao espírito e a matéria propriamente dita. Efetivamente a qualidade de pensamentos e sentimentos do espírito adere à matéria fluídica, mas não que se correspondam, em termos precisos.
EC - Alguns estudiosos de Kardec imputam uma influência do pensamento positivista em sua obra. O que você pensa disto?
ASTRID (IEEF) - Não considero o Espiritismo positivista. Talvez os fundamentos da Doutrina, a sua base seja positivista, mas sua essência é antes ética e metafísica, coisa que o positivismo, de um modo geral, nega. O positivismo lógico baseia-se nos fatos e aqui termina a ciência, porém o Espiritismo vai muito mais além; o fato é só o ponto de partida para a metafísica, que constitui a sua verdadeira natureza. Repito, Espiritismo é metafísica e não fenômenos, e isso precisa ser ensinado em nossas escolas, de modo a não destruirmos o próprio fundamento dos valores morais. Daí a importância da reflexão filosófica na casa espírita, de modo a exaltar a autoridade científica do Espiritismo, para não nos dogmatizarmos e reduzir o alcance e profundidade do Espiritismo ao assistencialismo.
EC - Quais são as grandes diferenças entre o pensamento do Agostinho de “Confissões” e “Cidade de Deus” para o Agostinho-espírito, interlocutor de Kardec? Quais as semelhanças?
ASTRID (IEEF) - Esta pergunta é um pouco difícil de ser respondida com precisão, pois se tratam de deduções apenas e não temos bases sólidas em que se apoiar para afirmar algo sobre o pensamento de Agostinho. Certamente, dado o fato de Agostinho fazer parte da Revelação Espírita nos leva a crer que tenha superado suas convicções como bispo. Através de suas mensagens, particularmente no que se refere ao autoconhecimento, em O Livro dos Espíritos, a necessidade de interrogar a consciência todos os dias faz lembrar o processo de Confissões, de modo a tornar possível uma conversão do Espírito. A Cidade de Deus hoje, talvez tenha outro signficado: embora devamos respeitar a Cidade Terrena, a vida pós-morte não é plena e nem tampouco dá-se o encontro definitivo com a eternidade. Muitos conceitos aqui entrarão em questão, o que merece uma reflexão detalhada senão quisermos ser imprecisos.
22.5.09
FOURIER E O ESPIRITISMO
Antes de serem criticados e quase proscritos pelos materialistas (Marx, por exemplo, os estigmatizou como utópicos), os socialistas idealistas tinham grande influência em meios sociais que buscavam alternativas à sociedade republicana do iluminismo e da revolução francesa.
Charles Fourier foi fundador de um movimento que ganhou dimensões internacionais, no qual tentava organizar os interessados em falanstérios ou falanges, uma espécie de comunidade autônoma e autosuficiente, na qual as pessoas pudessem trabalhar segundo suas características pessoais e na qual não houvesse diferenças acentuadas. Esta comunidade seria ao mesmo tempo urbana e rural, na tentativa possível de não necessitar de trocas comerciais com a sociedade, mas Fourier era avesso à industrialização e às máquinas.
Familistério de Guise
O que praticamente não se conhece (ou se omite) é que Fourier era reencarnacionista e que tinha idéias de alguma forma próximas às espíritas.
Na Revue de dezembro de 1862 Kardec publica uma síntese das idéias de Fourier obtidas em uma carta enviada por um fourierista contemporâneo ao codificador. Ele afirma sua surpresa ao ler as obras espíritas e encontrar semelhanças.
“(...) reconheci toda a teoria de Fourier sobre a alma, a vida futura, a missão do homem na vida atual e a reencarnação das almas”
O autor da carta prossegue com a seguinte passagem:
"O homem está ligado ao planeta; vive sua vida e não a deixa mesmo morrendo. "Há duas existências: a vida atual, que Fourier compara ao sono, e a vida que ele chama aromale, a outra vida em uma palavra, que é o despertar. Sua alma passa alternativamente de uma vida para outra, e periodicamente volta a se reencarnar na vida atual. Na vida atual, a alma não tem o sentimento de suas vidas anteriores mas da vida aromale tem a consciência e vê todas as suas existências precedentes. As penas na vida aromale são os temores que sentem as almas por estarem condenadas, reencarnando-se na vida atual, de vir animar o corpo de um infeliz; porque, disse Fourier, vêem-se todos os dias pessoas virem pedir a caridade à porta dos castelos dos quais foram proprietárias em suas vidas precedentes, e acrescenta: Se os homens estivessem bem convencidos da verdade que trago ao mundo, todos se apressariam em trabalhar pela felicidade de todos."
Como os leitores e comentaristas têm sempre que fazer escolhas sobre o que desenvolverão em seus textos e a reencarnação aparenta ser apenas mais uma idéia singular (para não dizer esdrúxula) aos olhos de um estudioso da História ou da sociedade, elas vão sendo omitidas nos textos contemporâneos, à espera de alguém que considere o espiritualismo e o espiritismo como elementos do cenário social dos séculos XIX e XX e não apenas uma “seita imigrante”.
Falanstério de Saí
Por falar em imigração, um dos precursores do Espiritismo Brasileiro, Benoit Jules Mure, tentou construir uma comunidade fourierista em Santa Catarina (Colônia Industrial de Saí), antes de voltar ao Rio de Janeiro e dedicar-se à homeopatia e ao magnetismo de Mesmer. Não consegui uma localização precisa do local, mas parece ficar nas cercanias de Joinville.
16.5.09
ENTREVISTA COM ASTRID SAYEGH 3
ASTRID (IEEF) - Essa questão é bastante extensa, mas poderíamos dizer que Descartes inaugurou a fase do Racionalismo e do Idealismo, abrindo as portas para o Espiritualismo. Podemos perceber ainda sua influência na Filosofia Espírita, particularmente por afirmar a trindade das substâncias, assim como seus atributos.
EC - A visão de Deus em Kardec, excetuando-se o mito da trindade, assemelha-se à de São Tomás de Aquino?
ASTRID (IEEF) - Tomás de Aquino buscou conciliar os ensinamentos cristãos com a Filosofia de Aristóteles, e foi assim um dos primeiros filósofos a buscar conciliar a fé com a razão. Nesse sentido ele, já à época, nos traz provas racionais sobre a existência de Deus, algumas das quais parecem identificar-se com o conceito espírita, particularmente no que tange a um Ser Inteligente.
EC - Qual é a diferença entre a concepção de Deus dos iluministas (especificamente o deísmo de Voltaire) e a dos espíritos da codificação?
ASTRID (IEEF) - Segundo Voltaire Deus existe porque existe a ordem do mundo, ou seja, o relógio é a prova de que existe o relojoeiro. Também a Filosofia Espírita, em O Livro dos Espíritos, afirma que a harmonia do universo pressupõe uma causa inteligente. Argumenta ainda Voltaire que no universo há seres inteligentes e que, portanto supõe-se uma causa inteligente que anima o universo. Por outro lado, Voltaire é deista no sentido de que a existência de Deus não é um artigo de fé, mas sim resultado da razão. Embora a Filosofia dos Espíritos exalte a provas racionais da existência e dos atributos de Deus, ela não nega a importância da fé.
15.5.09
FOLHA ESPÍRITA PUBLICA ENTREVISTA SOBRE PESQUISA ESPÍRITA NO BRASIL
http://www.folhaespirita.com.br/v2/?q=node/347 e leia diretamente na Folha Espírita.
13.5.09
APES REALIZA EXPOSIÇÃO SOBRE CHICO XAVIER
9.5.09
ENTREVISTA COM ASTRID SAYEGH 2
ASTRID (IEEF) - Sem dúvida, Kardec é pouco conhecido no meio acadêmico; acredito que isso se deva ao fato de, primeiramente haver um preconceito muito grande por parte dos docentes, certamente por falta de conhecimento dos fundamentos doutrinários e da rigorosa metodologia empregada por Kardec; mas por outro lado, poucos espíritas se aventuram a apresentar no meio acadêmico, de forma metódica e segundo os requisitos científicos, a autoridade do Espiritismo, particularmente no seu aspecto filosófico. O Espiritismo nada tem a temer perante a filosofia acadêmica, assim como a filosofia tradicional só tem a ganhar com os conceitos espíritas, pois esses trazem a sanção dos valores morais que ela sempre pregou.
EC - Há uma corrente contemporânea de céticos que defendem a inexistência de evidências favoráveis ao Espiritualismo. O que você tem a dizer sobre isto?
ASTRID (IEEF) - Sem dúvida, vivemos um século caracterizado por um ceticismo extremado, talvez herança do pensamento positivista, para o qual só é considerado científico o que é de natureza observável. Ao se exaltar apenas o lado fenomênico do real, nega-se a face invisível, e que é a mais autêntica.
Ora, as evidências favoráveis ao Espiritualismo não são fenomênicas, como o próprio Kardec afirma na conclusão de O Livro dos Espíritos, isso se explica pelo fato de os sentidos não se prestarem ao conhecimento da realidade metafísica. Os fariseus também exigiam sinais de Jesus, e este afirmou que jamais os teriam. É impossível ao anatomista conhecer a alma através da dissecação do corpo, assim como é impossível conhecer as substâncias ou princípios constitutivos do universo através da física e de outras ciências naturais. Essas podem oferecer indícios, mas jamais conhecer a natureza do objeto metafísico. Confesso, Jader, preocupa-me o fato de espíritas quererem trazer o Espiritismo para a Física Quântica, como se este necessitasse da autoridade desta para se impor. O Espiritualismo racional e lógico, e por isso se basta. Cabe aqueles que o negam apresentar uma prova contrária à lógica.
Com efeito, ao reduzir o conhecimento à realidade observável, ou fenomênica, jamais poderemos falar de espiritualismo, pois esse transcende ao mundo sensível, como diria Platão. Daí a importância de exaltar a metafísica, a ciência das causas e princípios, tão menosprezada em nossos dias — até mesmo nas escolas espíritas.
EC - Quem desenvolveu o curso de Filosofia que você tem dado no CCPDE? É possível explicar seu programa e metodologia de estudos?
ASTRID (IEEF) - O Instituto Espírita de Estudos Filosóficos desenvolve um curso intensivo de um ano junto ao Centro de Cultura, Pesquisa e Divulgação Eduardo Monteiro. No entanto, os cursos regulares possuem a duração de quatro anos, cuja programação consiste em:
1º ano: O Espiritismo e os Filósofos
2º ano: Temas Filosóficos Espíritas
3º ano: Evolução do Princípio Espiritual
4º ano: Gnosiologia e Ética Espírita
Cursos para formação de Expositores de Filosofia
Curso sobre a obra de Leon Denis: O problema do Ser
Cursos modulares sobre as obras de Herculano Pires
As aulas são expositivas, mas a pedagogia do IEEF é ativista. Filosofar é uma atitude de questionamento e buscar a verdade através da reflexão em conjunto é muito significativo.
6.5.09
ADEP PROMOVE JORNADA EM PORTUGAL
A Associação de Divulgadores Espíritas de Portugal realizou nos dias 1 e 2 de Maio do corrente, na Vila de Óbidos, a 5ª. Jornada de Cultura Espírita.
A programação contou com temas como Experiências de Quase-Morte (Dr. Manuel Domingos), Espiritismo e Internet (Dr. Vasco Marques), Fenômenos Espíritas e suas Consequências Morais (Ulisses Lopes), Relações Interpessoais (Jorge Gomes), Um Caso de Reencarnação (Eugénia Rodrigues), Fatos Espíritas em Portugal (José Lucas), Vida Além da Morte (Dr. Vítor Rodrigues – Psicólogo) e Fatos Espíritas em Regressão de Memória (Dra. Gláucia Lima – Psiquiatra).
O evento será disponibilizado pela internet futuramente. (http://www.adeportugal.org )
Parabéns à comunidade espírita portuguesa. Possamos ampliar o intercâmbio entre os dois países.
4.5.09
ENTREVISTA COM JOÃO XAVIER DE ALMEIDA
Paz-Amor-Trabalho: - Faz sentido a querela de o Espiritismo ser ou não ser religião?
João Xavier Almeida: - Não lhe encontro fundamento nem utilidade, quando está definido pelo próprio Codificador, com muita clareza, em que sentido o Espiritismo é religião e em que sentido não o é.
Na acepção filosófica e filológica do termo, o Espiritismo é religião, “e disso nos
gloriamos”, como se exprimiu Allan Kardec no conhecido discurso do dia de finados, no ano de 1868. Nesse discurso, e contrariamente ao que por vezes se lê, Allan Kardec não afirma que o Espiritismo não é religião; apenas se interroga: “por que é, pois, que não declaramos que o Espiritismo é uma religião?”
É muito diferente, e ele mesmo responde porquê: na acepção vulgar, o termo religião está associado com a ideia de hierarquias, cerimónias, pompas, rituais, etc. Ora, todo esse folclore, certamente respeitável em contexto próprio e à luz da Antropologia e quiçá Etnografia, nada tem a ver com a noção pura de religião, e menos ainda com a inquirição científica e filosófica do Espiritismo.
Este, no seu também inegável aspecto religioso, rompe a ideia da suposta incompatibilidade entre fé e razão (ver capítulo primeiro do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo) e introduz um novo conceito de religião, quando rejeita a fé cega e consagra a noção de fé raciocinada, com fundamento no estudo racional e metódico de factos espíritas indesmentíveis (capítulo 19 do mesmo livro). A ciência “oficial” não conseguia explicá-los nem podia negá-los.
Na REVISTA DE ESPIRITISMO, órgão da FEP (nº 78, Outubro-Dezembro de 2008),
abordei mais em pormenor esse tema, no artigo CIÊNCIA E RELIGIÃO.
PAT: - Como caracteriza o actual momento do movimento espírita português?
João Xavier Almeida: - O movimento caminha e progride, apesar de dificuldades intrínsecas.
Carecemos de viver mais autenticamente os valores espíritas, de integrar mais o ideal kardecista na nossa vida quotidiana, de nos motivarmos mais, de interagirmos mais (individual e colectivamente), de não temermos o “parece mal” do preconceito social.
Talvez por motivos de fundo cultural, tendemos a agir com individualismo e pouco sentido colectivo, a esperar muito dos outros e dar pouco de nós. Vê-se nos nossos centros, dum modo geral, sempre os mesmos companheiros a arcar com a iniciativa, a acção, a responsabilidade. Em parte, isso também se deve à pouca aptidão para delegar, distribuir competências: um atributo em que eu próprio, na FEP, me revelei pouco dotado.
Outra nossa característica, nada salutar, é a fraca adesão a algumas acções de interligação e cooperação, dois factores indispensáveis ao grande objectivo da UNIFICAÇÃO espírita, tão acarinhada pela espiritualidade superior. Ao falar em unificação, claro que tomamos o termo no sentido mais nobre; portanto avesso à ideia de unicidade de pontos de vista, ou a ideias de hegemonia e privilégios para pessoas ou grupos. Pensamos na unificação que tem provado a sua eficácia noutras latitudes, na qual as instituições de base e as de cúpula se entreajudam e se robustecem mutuamente, fazendo o movimento, global e metodicamente, progredir mais na capacidade de servir a sociedade de que faz parte, ajudando a elevar-lhe a espiritualidade, os padrões de consciência, de cidadania. E conquistando, até, prestígio público.
No passado, os bens ignobilmente usurpados à Federação Espírita Portuguesa pelo “Estado Novo” (1962), assim como todas as perseguições que este lhe moveu, aconteceram devido em grande parte ao morno idealismo dos próprios espíritas, à sua desunião, às meias-tintas duma prática espírita muito motivada pela busca do fenómeno mediúnico e bem pouco pelo padrão evangélico.
Espiritismo, no dizer de Emmanuel, é o Cristianismo redivivo. Se florisse então no
nosso movimento algo da fibra evangélica dos primeiros cristãos, os bens da FEP nunca seriam confiscados; ou se fossem, bem pouco tardaria a sua devolução, com justa compensação por todos os danos sofridos.
Quanto ao presente: É impossível ignorar-se o mal-estar que transvaza da cúpula
directiva do movimento, com temíveis prognósticos desagregadores.
Devemos sempre respeito e fraternidade aos nossos confrades, mesmo, ou sobretudo, quando equivocados e envolvidos (certamente a contra-gosto) na teia perigosa de situações de conflito, nas quais também qualquer de nós um dia pode cair. O quadro ameaçador encerra um aviso muito sério, que clama por todas as reservas de prudência e boa-vontade da nossa militância espírita, advertindo-nos mais uma vez do seguinte: Sem dúvida, os estatutos civis da FEP, tal como os das outras instituições espíritas, merecem respeito e acatamento porque são necessários. Mas não esqueçamos que eles, como diria Jesus (Marcos 2.27), foram feitos para as instituições, e não estas para os estatutos. A melhor leitura que deles se possa fazer, há-de ser inspirada pela moral espírita, isto é, pelo Evangelho de Jesus nos corações. Este deve prevalecer como nosso estatuto supremo, uma vez que constitui, afinal, não só a razão de ser como também a segurança do movimento espírita português, contra todos os perigos.
João Xavier de Almeida
3.5.09
ENTREVISTA COM ASTRID SAYEGH
ASTRID (IEEF) - Em prolegômenos a O Livro dos Espíritos, estes afirmam ser o Espiritismo uma Filosofia Racional, livre do preconceito do espírito de sistemas. Por sistemas entende-se as várias escolas filosóficas, ou um conjunto de ideais de determinado autor organizadas logicamente. Os espíritos afirmam desta forma que o Espiritismo não se encaixa em nenhum sistema ou conceito de um autor particular. Isto não significa que a Filosofia Espírita venha a negar os sistemas filosóficos, mas antes que, como síntese de um processo, ela abarca questões que já foram abordadas pelos autores na história, porém mantém a sua conceituação particular, o que mantém a sua identidade na história da filosofia.
Herculano Pires, em Introdução À Filosofia Espírita, afirma que o Espiritismo é a síntese da tradição filosófica, e que nesta encontram-se as raízes da Filosofia Espírita. Isso significa que o pensamento dos filósofos culminou na Filosofia dos Espíritos, na época moderna, e que estes devem ser considerados de modo a entender a amplitude de conceitos doutrinários. Efetivamente, Kardec não dialoga com nenhum autor em particular, e ao mesmo tempo dialoga com todos os filósofos. No entanto, em todos os momentos, podemos dizer que Kardec dialoga contra os materialistas.
EC - A formação de um bacharel em Filosofia demanda quatro anos de ensino superior ou mais. Como inserir os estudos de Filosofia no movimento espírita?
ASTRID (IEEF) - Muito embora um curso superior de filosofia se estenda por anos, é possível abordar de forma sintética o pensamento dos filósofos. No IEEF estudamos os pensadores durante um ano, e estabelecemos sempre uma correlação com os conceitos da Filosofia Espírita. Essa parte é essencial, pois é através desta reflexão que podemos entender a origem e os princípios da Filosofa Espírita.
EC - Que obras de Filosofia você indicaria aos interessados em estudar as conexões da codificação com o pensamento europeu?
ASTRID (IEEF) - São poucos aqueles que se dedicam a um trabalho fecundo sobre esta relação entre os conceitos doutrinários e a tradição filosófica; podemos indicar toda a obra filosófica de Herculano Pires, pois ele percorre a evolução histórica do pensamento em quase todos os textos, assim como os livros do Professor Manoel P. São Marcos, Filosofia Espírita e seus Temas, o qual foi o primeiro a escrever estudos sistematizados de Filosofia Espírita. O IEEF em breve lançará a obra Princípios da Filosofia Espírita, como texto didático visando essa conexão.
1.5.09
A LENDA DAS DUAS RAINHAS
Recebi este pequeno livro escrito sob inspiração pela pena do médico Franklin Santana Santos.
Ele transforma a História em história, com linguagem moderna, direta e deliciosa de se ler. Uma vez iniciada a leitura, é difícil a um amante da filosofia interrompê-la.
A Fé e a Razão são duas rainhas que viverão uma história de conflito cheia de reviravoltas. Haverá reconciliação possível entre as duas rainhas? Não posso responder à questão sem prejudicar o suspense que é criado na narrativa do autor. Há momentos em que o livro abandona um pouco a narrativa para tornar-se informativo, talvez por isto se tenha colocado na capa principal a expressão "mediunidade pedagógica".
Penso que o livro é utilíssimo ao evangelizador da infância que deseja contar a história das três revelações, assim como ao expositor que deseja uma nova abordagem para a História da Filosofia Espírita e pode ser adaptado às crianças pequenas.
Quanto ao trabalho da Comenius, destaco as ilustrações. Elas são belíssimas e ajudam a criar o clima de história ao longo da leitura. Impresso em um papel que lembra o reciclato, recomendo sua leitura aos amantes de histórias e do Espiritismo.
Ele pode ser comprado pelo site da Editora Comenius e custa 15 reais. A renda será destinada à Associação Brasileira de Pedagogia Espírita - ABPE e tem como finalidade auxiliar a construção de um hospice (não me perguntem o que é isso nos comentários...) http://www.editoracomenius.com.br/loja/produtos_descricao.asp?lang=pt_BR&codigo_produto=44
29.4.09
Dois Homens
O primeiro homem leu-o, febrilmente, as páginas em alguns dias e sentiu-se disposto a em empenhar-se no grande trabalho. Acumulou riquezas para que o “reino” que pretendia implantar tivesse estrutura inicial e adeptos, os quais granjeou com templos pomposos, medo e força.
Um dia acordou preocupado com a sua doutrina, criou uma classe de representantes de organização hierárquica, que pudessem, de braços dados com a política da época, exercer o seu mandato. Para a preservação desta estrutura, sacrificou todos aqueles que não comungavam com os seus ideais afirmando serem enviados do demônio. Não satisfeitos com tal, expandiu seus domínios, conquistando povos e manipulando exércitos sob a égide: “Não vim trazer a paz, mas a espada.” (Mt. 10:34)
Buscando levar os ensinos ao povo, representou-os por atos exteriores sem lhe explicar o sentido. Insatisfeito com os dizeres que lhe pareciam obscuros, modificou as cópias dos manuscritos e proibiu a livre leitura por parte dos neófitos. Senhor de um grande império, sentiu receios e procurou preservar a própria vida dos inimigos que criara com as armas dos subordinados. Usou da coroa do mundo, cravejada de ouro e brilhantes, para consagrar-se a si mesmo o maior dos representantes. Mancomunou-se com o mal e o vício para afirmar-se ainda mais.
Esqueceu-se da humildade e julgou-se maior que o “Criador da Vida” afirmando constantemente: “Sois deuses”. . . (João 10:34) Finalmente, ao sentir aproximarem-se as horas finais, perdoou os inimigos em voz alta, dizendo: Deus se encarregará deles.
Envolveu-se em sombras e nelas pereceu, infeliz e angustiado, em meio a lamentos e gritos de vingança que se corporificavam em sofrimento e dor. No ápice dos tormentos afirmou desesperado: Tudo o que li é mentira.
O segundo homem estudou com calma e ponderação, meditando e questionando para reter e compreender os ensinos. Identificou o mal que havia dentro de si e penetrou no firme propósito de modificar-se.
Dominou impiedosamente, seus defeitos e imperfeições, muitas vezes sob lágrimas atrozes, dizendo sempre: “Não vim trazer a paz, mas a espada”.
Sentiu a incompreensão e o desprezo dos pais e irmãos, e sem lhes atender as sugestões maliciosas, dedicou-se-lhes ainda mais, tendo em mente: “Aquele que houver deixado, pelo meu nome, sua casa ou seus irmãos, ou suas irmãs, ou seu pai, ou sua mãe, ou sua mulher, ou seus filhos, ou suas terras receberá o cêntuplo de tudo isso que terá por herança a vida eterna.” (Mt. 19:29)
Acumulou-se de virtudes, obedecendo ao dizer: “Não ajunteis tesouros na terra onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça, nem a ferrugem consomem e onde os ladrões não minam nem roubam”. (Mt. 6:19 e 20)
Dirigiu-se em direção ao povo e pregou, ele mesmo, as verdades que aprendera, disseminando amparo ao corpo e à alma. Não deu ouvidos aos que lhe caluniaram afirmando serem ainda crianças no entendimento; mas ainda assim amparava aos ingratos.
Ergueu um altar no coração para que pudessem adorar a Deus em Espírito e Verdade. Preocupando com os dizeres que não entendia, pediu inspiração aos anjos para que pudesse entendê-los, até que satisfez-se e tornou-se possuidor das palavras de vida eterna.
Não temeu jamais aos homens que apenas lhe podiam roubar o corpo.
Usou a coroa de espinhos, repleta do fel da ingratidão, abençoando e pedindo pelos que lhe caluniavam. Ante os convites inferiores, era severo e redarguia sempre: “Vai-te satanás, porque está escrito: Ao senhor teu Deus adorarás e só a ele servirás”. (Mt. 4:10) Se lhe bajulavam ou lisonjeavam-no respondia: “Por que me chamas bom? Não há bom senão um só que é Deus.” (Mt. 19:17)
Quando a “grande viagem” manifestou-se, ele procurou inimigos que pudesse perdoar e não os encontrou, por que não havia lugar para as inimizades um instante sequer em seu coração. Ao desencarnar, ouviu suave melodia, entoada em coro por milhões de vozes que lhe diziam: “Benfeitor desconhecido mas não esquecido; benvindo seja ao reino dos céus que levaste a terra enquanto jungido à carne”.
23.4.09
REENCARNAÇÃO?
22.4.09
NOVIDADES NO ESPIRITISMO COMENTADO
O Espiritismo Comentado está com uma novidade. As divulgações de eventos espíritas será feita no blog "Eventos Espíritas" (http://eventoespirita.blogspot.com/)
O último evento divulgado neste blog aparecerá dinamicamente no EC, à direita dos textos. Basta clicar neles para acessar o blog-auxiliar do EC e ficar informado sobre os eventos programados para acontecer no Brasil ou no Exterior.
17.4.09
DOIS FRAGMENTOS
O menino de rua entrou portaria adentro e deu de cara com uma funcionária da Universidade. Na minha cidade costuma-se chamar de Zé, a quem não tem nome, embora este menino tenha também sobrenomes: pivete, vagabundo, moleque, sem mãe... Mirradinho, embora eu não fosse capaz de dizer qual era a sua idade, moreno, olhos brilhantes, cabelos crespos, ele perguntou, direto:
- O que é isto aqui?
A funcionária, em um final de tarde, olhou para o menino e com um ar maternal respondeu:
- Uma faculdade!
Se ela tivesse conversado em grego, não seria muito diferente. O olhar do menino denunciava claramente que ele não havia entendido do que se tratava. Acostumado a ser tocado daqui e dali, como se fora um cãozinho, mas não foi mal recebido, o que lhe deu coragem para respirar fundo e insistir:
- Mas como é que a gente entra aqui?
Um diálogo de surdos! Falam a mesma língua, mas não se entendem. A funcionária respondeu, com um certo ceticismo e algum desalento na voz:
- Ihh, não é fácil. Primeiro você tem que estudar oito anos no ensino fundamental, depois mais três anos de ensino médio, aí você faz o vestibular, que é muito difícil, e, se passar, pode entrar.
Se ela tivesse falado em dialeto maia ou inca não seria mais entendida. O diálogo cessou por aí, com o menino olhando por cima do balcão de entrada, um olhar curioso, enigmático, com apenas uma certeza: não dá para entrar aí, mas, o que é isto aí mesmo?
* * * *
Norte de Minas Gerais. Um calor seco, insuportável ao meio dia. Uma pequena metrópole no meio do nada. No centro da cidade circulam a pé e de ônibus uma população cujo salário-referência é a metade de um salário mínimo. Terra de contrastes, na qual alguns quilômetros separam um haras de cavalos importados de um acampamento de tendas de lona, sem esgotamento, sem água encanada, sem luz elétrica, aberto pelos tratores da prefeitura para quem quisesse sair da vida campesina e construir casas... Crianças às dezenas levadas para as portas de um hospital público, repletas de doenças que não deveriam mais existir no final do século XX. Clima desértico, a temperatura cai muitos graus à noite, o que propicia pneumonia ao lado de desidratação, doenças de pele juntamente com parasitoses, todo o tipo de doenças que têm mosquitos como vetor, combatidas com o irritante inseticida, aspergido pelas ruas através de máquinas barulhentas, em uma tentativa inócua de combater os insetos que teimam em se multiplicar em toda parte.
As escolas públicas, quando não obedecem à arquitetura homogêneas das escolas estaduais, são pequenos cômodos, casebres, que acolhem com escassez de recursos as crianças, o futuro da região.
Em um dos bairros situado no limite da classe média e da periferia, um núcleo espírita. Pequeno, para os padrões da capital, mas muito procurado pela população de diferentes segmentos sociais. No período da tarde algumas de suas salas se transformam em salas de aula e recebem dezenas de crianças da região. O dirigente do centro espírita se reúne com a secretária de educação, que, na escassez de recursos lhe assegura lanches para as crianças que passarão as tardes com um grupo de jovens voluntários. Estudantes secundaristas uns, estudantes universitários outros, o trabalho cheira a improviso e boa vontade, mas é continuado.
Aos pais se transmite a educação como valor. Uma das mães, faxineira, bonachona, se deixou entusiasmar com aquela mensagem de desenvolvimento pessoal e conseguiu uma vaga à noite em escola pública de ensino secundário e técnico.
Final de ano e a prefeitura quer um relatório. Sumário. Resumidíssimo. Quantas crianças foram aprovadas na escola? Uma conversa rápida com a jovem coordenadora e uma resposta ingênua, como se a pergunta fosse tola ou banal.
Quantas? (Estranheza) Todas.
16.4.09
CÉLIA XAVIER LANÇA NOVO CICLO INTRODUTÓRIO DE ESTUDOS SOBRE O ESPIRITISMO
14.4.09
ESPÍRITAS DE JUIZ DE FORA PROMOVEM EVENTO
Programação:
20 de Abril Segunda - 20:00
21 de Abril Terça - 20:00
22 de Abril Quarta - 20:00
23 de Abril Quinta - 20:00
24 de Abril Sexta - 20:00
25 de Abril Sábado - 08:30
26 de Abril Domingo - 09:00
11.4.09
5.4.09
CICLOS DE ESTUDO SOBRE MEDIUNIDADE
Integrado à equipe de trabalhadores do então Grupo Emmanuel de Estudos Evangélicos, os trabalhos mediúnicos e os estudos evangélicos foram o grande espaço de experiências e aprendizagem de José Mário Sampaio.
O Grupo Emmanuel contava com trabalhadores dedicados, abertos ao estudo e à troca de idéias. Os três irmãos Abreu (Lúcio, Honório e Oswaldo), Manoel Alves, Damasceno Sobral, Leão, Tiana e muitos outros trabalhadores importantes do movimento espírita mineiro encontravam-se para os trabalhos costumeiros.
Casos intrincados envolvendo médiuns e problemas relacionados à mediunidade e à obsessão afluíam para o grupo.
- “No começo, levávamos a pessoa que apresentava problemas mediúnicos para a reunião mediúnica. Aos poucos, começamos a observar que ela se tornava um problema na reunião mediúnica.” Ele explicava aos participantes de sua reunião às segundas-feiras, na sala 24 da União Espírita Mineira.
Pessoas que desconheciam o Espiritismo e apresentavam problemas com a mediunidade, tornavam-se perturbadores potenciais nas reuniões. Sem qualquer conhecimento sobre suas faculdades, alguns médiuns, subjugados à influência obsessiva ou apenas incapazes de controlar a
Um terceiro grupo de pessoas que procuravam os trabalhos mediúnicos eram os curiosos. Em alguns lugares havia reuniões mediúnicas públicas, e algumas pessoas pululavam de grupo em grupo, interessadas em verem os médiuns em ação, da mesma forma que os aficionados em teatro ou cinema buscam seus atores favoritos ou o gênero de sua escolha. Eles se interessavam pelo espetáculo mediúnico, mas não estavam dispostos a submeterem-se à disciplina do trabalho. Uma vez na assistência, queriam apenas ver e comentar as reações de médiuns, doutrinadores e espíritos comunicantes.
Ao discutirem sobre estes problemas, os membros do Grupo Emmanuel foram experimentando, com o passar do tempo, ações diferenciadas para o trato com o neófito. Uma das ações, que acabou sendo adotada como política da União Espírita Mineira para com os seus freqüentadores foi a criação de ciclos de estudo para iniciantes, muito antes de se falar em Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita. Já existia em São Paulo os Cursos de Médiuns, mas José Mário e seus colegas de Grupo Emmanuel eram avessos ao termo. “A palavra curso induz as pessoas pensarem que se formarão e se diplomarão médiuns, o que não é verdadeiro”, diziam. “Empreguemos o termo “ciclo de estudos”, que comunica bem a temporalidade da ação e não passa às pessoas a idéia de que, após concluído, não é mais necessário estudar.”
E assim foi feito. Três “ciclos de estudo” que se iniciavam e se concluíam continuadamente. Um sobre Doutrina Espírita, outro sobre Evangelho e um terceiro sobre Mediunidade.
O de Doutrina, durante anos a fio foi da responsabilidade de Honório Abreu, hoje presidente da União Espírita Mineira. Calcado em quinze princípios básicos que a equipe do Grupo Emmanuel identificou, aproximadamente um por semana, ele se completava com cerca de três meses.
O ciclo de estudos sobre o Evangelho foi da responsabilidade de Manoel Alves por anos a fio. O Grupo Emmanuel dedicava-se a estudar o texto evangélico e bíblico versículo a versículo, influenciado pela mediunidade de Chico Xavier e por alguns dos trabalhos de Emmanuel. Era uma espécie de ruptura com uma prática de estudos evangélicos calcada apenas na leitura e comentário de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Kardec. Por esta razão, em terras mineiras, este tipo de hermenêutica ficou conhecida, no meio espírita, pelo nome de “miudinho”.
O ciclo de estudos sobre mediunidade ficou, até a desencarnação, em 1988, sob a responsabilidade de José Mário e foi desenvolvido, pelo que sei, em parceria com Oswaldo Abreu. Durava cerca de oito meses, e era composto de palestras que tratavam de assuntos teóricos e práticos da mediunidade. Do conceito de mediunidade, aos diferentes tipos de médiuns, da sintonia aos mecanismos da mediunidade, da oração ao dia a dia das reuniões mediúnicas, diversos assuntos faziam parte desta preparação inicial dos médiuns.
Se alguém se apresentava com uma possível sensibilidade ou uma acentuada faculdade de perceber os espíritos, era orientado a passar por estes cursos antes de se integrar aos grupos de prática mediúnica. “Mais que aprender a dar comunicação, é importante que o médium aprenda a controlá-la”, dizia José Mário.
Mais de uma vez, após uma prece ou no meio de uma palestra, algum médium “incontinente” emendava uma comunicação no meio do público e a voz segura e firme de José Mário orientava: “Irmão, aqui não é a hora nem o lugar de dar comunicar-se.” Alguns assistentes, assustados, colocavam-se prestos para a aplicação de passes, o que ele não permitia naquele momento crítico. Geralmente, o médium, sem graça ou em estado de leve perturbação emocional interrompia seus impulsos e se controlava.
Quando iniciaram-se os ciclos, a freqüência era baixíssima, a ponto de desanimar. Damasceno Sobral, ao ouvir as lamúrias, dizia, profético, empregando aquele tom de voz de quem andou conversando com os espíritos mas não quer dizer: - “vai chegar o dia em que as salas não comportarão os interessados”. E aconteceu. A sala 24 da União Espírita Mineira cabia cerca de quarenta pessoas assentadas. Próximo da desencarnação, papai iniciava seus trabalhos às 19:30 horas. Às sete horas os mais motivados começavam a chegar, para disputar lugares nas cadeiras, depois para conseguir um lugar assentado. Impreterivelmente às 19:15 horas, Mário Sampaio já estava nas portas da União Espírita Mineira, e às 19:30 horas fazia-se a prece inicial dos trabalhos. Às 19:35 não era incomum amontoarem-se, de pé, as pessoas pelo corredor superior da União Espírita.
Muitas vezes a diretoria (e aqui cabe lembrar Martins Peralva) lhe ofereceu fazer os estudos no salão, que comportaria mais de cem pessoas. Ele recusava, com educação, preferindo a intimidade dialógica da sala pequena (era a maior das salas de estudo do antigo prédio da UEM).
Algumas pessoas assistiam ao ciclo diversas vezes. Quando eu lhes perguntava por que faziam isso, algumas diziam “ter a oportunidade de aprender mais”, outras não escondiam a admiração pela palavra clara e didática do expositor, outras tinham o interesse em levar a prática para seus centros espíritas de origem e queriam aprender bem, outras diziam que haviam perdido algum dos temas e não queriam ficar sem ver tudo.
Os esquemas de estudos foram anotados em cadernos, que depois viraram fichas e com a máquina de datilografar, pequenos bloquinhos com frases sintéticas.
Não demorou muito para que se fizessem apostilhas
Da apostilha veio um livreto, em 1983, que ele organizou conjuntamente com Oswaldo Abreu, publicado anonimamente, sob União Espírita Mineira e intitulado “Mediunidade”, que é o sexto livro da coleção “Evangelho e Espiritismo” e que foi distribuído gratuitamente aos interessados durante anos a fio.
Alguns centros espíritas convidavam-no para levar o ciclo de estudos em suas casas, o de mediunidade ou o de passes (sobre o qual nada disse neste texto), e não foram poucas as casas onde ele esteve, o Grupo da Fraternidade Irmã Scheilla, o Glacus e muitos outros.
Passados quase 17 anos da sua desencarnação, não é incomum eu chegar pela primeira vez em algum centro espírita da capital ou do interior e algum dos dirigentes ou freqüentador me perguntar em particular: - Sampaio, você é parente de José Mário? E ante a minha resposta afirmativa ele responder. “Eu aprendi muito sobre mediunidade com ele na União Espírita Mineira, na sala 24”.