3.12.16

ISOLAMENTO DE GRUPOS NO CENTRO ESPÍRITA




Jáder Sampaio

O isolamento de grupos em um centro espírita de grande porte é um dos grandes desafios institucionais que precisa ser enfrentado, para que não haja ruptura do caráter associativo.

É mais fácil isolar-se em uma reunião (mediúnica, por exemplo) ou grupo, participar de atividades apenas com as pessoas deste grupo e contribuir com um valor da cota associativa, não se interessando pelas necessidades coletivas da associação, e apenas direcionando exigências para a diretoria, sob a justificativa de ser sócio regular e participar da organização há décadas.

Neste caso, sempre que as necessidades de muitos afetam a rotina dos trabalhos do grupo, este trata dos pedidos de mudança da direção como uma intervenção indevida.

Quando isto acontece, há uma inversão do pacto associativo. Os dirigentes são vistos mais como empregados ou prestadores de serviço da organização e não como lideranças, que abrem mão de seu tempo pessoal e familiar para contribuir com a associação a pedido e com voto de confiança de todos.

Neste cenário, é mais difícil mobilizar a contribuição dos associados para objetivos comuns, da associação como um todo, que demandam trabalho voluntário e envolvimento de todos. Os projetos externos a um grupo, como a construção de uma nova sede, a adoção de regimentos, o socorro a uma atividade considerada importante que está com falta de trabalhadores, a promoção de eventos para encontro dos membros da organização, sejam de caráter doutrinário ou administrativo e a participação de pessoas de diferentes grupos em atividades que não são vistas como “deles” por dirigentes e membros de grupos.

As escolhas de dirigentes e lideranças se tornam um trabalho muito difícil, porque, isolados, os valores de cada grupo não são conhecidos pela organização como um todo, faltando o vínculo da confiança e do respeito entre eles e o corpo dirigente. Os valores, quando identificados e convidados, necessitarão gastar mais energia e dedicação para superar as dificuldades criadas pelo isolamento e pelo desconhecimento das equipes novas com que trabalharão. Não raro, muitos se afastam precocemente, por motivos muitas vezes triviais, que não seriam causa deste tipo de atitude se já houvesse um relacionamento anterior.

Não há, portanto, uma relação orgânica entre o nível estratégico (a direção do centro), nível gerencial (a direção dos grupos) e trabalhadores (nível operacional). Começa a ocorrer uma estranha disputa de poder entre direção do centro e direção dos grupos, quando deveria haver um relacionamento de colaboração, principalmente porque os grupos e os associados em geral necessitam de um corpo diretor eficaz e são eles que o elegem e o conduzem a suas funções “nunca-remuneradas”.


Esta reflexão não exime os dirigentes dos centros espíritas de seus equívocos, do excesso de individualidade ou do cometimento de abusos em suas funções, mas este seria objeto de discussão de outro texto. O que observamos é a estranha inversão e competição, que possibilita o desenvolvimento de um clima organizacional na casa espírita muito bem descrito pelo espírito Irmão X, no livro Cartas e Crônicas, capítulo 29, intitulado “Bichinhos” ao qual remeto o leitor.

14.11.16

COMO RHINE DELIMITOU O CAMPO DA PARAPSICOLOGIA?




O termo parapsicologia foi criado por Max Dessoir, um filósofo e psicólogo alemão, mas seu emprego sistemático como um conceito para agrupar um conjunto de fenômenos e designar uma nova ciência parece ter sido difundido a partir dos trabalhos de Joseph Banks Rhine, pesquisador norte-americano.

Rhine ficou conhecido por seus estudos com telepatia, clarividência, precognição e psicocinese, mas ao ler o livro “Extra-Sensory Perception”, originalmente publicado em 1964, encontrei um traçado do campo da parapsicologia, feito por ele, que compreende os fenômenos espirituais. Isto não significa que ele tenha aceitado as teorias espíritas, mas que insere a fenomenologia que usou Kardec para desenvolvê-las no campo da parapsicologia.

No livro ESP, Jopseph Banks Rhine, pai da parapsicologia moderna, escreve um capítulo para “clarificar o problema”, no qual delimita o campo da pesquisa psíquica e no qual pretende dividir de uma forma mais detalhada que a então conhecida divisão em fenômenos físicos e mentais.

Ele defende o uso do termo parapsicologia para o campo como um todo, que ele considera ser mais apropriado que “pesquisa psíquica” ou outros, porque a palavra situa os fenômenos ao lado do campo da psicologia, e não fora dele. Dessoir tem um segundo objetivo com o termo: situar os fenômenos entre os chamados normais e os patológicos (são incomuns, mas não se referem a doenças ou transtornos mentais) Como os fenômenos vão além da fronteira com a Psicologia, Rhine os dividiu segundo a tabela abaixo:

Fenômenos Parapsicológicos

A) Parapsíquicos: Telepatia e clarividência (experimentais e espontâneas), “dowsing” (procura de água ou minerais abaixo do solo, através de uma varinha, rabdomancia), sonhos ou alucinações preditivos e premonitórios, psicometria, comunicações espirituais “verídicas”.

B) Parapsicofísicos: Telecinese, levitação, “luzes psíquicas”, mudanças de temperatura, “apports” (mediunidade de transporte), etc.

C) Parapsicofisiológicos: Materializações, extrusões, “elongations” (alongamentos), estigmatização, mudanças extremas da temperatura do corpo.

D)  Parapsicopatológicos: “Patologia da possessão”, “cura psíquica” de doenças orgânicas, além do efeito da sugestão.

E) Parapsicoliterários (e outros parapsicoartísticos): Escrita criativa ou outra arte claramente impossível como resultado de treinamento natural, por exemplo, Patience Worth como foi relatada. (Esta classe pode ser adequadamente considerada como um sub-item de A).

Como se vê, embora suas pesquisas tenham se focalizado nos itens A e B principalmente, ele tinha uma visão bem mais ampla da fenomenologia parapsicológica, e, portanto, do seu campo de estudos.

Ao contrário do que dizem alguns, ele considera a existência das teorias que tratam de Espíritos, como se pode ler na página 8 do livro. Ele afirma que as ocorrências relatadas podem “ser supostamente devidas a agências (agentes) incorpóreos, chamados “controles”, “espíritos”, etc. ou supostamente produzidos por certos agentes corporais (quer dizer, vivos) que são especialmente sensitivos e capazes de desempenhos pouco usuais”.

Então ele desenvolve outra forma de classificar os fenômenos, na qual:

A) Um agente corpóreo influencia outro. (por exemplo: telepatia)

B) Um agente corpóreo pode ser apenas pessoalmente afetado (por exemplo: clarividência)

C) O agente incorpóreo (uma personalidade desencarnada que sobreviveu à morte) pode influenciar um corpóreo. (por exemplo: “experiências mediúnicas”)

D)  O agente incorpóreo pode produzir fenômenos sem a ajuda de um agente corpóreo com capacidades paranormais (por exemplo: assombrações)

Nesta última categoria, a explicação de Rhine colide com o entendimento de Allan Kardec, que explica que, mesmo nos casos de casas assombradas e nos fenômenos de efeitos físicos em geral, há sempre a atuação de um médium.

Mais uma vez, em meus estudos, vejo como é importante ler os autores originais, em lugar de seus divulgadores, comentaristas ou autores de “segunda-mão”.

Fonte: RHINE, Joseph Banks, Extra-sensory perception. 4th edition. Boston – USA, Branden Publishing Company, 1997. Capítulo 1: Clarification of the problem

1.11.16

VAMOS?



Uma expressão muito usada por aqui, nas terras mineiras, é o vamos, sempre seguido de interrogação. Na linguagem oral, se usa também o “vamo” e o “vão”. É uma expressão muito poderosa por aqui.

As casas espíritas anunciam suas tarefas em público, coletivamente, mas via de regra, a maioria das pessoas ouve como se fosse algo estranho a elas, ou algo chato, como a hora do intervalo comercial da televisão aberta. Talvez uma ou duas pessoas, em um grupão de cem, preste atenção no recado e pense, no recesso de sua alma: será que eu vou?

Lembro-me quando era muito jovem, lá pelos 13 anos, e assistia as reuniões de mocidade no Célia Xavier. Muitos de nossos colegas e eu chegamos ao Célia Xavier a partir de um convite de amigo ou familiar. Vamos? Disseram um dia.

Estava no meio do grupo, quando convidaram para o que se chamava de encontro fraterno. Por aqui, é uma leitura de texto espírita com comentários, seguida de um momento de descontração, com música, "comes e bebes", etc. Eu ouvi o recado como se não fosse direcionado a mim. Depois de terminada a reunião, a coordenadora (Thelma Rodrigues) veio conversar diretamente comigo, e me deu um “vamos”:

- "Quero vê-lo lá amanhã!" Só depois dele, eu me enchi de coragem para pedir ao meu pai para ir. Tempos curiosos estes...

Quando fazia o trabalho de tese, onde estudei os voluntários de uma das unidades de nossa casa espírita, uma das perguntas que direcionava parcialmente a entrevista era que contassem como se tornaram voluntários. Sete dos oito voluntários foram mobilizados pelo canto sonoro do “vamos”. Apenas um deles ouviu um recado dado a toda gente (e a ninguém em especial) e foi procurar alguém para oferecer-se.

Em visita à Mansão do Caminho, vi voluntários fazendo as tarefas mais diferentes possíveis, e alguns deles me explicaram que ouviram o “vamos” (não sei como é esta expressão na Bahia) diretamente de Divaldo Franco. Alguns estavam aposentados e mudaram de cidade e domicílio para atender ao convite.

Lembro-me de um episódio envolvendo Eduardo Carvalho Monteiro, que sabendo de uma pessoa que passou a frequentar o grupo, disse ao amigo. 

– Está na hora de lhe fazer um convite! Ou então: 

- Esta pessoa merece receber um convite para o trabalho.

Quando vejo dirigentes de reunião, que fazem bem o papel de “figurão[1]”, mas nunca usam a profunda força do “vamos”, penso que corremos o risco de igrejificar as casas espíritas, de ter multidões achando muito lindas as reuniões e muito tranquilizantes os passes, mas que lá estão presentes da mesma forma que estariam em um programa, um cinema, uma festividade ou uma obrigação social. Não pretendem se imiscuir, fazer parte, tornar-se membro, apenas estar presente e usufruir.

O “vamos” demanda de quem usa, a capacidade íntima de ouvir a negativa, o “não posso”, o “não agora”, o bem mineiro “de jeito nenhum”, e outras formas equivalentes. 

O “vamos”, se pensarmos bem, dividiu o calendário ocidental. Foi empregado por Jesus diversas vezes, como no momento após a pesca no Tiberíades, quando ele convidou Pedro a ser “pescador de homens”. Era um “vamos” radical, que exigiu uma mudança profunda, afetando a profissão, a família, o futuro... Ele também foi usado pelo Mestre com o “jovem rico”[2], que, infelizmente, tinha muitas propriedades...






[1] Figurão, é um termo empregado por teóricos do comportamento organizacional, que tem por sentido principal representar a organização. Um dirigente pode desempenhar bem esta função, vestindo-se adequadamente, falando bem, agindo segundo as normas de conduta do grupo, mas não se torna um líder apenas com o desempenho deste tipo de função.

[2] Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. (Mateus, 19:21)

27.10.16

34a. FEIRA DO LIVRO ESPÍRITA NA UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA



A feira do livro espírita encerra suas atividades neste final de semana.
1400 Títulos
18.000 unidades (livros, CDs e DVDs)
Muitos voluntários
Descontos de até 70%
Livro mais vendido: O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec (Edição popular)

Data: 14, 15 e 17 a 23 outubro na União Espírita Mineira - Rua Guarani 315 - Centro de Belo Horizonte. (Infelizmente já encerrou...)

14.10.16

A COMUNICAÇÃO DE BEZERRA DE MENEZES NO 8o. CONGRESSO ESPÍRITA MUNDIAL



Um leitor do Espiritismo Comentado me pediu que publicasse a comunicação de Bezerra de Menezes que foi citada no texto do Paulo Mourinha, publicado ontem. Graças à gentileza e presteza do amigo de Portugal, estamos publicando hoje esta transcrição.

Para quem quiser ver mais fotos, vídeo conferências ou áudio conferências, a organização do evento disponibilizou, gentil e gratuitamente, no link abaixo:


Comunicação de Bezerra de Menezes por Divaldo Franco (Transcrição de Paulo Mourinha)

"Deveremos converter-nos em chamas vivas, para que nunca mais, haja escuridão na Terra. É necessário que o nosso amor se transforme, em ESPERANÇA e ALEGRIA.

Há tanta DOR esperando por nós. Tantas lágrimas a enxugar. Tanto sofrimento que temos vergonha de ser felizes. ESPÍRITAS MEUS FILHOS transformai as lições profundas da CODIFICAÇÃO ESPIRITA numa diretriz de segurança para encontrardes a plenitude. Nós, aqueles que atravessamos o portal de cinza e de lama de que se constitui o corpo. Voltamos para dizer-vos: AMAI A VIDA EM TODAS AS SUAS EXPRESSÕES. PORFIAI NO BEM E CREDE, CRISTO VIVE. A MORTE, É NADA MAIS QUE A TRANSFORMAÇÃO DE MOLÉCULAS QUE VOLTAM A QUÍMICA ORIGINAL DO SUBSOLO, PARA NOVAS CONJUGAÇÕES ATÔMICAS.

O Amor, à luz da Caridade, é o maior tesouro que podemos carregar. Onde estejais, que brilhe a luz do Senhor, e que todos saibam, que sois irmãos uns dos outros, diferindo a verbalização idiomática. O nascimento do solo, o endereço, mais uma só pátria...A PÁTRIA DA FRATERNIDADE. Uni-vos, porque unidos no amor sois uma força indestrutível, mas, separados, sereis vencidos pelas próprias paixões e procurai levar sem temor a mensagem de vida eterna. Não tendes mais as arenas, nem as cruzes, nem os empalamentos, nem as fogueiras, mas tendes as paixões eternas a vencer.

Os Espíritos espíritas deste Congresso em nome de Léon Denis que patrocina este evento a nível mundial, suplica a Deus que, a todos, nos abençoe e nos guarde em muita paz.

O Servidor humílimo e paternal de sempre. Bezerra"

13.10.16

COMO FOI O 8o. CONGRESSO ESPÍRITA MUNDIAL?





8º Congresso Espírita Mundial

por Paulo A. Baía Mourinha

Congressistas de 42 nações estiveram em Portugal em Defesa da Vida.


Nos dias 7, 8 e 9 de Outubro, a sala Tejo da Meo Arena, tornou-se pequena para receber os mais de 2000 congressistas que vieram de todas as partes do mundo para assistir a um conjunto de 22 conferências proferidas por médicos, psicólogos, juristas, jornalistas, professores, engenheiros, economistas e gestores, em torno do tema : Em Defesa da Vida.

Com a Organização do Conselho Espírita Internacional e a coordenação da Federação Espírita Portuguesa, o 8º CEM teve inicio com dois lindíssimos momentos culturais de autoria da bailarina Isabela Faria , da pianista Joana Vieira Shumova e  do violoncelista Mikhail Shumov.

Após a constituição da mesa inicial do congresso, tomaram a palavra cada um dos participantes da mesma. Começou Vítor Féria (presidente da Federação Espírita Portuguesa) que deu as boas vindas aos congressistas do 8º CEM e pediu a Raul Teixeira que fizesse a prece de abertura dos trabalhos. Momento de sentida emoção que permitiu perceber o laço profundamente empático entre todos os presentes.

De seguida tomou a palavra Charles Kempf (secretário geral do CEI) que abordou a história dos Congressos Espíritas Mundiais, a sua importância e as suas figuras históricas.

Seguiu-se a muito festejada conferência de Divaldo Pereira Franco que durante cerca de uma hora , trouxe uma perspetiva histórica da busca humana pelo sentido da vida e do seu valor.

Após o intervalo, seguiu-se um bloco de palestras que começou com a Engenheira Nuclear Rejane Planer e a sua abordagem à Cosmologia Espírita. Seguiu-se o tema Vida e Ciência apresentado pelo orador espanhol, António Lledó.

O jornalista e diretor da FEBTV , Carlos Campetti tomou então a palavra para nos falar acerca do Diálogo de Jesus. Faltava apenas José Roberto Santos (diretor científico da AME-ES) se dirigir à plateia com o tema Eutanásia e Distanásia.

A tarde encerraria no auditório com mais um momento cultural, desta vez a cargo da voz suave e doce da intérprete Sílvia Torres, conhecida também como Sonasfly.

Importante referir que antes dos trabalhos no auditório e durante os seus intervalos, nas outras salas decorriam atividades:  venda de livros dos muitos autores presentes e de obras importantes do espiritismo à exibição de e-posters científicos que ao longo dos 3 dias focaram os seguintes temas : Epigenética (Paulo Mourinha) ; Musicoterapia (João Paulo Gomes) ; Arte (Renata Gastal Gomes); Vida Animal (Edison Siqueira); Educação Espírita (Associação Dialogar); O que é a Física Quântica (Nuno Cruz) ; Quântica, Espiritualidade e Saúde (Moacir Lima – Programa Orientadorima); Homeopatia (Paulo Mourinha); Nutrição e Saúde (Ana Sofia); PO2E – Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens (Ana Duarte).

Noutra sala, decorreram as entrevistas a várias figuras do movimento espírita e conferências de imprensa.



O segundo dia do congresso (dia 8), iniciou-se com o vibrante poder vocal dos dois contratenores : Luís Peças e João Paulo Peças, que colocaram a sala numa atmosfera de deleite auditivo, como sempre acontece quando se escuta música de qualidade superior.

Os apresentadores da manhã (Marta Rosa e Esteves Teiga) anunciaram então o primeiro orador: o coronel na reserva, João Gonçalves e a sua abordagem ao Pensamento Sistémico. Posteriormente seguido pelo especialista em marketing digital, Vasco Marques, que nos esclareceu acerca do Mundo Digital. Para encerrar este bloco completamente português, veio José Lucas (tenente-coronel na reserva) apresentar As Provas Científicas da Fluidoterapia.

Após o intervalo, foi constituído um painel para trabalhar a questão do suicídio, composto por : Filipa Ribeiro (jornalista) ; Carlos G. Gomes (profissional de inteligência empresarial); Dalva Sousa (professora); Alexandre Silva ( jurista) ; Gelson L. Roberto (psicólogo). Este painel foi coordenado pela presidente da Federação Espírita dos Estados Unidos, Jussara Korngold.

Foi então a vez do Administrador de propriedades, Manuel de La Cruz nos falar sobre o Aborto contando para isso até com convidadas em palco.

Era chegado o momento para o almoço e a alegria continuava presente na sala.
Para iniciar a tarde, nada melhor que ouvir a harpista Helena Madeira, que nos transportou aos planos mais elevados da vida, mercê dos acordes celestiais da harpa e da sua encantadora voz.

Marlon Reikdal, psicólogo clínico, discursou sobre o Inimigo em Mim, abrindo o primeiro bloco da tarde. E quando já só faltavam cinco minutos para as 16 horas, Gláucia Lima, Psiquiatra de profissão dissertou sobre Disforia de Sexo.
A professora Ana Duarte encerrou então este bloco com uma abordagem à Dislexia- Humildade e Aprendizagem.

Após o intervalo, formou-se mais um painel, desta vez para dialogar sobre a Educação. Com a coordenação da psicóloga Miriam Masotti Dusi, juntaram-se ao painel : Vera Milano (funcionária reformada do Banco do Brasil); Milcíades Torres (gerente Comercial); Vera Leite (empresária); Leonor Leal (técnica de RH) e Alessandro Viana de  Paula (magistrado).

Seguiram-se as 3 palestras individuais da tarde, começando com o médico Luténio Faria e o seu tema Medo da Velhice.

Foi então a vez do neuropsicólogo Paulo Mourinha debater o tema A Ética Espírita e o Pensamento Ecológico Profundo.

Ficando o encerramento a cargo do jornalista brasileiro, André Trigueiro, com o tema Espiritismo e Ecologia.

O dia mais preenchido do Congresso - envolveu 20 conferencistas  - terminava e nem por isso se sentia desgaste ou cansaço na vasta plateia que se renovava em conversas e afetuosos abraços muito para além da última sílaba ter sido proferida pelos apresentadores da tarde ( Nuno Cruz e Isabel Piscarreta).

Chegávamos então ao derradeiro dia.

9 de Outubro, dia marcado pelo auto de fé de Barcelona, que em 1861 tentou destruir ideias, mas que se ficou pela transformação de papel em cinzas.

Antes que as palestras tomassem conta do auditório, Maurício Virgens, barítono brasileiro, encheu literalmente o auditório com a pujança de um registo vocal capaz de criar uma parede de som ao mesmo tempo imponente e enternecedora.

Aproveitando a atmosfera especial, Xavier Llobet, advogado de profissão lembrou os acontecimentos do Auto de Fé de Barcelona, tão distantes e no entanto tão perto.

Minutos depois tomava o palco, o presidente da Federação Espírita Brasileira para desenvolver o tema Espiritismo e Vida.

Faltava que antes que a palavra fosse de novo devolvida a Divaldo Pereira Franco, se fizesse uma homenagem Em Louvor à Vida e ao Amor, cortesia de Iris e Cláudio Sinoti.



Foi então já com uma sensação de "fim de festa" que o grande orador baiano tomou a palavra para fazer uma súmula acerca dos temas do 8º Congresso Espírita Mundial e da necessária responsabilização pessoal de cada espírita que ouvindo os conteúdos precisa de os transformar em atitudes diárias. E para enorme alegria dos congressistas que enchiam completamente a Sala Tejo, o Mundo Maior se manifestou através da psicofonia de Divaldo, articulando a mensagem de Bezerra de Menezes, toda ela um convite à superação pessoal através do amor, num mundo que passando por tribulações , precisa de alcançar a verdadeira fraternidade, a única capaz de unir os homens.

Após esta tão importante mensagem, faltavam apenas as despedidas que ocorreram em apoteose, com toda a organização a ser aplaudida de pé pelos congressistas ao som do "Hino à Alegria" que por essa altura Maurício Virgens cantava ininterruptamente, em diferentes idiomas.

Últimas palavras (emocionadas) de agradecimento do presidente da Federação Espírita Portuguesa, a todos os presentes e eis que as cortinas se fecharam pela última vez no 8º Congresso Espírita Mundial.

Um misto de saudades e de dever cumprido inundava a maioria dos corações. Abraços, sorrisos, olhos inundados de lágrimas temperavam o afeto com água salgada…

Até breve diziam uns aos outros.

Até ao 9º Congresso Espírita Mundial, dizemos nós!

10.10.16

REVISTA CULTURA ESPÍRITA PUBLICA TRABALHO SOBRE FLAMMARION



A Revista Cultura Espírita, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil - ICEB, publicou um artigo nosso que analisa a produção de Camille Flammarion sobre temas espíritas e espiritualistas. 

Discutimos como a influência do positivismo, uma escola filosófica francesa, fez com que seus livros de pesquisa se detivessem à constatação de fenômenos espirituais. Isto prejudicou que ele estabelecesse um diálogo com o pensamento kardequiano.

Aborda-se neste trabalho, também, como Flammarion usou a ficção como forma de divulgação da astronomia e do espiritismo. Muitos de seus leitores não conseguem, em quatro de seus livros, fazer a separação entre ficção e realidade, que ele mescla no texto. Ele usa, também, alteregos entre seus personagens, que são de fácil identificação para quem conhece alguns de seus dados biográficos.

A assinatura anual da revista (R$44,00) pode ser feita pelos telefones 021-2224-1060 e 021-2224-0736 ou solicitada em revistaculturaespirita@gmail.com

8.10.16

PROPAGANDA POLÍTICA EM CENTRO ESPÍRITA?



Véspera de eleições municipais. Na saída da reunião matutina de sábado, quando se levam os filhos para a evangelização, uma situação constrangedora. Pessoas estranhas ao grupo estão distribuindo envelopes fechados na porta do centro espírita.

- Uma mensagem linda de Eurípedes Barsanulfo para você! Dizia a panfletista. Leia com atenção!

Não era apenas uma mensagem de Eurípedes, psicografada por Suely C. Schubert em 1983, mas também um “santinho” eleitoral e uma carta aos espíritas em geral, falando da “crise do campo político no Brasil”, e sugerindo que em vez de deixar um oportunista ou ladrão ocupar o cargo, que se votasse em um dirigente afastado de seu cargo em centro espírita, para fazer campanha eleitoral, por um partido minoritário.

A responsável pelos panfletos disse a uma frequentadora:

- Nós somos iguais, somos espíritas!

Não sou capaz de descrever com precisão o que aconteceu, mas um dos pais, após tentar inutilmente explicar a todos que aquele ato nada tinha a ver com nosso centro espírita, e ser recebido com ouvidos de mercador da parte dos panfletistas, alterou-se.

- Está obsediado, disse a senhora que distribuía os envelopes. Sou médium e percebo os espíritos próximos a ele. Deveria ser levado a uma reunião de desobsessão...

Uma das coordenadoras da reunião pediram que eles não ficassem na porta do centro, mas eles apenas se afastaram um pouco e continuaram panfletando.
O mais curioso foi o inusitado do acontecimento. Estou há décadas nesta casa espírita e não me recordo de um assédio desses em período eleitoral. Que pensar da situação?

A lei eleitoral proíbe a propaganda eleitoral em templos religiosos (Resolução nº 23.457, de 15 de dezembro de 2015) entendendo-os como bens de uso comum (Código Civil). Pelo que li nos jornais, os arredores de templos religiosos, como se configurou a propaganda, foram proibidos pelo Ministério Público de Minas Gerais até 05 de julho (http://coad.jusbrasil.com.br/noticias/2208071/igreja-evangelica-lei-proibe-propaganda-em-templos-religiosos) mas não encontrei proibição explícita após esta data e a lei é passível de interpretação.

Ficou claro que a distribuição visava às pessoas por serem espíritas, e que houve um mascaramento da propaganda política sob a forma de mensagem, ou seja, apresentava-se aos frequentadores da nossa casa a distribuição gratuita de um texto psicografado por médium e espírito respeitáveis, mas a intenção principal era apresentar um candidato a vereador e obter votos.

Na carta e no panfleto se vê que a plataforma do candidato a vereador apresenta apenas que ele é um espírita, boa pessoa, que pratica caridade. Qual é a proposta de trabalho dele? Como se posiciona ante os principais problemas e projetos em curso do legislativo municipal? Que exigências o partido faz de seus filiados e por que se filiou ao seu partido? Nem uma palavra.

A questão que mobiliza a candidatura é apenas que ele não se deixará corromper individualmente, o que parece importante, mas é muito pouco em matéria de política.


Penso que dizer-se espírita não qualifica um candidato, e ainda acho que trazer os problemas dos partidos políticos (o que não é o mesmo que problemas sociais) para a esfera dos centros espíritas, traz consigo o risco da manipulação, da divisão entre os membros a partir de ideias políticas, o conflito externo e apaixonado das legendas, o risco do assédio político na esfera individual das microrrelações nas sociedades espíritas e o jogo dos interesses que costumam atrair poderes econômicos e partidários, às vezes meramente instrumentais. 

6.10.16

PERFIL DOS EXPOSITORES DO SEMINÁRIO "NOVOS ESTUDOS SOBRE A REENCARNAÇÃO"


Alcione Albuquerque

Psicóloga com especialização em clínica

Sócia-fundadora da AMEMG - Associação Médico-Espírita de Minas Gerais

Psicóloga voluntária do GEEPSICON – Grupo de assistência integral ao paciente oncológico

Membro do grupo de estudos espíritas, coordenado por Waldemar K. Duarte

Palestrante e escritora espírita, com vários livros publicados


Professora de ética profissional e grupos de estudo sobre o feminino



Jáder Sampaio

Psicólogo organizacional e do trabalho aposentado

Professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais

Tradutor das obras espiritualistas de Alfred Russel Wallace para o português

Organizador da série “Pesquisas Brasileiras sobre o Espiritismo” e, mais recentemente, colaborador da Coleção “Espiritismo na Universidade”

Médium psicógrafo, publicou os livros “Casos e descasos na casa espírita” (espírito Conselheiro) e “O observador e outros estudos” (diversos espíritos) pela editora Lachâtre.

Membro da Associação Espírita Célia Xavier

Colaborador da LIHPE – Liga de Pesquisadores do Espiritismo e dos ENLIHPEs – Encontro Nacional da LIHPE

Articulista em diversas revistas espíritas nacionais

Organizador do livro “Novos estudos sobre a reencarnação”


Waldemar Krepke Duarte

Engenheiro Eletricista

Membro do grupo de apoio de Atendimento espiritual na casa espírita do COFEMG (Conselho Federativo Espírita de Minas Gerais)

Participou de várias gestões da Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte

Faz palestras em Belo Horizonte, interior de Minas Gerais e no Paraná

Tem realizado seminários sobre mediunidade, atendimento fraterno e recepção na casa espírita, expositor espírita, passes, evangelho no lar, e sobre o estudo das obras de Allan Kardec.

Coordena o estudo de O Livro dos Espíritos e O Livro dos médiuns no Centro Espírita Manoel Felipe Santiago.

Coordena um grupo de estudos espíritas


Seminário "Novos Estudos sobre a Reencarnação"


Local: Associação Espírita Célia Xavier - Belo Horizonte-MG
Data e horário: 22 de outubro de 2016, das 14:00 às 18:40  horas
Entrada Franca
Inscrições: email - desaecx@gmail.com, até o dia 09 de Outubro de 2016 (Domingo próximo)




1.10.16

SEMINÁRIO "NOVOS ESTUDOS SOBRE REENCARNAÇÃO" EM BELO HORIZONTE



Prezado Leitor,

Gostaria de convidá-lo a participar do Seminário "Novos estudos sobre a reencarnação" que acontecerá em Belo Horizonte, na sede da Associação Espírita Célia Xavier, na tarde de sábado, dia 22 de outubro. 

As inscrições acontecerão entre os dias 03 e 09 de outubro (ao longo da próxima semana) e serão feitas pela internet: desaecx@gmail.com.

Além das palestras acima e da mesa de autógrafos do livro "Novos estudos sobre a reencarnação", teremos:

1. Museu da reencarnação - uma exposição de imagens e peças de culturas antigas que acreditam na reencarnação
2. Exposição e venda de livros espíritas e de pesquisas sobre reencarnação
3. Coffee-break
4. Diálogo com os expositores

O evento é gratuito, mas as inscrições são limitadas e o período reduzido. 
Peço que, se possível, ajude a divulgar em Belo Horizonte e região.






29.9.16

A PRÁTICA DE ABORTO AFETA A SAÚDE MENTAL DA MULHER?




Estava falando de aborto em um grupo espírita de Belo Horizonte, quando apresentei um resultado de pesquisa de revisão que mostrava a existência de uma síndrome pós-abortiva, na qual os distúrbios psicológicos com mulheres aumentavam de 9 a 59% após o aborto, de acordo com diversos estudos. Esta síndrome independia da crença no aborto como algo ético ou não.

Foi levantada uma questão de interpretação do fenômeno: a síndrome pós-abortiva não seria o mesmo que a depressão pós-parto, e não poderia ser explicada a partir de categorias apenas psicanalíticas? Ficamos em uma situação de impasse, porque eu não tinha informações suficientes sobre o estado da arte para apresentar de pronto, sobre a distinção entre depressão pós parto e síndrome pós-abortiva, embora a lógica me levasse a crer que os pesquisadores e revisores não teriam deixado “passar batido” uma questão como esta.

Há alguns dias, recebi um trabalho de Priscilla Coleman, do Dr. Roberto Lúcio, intitulado “Aborto e saúde mental: síntese quantitativa e análise das pesquisas publicadas entre 1995 e 2009”, publicado no British Journal of Psychiatry em 2011. (DOI: 10.1192/bjp.bp.110.077230)

É também um artigo de revisão (metanálise) no qual ela procura medir associação entre aborto e indicadores adversos de saúde mental, e mostrar a comparação com outros subgrupos, dentro dos quais, mulheres que levaram a gravidez a termo.

As mulheres que passaram pela experiência de aborto aumentaram o risco de ter problemas mentais em 81% e quase 10% podem ser atribuídas ao aborto (ou seja, os resultados são superiores aos de gravidez a termo, e quando se referem ao uso de substâncias e comportamento suicida).

A tabela que sintetiza os resultados utiliza um indicador epidemiológico denominado PAR. Ela pode ser interpretada da seguinte forma: o quanto haveria redução do transtorno mental da população feminina estudada se não houvesse praticado aborto?

Resultados
PAR (%)
Ansiedade
8,1
Depressão
8,5
Uso de álcool
10,7
Uso de maconha
26,5
Todos os comportamentos suicidas
20,9
Suicídio
34,9
Todos
9,9
Tabela 1: Percentuais do risco atribuível à população (PAR) baseados nas medidas de resultados.

Interpretando o dado do suicídio, a tabela informa que as mulheres cometeriam 34,9% menos suicídios se não realizassem aborto. O mesmo serve para ansiedade, depressão, uso de álcool e maconha, além dos demais comportamentos suicidas (como a ideação suicida, por exemplo).

Um dos resultados de comparação das mulheres que realizaram aborto com as que levaram a gravidez a termo, é o seguinte:

“A descoberta que o aborto é associado com riscos significativamente maiores de problemas de saúde mental, comparados com levar a gravidez a termo, é consistente com a literatura, demonstrando os efeitos protetores da gravidez a termo com relação a certas respostas de saúde mental.” (p. 183-184)

Há alguns resultados muito interessantes, como a referência ao estudo de Gissler e outros que mostra que a razão das chances de suicídios de mulheres que abortaram é 5,9, ou seja, muito maior que a da população que levou a gravidez a termo.

Considerando as informações obtidas neste estudo, há diferenças significativas na saúde mental de quem aborta e de quem leva a gravidez a termo. Neste caso, uma explicação psicanalítica precisaria ser capaz de explicar esta diferença entre sintomas de depressão pós-parto e síndrome pós-abortiva.


ATENÇÃO - O texto do British Journal of Psychiatry foi fortemente criticado e autores e editor reconheceram alguns erros com a composição da amostra. Em breve publico a retificação que fizeram. Agradeço ao Christiann Lavarini a disponibilização da informação.