6.10.17

A PEDRO LEOPOLDO DE CHICO XAVIER

Imagem de Maria João de Deus com Chico ainda criança, do filme "Chico Xavier, o filme"


Já apresentamos no EC a Casa de Chico Xavier em Pedro Leopoldo e as impressões que tivemos durante sua visita.

A Fundação Cultural Chico Xavier mantém um site que apresenta um roteiro turístico para quem desejar visitar a cidade natal do médium, que dista 46 km da capital mineira. 

Foram escolhidos nove pontos turísticos para os interessados:

1. A fábrica de tecidos Cachoeira Grande que o empregou aos 9 anos de idade (que hoje seria considerado trabalho infantil, portanto, proibido)
2. O memorial do Centro Espírita Luiz Gonzaga, com trinta quadros de óleo sobre tela referentes à vida do médium
3. O açude do Capão, onde Chico teria identificado Emmanuel pela primeira vez
4. A praça Chico Xavier, que contém uma estátua de bronze de tamanho natural do médium
5. A fazenda modelo, de posse da UFMG e administrada pela União Espírita Mineira, onde Francisco trabalhou durante 21 anos
6. A mostra permanente Chico Xavier, organizada por Geraldo Leão, contendo cartas, documentos e fotos, no prédio da UNIMED
7. A Escola Estadual São José, onde ele fez o curso primário de 1919 a 1923.
8. O Grupo Meimei, fundado por Chico em 1952
9. A Casa de Chico Xavier, transformada em museu e centro espírita

Fotos dos lugares podem ser acessadas em http://www.casadechicoxavier.com/caminhos-de-luz/

O site contém também a produção da editora Vinha de Luz, que vem trazendo à luz, entre outros livros, muitas psicografias inéditas de Chico.  

Os títulos podem ser acessados em: http://www.casadechicoxavier.com/editora-vinha-de-luz/


27.9.17

TRÊS DIFERENTES TIPOS DE PESQUISAS SOBRE A MEDIUNIDADE





Há alguns dias publicamos esta palestra que havia sido retirada do YouTube pelos seus administradores. Ela voltou com um errinho: meu nome é Jáder Sampaio.

Nos primeiros 14 minutos explico o que é a Liga de Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE, e quais foram suas principais publicações: a Série Pesquisas Brasileiras sobre o Espiritismo e a Coleção Espiritismo na Universidade.

Depois trato dos tipos de conhecimento que podem ser considerados ciência, o que retiro de Jean Ladrière e de seu livro "A Articulação do Sentido", publicado pela EDUSP.  È uma visão ampliada de ciências, que comporta os métodos e técnicas das chamadas ciências formais (matemática e lógica), ciências empírico-formais (física, química, biologia e associados) e, por fim, das chamadas ciências hermenêuticas (letras, direito, filosofia, e muitas outras áreas de conhecimento).

Apresento alguns dos resultados das pesquisas sobre mediunidade que iniciaram-se na Universidade do Arizona, e encontram-se divulgadas nos livros do Instituto Windbridge.

Depois trato de uma pesquisa de prevalência de transtornos mentais em uma amostra de mais de uma centena de médiuns, realizada pelo Núcleo de Pesquisas de Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Por fim, apresento um trabalho que compõe uma tese de doutorado de Alexandre Caroli Rocha, na qual ele mostra que Humberto de Campos se serve de citações, na mediunidade de Chico Xavier, para mostrar sua identidade.

Espero que seja útil.

19.9.17

"REVIVAL" DE ESTUDOS SOBRE MEDIUNIDADE



Foto encontrada na internet. Na cabeceira da mesa, Chico Xavier. Identifiquei também Clóvis Tavares (?), André Luiz e  Emmanuel.

Estava preparando uma das apresentações que fiz no IV SETESP, no último final de semana, e encontrei um artigo muito interessante.

Delorme, A., Beischel, J., Michel, L., Bocuzzi, M., Radin, D., Mills, P. publicaram na revista "Frontiers in psychology", em novembro de 2013, um trabalho intitulado "Atividade eletrocortical associada a comunicação subjetiva com os mortos.

Ainda na revisão bibliográfica, os autores afirmam que houve um "revival" (um renascimento) das pesquisas sobre mediunidade na década anterior à publicação, ou seja, após o ano 2000.

Eles fizeram uma síntese rápida das linhas de estudo publicadas, acompanhadas das respectivas referências. São as seguintes:


- Precisão das afirmações dadas pelos médiuns

- Fenomenologia dos médiuns

- Psicologia dos médiuns

- Neurobiologia dos médiuns

- Potencial das mensagens mediúnicas para as pessoas em luto

Dois resultados também foram citados: 

1) A mediunidade não está associada a processos dissociativos convencionais (esquecimento ou amnésia de conhecimentos geralmente associados a eventos traumáticos, como forma de defesa psicológica), patologia, disfunção, psicose ou imaginação super-ativa.

2) Um grande número de médiuns leva uma vida normal e são pessoas aceitas em suas comunidades.

Esse artigo comunica e analisa os resultados de dois experimentos sobre o funcionamento eletrocortical (do córtex, área externa do cérebro) que comparam quatro atividades mentais diferentes de seis médiuns: percepção, lembrança, "fabrication" (pensar em uma pessoa imaginada pelo médium) e comunicação, mas para não estender muito, apresentarei os principais resultados no futuro.

Aproveitei para publicar como ilustração o desenho de uma reunião mediúnica com Chico Xavier. Quem conhece os espíritos e as pessoas representados nele?





12.9.17

ESPÍRITAS REZAM?



Chegou até este comentarista uma questão que surgiu em um grupo de estudos do sul da Bahia: os espíritas usam os verbos rezar e orar, com o significado de fazer prece, ou eles são interditos por alguma razão?

Para a língua portuguesa, oração, reza e prece são sinônimos, como se pode ler no Houaiss, por exemplo. Suas origens etimológicas, como nos mostra o dicionarista, no entanto, são diferentes.

A palavra prece vem do latim “prex, precis”, com o significado de “pedido, súplica”.

A palavra oração vem do latim “oratio, orationis”, com o sentido mais amplo, que pode significar “discurso, linguagem, palavra ou prece”.

A palavra rezar vem do latim “recito, recitas”, etc. e significa “ler em voz alta, recitar”

O Houaiss também explica que a palavra reza pode ser usada para significar o gestual da oração católica, de joelhos e mãos postas, e também tem o significado de usar palavras na benzedura (derivação de significado por metonímia).

Todos sabemos que Allan Kardec, seguindo Jesus, enfatizou bastante que a prece, oração ou reza é um ato interior. Talvez por esta razão, e para se evitar confusões e sincretismo, a palavra rezar seja menos utilizada pelos espíritas, já que pode ser mal entendida, mas não há qualquer restrição. Encontrei um texto da Revista Espírita no qual Kardec transcreve o verbo rezar de uma questão feita pelo Padre Félix, no qual ela é usada como sinônimo e evita repetição:

“Com efeito, nada transforma e transfigura o amor que ora sobre um túmulo ou chora nos funerais, como essa devoção à lembrança e ao sofrimento dos mortos. Essa mistura da religião e da dor, da prece e do amor, tem simultaneamente não sei quê de delicado e de enternecedor. A tristeza que chora se torna um auxiliar da piedade que reza. Por sua vez, a piedade se torna, para a tristeza, o mais delicioso aroma. A fé, a esperança e a caridade jamais se conjugam melhor para honrar a Deus consolando os homens e para fazer do alívio aos mortos a consolação dos vivos!” (Allan Kardec, Efeitos da Prece, Revista Espírita, Dez. 1859)

Uma vez esclarecida a questão do significado, fica a questão do uso, que é regional. Pelas Minas Gerais as pessoas geralmente preferem a palavra prece, mas usam também oração e raramente usam rezar, mas já ouvi sendo usada. E em seu centro espírita, qual delas é mais usada?

6.9.17

PASSEANDO NA FRANÇA EM BUSCA DE RIVAIL E KARDEC




Neste documentário, Ricardo Carvalho mostra as ruas de Lyon e Paris que marcaram a vida de Rivail e os eventos mais marcantes da trajetória de Allan Kardec. O túmulo, as casas dos médiuns, a residência, a sede da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e uma interessante entrevista com uma espírita radicada na Holanda, falando do movimento espírita europeu.

O vídeo é amador, mas o texto vem do coração. 44 minutos.

4.9.17

ANTONINA NO DIA DAS MÃES



O dia das mães é uma data-calendário que foi usada por Antonina para falar da família. Após sua exposição, ela perguntou a seus alunos:

- Qual seria a família ideal de vocês?

Ela entregou papéis para que eles pudessem escrever sobre esta família.

Talvez pela primeira vez para muitos dos alunos, eles puderam falar e escrever sobre um tema que se tornou tabu em suas casas.

Antonina surpreendeu-se com as respostas:

- “Eu gostaria que meu pai parasse de fumar, de beber e tivesse saúde. ”

- “Eu gostaria que minha família ficasse rica e que minha mãe e meu pai não fossem separados. Gostaria de ter conhecido meu avozinho. Gostaria de ser cantor sertanejo ou evangélico. Queria mudar muitos pecados na minha vida. Desejo um feliz dia das mães”

- “Queria que minha família fosse boazinha”

- “Eu queria ter conhecido meu “vô” materno, por que nem minha mãe o conheceu. Também queria que minha família fosse rica e o resto “queria que continuasse o resto”.

- “Quem devia estar na minha casa? Meu pai. O que devia mudar na minha casa? Minha mãe voltar com meu pai e minha mãe terminar com (o nome do companheiro, possivelmente). “

De repente, o dia das mães transformou-se no dia da falta dos pais para a maioria das crianças presentes. Famílias dissolvidas, talvez sem a devida preparação das crianças, sem a conversa importante que diz que a dissolução do casamento não é o fim da relação de paternidade e maternidade (ou será para alguns?). O pai, na mente dos pequeninos, é o herói ausente ou doente.

Os avós foram lembrados, e sua morte lamentada. O que significam estes avós que foram levados pela “grande viagem”? Mais um suporte para as famílias, uma pessoa carinhosa, ou apenas alguém cuja lembrança é evocada pela mãe com lágrimas?

O medo de perder o pai também está no discurso de uma das crianças, talvez reproduzindo a reclamação da mãe, que ressoa em vão: - Pare de fumar e de beber! Não apenas como uma implicância, mas como um temor da saúde que se vai, um temor da morte.

Por fim, veio o desejo de riqueza, que falta nas casas. E o anseio de ser cantor, de ser reconhecido, de ser alguém importante em seu meio. Nem sei dizer se é um anseio de uma carreira bem remunerada, apesar do mito do cantor pobre que sai na estrada até tornar-se bem-sucedido e rico.


O mais curioso de tudo, é que na tentativa de evitar uma abordagem que estereotipe a “família ideal”, eis que ela surge no desejo das crianças, articulada às aspirações mais profundas, como falta. Há muito ainda o que conversar com eles, para que não se sintam menores, furtados em seus sonhos pelos acontecimentos da vida. 

30.8.17

OS TRABALHOS APRESENTADOS NO 13o. ENLIHPE ESTÃO DISPONÍVEIS




0:02:20 - Introdução e momento musical - Lirálcio

0:27:40 - Mesa de abertura e prece: Marco Milani (coordenador ENLIHPE), Julia Nezu (Presidente União das Sociedades Espíritas de São Paulo), Pedro Nakano (Presidente - Centro de Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro) Marival Veloso e Jáder Cabral (representantes União Espírita Mineira), Raphael Vivacqua Carneiro (representante Federação Espírita do Espírito Santo)

0:54:05 - Como trabalham os pesquisadores? Jáder Sampaio

2:07:00 - Terapia Fluídica: Apresentação de um instrumento de avaliação da Raphael V. Carneiro

2:48:45 - Efeitos do passe espírita em pacientes internados em hospitais - Élida Mara Carneiro

5:31:30 - Roda de conversa: teorias científicas e o espiritismo: Alexandre Fontes da Fonseca

6:19:00 - Uma exploração inicial em análise semântica latente de cartas psicografadas - Ademir Xavier

7:11:48 - Lançamento do livro: Espiritualidade e Espiritismo: reflexões para além da religiosidade - André Ricardo de Souza, Flávio Rey de Carvalho, Antônio César Perri Ribeiro

7:26:50 - Momento musical - Lirálcio

7:37:45 - Análise de pesquisas relacionadas a "prece e curas espirituais" - Gilmar Trivelato e Jáder Sampaio

8:31:28 - Encerramento do dia: Marco Milani



Início: Momento musical com Thiago Ariel (SP)

08:15 - Marco Milani faz a abertura dos trabalhos e comunica que o 14o. Enlihpe será em Belo Horizonte - MG

14:28 - Trabalho de Adolpho "Entre evocações, magnetismo e espiritismo: um estudo sobre mediunidade curadora" que usa o método de história oral para a recuperação da memória de médiuns de cura na região de Franca - SP 

1:28:36 - Pedro Nakano convida interessados para a formação de um grupo de trabalho para os trabalhos em curso no Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro.

1:30:00  - Sandro Fontana apresenta o trabalho - "Identificação de água fluidificada, magnetizada, por médium vidente", de autoria dele com Janaína Dantas.


2:17:50 - Alexandre Fontes da Fonseca apresenta o trabalho - "Magnetismo ou espiritismo?"


3:08:40 - Raphael Vivacqua Carneiro - "Quem foi Lamartine Palhano Júnior? - Homenagem"

3:24:00 - Encerramento - Marco Milani

3:34:15 - Prece de encerramento - Ney Prieto Peres

Ou então, clique nos links abaixo para assistir a cada um dos trabalhos apresentados:


Como trabalham os pesquisadores? (Jáder Sampaio)

Terapia Fluídica: apresentação de um instrumento de avaliação (Raphael Vivacqua Carneiro)

Efeitos do passe espírita em pacientes internados em hospitais (Élida Mara Carneiro)

Teorias científicas e o Espiritismo (Alexandre Fontes da Fonseca)

Uma exploração inicial em análise semântica latente de cartas psicografadas (Ademir Xavier Jr.)

Análise de uma investigação científica sobre efeitos do tratamento espiritual (Gilmar Trivelato)

Alguns resultados de estudos sobre técnicas de Biocampo (Jáder Sampaio)

Entre evocações, Magnetismo e Espiritismo: um estudo sobre mediunidade curadora (Adolfo de Mendonça Jr.)

Identificação de água fluidificada/magnetizada por médium vidente: um experimento piloto (Sandro Fontana)

Magnetismo ou Espiritismo? (Alexandre Fontes da Fonseca)

Homenagem a Lamartine Palhano Jr. (Raphael Vivacqua Carneiro)

https://www.youtube.com/watch?v=Z_QLJQqxn54&t=3h08m13s


Prezado Leitor,

A Liga dos Pesquisadores do Espiritismo - LIHPE, é uma organização em forma de rede. Isso significa que seus participantes podem apresentar posições pessoais, que não são corroboradas pelos demais. No ENLIHPE, a maioria dos trabalhos são verificados por pareceristas, que observam uma série de características necessárias a um trabalho de pesquisa, mas, ainda assim, cada trabalho apresentado é da responsabilidade de seu autor. Caso sejam necessários outros esclarecimentos, peço que entrem em contato pela internet com os respectivos autores-expositores.

Jáder Sampaio

28.8.17

PRECE DIMINUI ENXAQUECA?




Haleh Tajadini, Phd e colaboradores publicaram um artigo no Journal of Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine um artigo sobre o efeito da prece na intensidade da dor em pessoas com enxaqueca, em 2017.

Trata-se de um ensaio clínico controlado, prospectivo, duplo cego e randomizado. 92 pacientes foram divididos em dois grupos, aleatoriamente, cuja única diferença é que um deles (GE - Grupo Experimental) seria beneficiado com preces e o outro (GC - Grupo Controle) não seria.

Todos os pacientes foram tratados com 40 mg de propanolol de 12 em 12 horas. Foram feitos 45 minutos de prece, semanal, por oito semanas para os membros do grupo experimental.

A doença, comum a todos os participantes do estudo, foi a enxaqueca com e sem aura (uma percepção que alguns pacientes têm que as dores se iniciarão) com os critérios da International Headache Society. Os pacientes foram aleatoriamente lotados nos grupos e não sabiam se receberiam preces ou não. 

As dores foram avaliadas por uma enfermeira especialista que não sabia se o paciente avaliado pertencia a GE ou ao GC. Este procedimento evita que as crenças da enfermeira interferissem nos resultados de sua avaliação.

A distribuição da amostra foi considerada normal (teste Kolmogorov-Smirnof).

Foram estudados 92 pacientes, 82 dos quais eram mulheres com idade média de 32 anos e 75% deles eram casados. Os dois grupos tinham indicadores demográficos semelhantes. 

No início do estudo, mediu-se a dor, e compararam-se os grupos pelo teste t. Os dados são semelhantes entre os grupos, não podendo ser considerados diferentes.

Três meses depois a dor foi novamente medida. Os dois grupos tiveram redução de dor, mas a dor do grupo experimental (que recebeu preces) foi significativamente menor. A probabilidade de erro nesta afirmação é menor que 0,001 (um por mil).



Na figura acima se vê que o grupo que recebeu preces teve suas dores de cabeça reduzidas de uma média de 6,5 na escala para 4,2. Observe-se que mesmo considerando os intervalos de confiança, as dores reduziram. O grupo que não recebeu preces teve suas dores de cabeça reduzidas em média de 5,7 para 5,4. Embora o segundo número seja menor, os intervalos de confiança são muito próximos, não se podendo nem afirmar que esta redução é significativa. Chamo a atenção também para a diferença dos intervalos de confiança entre os grupos experimental e controle 3 meses após o início do experimento. Os que receberam preces apresentam média inferior, mesmo considerando os intervalos de confiança.

Apenas como curiosidade, segundo os autores, o Corão Sagrado se baseia na prece (pray), que significa "pedir por alguma coisa", "fazer uma solicitação para uma necessidade" e "procurar ajuda". Os autores também classificam a prece em "prece de conversação, prece meditativa, prece ritual e prece intercessora". 

Na discussão do estudo, os autores lembram que Wachholtz e Pargament (2008) mostraram que a meditação tem um grande efeito no decréscimo da frequência de dores de cabeça em pacientes com enxaqueca, na diminuição da ansiedade, no aumento da tolerância à dor e no bem-estar existencial, entre outros resultados.

TAJADINI, H., ZANGIABADI, N., DIVSALAR, K., SAFIZADEH, H. ESMAILI, Z., RAFIEI, H. Effect of prayer on intensity of migraine headache: a randomized clinical trial. Journal of evidence-based complementary and alternative medicine, v. 22, n,. 1, p. 37-40, 2017.


Assista às palestras do 13o. Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo - ENLIHPE no Youtube, Canal Dubem. São dois vídeos, um contendo as atividades de sábado e outro do domingo pela manhã.  https://www.youtube.com/results?search_query=13+enlihpe

25.8.17

UMA ANÁLISE DE 91 ESTUDOS DE DIFERENTES FORMAS DE TRATAMENTOS ESPIRITUAIS


Therapeutic touching

Roe, Sonnex e Roxburgh (2015) fizeram uma análise de 34 estudos em não humanos e 57 estudos em humanos de diversas técnicas de tratamento espiritual (healing), como cura espiritual, cura à distância, cura noética, prece intercessória, imposição de mãos, toque terapêutico, Johrei e Reiki.

Por estudos em não humanos, entende-se células in vitro, amostras de sangue, sementes, animais e plantas. Estes estudos foram feitos tentando entender mecanismos possíveis de atuação do tratamento espiritual e para evitar o efeito placebo, que seria um mecanismo psicológico de modificação do organismo, desencadeado pelo tratamento espiritual, mas que não é uma consequência direta dele. O efeito placebo é conhecido nos estudos de medicamentos, nos quais se dá aos sujeitos falsos medicamentos sem princípio ativo, sem que eles o saibam, para que se possa comparar efetivamente os resultados do medicamento em análise.

Nos estudos em humanos se identificaram os “ensaios clínicos aleatórios, duplo-cegos controlados”, ou seja, os estudos que compararam os efeitos do tratamento espiritual em dois ou três grupos semelhantes de pacientes, sendo um deles submetido ao tratamento espiritual e os outros a uma simulação de tratamento espiritual e à ausência de tratamento espiritual.

Eles concluem que os sujeitos sob tratamento “exibem uma melhora significante no bem-estar com relação aos sujeitos-controle” independente do placebo e dos chamados “efeitos de expectativa”.

Também mostram que há uma queda dos resultados quando os melhores estudos são selecionados por juízes que analisam a metodologia, mas ainda se mantém a superioridade dos grupos de tratamento espiritual.

Os estudos com plantas tiveram resultados significativamente menores que os estudos com animais e amostras in vitro.

Nos estudos com pessoas humanas, os resultados obtidos com Johrei e Reiki foram superiores aos do toque terapêutico. Os estudos de oração intercessora apresentaram resultados menores (mas não significativamente menores) que os demais. Outros estudos já haviam apontado este resultado (Astin, 2003) e reflete também alguns resultados de estudos atuais de larga escala que não obtiveram resultados com prece à distância. (Benson et al., 2006)

Os autores fizeram 11 sugestões para melhorar próximos estudos, porque conseguiram distinguir estudos de melhor e pior qualidade, além de dados heterogêneos. Aos interessados em realizar pesquisas, recomendo que considerem o que os autores estão propondo.

Trazendo este trabalho para o contexto espírita, os resultados apontam para uma diferença entre a oração e técnicas semelhantes aos passes (os passes trazem melhores resultados). Isto traz à memória a explicação de Allan Kardec, que distingue fluidos apenas espirituais de fluidos magnéticos (humanos) e mistos. A conclusão destes estudos é favorável a que os centros espíritas mantenham seus serviços de passes e de orações, mas não nos permitem fazer qualquer inferência sobre a técnica dos passes.

Outra questão que os autores levantam, quando estão discutindo metodologia, é sobre a mudança de valores e comportamentos das pessoas que procuram tratamentos espirituais, que envolvem hábitos como “meditação” (ou oração, no nosso contexto), “evitar abuso de álcool e remédios”, e “não realizar sexo promíscuo e arriscado”.  Este comentário é consistente com a recomendação que se faz nos centros espíritas para os que procuram passes ou orientações espirituais para solução de problemas imediatos. Além destas intervenções imediatas, é necessário repensar como se está vivendo.


Roe, C.; Sonnex, C.; Roxburgh, E. C. Two meta-analyses of noncontact healing studies, Explore, v. 11, n. 1, jan./feb. 2015, p. 11-23.


"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto.  Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/ 

23.8.17

TOQUE TERAPÊUTICO NA CICATRIZAÇÃO DE PELE DE RATOS





Souza e outros (2017) publicaram um artigo na revista Explore para comunicar o resultado de estudos sobre a influência do passe na cicatrização de ratos. Ele tem por objetivo “investigar os efeitos do toque terapêutico na contração da área da ferida e na proliferação de fibroblastos durante a cicatrização da pele em ratos”.

A cicatrização passa por três fases: inflamatória (da ferida a três dias), proliferativa (após a inflamatória e dura em média de duas a três semanas) e maturação (em aproximadamente 1 ano, 70 a 80% da pele fica intacta). A segunda fase é marcada por “epitelização, angiogênese, granulação da formação de tecido e deposição de fibras de colágeno”.

Os estudos sobre influência de imposição de mãos (energias curativas), segundo os autores, iniciou-se com o Dr. Bernard Grad, da universidade Mc Gill, no Canadá, nos anos 1960. Foram feitos estudos com um curador chamado Oscar Estebany. Como resultados ele obteve após dois meses uma incidência menor de bócio nos animais tratados e mostrou que as feridas dos animais cicatrizavam-se mais rapidamente. Como hipótese explicativa, o pesquisador entendia que havia uma aceleração das atividades celulares e enzimáticas com a imposição de mãos.

Os autores vão mostrando a evolução dos estudos, que mostram os seguintes efeitos:

  1. Aumento da reação enzimática da tripsina
  2. Obtiveram-se resultados sem a presença de um “curador”, ou seja, qualquer pessoa que conhece a técnica e desejar agir bem obteve resultados, o que foi chamado de toque terapêutico
  3. O toque terapêutico tem sido estudado e se constatou que influencia na “proliferação de fibroblastos, na resposta inflamatória, na aceleração do processo de cura, que tem efeitos no limiar das dores e que aumenta os níveis de hematócrito e hemoglobina”


Método

Fizeram feridas cirúrgicas em ratos anestesiados, do mesmo tamanho. Eles foram guardados em caixas, e tratados com água filtrada e sabão neutro. Uma vez ao dia uma enfermeira aplicava toque terapêutico impondo as mãos a cinco centímetros dos animais do grupo de tratamento.

Foram realizados dois tipos de medidas: a da área das lesões e a do número de fibroblastos. A primeira foi feita com fotografias digitais e um programa específico, com as medidas em mm2, e a segunda com amostras de tecido colhidos na região da lesão para contagem do número de fibroblastos.

Foram feitas análises estatísticas comparativas das médias dos grupos experimental e controle no quarto e sétimo dias após a lesão. Usou-se o teste Shapiro-Wilk para normalização e o t de Student bicaudal para teste de hipóteses.

Resultados

A diminuição da área ferida foi maior (p = 0,03) no grupo de tratamento, ou seja, ele cicatrizou mais rapidamente, e, ao mesmo tempo, o número de fibroblastos foi maior neste grupo (p = 0,026)
Seguem fotos comparativas de uma lesão para cada grupo.





Visualmente se pode ver que a ferida do rato do grupo de tratamento cicatrizou bem mais que a do grupo controle, e que o número de fibroblastos (os pontinhos escuros da amostra de tecido) é bem maior no rato do grupo de tratamento que no rato do grupo controle.

Discussão

O toque terapêutico (técnica semelhante à imposição de mãos e aos passes) influenciaram a cicatrização da pele e aceleraram o reparo dos tecidos, o que se constatou ao ver um maior número de fibroblastos no sétimo dia de tratamento.
O estudo corrobora as descobertas de Grad e Smith sobre Toque Terapêutico. Eles afirmam que a técnica aumenta as reações enzimáticas, especialmente as que envolvem as proteases.

Comentários


Este estudo mostra a utilidade do uso dos passes como terapia complementar para pacientes que sofreram cirurgias ou acidentes e que se encontram em processo de cicatrização. 

Novos estudos devem ser feitos em seres humanos, com controle de efeito placebo e um entendimento do processo em nível biofísico deve ser estudado.


Souza, Andre Luiz T., Rosa, D. P.C., Blanco, B. A., Passaglia, P., Stabile, A. M., Effects of therapeutic touch on healing of the skin in rats, Explore: the journal of science and healing, 2017. http://dx.doi.org/10.1016/j.explore.2017.06.006



"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto. Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/

21.8.17

LAMARTINE PALHANO JR. (1946 – 2000)





Raphael Vivacqua Carneiro



O 13º ENLIHPE escolheu como autor espírita a ser homenageado este ano, o pesquisador Lamartine Palhano Jr.

Mineiro radicado em Vitória (ES) desde a infância, Palhano foi cientista por profissão, tendo lecionado microbiologia e patologia na Universidade Federal do Espírito Santo. Publicou inúmeros artigos em revistas científicas internacionais e congressos.

Foi ativo participante do movimento espírita desde a sua adolescência, quando atuou como colaborador do Departamento de Infância e Juventude da Federação Espírita do Estado do Espirito Santo (FEEES). Ainda na Federação, atuou como Diretor de Doutrina e foi o fundador da FESPE – Fundação Espírito-Santense de Pesquisa Espírita, em 1991. Fundou também o CIPES – Círculo de Pesquisa Espírita de Vitória, em 1997. Ambas instituições tornaram-se marcos da pesquisa espírita no Brasil e publicaram diversas obras. É conhecida e aplicada por diversos grupos mediúnicos a técnica por ele desenvolvida denominada “varredura medianímica”.

É notável a versatilidade da sua produção editorial espírita.  Dentre as suas mais de 40 publicações, escreveu obras de cunho científico relatando suas pesquisas na área da mediunidade; contribuiu para a preservação da memória espírita com diversas biografias de vultos célebres espíritas; escreveu obras especificamente voltadas ao público espírita infanto-juvenil; publicou análise de textos bíblicos à luz do espiritismo; e mesmo a literatura de ficção foi brindada com um romance sobre o missionário José de Anchieta, revelando qualidades literárias até então desconhecidas.

Palhano desencarnou aos 54 anos de idade, no ano 2000, deixando extensa e valiosa contribuição para a pesquisa espírita.

Obras de temática científica:

Laudos espíritas da loucura
Transe e mediunidade
Passe - magnetismo curador
O livro da prece
Obsessão – assédio por espíritos
Evocando os espíritos
O significado oculto dos sonhos
Reuniões mediúnicas: teoria e prática
Viagens psíquicas no tempo
Imortalidade dos poetas mortos
A verdade de Nostradamus
A mediunidade nos centros espíritas

Obras de temática religiosa:

Espiritismo, religião natural
Teologia espírita
A carta de Tiago
Aos efésios
Aos gálatas, a carta de redenção
Maria de Nazaré na voz dos poetas

Obras de temática infanto-juvenil:

A estrela de Belém
Jesus aos doze anos
João Batista, o profeta do Cristo
O pastorzinho de Belém
O pequeno espírita
O reino dos céus para os humildes e pequeninos
Rosma, o fantasma de Hydesville
O velho Simeão
Os sonhos de Aurélio
Presépio
Uma páscoa diferente

Biografias de vultos célebres do espiritismo:

Meninas do barulho (Irmãs Fox)
Dimensões da mediunidade (Elisabeth d’Espérance)
Dossiê Fenelon Barbosa
Dossiê Jeronymo Ribeiro
Dossiê Peixotinho
Eusapia, a feiticeira (Eusapia Palladino)
Experimentações mediúnicas (William Crookes)
Mirabelli, um médium extraordinário (Carmine Mirabelli)
Diário de um espírita (autobiografia)

Dicionários:

Dicionário de filosofia espírita
Léxico kardequiano

Romance:

As chaves do reino: seguindo os passos de Anchieta




"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto. Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/

18.8.17

UM ESTUDO BRASILEIRO DE PASSES EM CULTURA DE BACTÉRIAS




Após o estudo de Reiki (Rubik et al, 2006) que resenhei há pouco, Lucchetti e colaboradores (2013) fizeram um novo estudo com bactérias, com a participação de passistas da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

O estudo foi feito no Laboratório de Ciências Médicas da Faculdade de Santa Casa de Misericórida de São Paulo, que é referência para análises microbiológicas.

Método

Foram formados três grupos, o de bactérias que seriam tratadas com passe espírita (voluntários da FEESP), o que seria “tratada” apenas com imposição de mãos (feita por voluntários que não são passistas) e o grupo controle de bactérias, sem imposição de mãos (LOH) nem passes. Neste último grupo as bactérias cresceriam em seu ritmo natural (NO LOH).

Foi feita aleatorização das culturas de bactérias com programa de computador. O primeiro tubo foi submetido a passe espírita, o segundo LOH e o terceiro foi o grupo controle (NO LOH).

Os passistas tinham cinco minutos para preparar o ambiente do passe (prece e relaxamento). O passe e a imposição de mãos foram feitos por dez minutos, a dez-quinze centímetros dos recipientes que continham as culturas de bactérias.

As sessões foram feitas em três dias consecutivos. Após a aplicação os participantes preenchiam escalas de bem-estar (de zero a dez), de forma semelhante ao estudo de Rubik. A aplicação de passes e de imposição de mãos foi feita com luzes apagadas, para facilitar a concentração.

Um cuidado novo neste estudo foi aplicar passes e imposição de mãos com duas finalidades: a de inibir o crescimento das bactérias e a de promover o crescimento delas.

1.       Sem intenção: os voluntários assistiam a um vídeo de produção industrial do etanol enquanto impunham suas mãos.

2.       Com intenção de inibir o crescimento bacteriano: os voluntários eram instruídos a “matar as bactérias, porque elas eram perigosas aos seres humanos]” e assistiam a um vídeo com cenas de natureza e música relaxante.

3.       Com intenção de promover o crescimento bacteriano: os voluntários eram instruídos a “promover o crescimento das células” e assistiam ao mesmo vídeo anterior.

4.       Com impacto negativo: Os participantes assistiam a dez minutos do filme “O resgate do soldado Ryan” com cenas de violência da segunda guerra mundial e eram instruídos a impor as mãos sobre a cultura enquanto assistiam.

Resultados

Como houve desistências durante o estudo, participaram onze passistas e dez voluntários para imposição de mãos.




Senti falta de uma tabela com os valores do gráfico 1, mas é visível que o crescimento grupo controle de colônias de bactérias teve resultados semelhantes nas diferentes comparações de experimentos sem intenção, aumento, decréscimo e negativo. Isso significa que há um ritmo com pouca variação do crescimento das bactérias nas condições controladas ambientais dessa pesquisa e que as variações podem ser explicadas pelos passes.

Ao contrário do trabalho de Rubik, o aumento do ritmo do crescimento da colônia de bactérias não se verificou. Os autores explicam que não conseguem ainda entender bem o resultado (p. 631), mas especulam que o procedimento de indução dos passistas a “matar as bactérias” que fazem mal aos organismos humanos, anterior ao incentivo para fazê-las crescer, pode ter influenciado os resultados.

Outro resultado a ser considerado, é que quando os passistas não tiveram intenção nenhuma, nem de fazer crescer, nem de “matar”, o ritmo do crescimento das colônias foi igual ao da imposição de mãos e ao do ritmo natural, sem tratamento. O leitor não acostumado a interpretar este tipo de gráfico deve prestar atenção aos intervalos de confiança, que são representados pelas linhas no extremo das colunas. Eles significam que os valores da população original (no caso, o crescimento das colônias deste tipo de bactérias em geral) têm 95% de probabilidade de estar entre os limites superior e inferior representados. Se o limite superior ou inferior do intervalo de confiança de uma coluna fica dentro da faixa de valores das colunas vizinhas, pode-se concluir que a diferença obtida não é suficiente para se dizer que é menor ou maior que a do seu vizinho. Quando as faixas de valores são totalmente diferentes, há diferenças significativas, com 95% de probabilidade de acerto, entre os parâmetros das populações (em outras palavras, há diferença entre os grupos).
Analisando os intervalos de confiança dos tratamentos para o decréscimo do crescimento das colônias de bactérias, dá para ver claramente que os passistas foram eficazes em inibir seu crescimento. O mesmo padrão não é encontrado nas demais intenções.

Comentários

Como não houve o “choque térmico” na colônia de bactérias feita por Rubik e colaboradores, este estudo não pode ser considerado uma réplica do anterior.

Este estudo reforça a necessidade dos passistas no meio espírita se prepararem mental e emocionalmente para seu trabalho. Ele reforça a ideia de que os passes não são mera imposição de mãos, se considerarmos os estudos anteriores semelhantes. 

Se a atitude mental do passista interfere no crescimento ou decréscimo das culturas, sugere-se novos estudos que avaliem também a atitude mental dos pacientes.


LUCCHETTI, G., OLIVEIRA, R. T., GONÇALVES, J. P. B., UEDA, S. M., MIMICA, L.M.J., LUCCHETTI, A. L. G. Effect of spiritist "passe" (spiritual healing) on growth of bacterial cultures, Complementary therapies in medicine, v. 21, p. 627-632, 2013.



"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto. Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/