18.8.17

UM ESTUDO BRASILEIRO DE PASSES EM CULTURA DE BACTÉRIAS




Após o estudo de Reiki (Rubik et al, 2006) que resenhei há pouco, Lucchetti e colaboradores (2013) fizeram um novo estudo com bactérias, com a participação de passistas da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

O estudo foi feito no Laboratório de Ciências Médicas da Faculdade de Santa Casa de Misericórida de São Paulo, que é referência para análises microbiológicas.

Método

Foram formados três grupos, o de bactérias que seriam tratadas com passe espírita (voluntários da FEESP), o que seria “tratada” apenas com imposição de mãos (feita por voluntários que não são passistas) e o grupo controle de bactérias, sem imposição de mãos (LOH) nem passes. Neste último grupo as bactérias cresceriam em seu ritmo natural (NO LOH).

Foi feita aleatorização das culturas de bactérias com programa de computador. O primeiro tubo foi submetido a passe espírita, o segundo LOH e o terceiro foi o grupo controle (NO LOH).

Os passistas tinham cinco minutos para preparar o ambiente do passe (prece e relaxamento). O passe e a imposição de mãos foram feitos por dez minutos, a dez-quinze centímetros dos recipientes que continham as culturas de bactérias.

As sessões foram feitas em três dias consecutivos. Após a aplicação os participantes preenchiam escalas de bem-estar (de zero a dez), de forma semelhante ao estudo de Rubik. A aplicação de passes e de imposição de mãos foi feita com luzes apagadas, para facilitar a concentração.

Um cuidado novo neste estudo foi aplicar passes e imposição de mãos com duas finalidades: a de inibir o crescimento das bactérias e a de promover o crescimento delas.

1.       Sem intenção: os voluntários assistiam a um vídeo de produção industrial do etanol enquanto impunham suas mãos.

2.       Com intenção de inibir o crescimento bacteriano: os voluntários eram instruídos a “matar as bactérias, porque elas eram perigosas aos seres humanos]” e assistiam a um vídeo com cenas de natureza e música relaxante.

3.       Com intenção de promover o crescimento bacteriano: os voluntários eram instruídos a “promover o crescimento das células” e assistiam ao mesmo vídeo anterior.

4.       Com impacto negativo: Os participantes assistiam a dez minutos do filme “O resgate do soldado Ryan” com cenas de violência da segunda guerra mundial e eram instruídos a impor as mãos sobre a cultura enquanto assistiam.

Resultados

Como houve desistências durante o estudo, participaram onze passistas e dez voluntários para imposição de mãos.




Senti falta de uma tabela com os valores do gráfico 1, mas é visível que o crescimento grupo controle de colônias de bactérias teve resultados semelhantes nas diferentes comparações de experimentos sem intenção, aumento, decréscimo e negativo. Isso significa que há um ritmo com pouca variação do crescimento das bactérias nas condições controladas ambientais dessa pesquisa e que as variações podem ser explicadas pelos passes.

Ao contrário do trabalho de Rubik, o aumento do ritmo do crescimento da colônia de bactérias não se verificou. Os autores explicam que não conseguem ainda entender bem o resultado (p. 631), mas especulam que o procedimento de indução dos passistas a “matar as bactérias” que fazem mal aos organismos humanos, anterior ao incentivo para fazê-las crescer, pode ter influenciado os resultados.

Outro resultado a ser considerado, é que quando os passistas não tiveram intenção nenhuma, nem de fazer crescer, nem de “matar”, o ritmo do crescimento das colônias foi igual ao da imposição de mãos e ao do ritmo natural, sem tratamento. O leitor não acostumado a interpretar este tipo de gráfico deve prestar atenção aos intervalos de confiança, que são representados pelas linhas no extremo das colunas. Eles significam que os valores da população original (no caso, o crescimento das colônias deste tipo de bactérias em geral) têm 95% de probabilidade de estar entre os limites superior e inferior representados. Se o limite superior ou inferior do intervalo de confiança de uma coluna fica dentro da faixa de valores das colunas vizinhas, pode-se concluir que a diferença obtida não é suficiente para se dizer que é menor ou maior que a do seu vizinho. Quando as faixas de valores são totalmente diferentes, há diferenças significativas, com 95% de probabilidade de acerto, entre os parâmetros das populações (em outras palavras, há diferença entre os grupos).
Analisando os intervalos de confiança dos tratamentos para o decréscimo do crescimento das colônias de bactérias, dá para ver claramente que os passistas foram eficazes em inibir seu crescimento. O mesmo padrão não é encontrado nas demais intenções.

Comentários

Como não houve o “choque térmico” na colônia de bactérias feita por Rubik e colaboradores, este estudo não pode ser considerado uma réplica do anterior.

Este estudo reforça a necessidade dos passistas no meio espírita se prepararem mental e emocionalmente para seu trabalho. Ele reforça a ideia de que os passes não são mera imposição de mãos, se considerarmos os estudos anteriores semelhantes. 

Se a atitude mental do passista interfere no crescimento ou decréscimo das culturas, sugere-se novos estudos que avaliem também a atitude mental dos pacientes.


LUCCHETTI, G., OLIVEIRA, R. T., GONÇALVES, J. P. B., UEDA, S. M., MIMICA, L.M.J., LUCCHETTI, A. L. G. Effect of spiritist "passe" (spiritual healing) on growth of bacterial cultures, Complementary therapies in medicine, v. 21, p. 627-632, 2013.



"Prece e curas espirituais" é o tema central do 13o. Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em São Paulo, nos dias 26 e 27 de agosto. Inscrições abertas em http://usesp.org.br/13o-enlihpe/

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