5.9.18

MUSEU HISTÓRICO, MUSEUS ESPÍRITAS.



O lamentável incêndio que destruiu as instalações do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista - cidade do Rio de Janeiro, colocou na pauta da imprensa a questão da desvalorização e da falta de valor da cultura no Brasil. Todos estamos reflexivos quando pensamos o quanto gastamos com um campeonato mundial de futebol e o quão pouco direcionamos para um Museu reconhecido internacionalmente, sob os cuidados da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Há pouco me dei conta como o meio espírita se preocupa pouco com a cultura e a memória. 

Tenho acompanhado os esforços dos diretores e trabalhadores do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - Eduardo Carvalho Monteiro (CCDPE-ECM). Acompanhei também, há mais de uma década, a construção e entrega do Museu Espírita de São Paulo, no bairro da Lapa - SP, para a Federação Espírita Brasileira. Tenho visto também iniciativas menores, como a Casa de Chico Xavier, em Pedro Leopoldo, que funciona como casa espírita e faz a guarda de objetos pessoais, livros e documentos de Chico Xavier. 

Há uma coisa comum entre essas três iniciativas: a primeira vem de Eduardo Carvalho Monteiro, a segunda de Paulo Toledo Machado e a terceira de Geraldo Lemos Neto. São entusiastas da cultura espírita que conseguiram congregar pessoas ao seu redor visando a promover instituições diferentes das tradicionais sociedades espíritas.

Com recursos bem mais modestos que nosso incendiado museu, elas vão se mantendo apesar da pouca atenção que lhe dão os milhões de espíritas e simpatizantes no Brasil. Que será pior, o incêndio ou a indiferença?

Ainda há pouco comentei a boa, mas equivocada intenção, de uma espírita que deseja transformar a livraria dos Leymarie em lugar de memória. Em que pese a desinformação da companheira, surge uma nova questão: o Museu Espírita de São Paulo estava há um ano fechado à visitação em função das reformas, que estão fazendo aniversário. O CCDPE-ECM é mantido com um quadro de sócios, doações e eventos promovidos por seus mantenedores e não sei dizer ao certo as fontes da Casa de Chico Xavier, talvez mantida por quadro de sócios e pela editora Vinha de Luz, que vem tentando preservar a memória de Chico Xavier, publicando documentos e textos inéditos.

Peço desculpas a outras instituições claramente voltadas para a cultura espírita, que não citei aqui. Peço aos leitores que as indiquem, colocando nome, endereço, cidade e finalidade na sessão de leitores do Espiritismo Comentado.

A questão que direciona o texto é: enquanto choramos pela perda do Museu Nacional, que ações fazemos com nossos pequenos museus espíritas? Visitamos? Doamos? Desenvolvemos projetos para captação de recursos e realização de pesquisas? Fomentamos parcerias? Promovemos eventos voltados ao conhecimento do trabalho nos museus? Escrevemos livros? Publicamos revistas especializadas?

Deixo ao leitor minhas inquietações.



2.9.18

HANSENÍASE, OBSESSÃO E CARIDADE


Lesões de hanseníase. O Brasil ainda é o segundo país com o maior número de doentes do mundo. A hanseníase já foi erradicada em muitos países.


Estamos terminando a leitura do livro “Nos bastidores da obsessão”, que faz uma espécie de “raio x” de uma história de obsessão de uma família, ligada em reencarnações passadas por laços de ódio, decepção e amor. O livro foi escrito por Manoel Philomeno de Miranda (Espírito) e psicografado por Divaldo Pereira Franco.

Nos romances espíritas em geral, é sempre difícil distinguir a fronteira entre o real e o imaginário, o que deve ter acontecido para o preenchimento de lacunas para manter a narrativa e torná-la interessante. 

Diversas situações nos chamaram a atenção nesse livro, mas uma das passagens que nos impressiona está no capítulo 15. Miranda vai falando de uma jovem chamada Ana Maria, que se encontrava em um leprosário. A história tem cena em 1938, uma época em que não havia tratamento para o bacilo de Hansen, cujo tratamento efetivo iniciou-se na década de 40.

O “tratamento”, portanto, era de isolamento dos doentes da sociedade para evitar contágio, e o que se usava eram paliativos. Se eu não estiver errado, até hoje o diagnóstico é feito a partir de sintomas e biópsia, o que dificulta a identificação antes do surgimento das lesões da pele. A cobertura com a vacina BCG, que começou a ser usada em 1927 no Brasil, dá alguma proteção contra a doença. A partir de 1962, apenas, a internação compulsória foi abandonada no Brasil e hoje é tratada em hospital geral, com poliquimioterapia, segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde.

No livro, Miranda participa de um processo de desobsessão de Ana Maria. Os espíritos envolvidos no processo foram atendidos e convencidos a interromper sua influência. Como em outros casos já relatados na literatura espírita, houve remissão dos sintomas que foram diagnosticados como lepra.

O que nos chamou a atenção foi a participação de Petitinga na história. Ele acompanhou a desobsessão durante o sono, como narra Philomeno, obviamente sem se recordar do que se fazia após acordar.

Philomeno diz que em uma reunião mediúnica, após a desobsessão, os espíritos pedem a Petitinga que visite Ana Maria no isolamento em que se encontrava. Ele precisou usar influências políticas para quebrar o isolamento, e ainda assim foi proibido de visitá-la regularmente. Quando conseguiu acesso, constatou o desaparecimento das lesões e usou novamente sua influência para que ela fosse novamente avaliada por médicos, conseguindo sua alta. Petitinga não fez apenas isso. Ele conseguiu a colocação da mulher em um trabalho no qual os empregadores sabiam de sua história passada, o que é ainda mais admirável àquela época na qual só se sabia que o mal de Hansen era uma doença contagiosa e da qual se devia manter distância.

Teria sido um diagnóstico errado que levou Ana Maria ao isolamento? Não importa. Este artigo foi escrito para destacar o papel de Petitinga na história. Algum de nós se envolveria no resgate de um hanseniano, vivendo naquela época, ante um pedido espiritual em reunião mediúnica, de uma pessoa que desconhecia? Usaria sua rede de conhecimentos para recolocá-lo na sociedade? Esse é o grande fenômeno espírita: a caridade entre os homens.

20.8.18

PROGRAMAÇÃO DO 14 ENLIHPE






Acima está a programação do 14 Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, que acontecerá em Belo Horizonte, nos dias 25 e 26 de agosto. As vagas já estão esgotadas.

16.8.18

CONVERSANDO COM OS ESPÍRITOS

Por um ou dois anos estive escrevendo o livro "Conversando com os espíritos", com o apoio do Instituto Lachâtre. Hoje de manhã recebi as imagens, folder, release e outros produtos para divulgação. O "filhote" está no correio, ainda não consegui folhear e ver como ficaram o texto e as muitas imagens.

O livro é um misto de memória e estudo, experiência e reflexão. O texto do revisor, que percebeu bem a proposta, segue abaixo.

Os interessados podem adquirir seu exemplar no site do Instituto Lachâtre, que lançou com preço promocional. Basta acessar http://www.lachatre.com.br/loja/ e escrever a palavra conversando na caixa de busca (lá está escrito: digite o que está procurando)


Livro mostra como abordar e acolher espíritos em reuniões mediúnicas

Autor aproveita e homenageia figuras importantes do movimento espírita de Belo Horizonte 


Reuniões mediúnicas não são abertas ao público pelo mesmo motivo de nos consultarmos com médicos, psicólogos e afins a portas fechadas. O que será dito entre o profissional e paciente não diz respeito a mais ninguém. 

Em centros espíritas que seguem o que Allan Kardec, codificador do espiritismo, preconizou, a prática é a mesma. Espíritos que se apresentam revoltados, tristes, ameaçadores, amedrontados, irônicos etc. requerem abordagens específicas. Para tanto, a equipe que os atende deve ter conhecimento profundo de espiritismo e de prática mediúnica, além de profundo amor e compaixão por quem é levado para receber auxílio de um grupo mediúnico sério. 
No intuito de deixar bem claro o passo a passo da prática mediúnica, a Editora Lachâtre está lançando o livro Conversando com os espíritos. 

Escrito pelo psicólogo espírita Jáder dos Reis Sampaio, de Belo Horizonte (MG), a obra é também um rico manancial de histórias sobre espíritos que foram atendidos e socorridos na Associação Espírita Célia Xavier (AECX), na capital mineira. Entre atordoados ou dispostos a atordoar, todos os desencarnados recebem tratamento diferenciado e adequado a cada caso. Mas todos resultam no mesmo final feliz: percebem que não pertencem mais ao mundo dos vivos; libertam-se de sentimentos de medo, ódio, ou vingança, reencontram antigos afetos e são acolhidos em suas dores para se adaptarem, à vida espiritual, agora embalada pelo amor de Jesus Cristo por toda a humanidade. 

Conversando com os espíritos é também uma lírica viagem ao universo espírita belo-horizontino. Entre fundações de centros espíritas e implantações de reuniões mediúnicas, o autor conta a história da vida de vários espíritas que ajudaram a transformar a AECX num centro espírita de bases sólidas. 



Título: Conversando com os espíritos

Selo: Lachatre
Formato: 15,5 X 22,5
Nº de Páginas = 256
ISBN: 978.85.8291.070-2
Preço de Capa = R$ 34,90

Gênero: Mediunidade  



15.8.18

A LIVRARIA QUE ALLAN KARDEC NÃO FUNDOU



O Espiritismo Comentado tem se dedicado no último mês a divulgar os trabalhos do 14o. Encontro Nacional da LIHPE, mas muitas coisas vêm acontecendo que demandam um diálogo com os leitores. Hoje gostaria de conversar sobre a proposta de transformação de uma livraria na França em Museu Allan Kardec, feita pela blogueira Mari, sob o título: "Salve a livraria fundada por Allan Kardec em Paris". Quem quiser assistir o trabalho acesse: https://tipsparis.com/

Visivelmente emocionada, a blogueira ficou conhecendo a Livrairie Leymarie, e de boa fé veiculou diversas informações falsas, inclusive a que vai no título do post: Essa livraria não foi fundada por Allan Kardec! Lá também não aconteceram fenômenos de mesas girantes. Allan Kardec, encarnado, nunca esteve nesse endereço físico...

Na placa da frente do imóvel na "Rue de Saint Jacques" se lê: Ocultismo - Livraria. No vidro acima da porta está escrito: Edições Leymarie Ciências Psíquicas - Astrologia. 

Pelo que se vê no filme, há um grande quadro de Allan Kardec, dentro da livraria, o que pode ter contribuído para que a população na França associasse espiritismo a ocultismo e outras ideias místicas. A foto está em https://scontent.fplu9-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/39162740_1799746120062921_3862815477747154944_n.jpg?_nc_cat=0&oh=e5dec6ddbb85fc6a14f40383a516f46f&oe=5C142978

Kardec fundou uma livraria na Rue Lille 7, em 1869, e não em 1858, como se acha no Facebook da Librairie Leymarie. 1858 é o ano da pubicação da Revista Espírita (Revue Spirite), cujo título ficou sob a responsabilidade de Leymarie, alguns anos após a desencarnação de Allan Kardec. https://www.facebook.com/pg/librairieleymarie/about/?ref=page_internal

A trajetória de espaços físicos e livrarias que sucederam a desencarnação de Allan Kardec podem ser lidas resumidamente, na publicação que o blog Espiritismo em Movimento fez: https://espiritismoemmovimento.blogspot.com/2018/08/a-livraria-espirita-e-livraria-leymarie.html?m=1

Para uma leitura mais detalhada, temos livros bem fundamentados em pesquisa documental:

- O legado de Allan Kardec - autora: Simoni Privato
- Madame Kardec - autor: Adriano Calsone

São dois textos muito fáceis de se ler, bem escritos e interessantes (para quem deseja conhecer o movimento espírita francês após Kardec).

14.8.18

EXPERIÊNCIAS DE QUASE-MORTE

O administrador Paulo Neto, estudioso espírita, teve aprovado para apresentação no 14o. Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo seu trabalho intitulado "Experiência de quase-morte: casos que evidenciam a sobrevivência da alma e explicações da doutrina espírita". Este artigo se tornou capítulo do livro "A sobrevivência da alma em foco", que lançaremos no evento.

Paulo Neto


Segundo Sleutjes e colaboradores, “Experiência de quase morte é uma experiência pessoal associada com morte ou morte iminente. Tais experiências podem abranger uma variedade de sensações, incluindo afastamento do corpo, sentimentos de levitação, serenidade total, segurança, calor, a experiência de absoluta dissolução e a presença de uma luz.”

Paulo relata diversos casos que ele retira da literatura de divulgação das pesquisas de EQM. Neles, encontraremos relatos de percepção de luz, de objetos específicos em lugares que não permitem percepção sensorial, descrições claras dos procedimentos de ressuscitação e do trânsito de pessoas na sala e sensações de paz.

O autor nos explica de forma didática a relação entre os registros do eletroencefalograma imediatamente antes e após uma parada cardíaca.

Após relatar diversos eventos descritos não explicáveis como resíduos de funcionamento dos neurônios do cérebro, da memória ou coisa semelhante, Paulo revê uma teoria desenvolvida por Allan Kardec, a da emancipação da alma, como candidata à explicação dos fatos recorrentes, mas ainda sem explicação com base apenas no funcionamento orgânico.

Se não conseguiu vaga no 14o. Enlihpe, confira o trabalho no livro e a apresentação no YouTube, após o evento.


Sleutjes, A; Moreira-Almeida, A; Greyson, B (2014). "Almost 40 years investigating near-death experiences: an overview of mainstream scientific journals". J. Nerv. Ment. Dis202: 833–6. doi:10.1097/NMD.0000000000000205PMID 25357254.

10.8.18

RECORDANDO AS PESQUISAS COM MÉDIUNS



Os médicos Eric Pires e Leandro Franco escreveram para o 14º Enlihpe dois trabalhos, que se encontram no livro “A sobrevivência da alma em foco”.


Eric Ávila


No primeiro trabalho levantam a contribuição de César Lombroso, médico italiano nascido em 1835. Após ter publicado trabalhos sobre o hipnotismo e ridicularizado a existência dos fenômenos espirituais, ele estudou, a convite de Chiaia, a médium Eusápia Paladino a partir de 1891, atribuindo-lhe inicialmente um diagnóstico de epilepsia e histeria. Após anos de estudos, Lombroso publicou em 1909 o livro “Hipnotismo e mediunidade”, no qual trata de inúmeros fenômenos de efeitos físicos e de temas como a fisiopatologia de Eusápia e de outros médiuns estudados à época. Ele reconhece a existência da mediunidade e dos espíritos.

Leandro Franco


No segundo trabalho, os autores fazem uma análise das principais teorias discutidas no livro “Mediunidade e sobrevivência”, escrito por Alan Gauld para divulgar cem anos de fundação da Society for Psychical Research, em Londres. Os estudos foram publicados por pesquisadores da casa, revistos ante a leitura dos procedures, e livros deles. Médiuns como Leonore Piper, Sra. Leonard, entre outros, têm seus fenômenos analisados à luz das teorias explicativas que surgiram. Gauld se posiciona favorável à hipótese da imortalidade para explicar fenômenos como manifestação de habilidades não aprendidas, “traços de personalidade, os propósitos, e todo um ponto de vista característico de uma pessoa outrora viva”. Com esta posição ele aponta fenômenos que teorias como a da super-percepção extra sensorial (super-PES) tem dificuldades em explicar.

4.8.18

VICTOR HUGO: UM MESMO AUTOR EM "PÁRIAS EM REDENÇÃO" E "OS MISERÁVEIS"?

Outro autor de trabalho do 14 Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo é o bacharel em linguística e literatura colombiano, J. Mário N. Sáenz. No seu trabalho, ele compara, usando métodos da chamada "análise sociocrítica", a obra de um autor conhecido, Victor Hugo, especialmente em seu livro "Os miseráveis", com o livro "Párias em redenção", psicografado por Divaldo Franco e atribuído ao mesmo autor.

Apesar de não termos o autor no nosso evento, teremos seu capítulo no livro "A sobrevivência da alma em foco", escrito em espanhol, para os interessados. Veja abaixo o resumo do capítulo.




J. Mário N. Sáenz



"A Doutrina Espírita e seu codificador, Allan Kardec, asseveram que a melhor de todas as provas de identidade se funda na linguagem e nas circunstâncias fortuitas. Contudo, por acaso a linguagem não pode ser manipulada por espíritos enganadores para fingir o que não são? É claro que sim. Da mesma forma que entre os homens, os discursos se manipulam no que se refere à linguagem articulada conformada por signos linguísticos, o que chamamos de língua. Todavia, a linguagem também está formada por outros signos, semióticos, que geralmente se expressam de maneira espontânea, mostrando toda nossa essência no que dizemos ou enunciamos. Por isso, não é possível manter imposturas permanentes, pois em qualquer momento ou de qualquer maneira nos colocaremos a descoberto. Assim, diversos estudos da linguagem têm sido realizados  para conhecer a complexidade humana através de seus discursos. Esses métodos, sustentamos, podem ser aplicados entre a humanidade desencarnada e suas comunicações, sobretudo as escritas. Mas, não só se trata de descobrir ou evitar a mistificação, também, de examinar minuciosamente as estruturas profundas da linguagem para aproveitar todos os acontecimentos da prática mediúnica a partir da linguagem como ferramenta de identificação ou compreensão para todos os casos. Como proposta, realizamos um estudo comparativo da linguagem das obras em questão, aplicando o enfoque sociocrítico em três dimensões: literária, semiótica e social."

23.7.18

UMA PESQUISA EXPLORATÓRIA ATUAL SOBRE A MEDIUNIDADE NO 14 ENLIHPE

Lamartine Palhano Jr. desenvolveu um método denominado "varredura medianímica" (Transe e Mediunidade, 1998) no qual diferentes médiuns se concentram em um mesmo objetivo proposto. Por exemplo, se alguém traz um caso de obsessão ao grupo, as diferentes percepções mediúnicas e anímicas obtidas sobre esse caso frequentemente são muito mais esclarecedoras, possibilitando a análise de convergências e divergências entre as percepções individuais, trazendo consequências muito interessantes à prática da mediunidade..

Neste trabalho que foi escrito por Raphael Vivacqua Carneiro, engenheiro, doutorando em Ciência da Computação, e Luana Poltronieri de Souza, graduada em Administração, mestre em Educação, pesquisadora do CNPq no grupo GEPEME, os autores relatam os resultados de 13 casos pesquisados com a utilização dessa metodologia em seu grupo. Eles estarão presentes no 14º Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo que acontecerá nos dias 25 e 26 de agosto na Sede Federativa da União Espírita Mineira, em Belo Horizonte - MG,  Brasil. Seu trabalho compõe um dos capítulos do livro "A sobrevivência da alma em foco".



Luana Poltronieri de Souza

Raphael Vivacqua Carneiro


Veja abaixo o resumo:

"Este trabalho explora o problema da sobrevivência da alma, realizando experimentos de evocação de pessoas falecidas por meio do método proposto por Palhano Jr., que utiliza prece e a varredura medianímica. Testamos a reprodutibilidade do método, avaliando a sua eficácia, as suas vantagens e as suas dificuldades práticas, numa equipe composta por 12 integrantes, com diferentes níveis de experiência prática no campo da mediunidade. Segundo o autor do método, as condições para a sua efetividade são: a formação de um campo psíquico coletivo, fruto da harmonia entre os participantes; a canalização do transe em direção a um mesmo alvo estabelecido, sem dispersões psíquicas; a utilização de todos os variados recursos anímicos e mediúnicos; a benevolência dos propósitos. Para testar a eficácia do método, utilizamos um protocolo para controle das informações obtidas medianimicamente. Realizamos experimentos envolvendo 13 pessoas falecidas, sendo que em apenas 8 desses casos estava presente alguém com forte ligação afetiva com o alvo. Os resultados obtidos sugerem que o método é eficaz, reproduzível e apresenta vantagens em relação à prática mediúnica mais comum."

Palavras-chave: evocação de espíritos, varredura medianímica, sobrevivência da alma.

20.7.18

VOCÊ TRABALHA COM COMUNICAÇÃO SOCIAL EM SEU CENTRO ESPÍRITA?





A União Espírita Mineira promoveu o Primeiro Encontro de Comunicação Social Espírita de Minas Gerais. Eu assisti a programação de domingo e fiquei conhecendo dois bons expositores da Federação Espírita Brasileira e, pelo que entendi, da Federação Espírita do Estado de Goiás, também.

André  Siqueira tratou de princípios e finalidades e Ivana Raisky compartilhou bastante sua experiência prática com o tema e as questões que surgem quando se trabalha com voluntários em equipe.

Recomendo aos interessados que trabalham na área ou são voluntários tirar um tempinho para assistir.

17.7.18

MUITO PRAZER: FREDERICA HAUFFE.


A Vidente de Prevorst

Elton Rodrigues, físico e Carolina Machado, química industrial, vão apresentar o trabalho "Ensaio sobre as anotações do Dr. Kerner com respeito aos fenômenos psíquicos da Sra. Frederica Hauffe" no 14o. Enlihpe. O evento acontecerá na Sede Federativa da União Espírita Mineira, nos dias 24 e 25 de agosto de 2018. As inscrições estão esgotadas, mas o conteúdo poderá ser acessado no livro "A sobrevivência da alma em foco" e as apresentações serão futuramente publicadas via Youtube.


Abaixo, um resumo do trabalho.





Elton Rodrigues


Carolina Machado


"As pancadas em Hydesville são tidas como um marco histórico das tradições do espiritualismo moderno e do espiritismo. Porém, já antes disso, numerosos fenômenos evidenciaram a comunicação entre os vivos e os mortos, sendo, portanto, de relevância histórica para o conhecimento do movimento espírita brasileiro. As notáveis manifestações psíquicas da sra. Frederica Hauffe, estudadas e registradas pelo dr. Justinus Kerner, em 1829, é um desses casos. Este trabalho tem por objetivo realizar um levantamento dos fenômenos que podem ser interpretados como mediúnicos à luz do espiritismo, nas anotações realizadas pelo dr. Kerner, a partir das observações feitas por ele durante o tratamento realizado na sra. Hauffe, entre 1826 e 1829. Além do exame exploratório da obra do dr. Kerner, realizamos um levantamento bibliográfico, não apenas em Allan Kardec, mas também em alguns outros autores que citam os estudos realizados com a sra. Hauffe. Os resultados de nossa análise inicial são sugestivos de que há uma grande gama de informações contidas nas anotações do dr. Kerner que estão presentes na codificação espírita, algumas apenas com nomenclatura distinta."

13.7.18

O QUE NÃO COMPROVA A EXISTÊNCIA DA ALMA?

Alexandre Fontes da Fonseca, físico residente em  Campinas, SP, vai apresentar no 14 Enlihpe um trabalho bem original. Ele argumenta que a auto-organização dos corpos não é suficiente para defender a sobrevivência da alma e que as propriedades quânticas da matéria também não. Ao contrário, a última tese seria de base materialista, e os espíritas que a advogam costumam não perceber essa contradição. Leia abaixo o resumo do artigo, que irá compor o livro "A sobrevivência da alma em foco":


O resumo do trabalho: 

"O desconhecimento dos mecanismos que descrevem os fenômenos complexos da vida ainda hoje desafia os pesquisadores na formulação de modelos e teorias a respeito dos mesmos. Essa dificuldade fez alguns estudiosos espiritualistas pensarem que, talvez, alguns desses fenômenos só podem ser explicados pela ação de um agente não-material como a alma ou o Espírito. Dois exemplos de tipos de fenômenos que suscitaram tais hipóteses são analisados aqui com o propósito de esclarecer que, na verdade, eles não servem como evidência ou indício da existência e sobrevivência da alma. Um desses tipos de fenômenos consiste da chamada auto-organização dos corpos dos seres vivos e a manutenção de suas estruturas. O outro tipo de fenômeno consiste da relação entre certas propriedades quânticas da matéria e os conceitos de mente, consciência ou alma. A crença na ideia de que seria o Espírito o responsável pela aglutinação e organização da matéria dos corpos vivos data do século retrasado e ainda vige nos dias atuais, embora a ciência já tenha demonstrado, já a algumas décadas, que o fenômeno decorre de fatores puramente materiais. Menos antigas, as hipóteses da mente ou a alma ser quântica, ou de que existem relações entre a alma e o corpo baseadas em propriedades quânticas da matéria, permeiam e seduzem o movimento espírita em função de especulações científicas e espiritualistas. Além dessas ideias terem dado surgimento ao chamado “misticismo quântico”, mostraremos como essa associação prematura e superficial entre conceitos quânticos e conceitos espíritas abre uma brecha materialista, isto é, que leva, exatamente, à consequência contrária à ideia da existência e sobrevivência da alma. Na atualidade, nenhum dos fenômenos citados acima é capaz de encarar a razão da ciência em defesa da existência e sobrevivência da alma. Concluímos destacando a forma como Kardec demonstrou a existência da alma e que continua sendo a forma mais adequada para investigar e demonstrar a existência e sobrevivência da alma."

TERMINADAS AS INSCRIÇÕES PARA O SALÃO DA UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA: 14o. ENLIHPE



Após alguns dias de inscrições, já não há mais vagas para o 14o. Enlihpe no salão principal da sede federativa da União Espírita Mineira. A federativa disponibilizará outra sala com telão para os interessados em estar presentes. Se houver desistências, eles serão prioridade para ocupar as vagas que surgirem.

Convido os interessados a se inscreverem na sala 2, porque terão acesso aos livros, autores, expositores e outros participantes nos horários comuns.

Contamos com o entendimento das pessoas que desejam participar do evento.

Jáder Sampaio
pela Coordenação do 14o. Enlihpe

10.7.18

9.7.18

LUIZ FERNANDO FALA DE SÓCRATES NO 14o. ENLIHPE


Luiz Fernando Bandeira de Melo também apresentará um trabalho sobre o filósofo Sócrates no 14o. Enlihpe. Ele é doutorando em filosofia na Universidade de Coimbra - Portugal e coordenador do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita em duas casas espíritas de Uberlândia - MG: "O Consolador" e Estrada de Luz"







"Podemos apontar Sócrates como proponente do pensamento em que o conhecimento sobre a imortalidade da alma favorece consequências evolutivas morais para o ateniense? Perpassando os escritos de Platão encontramos passagens que propiciam tal interpretação no âmbito filosófico-religioso e que assim, autorizam uma resposta positiva. Objetivo assim este trabalho, para uma discussão sobre as interpretações de discursos socráticos portadores de ideias inovadoras onde a inegável imortalidade da alma condiciona a evolução moral do homem. Dentre as várias apresentações de Sócrates nos textos platônicos, privilegiarei nesta abordagem as que o mostra conhecedor do fim filosófico e religioso de sua missão deflagrada oracularmente de ajudar o próximo a conhecer-se melhor. Missão para a qual ele emprega o conhecimento sobre a imortalidade da alma e seu futuro após a morte do corpo em transmigrações sucessivas, como um fator determinante na transformação da moral do homem. Para fundamentar nossa interpretação sobre a doutrina socrática, será necessário expor argumentos para além da sua missão apolínea, observando o conteúdo das manifestações do seu daimon, um intermediário divino que o orientava em algumas decisões junto a interlocutores. Para tanto, além dos textos platônicos e os de Xenofonte, se tornarão úteis apontar alguns autores que também esclarecem o que pretendemos demonstrar a respeito do pensamento filosófico-religioso de Sócrates como inovador. Portanto, conduziremos nossos esforços neste trabalho para responder à questão: Sócrates agrega o conhecimento da imortalidade da alma à evolução moral do homem?"

O 14o. Enlihpe acontecerá na Sede Federativa da União Espírita Mineira, nos dias 25 e 26 de agosto de 2018. Na oportunidade os textos completos dos trabalhos serão disponibilizados no livro "A sobrevivência da alma em foco", publicado pelo Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo- Eduardo Carvalho Monteiro, em parceria com a Liga de Pesquisadores do Espiritismo. As inscrições ainda não estão abertas, mas as vagas serão limitadas.

6.7.18

MARCO MILANI; MAIS UM AUTOR DO PROGRAMA DO 14 ENLIHPE

Marco Milani é mais um expositor do 14o. Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo. Ele é de São Paulo - SP, mas atualmente reside no interior paulista, onde preside a USE Regional de Campinas.

Marco é professor da Unicamp, onde coordena autalmente o programa de pós graduação stricto sensu em administração. Foi entrevistado por Eliana Haddad, do Correio Fraterno, durante o 10o. Enlihpe, para tratar das relações entre as ciências e o espiritismo. É uma entrevista de apenas 8 minutos, na qual ele explica como os trabalhos do Enlihpe são selecionados.




Este anos, direcionamos a programação para o tema: sobrevivência da alma, aceitando os trabalhos sobre o assunto para apresentação oral, e aceitando para apresentação em forma de pôster os trabalhos igualmente bons, mas que não tratam do tema central, ou a pedido do autor.

O 14 Enlihpe acontecerá nos dias 25 e 26 de agosto de 2018, na sede federativa da União Espírita Mineira, em Belo Horizonte - MG.

4.7.18

14o. ENLIHPE - SAMUEL NUNES MAGALHÃES


O 14o. Enlihpe está chegando, e os interessados me perguntam: quem vem? 

Consegui uma entrevista com Samuel Nunes Magalhães, falando de seu livro "Anna Prado: a mulher que falava com os mortos", publicado pela Federação Espírita Brasileira. 

Memorialista, fundou e presidiu Centros de Documentação Espírita no Amazonas e em Pernambuco. Está responsável pelas áreas de arquivo e museu da FEB.






Samuel tem também o livro "Charles Richet, o apóstolo da ciência e o espiritismo"

Samuel vai conversar sobre a polêmica questão das edições de "A Gênese", em uma mesa com Marco Milani.

O 14o. Encontro Nacional da LIHPE acontecerá nos dias 25 e 26 de agosto de 2018 na Sede Federativa da União Espírita Mineira, em Belo Horizonte-MG.

30.6.18

14o. ENCONTRO NACIONAL DA LIGA DE PESQUISADORES DO ESPIRITISMO








Estivemos sem novas publicações nas últimas semanas em função da organização do 14o. Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo. 

O tema de 2018 será "Sobrevivência da alma" e foram aceitos trabalhos variados. A programação de estudos para o público geral é a seguinte:


PROGRAMAÇÃO – 25/08/18

Sábado

07h30            Recepção, credenciamento e entrega de material

08h25  Prece de Abertura

Palavras iniciais: LIHPE / CCDPE-ECM / USE / UEM / FEEES / NUPES

Conferência de abertura – É possível investigar a existência da alma? (Alexander Moreira Almeida – Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora – NUPES-UFJF)

Palestra - A importância da fundamentação transcendental e idealista para a ideia de imortalidade do espírito. (Humberto Schubert Coelho - Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora – NUPES-UFJF)

Trabalho 1 - Tema: O que não comprova a sobrevivência da alma? (Alexandre Fontes da Fonseca – União das Sociedades Espíritas de São Paulo – Regional Campinas e Editor do Jornal de Estudos Espíritas)

Palestra 2 - A relação entre a LIHPE e CCDPE-ECM (Júlia Nezu – Presidente do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo - CCDPE-ECM – São Paulo)

Trabalho 2 - Tema: As investigações sobre a sobrevivência da alma (Marcelo Gulão – Professor de História do Colégio Naval – Rio de Janeiro)

Trabalho 3 – Tema: Prova da sobrevivência da alma (Paulo da Silva Neto Sobrinho – Centro Espírita Manoel Felipe Santiago – Belo Horizonte)

Mesa: A Gênese (Coordenação Jáder Sampaio – Associação Espírita Célia Xavier-Belo Horizonte-MG, Marco Milani – União das Sociedades Espíritas de São Paulo – Regional Campinas, Universidade de Campinas e Samuel Magalhães – memorialista espírita, autor do livro “Ana Prado, a mulher que falava com os mortos”, membro do Centro de Documentação Espírita do Ceará - CDEC e organizador, junto com o Luciano Klein, do Memorial Bezerra de Menezes, em Fortaleza, além de colaborador da FEB, na área da memória e documentação)

Apresentação de Pôsteres: Um estudo das cartas de Chico Xavier (Alexandre Caroli Rocha – Doutor em Literatura do Programa de Teoria e História da Literatura da Universidade de Campinas – Unicamp), Evidências televisuais da matriz religiosa espírita na produção teledramatúrgica nacional (Marcos Vinícius Meigre e Silva – Doutorando em Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais)

Homenagem: Alfred Russel Wallace (Jáder Sampaio – Associação Espírita Célia Xavier – Belo Horizonte-MG)

17h20 Encerramento do dia


17h30 Assembleia da Liga de Pesquisadores do Espiritismo – LIHPE (para membros da LIHPE)


Domingo - 26/08/2018


8h30   Prece de Abertura

Trabalho 4 – Tema: Experimentos de evocação de pessoas falecidas por meio do método de varredura medianímica (Raphael Vivacqua Carneiro – Grupo de Pesquisa Lampejo e Núcleo de Pesquisas da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo – Doutorando da Universidade Federal do Espírito Santo)

Trabalho 5 – Tema: Mediunidade e sobrevivência- um século de investigações: a contribuição de Alan Gauld para o estudo da imortalidade (Leandro Santos Franco de Aguiar e Eric Vinícius Ávila Pires - Associação Médico Espírita de Minas Gerais)

Trabalho 6 – Tema: A sobrevivência da alma e o progresso moral em Sócrates (Luiz Fernando Bandeira de Melo – Doutorando em Filosofia na Universidade de Coimbra - Portugal)

Trabalho 7 – Tema: Ensaio sobre as anotações do Dr. Kerner com respeito aos fenômenos psíquicos da Sra. Frederica Hauffe (Elton Rodrigues e Carolina Machado- Associação de Física e Espiritismo da Cidade do Rio de Janeiro)

Trabalho 8 – Tema: Cesare Lombroso: da biografia à transição paradigmática (Eric Vinícius Ávila Pires e Leandro Santos Franco Aguiar - Associação Médico Espírita de Minas Gerais)

11h55 Comentários finais e prece de encerramento


O evento acontecerá na União Espírita Mineira - Sede Federativa, situada na Avenida Olegário Maciel 1627 - Lourdes. Belo Horizonte - MG

As inscrições ao público serão gratuitas, mas limitadas e ainda não estão abertas, informaremos assim que disponíveis.

Informações sobre hotelaria:

Os indicados para ficar perto da UEM são os itens 01 e 02.

1- Hotel Royal
Endereço: R. Rio Grande do Sul, 856 - Lourdes, Belo Horizonte - MG, 30180-002

Telefone: (31) 2102-0000 

2 - Promenade Bh Platinum (na Av. da União Espírita Mineira) Endereço: Av. Olegário Maciel, 1748 - Lourdes, Belo Horizonte - MG, 30180-111

Telefone: (31) 2125-3800 

3 - Hotel Ibis Budget Belo Horizonte Minascentro (07 quarteirões da UEM,  perto do Mercado Central) Endereço: Av. Bias Fortes, 783 - Lourdes, Belo Horizonte - MG, 30170-011

Telefone: (31) 3343-6400 

4 - Ibis Belo Horizonte Liberdade Hotel (Bairro próximo para se locomover de carro, perto da Praça da Liberdade e da Feira Hippie) Endereço: Av. João Pinheiro, 602 - Lourdes, Belo Horizonte - MG, 30130-180 
Telefone: (31) 2111-1500 

5. Hotel San Diego Express, Endereço: Av. Barbacena 41 – Barro Preto, entre a Via Expressa e a Av. Augusto de Lima. (Bairro próximo para se locomover de táxi ou Uber) 

Telefone: (31) 3614-3750


Apoio







22.5.18

PIERRE JANET: UM PSICÓLOGO ESTUDA FENÔMENOS DE SONAMBULISMO






Manoel Philomeno de Miranda atraiu minha atenção para alguns clássicos da psicologia e psicopatologia que não foram sequer citados no curso de psicologia que fiz há cerca de trinta anos, apesar de sua influência no pensamento psicológico e psicopatológico. Sua leitura mostra como era importante a questão da mediunidade e dos fenômenos parapsicológicos naquela época, haja vista que alguns dos autores que cheguei a estudar, principalmente da França e da Inglaterra, se ocuparam com os fenômenos espirituais.

Um desses autores foi Pierre Janet (1859-1947), que estudou medicina e filosofia e tornou-se professor de Filosofia na Universidade de Harvre aos 22 anos, época em que teve contato com pacientes interessados em fenômenos psicológicos. Interessado em estudar alucinações, foi apresentado pelo Dr. Gilbert à Léonie, uma mulher que havia sido hipnotizada pelo Dr. Perrier of Caen (discípulo do Barão Du Potet, magnetizador) e que produzia fenômenos à época muito divulgados, mas pouco conhecidos pela psicologia nascente, como a “clarividência, a sugestão mental e a hipnose à distância”.

Janet conseguiu produzir em Léonie, fenômenos de hipnose à distância, o que gerou um artigo, comunicado em uma sociedade de psicólogos parisiense. A partir daí ele conheceu Charcot, Charles Richet, Myers e Sidgwick, e a Society for Psychical Research, em Londres, que enviou ao Havre um de seus membros para “verificar” o seu trabalho. Janet afirma em sua autobiografia que:

“Os experimentos que eu conduzi a pedido dessa comissão e com as precauções exigidas forneceram resultados muito interessantes: o sonambulismo coincidiu exatamente com a sugestão mental dada à distância de um quilômetro, dezesseis vezes em vinte tentativas.”

Entre 1882 e 1889, Janet estudou com Charcot na Salpetriére e escreveu uma tese sobre “O estado mental das histéricas” (1892), na qual associa os eventos da neurose (histérica) com ideias fixas do sujeito e sua predisposição à sugestão. Posteriormente ele admite que o fenômeno mais importante é a sugestibilidade, e que nem sempre há ideias fíxas, como em um  caso de hemiplegia histérica.

Como os doentes mentais ficam sugestionáveis? Janet não aceita a ideia corrente de que o sujeito se auto-sugestiona e entende que as funções psicológicas de resistência e síntese se enfraquecem. O enfraquecimento pode dar-se por quatro motivos: o trauma emocional que afeta subconscientemente o sujeito, a exaustão de todos os tipos, padecimentos orgânicos e predisposição hereditária.

Outra contribuição de Janet à psicopatologia se deu na continuidade de seus estudos com pacientes com o que hoje se chama de depressão, e que ele descreveu com o nome de psicastenia, uma nova neurose distinta da histeria e da epilepsia (que parece ter sido considerada uma forma de neurose até ser associada às descargas elétricas no cérebro).

Cada vez mais os trabalhos de Janet foram direcionados pelo desenvolvimento da psicologia e da psicopatologia, e deixando no passado a questão dos estranhos fenômenos obtidos em situação de hipnose.

A influência do pensamento de Janet não se restringiu ao meio acadêmico, sendo muito utilizado o conceito de ideias fixas nos livros ditados por André Luiz a Chico Xavier, na explicação de fenômenos psicológicos entre os Espíritos.

Um dos conceitos de Janet que serão usados por outros autores na tentativa de explicar a mediunidade, os fenômenos dos sonâmbulos e a sugestibilidade hipnótica é o conceito de desagregação, que trataremos em outra matéria, ao falar de Joseph Grasset.