27.11.12

HISTÓRIAS QUE OS ESPÍRITOS CONTARAM


Montagem fotográfica com as capas da nova coleção

Herminio Miranda escreveu durante anos em "Reformador", publicando artigos sobre temas diversos, especialmente publicações relacionadas à imortalidade da alma, reencarnação e mediunidade que saíam em países de língua inglesa. Creio que a obra que mais o projetou, após esta fase, foi "Diálogo com as sombras", publicada pela FEB próxima dos anos 80, que mostra suas recomendações e experiências com o atendimento aos espíritos desencarnados.

Chamou muita atenção o uso da técnica de indução de regressão de memória no atendimento, o que era praticamente desconhecido, mas penso que sua maior contribuição foi a desconstrução do papel do doutrinador, como alguém que instrui em doutrina, que fica explicando aos espíritos como é o seu mundo, a moral cristã e as leis de Deus, na esperança que a razão os retire da condição que a perturbação emocional os situou.

A explicação é útil aos espíritos ignorantes, de boa fé, tem seu papel junto a alguns sofredores, mas é bastante limitada para os que agem como psicopatas do mundo dos espíritos ou aos que têm conflitos intensos, como ódios, ciúmes, e outras emoções perturbadoras. Os espíritos inteligentes e maus se riem da precariedade de nossos conhecimentos sobre o mundo deles.

Assim apresento um conjunto de livros que ele publicou pelo Correio Fraterno e que foram muito importantes para nosso grupo mediúnico. Ficou conhecido como "Coleção Histórias que os Espíritos Contaram". O grupo de Herminio é um dos poucos que conheço que seguiu a orientação de André Luiz em "Desobsessão", de gravar as sessões. A disciplina valeu a pena e anos depois ele desarquivou as fitas de rolo e transcreveu com mínimas mudanças os diálogos realizados com os espíritos em um pequeno grupo mediúnico.

Nos livros da ilustração acima, o leitor pode se encantar com as narrativas das histórias, mas chama-me atenção a forma como o atendente trata seus interlocutores. Ele os escuta, talvez pela influência das pequenas incursões que o autor fez na psicanálise de Freud e na regressão a vidas passadas de Albert de Rochas e outros. Quando digo que os escuta, significa que valoriza que os espíritos contem suas histórias e os auxilia a perceber seus conflitos, os momentos em sua história nos quais, influenciados por suas emoções em desalinho, decidiram-se por adotar uma persona vingativa, às vezes fria e calculista, mantida às custas de um afastamento com suas emoções mais profundas.

Sua cultura possibilita que ele dialogue sobre realidades diferentes no tempo e na história, sem perder-se na curiosidade vã. O atendente não se afasta da experiência e do sentido dado pelo espírito comunicante para pedir-lhe que dê detalhes de sua experiência passada, mas acolhe aquilo que ele se dispõe a trazer. Naquele momento, o mais importante é auxiliar a pessoa que se apresenta para conversar, fazendo-a abandonar suas defesas rígidas e mostrar-lhe o quanto são insatisfatórias para sua vida, trajetória futura e felicidade.

A editora Correio Fraterno fez uma bela reedição da coleção. Papel Lux Cream, muito confortável aos olhos, capas belíssimas, ilustrações sugestivas e sóbrias, o trabalho de edição nos entregou uma coleção primorosa. Só lamento que no Brasil não se façam pequenas edições com capa dura, que tornam os livros muito mais duráveis, mas de preço mais elevado.

Recomendo, portanto, aos interessados na mediunidade, a leitura dos quatro livros, que se tornaram referência importante para o aperfeiçoamento dos que se voluntariam neste tipo de trabalho.


Um comentário:

  1. Adoro esses livros!

    Lições do processo de diálogo com os Espíritos, sem excessos de um formalismo verbal religioso, improvisando intimidade, mas também distante de uma fria e curiosa audição.

    Uma escuta ativa, que valoriza o que está sendo dito (pelo comunicante, "interpretado" pelo médium), buscando na conversa o motivo da dor ou da revolta como também os pontos de apoio para reflexão. Nenhuma sacada "mágica", frases de efeito ou qualquer ato estranho à conversa.

    O que mais se aproxima com a segunda parte de O Céu e o Inferno, guardadas as peculiaridades do estilo dos autores?

    Fico sempre na dúvida se são suficientemente conhecidos.

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