9.4.08

Outro Poema de Damasceno Sobral



REVELAÇÃO

A harmonia impecável

e a suavidade quase divina de certas músicas

nos descortinam um mundo

onde a voz é murmúrio;

o desejo, ideal

e a expressão, poesia.

Um mundo homogêneo

cuja realidade parece ficção,

e ficção não é.

Esse mundo tão discretamente revelado

constitui o verdadeiro mundo,

o mundo essencial,

onde aportaremos um dia,

quando instruídos e modificados

à custa dos males aparentes de existências inúmeras.

Extraído de SOBRAL, J. Damasceno. Almas Libertas (Poemas). Divinópolis-MG, 1949.

8.4.08

Biblioteca Espírita Pública



Foto 1: Maria Cerise auxilia Lucilene Sá na procura de livros.


Durante anos a Biblioteca da Associação Espírita Célia Xavier ficou "hibernando". A estrutura antiga, que era constituída de dois armários com cerca de mil e quinhentos livros, em uma sala que servia de passagem para o acesso do interior da unidade, ficou sem condições operacionais após a doação do acervo pessoal de Aurélio Valente. Um segundo problema inviabilizava o funcionamento pleno da biblioteca: o voluntariado, cuja força de trabalho era incapaz de mantê-la aberta nos horários necessários.

Algumas ações simples modificaram este cenário: uma reforma na AECX que disponibilizou um espaço com dois cômodos, a contratação de pessoal para mantê-la aberta em um horário amplo, o desenvolvimento de um software para o controle do acervo, um mutirão para a organização dos livros e a triagem dos livros da biblioteca de Valente. O espaço destinado, mesmo usado com inteligência, já está pequeno para o acervo e a freqüência de usuários.



Foto 2: Placa da Biblioteca: Homenagem a Aurélio Valente

Hoje a biblioteca conta com quatro mil, setecentos e cinquenta e dois livros, sendo 2700 para empréstimo e os demais para a composição do acervo. Além dos livros há fitas VHS, DVDs, revistas e livros infantis e coleções de revistas espíritas encadernadas, como o Reformador, A Centelha e a Revista Internacional de Espiritismo, Enciclopédias, Dicionários e outras fontes de referência.

A biblioteca funciona como arquivo institucional, uma vez que tem sob sua guarda os registros em forma de filme dos principais eventos que promove: nos últimos anos a "Semana de Célia", a "Semana de Allan Kardec" e a "Semana da Família", além de palestras de pessoas importantes que passam pela casa.

O mais interessante do projeto: a biblioteca é pública, ela não é restrita aos frequentadores da casa. Qualquer cidadão de BH pode ter acesso aos produtos para empréstimo se trouxer identidade e comprovante de residência. No primeiro bimestre de 2008 já foram realizados quase 500 empréstimos. No ano de 2007 a procura chegou a cerca de 4000 livros. Os números falam por si. Espiritismo Comentado entrevistou Maria Cerise: aguarde!


6.4.08

O Espiritismo, este Desconhecido.



Figura 1: Anunciação de Leonardo da Vinci

Os jovens universitários procuraram-me em casa. Estavam em uma tradicional Universidade Mineira e necessitavam apresentar um trabalho sobre o Espiritismo.

- O Livro dos Espíritos é uma boa referência? Perguntou um rapaz.
- Que tal apresentar a escala espírita? Afirmou outro.
- De onde vem o Espiritismo? Perguntou um terceiro.
- Você poderia assistir nossa apresentação? O professor não quer que apenas convidemos um especialista porque os grupos têm por costume não estudar o tema.

Concordei com tudo. Geralmente apresento alguns vídeos e programas sobre mediunidade. Os fenômenos têm seu papel no meio acadêmico, mas desta vez me foi negada a oportunidade.

A leitura de “O Livro dos Espíritos” foi meio rápida, para não dizer sumaríssima. O grupo parece ter lido exclusivamente a escala espírita (possivelmente, apenas as questões 101 a 113), abandonando toda a discussão de Kardec sobre a origem e natureza dos espíritos.

Para a aula ficar mais descontraída, resolveram fazer um teatro. O tema: mesas girantes. Um dos rapazes entrou sobre uma mesinha pequena, mal coberta por uma toalha branca, e a fazia movimentar-se. Gargalhada geral. Era-lhe impossível ocultar os pés e a assistência se divertia com seu jeito desajeitado. Ninguém percebeu o quanto seria difícil fraudar este tipo de fenômeno grosseiramente. Comecei a perceber o que é um preconceito cultural. Sem que ninguém conhecesse uma página sequer da Doutrina Espírita, o Espiritismo já estava condenado.

Posteriormente, após um histórico frágil e banal, apresentou-se a escala espírita. Mais uma surpresa! No texto, Kardec faz comparações entre as classes de espíritos que ele observou e os mitos cristãos medievais e da antiguidade. Kardec cita anjos, arcanjos, serafins, diabretes, bons gênios, duendes, trasgos, gnomos, etc. Qualquer pessoa minimamente racional que houvesse lido as duas primeiras partes do livro entenderia que o autor fez metáforas, que Kardec buscou nas crenças populares evidências culturais da manifestação dos espíritos, mas que em momento algum defendeu a existência real destes mitos, da forma que são contados às pessoas. Os universitários foram incapazes de percebê-lo. Apresentavam as classes e ordens de espíritos com uma risadinha irônica, própria de quem deseja ser sarcástico mas não tem coragem de fazê-lo abertamente.

Em princípio pensei em desmascarar a fragilidade do trabalho, apontando os equívocos grosseiros, mas calei-me. O professor de cultura religiosa não parecia ter o mínimo conhecimento espírita (o que é ainda pior), foi incapaz de cumprir com seu ofício e adverti-los. Sequer pareceu-lhe estranho o que diziam e nem passou por sua mente questionar-me. Era uma espécie de conluio silencioso. Eu fiquei com um sorriso amarelo, um pouco pasmo, ante o desrespeito e a ignorância. Não sei se agi certo, mas calei-me. E passados os anos continuo a perguntar-me como pode uma aula em uma instituição de ensino superior tornar-se um simulacro?

1630 Participantes no Congresso Espírita Mineiro


Encerrou-se hoje o IV Congresso Espírita Mineiro, no Auditório Topázio do Minascentro.

Divaldo Franco fez uma palestra magistral, na qual tratou de Ernest Renan, Lammenais e outros cristãos franceses que tentaram a seu modo reabilitar a doutrina cristã no século XIX. Ele apresentou avanços da psiconeuroimunologia associando o funcionamento do sistema nervoso com a contribuição da física biológica ao entendimento da fisiologia de transtornos psicológicos. Divaldo concluiu sua exposição dissertando sobre Tomé e o seu caminho ímpar em meio aos discípulos de Jesus para a construção da fé.

Foi feita a leitura de duas mensagens psicografadas por Wagner Gomes da Paixão, uma delas atribuída a Francisco Cândido Xavier.

O encerramento do evento contou com homenagens à União Espírita Mineira e com a palavra emocionada e emocionante de Marival Veloso. Ele tornou-se gigante por se considerar pequeno. Marival declamou, às vezes interrompido pelas lágrimas, a poesia condoreira de Castro Alves, antes e depois da morte. Agradeceu as homenagens e tocou a todos os presentes.
A Federação Espírita Brasileira, representada na abertura por Nestor Masotti e Altivo Ferreira contou com a prece de encerramento deste último nas instalações do centro de convenções mineiro.

O congresso foi corajosamente organizado tendo por base trabalhos de expositores conhecidos e reconhecidos nas terras das alterosas, mas muitos pouco conhecidos nos outros estados do Brasil.

Houve uma presença marcante de espíritas de todo o Brasil, representantes de Federativas e da comunidade espírita do interior de Minas Gerais que prestigiou o evento.
Em breve teremos imagens para divulgar. No momento, cabe parabenizar o trabalho árduo das muitas comissões que se formaram em torno da feliz idéia.

Leia a matéria sobre o Congresso em http://aecx.blogspot.com/2008/04/iv-congresso-esprita-mineiro-foi.html

5.4.08

Uma Mensagem Inesperada



Foto 1: José Mário (jovem)


Maio de 2003. Quinze anos se passaram da desencarnação de José Mário Sampaio. (Para quem estiver lendo este texto sem conhecer os personagens, José Mário Sampaio é meu pai, espírita atuante em Belo Horizonte, desencarnado em setembro de 1987.)

O Conselho Regional de Psicologia de MG havia me convidado para participar de uma mesa redonda no Seminário “Intervenção do Psicólogo na Saúde do Trabalhador”. A comissão organizadora passou por alguns apuros. Eles planejaram um evento para cerca de 300 pessoas, mas os colegas se interessaram e nas vésperas já havia 600 inscrições. O maior auditório do hotel foi conseguido às pressas e os profissionais que deixaram para a última hora tiveram que voltar para casa.


Alguns colegas espíritas estavam no público, mas, via de regra, os participantes não me conheciam ou conheciam apenas minhas credenciais. Talvez alguém tenha lido alguma de minhas
publicações em Psicologia do Trabalho, alguns haviam sido meus alunos na graduação ou pós-graduação, mas não trato de assuntos espíritas em sala de aula.


Após ter chegado e conversado brevemente com o outro membro da mesa, acertei a forma de projeção da apresentação com um funcionário do hotel e assentei-me. Por alguns momentos, durante a confecção do material e agora antes da atividade, recordei-me fortemente de meu pai. Quando ele desencarnou, eu ainda estava nos primeiros períodos do curso de Psicologia, após ter abandonado a graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais. Papai não interferiu na escolha dos cursos. Quando desejei fazer engenharia, ele não achava que aquele seria meu futuro. Uma vez, na intimidade, chegou a dizer que escolhesse o curso que eu quisesse, sem me preocupar com a remuneração do mercado de trabalho, porque eu sempre poderia me tornar professor na minha área de interesse. Fiquei pensando como é que ele havia acertado a minha incomum trajetória profissional. Quem sabe ele não havia me influenciado muito mais do que eu penso.


Ainda na espera de ser chamado para compor a mesa, por alguns minutos, pensei na satisfação que ele teria em ver o filho formado, apresentado o resultado de seus trabalhos para a sua
comunidade profissional. Foram apenas alguns instantes, e logo já estava à mesa, com um debate cordial, mas acirrado, que sucedeu as apresentações. O público encaminhava perguntas escritas em papel, que respondíamos na limitação do tempo reservado pela organização.
Terminada a mesa, fui conversar com alguns conhecidos presentes e, em meio à conversa, o mensageiro do hotel me trouxe, discreto, um papel dobrado.

- “A pessoa que escreveu não quer ser identificada.”Comentou.

Se não quer ser identificada, pensei, depois eu vejo do que se trata. Guardei no bolso e esqueci-me do papel, até chegar em casa. Trocando de roupa, vi o bilhete e desdobrei-o, curioso.
“Jáder, é um prazer conhecê-lo. Não me dirijo a você para fazer um questionamento, e sim, lhe enviando um grande abraço de um espírito totalmente iluminado que está ao seu lado, trazendo não só o abraço mas também se dizendo muito orgulhoso de seu trabalho. Ele se sente muito feliz em saber do quanto você tem caminhado.”
“Não sei se você acredita ou não em tudo isso... mediunidade, Espiritismo, sei lá o que é isso, porém cumpro meu dever com amor em te transmitir tal recado.”
“O nome dele é José Mário, foi médico e hoje no plano espiritual ele se dedica muito ao trabalho em busca de evoluir cada vez mais!” “Um abraço também meu. (preciso me manter no
anonimato)”

Fiquei surpreso, realmente. Seria uma brincadeira? Passados quatro anos, continuo sem conhecer o autor do bilhete. Que tipo de brincadeira é esta que ninguém se diverte? Seria farsa? Em um público seleto, tratando de um assunto técnico, e no anonimato, que interesse teria um psicólogo ou um funcionário de hotel em mantê-la? Os céticos diriam tratar-se de telepatia, mas que telepatia é esta em que o sensitivo capta o que não pensei, a profissão de papai, que por sinal está errada (papai era dentista), o que curiosamente remete a uma conversa que tínhamos em casa: o que faria um dentista após a desencarnação? Papai falava em tom de brincadeira, inicialmente, mas depois concluía, sério: - O conhecimento médico que temos deve ser útil no plano espiritual. No mais, o orgulho de pai, a satisfação com o progresso, faziam parte do que pensava. O tema da dedicação ao trabalho, que aparece na mensagem, dá seqüência aos seus anseios, segundo a mediunidade de Raul Teixeira e o conhecimento que eu tinha de sua personalidade enquanto encarnado. Este também não pode ter sido objeto de telepatia, a menos que os telepatas vasculhem os neurônios em busca de memórias do sistema pré-consciente, o que vai tornando a hipótese cada vez mais metafísica.


Curiosa a mediunidade, esta capacidade de médiuns diferentes perceberem o mesmo espírito com graus de profundidade distintos, mas com consistência de conteúdos.


Agradeço à corajosa e tímida médium (a letra parece ser feminina, se é que caligrafia tem sexo...) que espero poder sair um dia do anonimato após ler este pequeno depoimento. A propósito, e apenas para ela, acredito, sim, em mediunidade e Espiritismo.

4.4.08

Mais Notícias do Congresso Espírita Mineiro

IV Congresso Espírita Mineiro: “Espiritismo: Amor e Educação”Acontece, entre os dias 03 e 06 de abril de 2008, no Minascentro, em Belo Horizonte, o IV Congresso Espírita Mineiro. O evento, organizado pela União Espírita Mineira (UEM,) terá como temas centrais o amor e a educação e contará com a participação de representantes da doutrina espírita do país inteiro. Entre as exposições e palestras, haverá apresentações artísticas de Tim e Vanessa, Meu Cantar, Verbos de Versos, Cia. Espírita Laboro, Segredo. O evento será transmitido via internet. Para assistir e conferir a programação, acesse o site www.uemmg.org.br/congresso

Revelação – Uma pequena história: A Cia. Espírita Laboro, estreará neste sábado, 05 de abril, a peça “Revelação – Uma pequena história. A peça foi montada atendendo uma solicitação da União Espírita Mineira, para ser apresentada no IV Congresso Espírita Mineiro.
Inspirados pelas profundas palavras de Emmanuel que discorre sobre o advento da Doutrina Espírita e sua importância para a humanidade, a peça apresenta a história de um personagem fictício, João Jornaleiro, que, carrega em si as fragilidades e as potencialidades comuns a todos nós, espíritos que transitam pelo planeta e que tomam contato com as verdades espirituais trazidas pelo Consolador.
Com leveza e alegria, este espírito é esclarecido e iluminado pelos conceitos espíritas, fazendo verdadeiras descobertas sobre si mesmo.
A estréia poderá ser acompanhada via internet a partir de 18h do dia 05/04 no site
www.uemmg.org.br/congresso

Grupo Espírita Meu Cantar: O Grupo Espírita Meu Cantar se apresentará nesse sábado, 05 de abril, as 08h30 no IV Congresso Espírita Mineiro. A apresentação, bem como todo o evento, poderá ser acompanhada no site
www.uemmg.org.br/congresso. No repertório, canções cantadas à Cappella, que constarão no novo CD do grupo que será lançado no próximo ano.

30.3.08

Por Que Estudar Esperanto?

Figura 1: A Torre de Babel de Brueguel (1563)

Charles Richet, prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1913, era defensor do Esperanto. Ele dizia:

"Num futuro muito próximo haverá uma língua universal, mas, fique entendido, auxiliar, porque será sacrilégio querer que desaparecessem as belas línguas nacionais. (...)

Quando se fala de uma língua internacional, universal e única, do Esperanto, a gente séria se dana toda - estou empregando a gíria moderna para ficar no nível deles - e fazem uma objeção formidável: Ah! Ah! O Esperanto!

Aí fica toda a força da sua argumentação. (...)

Falemos seriamente, mesmo aos que não são sérios.

1o. - O Esperanto é uma língua muito fácil, que não tem uma única exceção em sua gramática.

2o. - Seu vocabulário é, sobretudo, latino, é o latim democracia, isso quer dizer, vocabulário francês.

3o. - Pode aprender-se a gramática - a gramática toda - em meia hora.

4o. Ao cabo de três meses de estudo (a razão de uma hora por dia) um jovem de 15 anos, de inteligência média, poderá falar corretamente o Esperanto. (Para os japoneses, eslavor, chineses e árabes, por causa da diferença profunda do vocabulário e do alfabeto, seriam necessários seis meses)

Ora, para falar corretamente uma única língua estrangeira (francês, inglês, alemão, espanhol ou italiano), são necessários pelo menos dois anos de longos estudos, à razão de pelo menos duas horas por dia. (...)

E o que será se, em lugar de uma única língua estrangeira, tivermos de aprender duas ou até três? (...)

É evidente que o Esperanto não interessará se ninguém o falar. (...) A utilidade do Esperanto está na proporção do número de pessoas que o falem. (...)

É uma beleza ouvir-se dizer: Ah! Ah! O Esperanto! Este argumento (?) não me persuadirá.

E o que é preciso para que esta suposta quimera se torne realidade?

Primeiramente é preciso uma propaganda pessoal ativa, endiabrada. Essa propaganda será divertida, será, sob zombarias, um dos apostolados que torna a vida digna de ser vivida. Para os homens fortes é uma alegria ser remoque de idiotas. (...)

Se, por um acidente de louca improbabilidade, muito mais quimérico que tudo que escrevi neste livro, eu me tornasse ministro da Instrução Pública, um dos meus primeiros cuidados seria o de propor aos meus colegas estrangeiros, ministros como eu, na Itália, na Inglaterra, na Espanha, na Alemanha, na Holanda, a organização de um ensino obrigatório por três meses, sim, de três meses apenas, para os jovens, rapazes e moças, de dezesseis anos. Ao cabo de três meses, uma comissão internacional percorrendo a Europa, conferiria bons prêmios aos professores e aos alunos que houvessem obtido os melhores resultados.

Seria incentivada uma correspondência afetuosa entre esses jovens esperantistas de todos os países.

Não seria complicado o estabelecimento de reuniões em que brilhasse o espírito internacional, graças à unidade da linguagem."

Extraído de Charles Richet: O Apóstolo da Ciência e do Espiritismo. Samuel Magalhães, FEB, 2007.

29.3.08

Manoel Alves: Trajetória Espírita




Figura 1: Da esquerda para a direita: Álvaro de Castro, a esposa e Manoel Alves


Era noite e papai me levou à casa de Seu Manoel para conhecer o evangelho no lar que ele fazia. A casa era pequena, mas a meus olhos parecia enorme, decorada com gosto e simplicidade, com os toques de afeto das almas femininas que lá habitavam. Ficamos na sala, e após a prece, leitura e comentários, Seu Manoel me presenteou com uma caixa de frutas da época, em um gesto de polidez e fraternidade. Quando o visitamos ele era comerciante de frutas.

Esse "evangelho no lar" deve ter começado na residência de seu cunhado, Celso Belém Goulart, casado com Carmen, e teve início após o contato com o Chico. O grupo recém criado não ficou apenas nos estudos, mas trabalhou dedicadamente na assistência social, fazendo visitas aos hospitais de hansenianos, presídios, cheches, asilos e hospitais até 1968.

Em 1968, Seu Manoel participou de um curso de expositores promovido pela União Espírita Mineira, onde conheceu os participantes do Grupo Espírita Emmanuel. Ele tornou-se trabalhador da União Espírita, como expositor, especialmente do estudo do evangelho. Hoje Manoel Alves é conselheiro e continua expositor da União.


Foto 2: Manoel Alves faz exposição sobre Caridade no Auditório da União Espírita Mineira em 2007


A amizade que fez com José Damasceno Sobral, Honório Abreu e Oswaldo Abreu, vindo depois a conhecer meu pai, José Mário Sampaio, foi muito importante em sua formação espírita. Ele passou a frequentar o Grupo Emmanuel, na região do Padre Eustáquio, atividade que mantém até os dias de hoje.

Algumas vezes tive a alegria de acompanhar Manoel, Sobral, papai e Luizão (que foi apelidado pela sua estatura física) em viagens doutrinárias no interior de Minas Gerais. Os temas que eles desenvolviam era o passe, os princípios básicos do Espiritismo, o estudo do Evangelho e a mediunidade. Sobral, nas viagens de divulgação da doutrina era todo cuidados. Eles levavam cartazes (que costumavam chamar de gráficos) e faziam exposições didáticas, em linguagem simples mas sempre embasada. A obra de Chico Xavier era uma referência constante e autores como Emmanuel e André Luiz eram sempre utilizados, sem o abandono das bases kardequianas.

O bom humor, a linguagem simples e os casos são sua marca distintiva. Há quem o chame de "Manoel dos casos". Foi extensa a sua experiência com a mediunidade e o movimento espírita: ele sempre tem alguma vivência pessoal para ilustrar uma idéia ou princípio.

Manoel construiu um barracão nos fundos de sua residência, na Rua Cornélio Cerqueira, que passou a acolher os membros da reunião originalmente iniciada na casa do cunhado. Estavam dados os primeiros passos da criação do Grupo Espírita Irmão Frederico. Frederico era um dos espíritos considerado pertencente à equipe de Scheilla.

O grupo cresceu e formalizou-se. Ganhou sede própria e hoje funciona há mais de dez anos na Rua Redentor, 90. Bairro São José. Os filhos numerosos, em sua maioria tornaram-se espíritas atuantes no movimento, mas Seu Manoel, apesar da idade, não considera seu trabalho encerrado e continua dando sua contribuição ao Espiritismo Mineiro.

Amigo, desejo-lhe vida longa e virtuosa!

Agradecimentos: Ao Robson Alves, que entrevistou o pai e enviou as principais informações para esta matéria.

27.3.08

Erraticidade é o mesmo que Plano Espiritual?

Figura 1: Judeu Errante, por Gustave Doré

Talvez as gerações novas tenham esquecido do mito do judeu errante.
Conta-se que Ashverus, um sapateiro, teria sido amaldiçoado por Jesus no episódio da crucificação por recusar-se a ajudá-lo ou por tê-lo tripudiado. Ele foi condenado a viver eternamente sem morrer, vagando pelo mundo. Dizem algumas variantes da história que ele vagará até a parusia ou volta de Jesus.
Quem sabe Kardec se inspirou nesta história fantasiosa ao escolher a palavra erraticidade, para designar a condição do espírito no intervalo das encarnações, "que aspira a novo destino, que espera". (O Livro dos Espíritos, questão 224) Ao empregar a palavra erraticidade, Kardec não parece referir-se a um lugar, mas a um estado dos espíritos. No comentário da questão 226, ele deixa claro que os espíritos podem ser encarnados, errantes ou puros.
A palavra errante, segundo o mestre Houaiss, vem do latim "errans, errantis" e significa "que anda sem destino, que se engana".
Erraticidade, portanto, não é o mesmo que "mundo dos espíritos" (linguagem kardequiana) ou plano espiritual (termo empregado amiúde por André Luiz), posto que os espíritos puros, em tese, participariam do mundo espiritual mas não se encontram em erraticidade, porque não mais necessitariam reencarnar.



25.3.08

TV Alterosa | Doenças da alma

Foto 1: Érica Toledo, apresentadora do programa Feminina

Alcione Albuquerque (psicóloga), Estêvão Andrade (ginecologista e acupunturista) e Ricardo Wardil (homeopata) falam sobre sua experiência com doenças da alma que aparecem (e desaparecem) sob a forma de doenças orgânicas no programa Feminina, da TV Alterosa, apresentado por Érica Toledo.
Clique no link abaixo ou no título desta publicação para ver a entrevista no site da TV Alterosa. Os entrevistados são espíritas.

TV Alterosa Doenças da alma

24.3.08

Outra Poesia de Damasceno Sobral

Benefício

Que a resignação seja bastante,
jamais, contudo, a ponto de fazer calar as súplicas,
porquanto elas encontrarão eco no Infinito,
eco proporcional à nossa humildade, à nossa fé.

Ainda que,
no paroxismo do infortúnio,
nem mesmo a prece aparentemente nos alivie,
nos sentiremos com novas forças
Para novas lutas.

Do livro "Almas Libertas" (poemas). publicado em Divinópolis, 1949.

23.3.08

Às Margens do Eufrates: A Trilogia



Uma mistura equilibrada de ficção e realidade, sob uma ótica espírita. Esta é a impressão que fica após a leitura da trilogia "Guardiães da Verdade", "Veladores da Luz" e "O Vôo do Pássaro Azul".

O espírito Josepho, através da mediunidade de Dolores Bacelar, descreve as intrigas de uma corte assíria à época do século VII a. C. O personagem central é o imperador Assírio Sargon II, filho de Salmanazar e pai de Senaqueribe. Em foco, o domínio assírio sobre o oriente médio e o antigo egito, as guerras contra a Samaria e o domínio do reino de Judá. A resistência urartiana e a cultura persa também têm um papel importante nesta história.

Josepho cria personagens que encarnam a dualidade do ser humano, as suas contradições, as escolhas entre o poder e o dever. A pena deste espírito vagueia entre as paixões dos indivíduos e as análises sociais.

O enredo é bem tramado, sendo muito difícil ao leitor adivinhar o desfecho dos três romances que se seguem, contando apenas uma história. Mais uma vez, impressionam as citações, datas, informações sobre os personagens históricos que se entrelaçam com os personagens imaginados, a ficção. Josepho interrompe sua narrativa inúmeras vezes para tecer explicações com bases na doutrina espírita para o leitor, às vezes muito extensamente.

Outra articulação curiosa é a dos dados históricos com os dados da tradição hebraica. A cultura assíria é posta a nu, e o espírito defende a tese de Burns que propõe que uma sociedade não se sustenta apenas com o cultivo do militarismo e de um imperialismo predatório.

Esta política gera as bases da insatisfação e da busca de libertação pelos povos dominados, com tanto mais empenho quanto mais se lhes dilacerem os recursos e a perspectiva de futuro.

Deixando um pouco de lado os relatos o que invadiram o mercado editorial espírita brasileiro, com pouca qualidade literária, o realismo fantástico de Josepho merece ser apreciado pela comunidade espírita brasileira e internacional.

19.3.08

Fenômeno Telepático ou Mediúnico com Carl Jung?


Foto 1: Fonte: Guimarães, Carlos. Carl Gustav Jung e os Fenômenos Psíquicos. São Paulo: Madras, 2004. p. 103.

"A relação médico-doente, principalmente quando intervém uma transferência do doente ou uma identificação mais ou menos inconsciente entre médico e doente, pode conduzir ocasionalmente a fenômenos de natureza parapsicológica. Muitas vezes me ocorreu esta experiência. (...)
(...) Quase à meia noite voltei ao hotel. Depois da conferência jantei com alguns amigos e fui logo deitar-me. Não conseguia dormir. Por volta das duas horas - tinha acabado de dormir - acordei espantado, persuadido de qua alguém viera a meu quarto; tinha também a impressão de que a porta se abrira precipitadamente. Acendi a luz, mas não vi coisa alguma. Pensei que alguém se enganara de porta: olhei no corredor, silêncio de morte. "Estranho", pensei, "alguém entrou no meu quarto!" Procurei avivar minhas lembranças e percebi que acordara com a sensação de uma dor surda, como se algo tivesse ricocheteado meu crânio. No dia seguinte recebi um telegrama me avisando que aquele doente se suicidara. Dera um tiro na cabeça. soube mais tarde que a bala se detivera na parte posterior do crânio.
Tratava-se, neste caso, de um verdadeiro fenômeno de sincronicidade, tal como se pode observar frequentemente numa situação arquetípica - no caso, a morte."
(JUNG, Carl. G. Memórias, sonhos e reflexões. 7 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d. Tradução de Dora Ferreira da Silva)

15.3.08

Entrevista com o Dr. Ailton F. Dias




Muito se fala no movimento espírita em Unificação, desde Bezerra de Menezes. Outras possibilidades de aproximação entre as instituições espíritas existem e poderiam ser mais utilizadas pelo Movimento Espírita, diminuindo as diferenças regionais e locais. Entrevistamos o Dr. Ailton F. Dias, assessor da presidência da Comissão Nacional de Energia Nuclear para falar de apadrinhamento e emparelhamento institucionais.

EC: Dr. Ailton, você viveu alguns anos na França. Que formas de associação temporária entre instituições você viu nesse país?
Dr. Ailton: Há o apadrinhamento (parrainage, em fr) ou a "jumelage" (geminação, emparelhamento) são conceitos muito usados na Europa.


EC: Explique melhor a “jumelage”.
Dr. Ailton: A "jumelage" consiste numa espécie de acordo de cooperação mútua, onde duas instituições se predispõem a colaborar em temas comuns, compartilhando experiências, promovendo intercâmbios. É muito comum entre cidades européias. Nesse caso, consiste numa relação entre pares, pois procura-se identificar semelhanças culturais, históricas ou sociais que justifiquem e potencializem tal aproximação.

EC: Você pode citar algum exemplo de “jumelage” entre cidades européias?
Dr. Ailton: Uma das cidadezinhas que morei na França (Saint-Maurice) tem três cidades "jumelées": Saint-Maurice d´Agaune, na Suíça (desde 1957), Erlenbach, na Alemanha (desde 1992) e Curtarolo, na Itália (desde 1996). Todos os anos, a prefeitura organiza encontros escolares e intercâmbios familiares que permitem a cerca de 60 jovens de Saint-Maurice descobrir outras culturas e outros modos de vida. A Prefeitura apóia esses intercâmbios assumindo metade do custo de transporte dos jovens bem como todas as atividades oferecidas em Paris aos jovens convidados das "cidades-gêmeas".

EC: Você se lembra de alguma outra ação ligada à “jumelage”?
Dr. Ailton: Desde 1997, Saint-Maurice apadrinha um navio da Marinha Francesa, o Caçador de Minas "Verseau". O objetivo dessa "jumelage" ou "parrainage" (mais correto) é reforçar os laços entre as forças armadas francesas e os cidadãos, bem como sensibilizar os jovens quanto às diferentes missões de segurança das forças armadas. O "Verseau" já embarcou vários grupos de jovens da cidade. Em 2002, uma turma do ensino fundamental (4a. série) da escola elementar de Gravelle correspondeu-se por email com os tripulantes do navio que estavam numa missão no Oceano Índico. Esse apadrinhamento permitiu que vários grupos de jovens da cidade aproveitassem da experiência singular de embarcar num navio desse tipo.

Site:
http://www.ville-saint-maurice.com/rubrique.php3?id_rubrique=50

EC: Fale um pouco sobre o apadrinhamento ou “parrainage”.
Dr. Ailton: O apadrinhamento tem sido utilizado no Brasil, p. ex., entre os cursos de pós-graduação nível 7 na Capes e os cursos recém-criados nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, sob uma certa forma de tutela. Algumas empresas, dentro de projetos relacionados ao badalado tema "Responsabilidade Social" têm apadrinhado diversas instituições.


EC: Você sugeriu o conceito de apadrinhamento para uma escola que visitávamos. Como você visualizava a aplicação da idéia?
Dr. Ailton: Quando eu falei de apadrinhamento no Instituto
[1], eu pensei na possibilidade de se eleger algumas poucas escolas (no máximo três) públicas ou privadas em regiões carentes, mas caracterizadas por uma administração séria e comprometida, para receber apoio material e pedagógico por parte da comunidade do Instituto.

EC: Você acha que estas idéias podem ser utilizadas em Sociedades Espíritas e, especialmente, nas suas atividades ou instituições beneficentes?
Dr. Ailton: No caso de instituições beneficentes, o mesmo conceito poderia se aplicar, onde uma instituição melhor estruturada pudesse apoiar instituições promissoras seja na processo de gestão ou mesmo na cessão de eventuais excedentes materiais.
A idéia consiste em estruturar uma rede que assegure transferência de conhecimento, otimização de recursos e aumento da capilaridade no trabalho social.
Desta maneira, o apadrinhamento pressupõe uma "certa hierarquia" onde uma instituição mais forte, melhor estruturada, apóia outra ainda em processo de consolidação.


Espiritismo Comentado entrevistou Ailton Fernando Dias. Ailton é graduado em Engenharia Elétrica, Mestre em Ciências da Computação e Doutor em “Architectures Parallèles” pela Universidade de Paris XI, na França. Atualmente é assessor da presidência da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), no Rio de Janeiro.

[1] Instituto Coração de Jesus – ICJ, em Belo Horizonte.

14.3.08

Qual foi a melhor publicação do primeiro ano?



Figura 1: Selo comemorativo do bicentenário do nascimento de Allan Kardec - ECT, 2004.

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Espiritismo Comentado - 1 Ano

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13.3.08

Espiritismo Comentado Comemora 1 ano


O Espiritismo Comentado comemorou neste dia 11 de março um ano de existência. Foram 125 publicações, acessadas por mais de 25 países. O contador de acessos mediu apenas pouco mais de 06 meses após a primeira publicação, e já computou um número de acessos próximo de 8500. Estamos com uma média de 50 pessoas diferentes acessando por dia.

O blog Mocidade AECX fez uma entrevista sobre o Espiritismo Comentado confira no endereço http://aecx.blogspot.com/ e conheça os projetos para o futuro.

11.3.08

QUAIS FORAM AS CONCLUSÕES DO CONGRESSO DE MOCIDADES ESPÍRITAS DE 1948?

Foto 1: Plenária do 1o. Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil realizado no Rio de Janeiro em 1948. Lins de Vasconcellos encontra-se de pé, ao microfone. Fonte: Anuário Histórico Espírita. Eduardo Carvalho Monteiro, Editora Madras/USE-SP, 2003. p. 25.


Muitos jovens no Brasil sabem que foi realizado o Congresso de Mocidades Espíritas em 1948, organizado por Leopoldo Machado. Sabe-se também que houve a participação de jovens de todo o Brasil. Clóvis Ramos estima que havia mais de 200 mocidades espíritas atuantes no Brasil àquela época. Hoje, a grande maioria dos Centros Espíritas se preocupa em manter um grupo de jovens.
Quais foram, contudo, as decisões desse congresso? Que ações ele desencadeou no movimento espírita brasileiro?

1. Criou um conselho consultivo para as mocidades no Brasil, composto de 15 membros entre jovens e adultos, que foram eleitos no congresso.
2. Adotou um programa padrão para as Mocidades, proposto por Leopoldo Machado, a ser adotado pelas Mocidades que não tinham programação de estudos.
3. Recomendou não utilizar o nome juventude, e sim, mocidade, para que não houvesse confusão com os movimentos político-partidários da época.
4. Incentivou os jovens a engajarem-se em campanha nos centros espíritas para que os espíritas encaminhassem seus filhos à evangelização infantil (então chamada de aulas de moral cristã na infância).
5. Recomendou o uso de uniformes ou distintivos a serem usados nas reuniões solenes e festivas.
6. Para que a mocidade pudesse realizar eventos e trazer expositores, além dos gastos usuais, recomendou a criação de um quadro de sócios e realização de festivais de arte espiritualista com venda de ingressos para a formação de uma espécie de fundo.
7. As mocidades deveriam apoiar o Esperanto, ministrando cursos em suas sedes para os interessados.
8. Recomendou a fundação de um Diário Informativo, com seções de cunho moral e propaganda do Espiritismo sob o seu tríplice aspecto. Este órgão seria de âmbito nacional.
9. Sugeriu-se a criação de colônias de férias, preferencialmente junto aos lugares de assistência social, para recreio dos confrades, com renda revertida para as atividades assistenciais.
10. Adotou a Canção da Alegria Cristã (Leopoldo Machado e Oli de Castro) como hino da mocidade espírita do Brasil.
11. Recomendou a realização de música, teatro, declamação e canto em reuniões e festas sociais (e não nas reuniões de estudo), sempre com finalidade educativo-doutrinárias.
12. Recomendou o tratamento menos cerimonioso e mais íntimo nas conferências e programas festivos em geral (o que na época era entendido como evitar Excelentíssimo Senhor, Vossa Excelência e Vossa Senhoria, por exemplo).

Clóvis Ramos explica que o conselho teve vida efêmera e com a Unificação (Pacto Áureo) adotou-se o termo Departamento das Juventudes da Federação Espírita...

9.3.08

Quem é Espírita no Brasil? (Português - Inglês)


Foto 1: Um dos Prédios da Federação Espírita Brasileira em Brasília

Photo 1: One of Brazilian Spiritist Federation Buildings



Há cerca de dez mil centros espíritas no Brasil de acordo com a FEB (Federação Espírita Brasileira, uma ONG espírita). Pessoas que se consideram espíritas somam aproximadamente 1,3 % da população brasileira, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, um órgão de governo). Isto significa que cerca de 2,2 milhões de pessoas se declaram espíritas no Brasil. Os espíritas são, em média, os religiosos mais instruídos no Brasil, (9,6 anos de estudo), mais instruídos que os que declaram não ter religião (5,7anos de estudo). http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/20122002censo.shtm
As espíritas têm menos filhos no Brasil (2,54) , se comparadas às de outras religiões, especialmente as pentecostais (3,84).
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/26122003censofecundhtml.shtm
Outra informação importante sobre os espíritas: eles trabalham no movimento espírita de forma voluntária. A administração dos Centros Espíritas, de Reuniões e a prática em Reuniões Mediúnicas não envolve qualquer remuneração. Os espíritas se associam e pagam as despesas dos centros espíritas através de um sistema de mensalidades. Os associados contribuem com uma doação mensal , mas as pessoas não precisam se associar para participar das atividades de uma Sociedade Espírita. Três por cento das organizações registradas no Conselho Nacional de Assistência Social têm em sua razão social as palavras espírita ou kardecista. Giumbelli (1998) estudou 864 centros espíritas no Rio de Janeiro. 69% deles declarou ter objetivos assistenciais, mas 94% realizam de fato alguma atividade assistencial. Este estudo é parte de uma pesquisa organizada pela Johns Hopkins University - E.U.A. Além dos espíritos, os espíritas ajudam diferentes públicos, sem questionar qual é o seu credo religioso. Eles ajudam a crianças (84%), famílias (48%), idosos (37%), adolescentes (26%), gestantes (16%) e moradores de rua (13%) no Rio de Janeiro . Estes resultados são semelhantes aos de outros estados no Brasil, mas nós não temos estatísticas precisas que confirmem esta informação.

Extraído da tese de doutorado: "Voluntários: Um Estudo sobre a Motivação de Pessoas e a Cultura de uma Organização do Terceiro Setor", defendida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, em 2004.
Dowload gratuito no endereço: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-24052007-160054/


There are about ten thousand spiritist centers in Brazil according to FEB (Brazilian Spiritist Federation, an Spiritist Non-Governamental Organization - NGO). People who consider themselves spiritists are about 1.3% of Brazilian population, according IBGE (Brazilian Institute of Geography Statistics, an official organ). It means about 2.2 million of people who declares to be spiritist in Brazil.The spiritists in Brazil are the most educated religious in media (9.6 years of study in media), more educated than Brazilians who declares not to have religion (5.7 years). http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/20122002censo.shtm Spiritist Women have less children in Brazil (2.54) if compared with women from another religions, especially Pentecostal ones (3.84). http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/26122003censofecundhtml.shtm Another important information about Brazilian Spiritists: they work at the Spiritist Movement voluntarily. Administration of the centers, reunions and practice of mediumship doesn’t demand any remuneration. Spiritists associate themselves and pay the expenses of a spiritist center in a contribution system. Associates contribute with a mensal donation, but people don’t need to associate in order to participate in the activities of a Spiritist Center in Brazil. 3% from Organizations registered at National Council of Social Assistance (Conselho Nacional de Assistência Social) have in their designations the word spiritist or kardecist. Giumbelli (1998) studied 864 spiritist centers in Rio de Janeiro. About 69% declare to have assistencial objectives, but 94% have effectively any kind of service. This study is part of a world research organized by Johns Hopkins University – USA.Beyond spirits, spiritists help different people, without asking their religious credo. They assist children (84%), families (48%), aged people (37%), teenagers (26%), pregnants (16%) and homeless (13%) in Rio de Janeiro. These results are similar to another states in Brazil, but we don’t have precise statistics to confirm this information.

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