14.10.16

A COMUNICAÇÃO DE BEZERRA DE MENEZES NO 8o. CONGRESSO ESPÍRITA MUNDIAL



Um leitor do Espiritismo Comentado me pediu que publicasse a comunicação de Bezerra de Menezes que foi citada no texto do Paulo Mourinha, publicado ontem. Graças à gentileza e presteza do amigo de Portugal, estamos publicando hoje esta transcrição.

Para quem quiser ver mais fotos, vídeo conferências ou áudio conferências, a organização do evento disponibilizou, gentil e gratuitamente, no link abaixo:


Comunicação de Bezerra de Menezes por Divaldo Franco (Transcrição de Paulo Mourinha)

"Deveremos converter-nos em chamas vivas, para que nunca mais, haja escuridão na Terra. É necessário que o nosso amor se transforme, em ESPERANÇA e ALEGRIA.

Há tanta DOR esperando por nós. Tantas lágrimas a enxugar. Tanto sofrimento que temos vergonha de ser felizes. ESPÍRITAS MEUS FILHOS transformai as lições profundas da CODIFICAÇÃO ESPIRITA numa diretriz de segurança para encontrardes a plenitude. Nós, aqueles que atravessamos o portal de cinza e de lama de que se constitui o corpo. Voltamos para dizer-vos: AMAI A VIDA EM TODAS AS SUAS EXPRESSÕES. PORFIAI NO BEM E CREDE, CRISTO VIVE. A MORTE, É NADA MAIS QUE A TRANSFORMAÇÃO DE MOLÉCULAS QUE VOLTAM A QUÍMICA ORIGINAL DO SUBSOLO, PARA NOVAS CONJUGAÇÕES ATÔMICAS.

O Amor, à luz da Caridade, é o maior tesouro que podemos carregar. Onde estejais, que brilhe a luz do Senhor, e que todos saibam, que sois irmãos uns dos outros, diferindo a verbalização idiomática. O nascimento do solo, o endereço, mais uma só pátria...A PÁTRIA DA FRATERNIDADE. Uni-vos, porque unidos no amor sois uma força indestrutível, mas, separados, sereis vencidos pelas próprias paixões e procurai levar sem temor a mensagem de vida eterna. Não tendes mais as arenas, nem as cruzes, nem os empalamentos, nem as fogueiras, mas tendes as paixões eternas a vencer.

Os Espíritos espíritas deste Congresso em nome de Léon Denis que patrocina este evento a nível mundial, suplica a Deus que, a todos, nos abençoe e nos guarde em muita paz.

O Servidor humílimo e paternal de sempre. Bezerra"

13.10.16

COMO FOI O 8o. CONGRESSO ESPÍRITA MUNDIAL?





8º Congresso Espírita Mundial

por Paulo A. Baía Mourinha

Congressistas de 42 nações estiveram em Portugal em Defesa da Vida.


Nos dias 7, 8 e 9 de Outubro, a sala Tejo da Meo Arena, tornou-se pequena para receber os mais de 2000 congressistas que vieram de todas as partes do mundo para assistir a um conjunto de 22 conferências proferidas por médicos, psicólogos, juristas, jornalistas, professores, engenheiros, economistas e gestores, em torno do tema : Em Defesa da Vida.

Com a Organização do Conselho Espírita Internacional e a coordenação da Federação Espírita Portuguesa, o 8º CEM teve inicio com dois lindíssimos momentos culturais de autoria da bailarina Isabela Faria , da pianista Joana Vieira Shumova e  do violoncelista Mikhail Shumov.

Após a constituição da mesa inicial do congresso, tomaram a palavra cada um dos participantes da mesma. Começou Vítor Féria (presidente da Federação Espírita Portuguesa) que deu as boas vindas aos congressistas do 8º CEM e pediu a Raul Teixeira que fizesse a prece de abertura dos trabalhos. Momento de sentida emoção que permitiu perceber o laço profundamente empático entre todos os presentes.

De seguida tomou a palavra Charles Kempf (secretário geral do CEI) que abordou a história dos Congressos Espíritas Mundiais, a sua importância e as suas figuras históricas.

Seguiu-se a muito festejada conferência de Divaldo Pereira Franco que durante cerca de uma hora , trouxe uma perspetiva histórica da busca humana pelo sentido da vida e do seu valor.

Após o intervalo, seguiu-se um bloco de palestras que começou com a Engenheira Nuclear Rejane Planer e a sua abordagem à Cosmologia Espírita. Seguiu-se o tema Vida e Ciência apresentado pelo orador espanhol, António Lledó.

O jornalista e diretor da FEBTV , Carlos Campetti tomou então a palavra para nos falar acerca do Diálogo de Jesus. Faltava apenas José Roberto Santos (diretor científico da AME-ES) se dirigir à plateia com o tema Eutanásia e Distanásia.

A tarde encerraria no auditório com mais um momento cultural, desta vez a cargo da voz suave e doce da intérprete Sílvia Torres, conhecida também como Sonasfly.

Importante referir que antes dos trabalhos no auditório e durante os seus intervalos, nas outras salas decorriam atividades:  venda de livros dos muitos autores presentes e de obras importantes do espiritismo à exibição de e-posters científicos que ao longo dos 3 dias focaram os seguintes temas : Epigenética (Paulo Mourinha) ; Musicoterapia (João Paulo Gomes) ; Arte (Renata Gastal Gomes); Vida Animal (Edison Siqueira); Educação Espírita (Associação Dialogar); O que é a Física Quântica (Nuno Cruz) ; Quântica, Espiritualidade e Saúde (Moacir Lima – Programa Orientadorima); Homeopatia (Paulo Mourinha); Nutrição e Saúde (Ana Sofia); PO2E – Programa Orientador para a Educação Espírita de Crianças e Jovens (Ana Duarte).

Noutra sala, decorreram as entrevistas a várias figuras do movimento espírita e conferências de imprensa.



O segundo dia do congresso (dia 8), iniciou-se com o vibrante poder vocal dos dois contratenores : Luís Peças e João Paulo Peças, que colocaram a sala numa atmosfera de deleite auditivo, como sempre acontece quando se escuta música de qualidade superior.

Os apresentadores da manhã (Marta Rosa e Esteves Teiga) anunciaram então o primeiro orador: o coronel na reserva, João Gonçalves e a sua abordagem ao Pensamento Sistémico. Posteriormente seguido pelo especialista em marketing digital, Vasco Marques, que nos esclareceu acerca do Mundo Digital. Para encerrar este bloco completamente português, veio José Lucas (tenente-coronel na reserva) apresentar As Provas Científicas da Fluidoterapia.

Após o intervalo, foi constituído um painel para trabalhar a questão do suicídio, composto por : Filipa Ribeiro (jornalista) ; Carlos G. Gomes (profissional de inteligência empresarial); Dalva Sousa (professora); Alexandre Silva ( jurista) ; Gelson L. Roberto (psicólogo). Este painel foi coordenado pela presidente da Federação Espírita dos Estados Unidos, Jussara Korngold.

Foi então a vez do Administrador de propriedades, Manuel de La Cruz nos falar sobre o Aborto contando para isso até com convidadas em palco.

Era chegado o momento para o almoço e a alegria continuava presente na sala.
Para iniciar a tarde, nada melhor que ouvir a harpista Helena Madeira, que nos transportou aos planos mais elevados da vida, mercê dos acordes celestiais da harpa e da sua encantadora voz.

Marlon Reikdal, psicólogo clínico, discursou sobre o Inimigo em Mim, abrindo o primeiro bloco da tarde. E quando já só faltavam cinco minutos para as 16 horas, Gláucia Lima, Psiquiatra de profissão dissertou sobre Disforia de Sexo.
A professora Ana Duarte encerrou então este bloco com uma abordagem à Dislexia- Humildade e Aprendizagem.

Após o intervalo, formou-se mais um painel, desta vez para dialogar sobre a Educação. Com a coordenação da psicóloga Miriam Masotti Dusi, juntaram-se ao painel : Vera Milano (funcionária reformada do Banco do Brasil); Milcíades Torres (gerente Comercial); Vera Leite (empresária); Leonor Leal (técnica de RH) e Alessandro Viana de  Paula (magistrado).

Seguiram-se as 3 palestras individuais da tarde, começando com o médico Luténio Faria e o seu tema Medo da Velhice.

Foi então a vez do neuropsicólogo Paulo Mourinha debater o tema A Ética Espírita e o Pensamento Ecológico Profundo.

Ficando o encerramento a cargo do jornalista brasileiro, André Trigueiro, com o tema Espiritismo e Ecologia.

O dia mais preenchido do Congresso - envolveu 20 conferencistas  - terminava e nem por isso se sentia desgaste ou cansaço na vasta plateia que se renovava em conversas e afetuosos abraços muito para além da última sílaba ter sido proferida pelos apresentadores da tarde ( Nuno Cruz e Isabel Piscarreta).

Chegávamos então ao derradeiro dia.

9 de Outubro, dia marcado pelo auto de fé de Barcelona, que em 1861 tentou destruir ideias, mas que se ficou pela transformação de papel em cinzas.

Antes que as palestras tomassem conta do auditório, Maurício Virgens, barítono brasileiro, encheu literalmente o auditório com a pujança de um registo vocal capaz de criar uma parede de som ao mesmo tempo imponente e enternecedora.

Aproveitando a atmosfera especial, Xavier Llobet, advogado de profissão lembrou os acontecimentos do Auto de Fé de Barcelona, tão distantes e no entanto tão perto.

Minutos depois tomava o palco, o presidente da Federação Espírita Brasileira para desenvolver o tema Espiritismo e Vida.

Faltava que antes que a palavra fosse de novo devolvida a Divaldo Pereira Franco, se fizesse uma homenagem Em Louvor à Vida e ao Amor, cortesia de Iris e Cláudio Sinoti.



Foi então já com uma sensação de "fim de festa" que o grande orador baiano tomou a palavra para fazer uma súmula acerca dos temas do 8º Congresso Espírita Mundial e da necessária responsabilização pessoal de cada espírita que ouvindo os conteúdos precisa de os transformar em atitudes diárias. E para enorme alegria dos congressistas que enchiam completamente a Sala Tejo, o Mundo Maior se manifestou através da psicofonia de Divaldo, articulando a mensagem de Bezerra de Menezes, toda ela um convite à superação pessoal através do amor, num mundo que passando por tribulações , precisa de alcançar a verdadeira fraternidade, a única capaz de unir os homens.

Após esta tão importante mensagem, faltavam apenas as despedidas que ocorreram em apoteose, com toda a organização a ser aplaudida de pé pelos congressistas ao som do "Hino à Alegria" que por essa altura Maurício Virgens cantava ininterruptamente, em diferentes idiomas.

Últimas palavras (emocionadas) de agradecimento do presidente da Federação Espírita Portuguesa, a todos os presentes e eis que as cortinas se fecharam pela última vez no 8º Congresso Espírita Mundial.

Um misto de saudades e de dever cumprido inundava a maioria dos corações. Abraços, sorrisos, olhos inundados de lágrimas temperavam o afeto com água salgada…

Até breve diziam uns aos outros.

Até ao 9º Congresso Espírita Mundial, dizemos nós!

10.10.16

REVISTA CULTURA ESPÍRITA PUBLICA TRABALHO SOBRE FLAMMARION



A Revista Cultura Espírita, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil - ICEB, publicou um artigo nosso que analisa a produção de Camille Flammarion sobre temas espíritas e espiritualistas. 

Discutimos como a influência do positivismo, uma escola filosófica francesa, fez com que seus livros de pesquisa se detivessem à constatação de fenômenos espirituais. Isto prejudicou que ele estabelecesse um diálogo com o pensamento kardequiano.

Aborda-se neste trabalho, também, como Flammarion usou a ficção como forma de divulgação da astronomia e do espiritismo. Muitos de seus leitores não conseguem, em quatro de seus livros, fazer a separação entre ficção e realidade, que ele mescla no texto. Ele usa, também, alteregos entre seus personagens, que são de fácil identificação para quem conhece alguns de seus dados biográficos.

A assinatura anual da revista (R$44,00) pode ser feita pelos telefones 021-2224-1060 e 021-2224-0736 ou solicitada em revistaculturaespirita@gmail.com

8.10.16

PROPAGANDA POLÍTICA EM CENTRO ESPÍRITA?



Véspera de eleições municipais. Na saída da reunião matutina de sábado, quando se levam os filhos para a evangelização, uma situação constrangedora. Pessoas estranhas ao grupo estão distribuindo envelopes fechados na porta do centro espírita.

- Uma mensagem linda de Eurípedes Barsanulfo para você! Dizia a panfletista. Leia com atenção!

Não era apenas uma mensagem de Eurípedes, psicografada por Suely C. Schubert em 1983, mas também um “santinho” eleitoral e uma carta aos espíritas em geral, falando da “crise do campo político no Brasil”, e sugerindo que em vez de deixar um oportunista ou ladrão ocupar o cargo, que se votasse em um dirigente afastado de seu cargo em centro espírita, para fazer campanha eleitoral, por um partido minoritário.

A responsável pelos panfletos disse a uma frequentadora:

- Nós somos iguais, somos espíritas!

Não sou capaz de descrever com precisão o que aconteceu, mas um dos pais, após tentar inutilmente explicar a todos que aquele ato nada tinha a ver com nosso centro espírita, e ser recebido com ouvidos de mercador da parte dos panfletistas, alterou-se.

- Está obsediado, disse a senhora que distribuía os envelopes. Sou médium e percebo os espíritos próximos a ele. Deveria ser levado a uma reunião de desobsessão...

Uma das coordenadoras da reunião pediram que eles não ficassem na porta do centro, mas eles apenas se afastaram um pouco e continuaram panfletando.
O mais curioso foi o inusitado do acontecimento. Estou há décadas nesta casa espírita e não me recordo de um assédio desses em período eleitoral. Que pensar da situação?

A lei eleitoral proíbe a propaganda eleitoral em templos religiosos (Resolução nº 23.457, de 15 de dezembro de 2015) entendendo-os como bens de uso comum (Código Civil). Pelo que li nos jornais, os arredores de templos religiosos, como se configurou a propaganda, foram proibidos pelo Ministério Público de Minas Gerais até 05 de julho (http://coad.jusbrasil.com.br/noticias/2208071/igreja-evangelica-lei-proibe-propaganda-em-templos-religiosos) mas não encontrei proibição explícita após esta data e a lei é passível de interpretação.

Ficou claro que a distribuição visava às pessoas por serem espíritas, e que houve um mascaramento da propaganda política sob a forma de mensagem, ou seja, apresentava-se aos frequentadores da nossa casa a distribuição gratuita de um texto psicografado por médium e espírito respeitáveis, mas a intenção principal era apresentar um candidato a vereador e obter votos.

Na carta e no panfleto se vê que a plataforma do candidato a vereador apresenta apenas que ele é um espírita, boa pessoa, que pratica caridade. Qual é a proposta de trabalho dele? Como se posiciona ante os principais problemas e projetos em curso do legislativo municipal? Que exigências o partido faz de seus filiados e por que se filiou ao seu partido? Nem uma palavra.

A questão que mobiliza a candidatura é apenas que ele não se deixará corromper individualmente, o que parece importante, mas é muito pouco em matéria de política.


Penso que dizer-se espírita não qualifica um candidato, e ainda acho que trazer os problemas dos partidos políticos (o que não é o mesmo que problemas sociais) para a esfera dos centros espíritas, traz consigo o risco da manipulação, da divisão entre os membros a partir de ideias políticas, o conflito externo e apaixonado das legendas, o risco do assédio político na esfera individual das microrrelações nas sociedades espíritas e o jogo dos interesses que costumam atrair poderes econômicos e partidários, às vezes meramente instrumentais. 

6.10.16

PERFIL DOS EXPOSITORES DO SEMINÁRIO "NOVOS ESTUDOS SOBRE A REENCARNAÇÃO"


Alcione Albuquerque

Psicóloga com especialização em clínica

Sócia-fundadora da AMEMG - Associação Médico-Espírita de Minas Gerais

Psicóloga voluntária do GEEPSICON – Grupo de assistência integral ao paciente oncológico

Membro do grupo de estudos espíritas, coordenado por Waldemar K. Duarte

Palestrante e escritora espírita, com vários livros publicados


Professora de ética profissional e grupos de estudo sobre o feminino



Jáder Sampaio

Psicólogo organizacional e do trabalho aposentado

Professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais

Tradutor das obras espiritualistas de Alfred Russel Wallace para o português

Organizador da série “Pesquisas Brasileiras sobre o Espiritismo” e, mais recentemente, colaborador da Coleção “Espiritismo na Universidade”

Médium psicógrafo, publicou os livros “Casos e descasos na casa espírita” (espírito Conselheiro) e “O observador e outros estudos” (diversos espíritos) pela editora Lachâtre.

Membro da Associação Espírita Célia Xavier

Colaborador da LIHPE – Liga de Pesquisadores do Espiritismo e dos ENLIHPEs – Encontro Nacional da LIHPE

Articulista em diversas revistas espíritas nacionais

Organizador do livro “Novos estudos sobre a reencarnação”


Waldemar Krepke Duarte

Engenheiro Eletricista

Membro do grupo de apoio de Atendimento espiritual na casa espírita do COFEMG (Conselho Federativo Espírita de Minas Gerais)

Participou de várias gestões da Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte

Faz palestras em Belo Horizonte, interior de Minas Gerais e no Paraná

Tem realizado seminários sobre mediunidade, atendimento fraterno e recepção na casa espírita, expositor espírita, passes, evangelho no lar, e sobre o estudo das obras de Allan Kardec.

Coordena o estudo de O Livro dos Espíritos e O Livro dos médiuns no Centro Espírita Manoel Felipe Santiago.

Coordena um grupo de estudos espíritas


Seminário "Novos Estudos sobre a Reencarnação"


Local: Associação Espírita Célia Xavier - Belo Horizonte-MG
Data e horário: 22 de outubro de 2016, das 14:00 às 18:40  horas
Entrada Franca
Inscrições: email - desaecx@gmail.com, até o dia 09 de Outubro de 2016 (Domingo próximo)




1.10.16

SEMINÁRIO "NOVOS ESTUDOS SOBRE REENCARNAÇÃO" EM BELO HORIZONTE



Prezado Leitor,

Gostaria de convidá-lo a participar do Seminário "Novos estudos sobre a reencarnação" que acontecerá em Belo Horizonte, na sede da Associação Espírita Célia Xavier, na tarde de sábado, dia 22 de outubro. 

As inscrições acontecerão entre os dias 03 e 09 de outubro (ao longo da próxima semana) e serão feitas pela internet: desaecx@gmail.com.

Além das palestras acima e da mesa de autógrafos do livro "Novos estudos sobre a reencarnação", teremos:

1. Museu da reencarnação - uma exposição de imagens e peças de culturas antigas que acreditam na reencarnação
2. Exposição e venda de livros espíritas e de pesquisas sobre reencarnação
3. Coffee-break
4. Diálogo com os expositores

O evento é gratuito, mas as inscrições são limitadas e o período reduzido. 
Peço que, se possível, ajude a divulgar em Belo Horizonte e região.






29.9.16

A PRÁTICA DE ABORTO AFETA A SAÚDE MENTAL DA MULHER?




Estava falando de aborto em um grupo espírita de Belo Horizonte, quando apresentei um resultado de pesquisa de revisão que mostrava a existência de uma síndrome pós-abortiva, na qual os distúrbios psicológicos com mulheres aumentavam de 9 a 59% após o aborto, de acordo com diversos estudos. Esta síndrome independia da crença no aborto como algo ético ou não.

Foi levantada uma questão de interpretação do fenômeno: a síndrome pós-abortiva não seria o mesmo que a depressão pós-parto, e não poderia ser explicada a partir de categorias apenas psicanalíticas? Ficamos em uma situação de impasse, porque eu não tinha informações suficientes sobre o estado da arte para apresentar de pronto, sobre a distinção entre depressão pós parto e síndrome pós-abortiva, embora a lógica me levasse a crer que os pesquisadores e revisores não teriam deixado “passar batido” uma questão como esta.

Há alguns dias, recebi um trabalho de Priscilla Coleman, do Dr. Roberto Lúcio, intitulado “Aborto e saúde mental: síntese quantitativa e análise das pesquisas publicadas entre 1995 e 2009”, publicado no British Journal of Psychiatry em 2011. (DOI: 10.1192/bjp.bp.110.077230)

É também um artigo de revisão (metanálise) no qual ela procura medir associação entre aborto e indicadores adversos de saúde mental, e mostrar a comparação com outros subgrupos, dentro dos quais, mulheres que levaram a gravidez a termo.

As mulheres que passaram pela experiência de aborto aumentaram o risco de ter problemas mentais em 81% e quase 10% podem ser atribuídas ao aborto (ou seja, os resultados são superiores aos de gravidez a termo, e quando se referem ao uso de substâncias e comportamento suicida).

A tabela que sintetiza os resultados utiliza um indicador epidemiológico denominado PAR. Ela pode ser interpretada da seguinte forma: o quanto haveria redução do transtorno mental da população feminina estudada se não houvesse praticado aborto?

Resultados
PAR (%)
Ansiedade
8,1
Depressão
8,5
Uso de álcool
10,7
Uso de maconha
26,5
Todos os comportamentos suicidas
20,9
Suicídio
34,9
Todos
9,9
Tabela 1: Percentuais do risco atribuível à população (PAR) baseados nas medidas de resultados.

Interpretando o dado do suicídio, a tabela informa que as mulheres cometeriam 34,9% menos suicídios se não realizassem aborto. O mesmo serve para ansiedade, depressão, uso de álcool e maconha, além dos demais comportamentos suicidas (como a ideação suicida, por exemplo).

Um dos resultados de comparação das mulheres que realizaram aborto com as que levaram a gravidez a termo, é o seguinte:

“A descoberta que o aborto é associado com riscos significativamente maiores de problemas de saúde mental, comparados com levar a gravidez a termo, é consistente com a literatura, demonstrando os efeitos protetores da gravidez a termo com relação a certas respostas de saúde mental.” (p. 183-184)

Há alguns resultados muito interessantes, como a referência ao estudo de Gissler e outros que mostra que a razão das chances de suicídios de mulheres que abortaram é 5,9, ou seja, muito maior que a da população que levou a gravidez a termo.

Considerando as informações obtidas neste estudo, há diferenças significativas na saúde mental de quem aborta e de quem leva a gravidez a termo. Neste caso, uma explicação psicanalítica precisaria ser capaz de explicar esta diferença entre sintomas de depressão pós-parto e síndrome pós-abortiva.


ATENÇÃO - O texto do British Journal of Psychiatry foi fortemente criticado e autores e editor reconheceram alguns erros com a composição da amostra. Em breve publico a retificação que fizeram. Agradeço ao Christiann Lavarini a disponibilização da informação.

26.9.16

SONHOS: DESEJOS OU FANTASMAS?



Um dos livros que li na disciplina de psicanálise, quando cursava a graduação foi “A interpretação dos sonhos”, de Sigmund Freud. O livro foi publicado em 1899, mas com a data de 1900. Lembro-me que minha professora comentara que Freud acreditava que seria uma grande contribuição para o século que iria se iniciar.

De uma forma geral, não estudamos no curso de Psicologia os autores do século XIX e início do século XX que também escreveram e pesquisaram sonhos, especialmente os filósofos espiritualistas, então Freud fica apenas com os interlocutores que ele próprio escolheu em seu livro.

Há pouco traduzi o livro “Os fantasmas e suas aparições” de Alfred Russel Wallace, naturalista de renome na história da biologia. Os artigos que compõem este pequeno livro foram publicados em 1891, e, curiosamente, têm uma parte de análise de sonhos, alguns deles descritos no livro “Os fantasmas dos vivos”, publicado ainda antes pela “Society for Psychical Research”. Os sonhos não são o tema central do livro, mas achei muito interessante ver que Wallace estava discutindo a tese do “segundo self”, ou “ego inconsciente”.

Um dos sonhos que ele analisa é:

“o caso da Sra. Menneer, que sonhou por duas vezes na mesma noite que ela viu seu irmão decapitado aos pés da cama com sua cabeça dentro de um cofre ao seu lado.” (Wallace, pág. 68)

Seguindo a explicação do pai da psicanálise, este sonho seria entendido como uma realização “alucinatória” de um desejo, ainda que tendo sofrido a distorção onírica, em função da defesa.

Voltando à história, o irmão da sonhadora estava em Sarawak, com Sir James Brooke, e foi morto durante a insurreição chinesa, tentando defender a Sra. Middleton e suas crianças. Seu corpo foi levado ao rajá e sua cabeça foi “cortada e carregada em triunfo, seu corpo foi queimado na casa do rajá”.



Sir James Brooke

A data do sonho “coincide aproximadamente” com a morte do Sr. Wellington, e seguramente a notícia ainda não tinha sido dada à Sra. Meenner, o que exclui a explicação a partir dos “restos diários”, ou seja, de se sonhar algo que foi visto ou vivido em estado de vigília, mas que carrega um conteúdo emocional.

Estou citando apenas um caso, dos que foram analisados e descritos por estudiosos espíritas e espiritualistas, e até mesmo por estudiosos sem vínculo com o espiritismo, para defender que de alguma forma houve a percepção de um evento acontecido à distância, seja por telepatia, seja por comunicação com espíritos desencarnados.

Acredito que psicanalistas que entendem que todo sonho é realização de desejo irão sustentar sua teoria, ante este fato, entendendo tratar-se de coincidência ou acaso (que o evento tenha acontecido à distância). Contudo, há muitos casos documentados, posso assegurar que às dezenas, se, além das obras de Wallace, considerarmos também o livro “O desconhecido e os problemas psíquicos” de Camille Flammarion, que apresentam associações entre conteúdo onírico e eventos acontecidos à distância, desconhecidos do sonhador.

Não adoto a posição extrema de Wallace, que ataca as teorias do inconsciente, mas concordo com ele, que em matéria de ciência, as teorias têm que explicar o conjunto de fatos, e não apenas os que deixam o pesquisador mais confortável com sua forma de pensar. Quanto a Freud, cabe, talvez um reparo: Os sonhos podem ser uma forma alucinatória de realização de desejos, mas nem sempre...

21.9.16

CAÇADORES DE BRUXAS


Pintura de um autor da época das bruxas de Salém, Thomas Satterwhite

O episódio de Salém, nos Estados Unidos, virou até filme. Diz respeito a pessoas que foram consideradas bruxas, intermediárias do demônio, e que passaram a ser caçadas com base no “Malleus Maleficarum”, o livro que tentava indicar comportamentos e sinais do pacto sinistro com o diabo, a partir de denúncias, que eram estimuladas por um clima de histeria, misturado com medo e um falso sentimento religioso de dedicação.

Pessoas como estas sempre estiveram na história, porque talvez sejam manifestação do lado obscuro de nossa alma, aquele que teimamos em dizer que ficou no passado, mas às vezes se manifesta.

Estão por aí, inclusive no meio espírita. Apesar de se acreditarem humildes, agem como se fossem donos da verdade. Não exercem a crítica com sua face racional, paciente, que visa a mostrar contradições de ideias. Gostam de dar golpes verbais, e abusam das acusações em seus discursos.

Ao analisarem uma obra ou um autor, não se detém na análise das ideias em conformidade e em contradição com o pensamento kardequiano, por exemplo. Estigmatizam. Argumentam pela existência de um perigo iminente, que ronda todo o movimento espírita, colocando-se como paladinos, defensores da paz e do bem.

Ao demonizarem seus opositores, endeusam-se aos olhos do leitor ingênuo, que os acredita fiéis defensores da verdade.

É quase impossível manter um diálogo, porque como estão certos de suas verdades pessoais, e não costumam rever ideias, recorrem logo à retórica para fazer desacreditar os que se lhes opõem algum ponto de vista. Querem transformar o diálogo em uma espécie de jogo de gladiadores, e os que o assistem em uma espécie de torcida, pronta a aplaudir, em suas mentes imaginativas, o golpe bem dado no adversário.

Escolhem cuidadosamente as falhas e erros das instituições espíritas, não para propor mudanças e auxiliar nelas, mas para acusá-las, torná-las menores e indignas de crédito aos olhos do público. Reafirmam sua imagem quixotesca ao acreditarem-se denunciando e defendendo a pureza doutrinária, ou o futuro da doutrina espírita.

De tanto agredirem verbalmente, desagregam. Atraem apenas as mentes ingênuas, que acreditam também estar em uma luta justa, e que os elegem como campeões. Cercam-se apenas dos que aceitam tudo o que pensam, sem qualquer discordância, e que se calam ante sua "voz de trovão".


Peço a Deus a vigilância constante, capaz de me fazer distinguir a atitude vaidosa destes homens, que seguramente existe no lado negro de minha alma, da análise crítica, necessária e humilde, capaz de fazer pensar e proporcionar o avanço, pela convicção compartilhada, dos que trabalham diária e voluntariamente por um espiritismo congruente com suas bases e propósitos.

19.9.16

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO PSICOLÓGICO NA EVANGELIZAÇÃO DE CRIANÇAS DE COMUNIDADES




Há muitos anos, na década de 1980, fui evangelizador e depois coordenador da evangelização infantil de nossa casa, na unidade Lar Espírita Esperança. Nesta experiência, muitas vezes fiquei sem chão, porque o que eu achava que fazia bem com os filhos dos frequentadores da sede da Associação, escolarizados, de classe média, quase nunca funcionava bem com os filhos das comunidades locais.

Como exemplo, as aulas expositivas, tão bem construídas, com objetivos de aprendizagem gerais e específicos, não eram apreciadas, e, principalmente, não eram apreendidas em seus conteúdos. Uma vez, a pedido nosso, as turmas de evangelização fizeram uma avaliação somativa do que haviam ensinado ao longo do semestre, e os evangelizadores ficaram muito impressionados com a baixíssima retenção. Vimos que era necessário um novo caminho, uma nova pedagogia, ou pelo menos, uma pedagogia que pudesse se reinventar a partir da constatação de suas limitações.

Um problema que não tínhamos e que pude verificar mais recentemente, era o problema do vínculo. Quando trabalhamos com crianças de comunidade, diferentemente das crianças de classes médias, uma questão muito importante a ser conquistada ao longo do percurso, é a confiança. Uma grande ameaça para o mundo infantil, que se torna maior na medida em que as crianças são menores, é a estabilidade. Crianças que passam por famílias em contínua desagregação, na qual entram e saem pessoas, têm problemas de investimento emocional.

Vi diversas vezes pessoas da geração anterior à minha e da minha geração se queixarem dos namorados/namoradas dos filhos. Em uma época de fluidez nos relacionamentos, eles dizem:

- Não vou me ligar muito aos namorados dos meus filhos. Quando a gente começa a tratá-los como parentes, a acostumar com sua presença, o relacionamento acaba!

Se a quebra de um vínculo frágil, como o do namoro, incomoda a um adulto, já possuidor de uma rede estável de familiares e amigos, imaginem na cabeça de uma criança, muitas vezes sem esta rede de afetos.

Com certeza, não é papel do evangelizador substituir os pais e familiares ausentes, por isso é necessário estabelecer um contrato psicológico com seus alunos. Isto significa um acordo explícito, do tipo: vamos trabalhar juntos ao longo do ano, serei seu evangelizador, meu nome é fulano, e espero que vocês participem das aulas e sejam presentes ao longo do ano, para aproveitar ao máximo o que iremos fazer.

Um evangelizador, em uma comunidade, não vai apenas dar aulas, nem pode se sentir à vontade para faltar, quando outro for responsável pela aula. Ao assumir uma turma, da mesma forma que se exige presença do aluno, é necessário estar presente.

A presença, não apenas física, mas também psicológica (ou seja, em interação contínua, com alguma forma de investimento emocional), demanda dar bom dia, boa tarde, chamar pelo nome os alunos, conversar, cantar junto, rir junto, chamar a atenção (cuidado com isto, tem criança que adora ser chamada a atenção, porque não consegue reconhecimento sendo boazinha), comer junto, fazer bagunça, limpar a bagunça, arrumar a sala junto, desenhar junto, separar a briga com o colega, buscar a criança que tenta pular a janela, guardar o canivete no início da aula e devolver para a mãe ou para a criança no final da aula e todas as muitas interações, imagináveis e inimagináveis, que façam com que a criança não seja um pinto de chocadeira, mas um membro de uma ninhada.

Se o evangelizador, ou o coordenador de mocidades, ou, até mesmo, o dirigente de reuniões, é uma figura ausente, ele ensina pelo exemplo que os membros do grupo também podem ser infrequentes. Se, com suas palavras, um evangelizador pede que as crianças sejam presentes, mas, com suas ações, ele próprio falta muito às aulas, ele está promovendo de forma muito vigorosa a desagregação do grupo.

E sobrevém um círculo vicioso: a criança falta porque o evangelizador falta, e o evangelizador se desmotiva porque são poucas e infrequentes as crianças em sala. Para reverter este círculo, o evangelizador precisa ser ele a figura de referência, a primeira pessoa a estar presente.

Outra coisa importante, não se conquista a confiança de uma criança prontamente, especialmente de uma criança "escaldada", porque em seu mundo a mãe fica poucas horas com ela, entra e sai "pai" todo semestre em casa (e eles podem ser figuras psicológicas negativas), falta e muda professor todo dia na escola, isso quando elas podem se dar ao luxo de serem presentes. Da mesma forma que a namorada fica desconfiada com as promessas de um novo namorado, crianças que passam por experiências de abandono irão demorar um pouco mais e até mesmo pedir "provas de amor" de seu novo evangelizador. Vão fazer "arte" na sala de aula, vão desafiar as regras estabelecidas, vão expressar em voz alta seu descontentamento, mas, na grande maioria, irão aos poucos aceitando as regras do grupo e confiando no evangelizador, na medida em que constatam que ele "veio para ficar" e que está disposto a amá-las (amor exigente, ok?)

Quando coordenei a evangelização do Lar Espírita Esperança, tínhamos dois tipos de pessoas em sala de aula: evangelizadores e estagiários. Os estagiários eram os membros recém admitidos ao grupo, sem experiência com as atividades de evangelização. Nós geralmente os deixávamos por um mês na sala, e os passávamos ao longo do ano por várias salas de aula, para que pudessem descobrir com que idade gostariam de trabalhar, para adquirir experiência com diferentes evangelizadores e para ver se serão capazes de permanecer na equipe por um período maior, se não irão desistir diante da primeira dificuldade. Não havia muito problema com este arranjo, porque era conversado com as crianças.

Então tínhamos dois contratos psicológicos diferentes em sala de aula. O contrato do evangelizador, que é de pelo menos um ano (ou seja, a criança sabe, e deverá confirmar com o tempo, que ele irá ficar com ela por, pelo menos um ano) e o contrato do estagiário, que irá ficar por um mês, e dará ou ajudará a dar uma aula, neste período.

Os vínculos temporários, pressupõem apresentação e despedida. Vocês já viram alguma visita sair de sua casa sem despedir-se, após uma reunião íntima? O que você sentiria se deixasse uma pessoa no sofá de sua casa e logo depois ela sumisse, sem se despedir? Talvez passasse pela sua cabeça que ela se ofendeu com alguma coisa que você disse ou fez, ou que aconteceu algo muito grave que exigiu a saída repentina dela, etc. Agora imagina o que passa na cabeça de uma criança de oito, dez ou doze anos, já "escaldada" de ver pais entrarem por uma porta e saírem por outra em sua vida.

Se você quer ser um evangelizador de crianças de comunidades, tenha em mente que você tem uma responsabilidade e um contrato de um ano. Justifique suas faltas, se possível prepare as crianças para elas. Nunca as deixe com um estranho em sala de aula, nem permita que se juntem turmas sem um motivo grave. Se você sabe que vai ser infrequente ao longo do ano, então não assuma esta tarefa, ajude a equipe de outra forma, preparando material, apoiando a coordenação, servindo lanches, aplicando passes, em um lugar psicológico onde o vínculo não seja essencial.